Do Senhor Jesus Cristo em Sua juventude, é dado o testemunho divino: "E o Menino crescia e Se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre Ele." Luc. 2:40. Após a visita a Jerusalém em Sua meninice, Ele retornou com Seus pais, "e desceu com eles para Nazaré; e era-lhes submisso. ... E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens". Luc. 2:51 e 52.
Nos dias de Cristo, os educadores dos jovens eram formalistas. Durante Seu ministério, Jesus declarou para os rabis: "Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus." Mat. 22:29. E acusou-os de ensinarem "doutrinas que são mandamentos de homens". Mar. 7:7. A tradição era frisada, amplificada e reverenciada muito acima das Escrituras. As afirmações dos homens e uma interminável sucessão de cerimônias ocupavam tão grande parte da vida dos estudantes, que era negligenciada a educação que transmite o conhecimento de Deus. Os grandes mestres discorriam longamente sobre pequenas coisas, especificando todo pormenor a ser observado nas cerimônias religiosas e fazendo de sua observância uma questão de suprema obrigação. Eles dizimavam "a hortelã, o endro e o cominho", ao passo que desprezavam "os preceitos mais importante da lei: a justiça, a misericórdia e a fé". Mat. 23:23. Assim era introduzido um acervo de entulho que encobria à vista dos jovens os grandes pontos essenciais do serviço de Deus.
No sistema educacional não havia lugar para a experiência pessoal em que a alma aprende por si mesma o poder de um "Assim diz o Senhor" e obtém aquela confiança na Palavra divina que unicamente pode produzir paz e poder com Deus. Ocupados com essa rotina de formas, os alunos dessas escolas não encontravam horas tranqüilas para manter comunhão com Deus e ouvir-Lhe a voz falando ao coração. O que os rabis consideravam educação superior era em realidade o
maior empecilho à verdadeira educação. Opunha-se a todo desenvolvimento real. Sob a sua disciplina, eram reprimidas as faculdades dos jovens e seu intelecto era tolhido e diminuído.
Os irmãos e as irmãs de Jesus aprenderam as numerosas tradições e cerimônias dos rabis, mas o próprio Cristo não podia ser induzido a interessar-Se nessas questões. Posto que ouvisse em toda a parte as reiteradas palavras: "Deves" e "Não deves", agia independentemente dessas restrições. Os reclamos da sociedade e os reclamos de Deus sempre estavam em conflito; e conquanto em Sua juventude não fizesse ataques diretos aos costumes ou preceitos dos doutos mestres, não Se tornou aluno em suas escolas.
Jesus não seguiria costumes que requeressem que Se desviasse da vontade de Deus, nem Se colocaria sob a instrução dos que exaltavam as palavras dos homens acima da Palavra de Deus. Excluía da mente todos os sentimentos e formalidades que não tinham a Deus como seu fundamento. Não Se deixaria influenciar por essas coisas. Ensinava, portanto, que é melhor evitar o mal, do que procurar corrigi-lo depois de se haver firmado na mente. E Jesus, por Seu exemplo, não levaria outros a colocar-se onde seriam corrompidos. Tampouco Se poria desnecessariamente numa posição em que entrasse em conflito com os rabis, a qual em anos posteriores poderia redundar no enfraquecimento de Sua influência sobre o povo. Pelas mesmas razões, não podia ser induzido a observar as formas destituídas de sentido ou repetir os preceitos que mais tarde, em Seu ministério, condenou tão decididamente.
Embora Jesus fosse submisso a Seus pais, começou em mui tenra idade a agir por Si mesmo na formação de Seu caráter. Se bem que Sua mãe fosse Seu primeiro professor humano, Ele estava constantemente recebendo uma educação de Seu Pai no Céu. Em vez de estudar atentamente o conjunto de conhecimentos eruditos transmitidos de um
século a outro pelos rabis, Jesus, sob a direção do Divino Mestre, estudava as palavras de Deus, puras e imaculadas, e também o grande livro da Natureza. As palavras "Assim diz o Senhor" sempre se achavam em Seus lábios, e "Está escrito" era Sua explicação para todo ato que diferia dos costumes da família. Ele introduzia uma atmosfera mais pura na vida doméstica. Conquanto não Se colocasse sob a instrução dos rabis tornando-Se um aluno em suas escolas, era muitas vezes posto em contato com eles, e as perguntas que fazia, como se fosse um discípulo, embaraçavam os sábios; pois suas práticas não se harmonizavam com as Escrituras, e não tinham a sabedoria que provém de Deus. Até mesmo para os que não se contentavam com a Sua intransigência com os costumes populares, Sua educação parecia ser de um tipo mais elevado do que a deles próprios.
A vida de Jesus tornava evidente que muito esperava, e muito empreendia, portanto. Desde a própria infância, Ele era a verdadeira luz a brilhar entre as trevas morais do mundo. Revelava-Se a Si mesmo como a verdade e o guia dos homens. Suas concepções da verdade e Seu poder para resistir à tentação eram proporcionais a Sua conformidade com essa Palavra que Ele mesmo inspirara santos homens a escrever. Comunhão com Deus, completa entrega da alma a Ele, ao cumprir Sua Palavra sem levar em conta a falsa educação ou os costumes e as tradições de Seu tempo, assinalavam a vida de Jesus.
Estar sempre em ruidosa atividade, procurando por algum desempenho exterior mostrar sua piedade superior, era, na opinião dos rabis, a essência da religião; posto que, ao mesmo tempo, por sua constante desobediência à Palavra de Deus, pervertiam o caminho do Senhor. Mas a educação que se baseia em Deus levará os homens a buscá-Lo, "se, porventura, tateando, O pudessem achar". Atos 17:27. O Infinito não é, e nunca será, restringido por organizações e planos humanos. Toda alma precisa ter uma experiência pessoal em adquirir conhecimento da vontade e dos caminhos de Deus. Em todos os que se
acham sob a disciplina de Deus deve ser revelada uma vida que não está em harmonia com o mundo; com seus costumes, práticas ou experiências. Por meio do estudo das Escrituras, por meio de fervorosa oração, podem ouvir Sua mensagem para eles: "Aquietai-vos e sabei que Eu sou Deus." Sal. 46:10. Quando todas as outras vozes silenciam, quando são postos de lado todos os interesses terrenos, o silêncio da alma torna mais distinta a voz de Deus. Assim se pode encontrar descanso nEle. Deus é a paz, a alegria e a vida da alma.
Quando a criança procura chegar mais perto de seu pai do que de qualquer outra pessoa, demonstra seu amor, sua fé, sua perfeita confiança. E na sabedoria e força do pai, a criança descansa em segurança. O mesmo sucede com os filhos de Deus. O Senhor nos ordena: "Olhai para Mim, e sereis salvos." Isa. 45:22. "Vinde a Mim..., e Eu vos aliviarei", "Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não o lança em rosto; e ser-lhe-á dada".
"Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor! Porque será como a tamargueira no deserto e não sentirá quando vem o bem; antes, morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável. Bendito o varão que confia no Senhor, e cuja esperança é o Senhor. Porque ele será como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e, no ano de sequidão, não se afadiga nem deixa de dar fruto." Jer. 17:5-8. Special Testimonies on Education, 27 de agosto de 1896.