Por diversas noites tenho estado muito perplexa. Fico tão perturbada que não consigo dormir bem. Minha atenção tem sido despertada para certas coisas que preciso apresentar diante de vós.
Os professores de nossas escolas no Sanatório e no Colégio de Battle Creek precisam estar constantemente de sobreaviso, para que os seus planos e sua conduta não debilitem e extingam a fé dos estudantes cujo coração foi profundamente impressionado pelo Espírito Santo. Eles ouviram a voz de Jesus dizendo: "Filho, vai trabalhar hoje na vinha." Mat. 21:28. Sentem necessidade de adequado curso de estudos, a fim de que estejam preparados para labutar para o Mestre, e deve-se fazer todo o esforço possível para apressar seu avanço; mas deve ser mantido constantemente à vista o objetivo de sua educação. Desnecessária delonga não deve ser recomendada nem permitida. As pessoas que se comprometeram a ajudar a sustentar os alunos durante seu curso de estudos sofrem grande perda se o tempo e o dinheiro são gastos insensatamente. Tais pessoas manifestaram boa vontade e prontidão para ajudar; mas ficam desalentadas quando vêem prolongar-se o tempo calculado inicialmente como sendo necessário para os estudantes receberem o devido preparo para a obra, incentivando-se ainda os alunos a fazer outro curso de estudos à custa dessas pessoas. Os anos passam, e ainda é realçada perante os estudantes a necessidade de mais instrução. Este prolongado processo de aumentar cada vez mais o tempo e os ramos de estudo é uma das ciladas de Satanás para deter os obreiros.
Os alunos, por si mesmos, não cogitariam em semelhante delonga para ingressarem na obra, se não lhes fosse recomendada com insistência pelos supostos pastores e tutores que são os seus professores e médicos. Se houvesse mil anos à nossa frente, tal profundeza de conhecimento não seria solicitada, embora fosse muito mais conveniente; mas
o nosso tempo agora é restrito. Foi declarado: "Hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais o vosso coração." Heb. 3:15.
Não pertencemos à classe de pessoas que definem o exato período de tempo que decorrerá antes da segunda vinda de Jesus com poder e grande glória. Alguns marcaram certo tempo, e quando esse tempo passou, seu espírito presunçoso não aceitou a repreensão, e eles têm marcado diversas outras datas; numerosos fracassos caracterizaram-nos, porém, como falsos profetas. "As coisas encobertas são para o Senhor, nosso Deus; porém as reveladas são para nós e para nossos filhos, para sempre." Deut. 29:29. A despeito do fato de haver falsos profetas, também há os que pregam a verdade segundo é apresentada nas Escrituras. Com profundo ardor e com genuína fé, movidos pelo Espírito Santo, eles estão incitando mentes e corações, mostrando-lhes que estamos vivendo perto da segunda vinda de Cristo, mas o dia e a hora de Seu aparecimento acham-se fora do alcance da compreensão humana; pois "daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos Céus, nem o Filho, mas unicamente Meu Pai". Mat. 24:36.
Deus estabeleceu, porém, um dia para o término da história deste mundo. "Este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes, e então virá o fim." Mat. 24:14. A profecia se cumpre rapidamente. Mais, muito mais deve ser dito acerca destes assuntos tremendamente importantes. Perto está o dia em que será decidido para sempre o destino de toda alma. Esse dia do Senhor muito se apressa. Os falsos vigias estão erguendo o brado: "Tudo está bem"; mas o dia de Deus se aproxima rapidamente. O ruído de seus passos é tão abafado que não desperta o mundo do sono mortal em que se acha imerso. Enquanto os vigias clamam "Paz e segurança", "lhes sobrevirá repentina destruição", "e de modo nenhum escaparão"; (I Tess. 5:3) "porque virá como um laço sobre todos os que habitam na face de toda a Terra". Luc. 21:35. Ele surpreende o amante dos prazeres e o homem pecaminoso como ladrão de noite. Quando aparentemente tudo está seguro e os homens
se recolhem a satisfeito repouso, então o espreitante e furtivo ladrão da meia-noite aproxima-se de sua vítima. Quando é muito tarde para evitar o mal, descobre-se que alguma porta ou janela não foi fechada com segurança. "Estai vós apercebidos também, porque o Filho do homem há de vir à hora em que não penseis." Mat. 24:44. As pessoas entregam-se agora ao descanso, imaginando estar seguras dentro das igrejas populares; cuidem todos, porém, para que não seja deixada uma brecha pela qual o inimigo obtenha entrada. Deve-se fazer um grande esforço para manter este assunto perante o povo. O solene fato de que o dia do Senhor virá repentina e inesperadamente deve ser mantido não só perante as pessoas do mundo, mas também diante de nossas próprias igrejas. A terrível advertência da profecia é dirigida a toda alma. Ninguém julgue estar isento do perigo de ser apanhado de surpresa. Não permitais que a interpretação profética de pessoa alguma arrebate vossa convicção do conhecimento de ocorrências que revelam que este grande acontecimento está bem próximo.
O dinheiro gasto em construções adicionais e ampliações de edifícios existentes em Battle Creek deveria ter sido usado para criar facilidades a fim de levar avante a obra em lugares onde não se fez coisa alguma. Deus não Se agrada da maneira pela qual têm sido empregados os Seus recursos. Para com Ele não há acepção de lugares ou de pessoas.
O costume de proporcionar a algumas pessoas todas as vantagens para aperfeiçoarem sua educação em tantos ramos que lhes seria impossível usar a todos eles, é um dano, em vez de um benefício para aquele que frui tantas vantagens, além de privar a outros dos privilégios de que tanto necessitam. Caso houvesse muito menos desse prolongado preparo, muito menos de exclusiva dedicação ao estudo, haveria muito mais oportunidade para os estudantes aumentarem a fé em Deus. Aquele que durante longo tempo só dedica todas as suas energias ao estudo, torna-se fascinado, ficando realmente absorto em seus livros, e perde de vista o alvo que pretendia alcançar ao vir para a escola. Foi-me mostrado que alguns
dos alunos estão perdendo a espiritualidade, que sua fé se vai enfraquecendo e que eles não entretêm contínua comunhão com Deus. Despendem quase todo o tempo no manuseio de livros; parecem conhecer bem pouco mais que isto. Mas de que proveito lhes será todo esse preparo? Que benefício fruirão de todo o tempo e recursos empregados? Digo-vos que serão mais do que perdidos. Deve haver menos dessa espécie de trabalho, e mais fé no poder divino. O povo que ama os mandamentos de Deus deve testificar ao mundo de sua fé por meio de suas obras.
Quando os estudantes vêm a Battle Creek de longas distâncias e com grandes despesas, esperando receber instrução a respeito de como podem tornar-se missionários de êxito, essa idéia não deve ser perdida de vista numa variedade de estudos. Considerai a Moisés; o grande anelo de sua alma era que a presença de Deus estivesse com ele, e que pudesse contemplar-Lhe a glória. Se forem dados aos alunos mais estudos do que os que são absolutamente necessários, isso concorre para fazer com que esqueçam o verdadeiro objetivo de sua vinda a Battle Creek. Agora é o tempo em que é essencial efetuar somente o trabalho que for necessário. Longos anos de preparo não são uma real necessidade. O preparo dos estudantes tem sido conduzido de acordo com o mesmo princípio que os processos de construção. Tem-se acrescentado um edifício após o outro simplesmente para tornar as coisas um pouco mais cômodas e esmeradas. Deus está solicitando - e isso por diversos anos - que haja uma reforma nestes aspectos. Ele quer que não haja desnecessário dispêndio de recursos. O Senhor não está a favor de que sejam gastos tanto tempo e dinheiro com umas poucas pessoas que vêm a Battle Creek a fim de obter melhor preparo para a obra. Em todos os casos deve haver a mais atenta consideração quanto à melhor maneira de gastar dinheiro na educação dos alunos. Ao passo que tanto se emprega para pôr uns poucos em dispendioso curso de estudos, muitos há que se acham sedentos do conhecimento que poderiam obter dentro de alguns meses; um ou dois anos seriam considerados grande bênção.
Se todos os meios são usados em manter alguns por vários anos de estudo, muitos rapazes e moças igualmente dignos não podem receber nenhuma ajuda.
Espero que os administradores da escola e do Sanatório de Battle Creek considerem esta questão devota e inteligentemente, e sem parcialidade. Em lugar de supereducar a alguns, ampliai a esfera de vossa caridade. Resolvei que os meios que pretendeis usar em educar obreiros para a causa não sejam gastos simplesmente com um, habilitando-o a obter mais do que ele na realidade necessita, ao passo que outros são deixados sem receber coisa nenhuma. Dai aos alunos um começo, mas não considereis vosso dever conduzi-los ano após ano. É seu dever saírem para o campo a trabalhar, e a vós cumpre estender vossa caridade a outros que necessitam de auxílio.
A obra de Cristo não foi realizada de tal modo que deslumbrasse os homens com Suas aptidões superiores. Ele saiu do seio do Onisciente, e poderia haver assombrado o mundo com o grande e glorioso conhecimento que possuía; ficou, no entanto, calado e silencioso. Não era Sua missão esmagá-los com a imensidade dos Seus talentos, e, sim, andar com mansidão e humildade, para que pudesse ensinar aos ignorantes o caminho da salvação. Um devotamento demasiado grande ao estudo, mesmo da verdadeira ciência, gera anormal apetite, o qual se desenvolve à medida que é alimentado. Isto cria o desejo de adquirir mais conhecimento do que é essencial para efetuar a obra do Senhor. A perseguição do conhecimento meramente por amor dele desvia a mente da devoção para com Deus, detém o progresso no sentido da santidade prática e impede a alma de percorrer o caminho que conduz a uma vida mais santa e feliz. O Senhor Jesus só comunicava a medida de instrução que podia ser utilizada. Meus irmãos, vossa maneira de apresentar a necessidade de anos de estudo não agrada a Deus.
O Senhor Jesus deseja que os homens desenvolvam os seus talentos, e prometeu acrescentar graça a graça. Comunicando aos outros, receberemos em maior abundância.
E, ao labutarmos deste modo, a mente não será obstruída por uma grande quantidade de assuntos que nela se acumularam pela falta de oportunidade de comunicar o que foi recebido. O estudante torna-se um dispéptico mental pelo acúmulo de muitas coisas que não consegue usar. Tem sido desperdiçado muito tempo e prejudicada a utilidade progressiva dos alunos pelo ensino daquilo que não pode ser utilizado pelo Espírito de Deus.
Os que vêm para a escola de Battle Creek devem ser conduzidos com rapidez e eficiência através de um tal curso de estudos que seja de utilidade prática no salutar desenvolvimento do corpo e santa atividade da alma. Em Seu evangelho, Deus fala não somente para favorecer o crescimento da capacidade mental do homem, mas também para ensinar como podem ser avivadas as sensibilidades morais. Isto é ilustrado pelo caso de Daniel e os três hebreus. Eles conservaram sempre diante de si o temor e o amor de Deus, e o resultado é consignado da seguinte maneira: "A esses quatro jovens Deus deu o conhecimento e a inteligência em todas as letras e sabedoria; mas a Daniel deu entendimento em toda visão e sonhos." Dan. 1:17.
Cristo disse: "Bem-aventurados os que ouvem a Palavra de Deus e a guardam." Luc. 11:28. Só o pão da vida pode satisfazer a alma faminta. Só a água da vida saciará a sede da alma. A mente dos discípulos era muitas vezes estimulada pela curiosidade; mas em vez de satisfazer-lhes o desejo de conhecer coisas que não eram necessárias para o adequado desempenho de sua obra, Ele franqueava-lhes ao espírito novas direções de pensamento. Dava-lhes muito necessárias instruções quanto à piedade prática.
Os numerosos ramos que os estudantes são induzidos a assumir em seus estudos, retendo-os da obra por diversos anos, não fazem parte da ordem de Deus. Cristo veio buscar e salvar o perdido. Ao dizer: "Segue-Me", Ele assumiu a posição de instrutor. Toda a luz que Ele trouxe do Céu para os homens deve ser usada para revelar-lhes a profundeza da destruição em que foram lançados por seus pecados e para
indicar-lhes o único caminho que pode ser trilhado com a esperança de chegar a um lugar seguro. Os brilhantes raios do Sol da Justiça incidem sobre este caminho, e o viajante, embora ingênuo, não precisa errar o caminho. Os que vêm para Battle Creek não devem ser incentivados a absorver diversos anos de estudo.
A intemperança no estudo é uma espécie de intoxicação, e os que condescendem com ela, à semelhança do alcoólatra, desviam-se dos caminhos seguros, e tropeçam e caem nas trevas. O Senhor quer que todo estudante conserve em mente que devemos ter em vista, unicamente, a glória de Deus. Eles não devem consumir e dissipar suas energias físicas e mentais em buscar obter todo conhecimento possível das ciências; mas todo indivíduo deve conservar o brilho e o vigor de todas as suas energias para se empenhar na obra que o Senhor lhe designou em auxiliar almas a encontrar o caminho da justiça. Todos devem conservar o vigor de sua vida, sua energia espiritual e suas aspirações, e preparar-se para deixar os seus estudos na escola e assumir os estudos mais práticos na esfera de atividade, onde os anjos cooperam com eles. Os seres celestiais operam por meio dos agentes humanos. A ordem do Céu é fazer, trabalhar - fazer algo que redunde para a glória de Deus pelo fato de ser um benefício para nossos semelhantes prestes a perecer.
Existe o grande perigo de que os alunos de nossas escolas deixem de aprender a importantíssima lição que nosso Mestre deseja que eles aprendam. Esta lição nos é transmitida neste trecho das Escrituras: "Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. Porque o Meu jugo é suave, e o Meu fardo é leve." Mat. 11:29. Alguns não somente deixaram de aprender a levar o jugo do manso e humilde Jesus, mas têm sido incapazes de resistir às tentações que os assediam. Jovens inexperientes que percorreram longas distâncias para obter as vantagens de uma educação em nossa escola perderam seu apego a Jesus. Essas coisas não deveriam ser assim.
O Senhor não escolhe nem aceita trabalhadores segundo as numerosas vantagens que eles têm desfrutado, ou segundo a educação superior que receberam. O valor do instrumento humano é avaliado de acordo com a capacidade do coração para conhecer e compreender a Deus. "Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus. E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros. Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo." II Tim. 2:1-3. O supremo bem possível é obtido por meio do conhecimento de Deus. "A vida eterna é esta: que conheçam a Ti só por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste." João 17:3.
Este conhecimento é a fonte secreta de que dimana todo o poder. É mediante o exercício da faculdade da fé que somos habilitados a receber e praticar a palavra de Deus. Não se pode aceitar nenhuma desculpa, nem receber algum pretexto de justificação para não conhecer e compreender a vontade do Senhor. Deus iluminará o coração que é leal a Ele. Pode discernir os pensamentos e as intenções do coração. É inútil alegar que se as coisas fossem assim e assim, teríamos feito isso e aquilo. Não há um "se" em relação com os requisitos de Deus; Sua palavra é sim e amém. No coração de fé não pode haver a menor dúvida quanto ao poder de Deus para cumprir Suas promessas. A fé genuína atua pelo amor e purifica a alma.
Disse Jesus para o pai aflito que solicitou que o terno amor e a compaixão de Cristo fossem exercidos em favor de seu atribulado filho: "Se tu podes crer; tudo é possível ao que crê." Mar. 9:23. Todas as coisas são possíveis para Deus, e pela fé podemos apoderar-nos de Seu poder. Mas a fé não é visão; a fé não é sentimento; a fé não é realidade. "Fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não vêem." Heb. 11:1. Viver pela fé significa pôr de lado os sentimentos e os desejos egoístas, andar humildemente com o Senhor, apoderar-se de Suas promessas e aplicá-las a todas as ocasiões, crendo que Deus executará
Seus planos e propósitos em nosso coração e vida pela santificação de nosso caráter; significa depender inteiramente da fidelidade de Deus e nela confiar implicitamente. Se for tomada essa atitude, outros verão os frutos especiais do Espírito manifestados na vida e no caráter.
A educação recebida por Moisés, como neto do rei, foi completa. Não se negligenciou nada que pudesse torná-lo um sábio segundo a concepção que os egípcios tinham acerca da sabedoria. Essa educação serviu de auxílio para ele em muitos sentidos; mas a parte mais valiosa de seu preparo para a obra de sua vida foi adquirida enquanto ele labutava como pastor. Enquanto ele guiava seus rebanhos através dos ermos agrestes das montanhas e aos pastos verdejantes dos vales, o Deus da Natureza ensinou-lhe a sabedoria mais elevada e grandiosa. Na escola da Natureza, tendo o próprio Cristo como professor, ele contemplou e aprendeu lições de humildade, mansidão, fé e confiança, e de um modesto sistema de vida, servindo tudo isso para ligar sua alma mais firmemente com Deus. Na solidão das montanhas ele aprendeu aquilo que toda a sua instrução no palácio real não conseguiu transmitir-lhe - simples e inabalável fé e constante confiança no Senhor.
Moisés supunha que sua educação na sabedoria do Egito o habilitara plenamente para libertar a Israel do cativeiro. Não era ele versado em todas as coisas necessárias para um general de exército? Não tivera as maiores vantagens das melhores escolas do país? - Sim; ele achava que estava em condições de livrá-los. Aplicou-se primeiro ao trabalho procurando granjear o favor de seu povo, reparando suas injustiças. Ele matou um egípcio que afligia um de seus irmãos. Com isto ele manifestou o espírito daquele que foi homicida desde o princípio e demonstrou ser incompetente para representar o Deus de misericórdia, amor e ternura. Transformou sua primeira tentativa num deplorável fracasso. Como muitos outros, perdeu então imediatamente a confiança em Deus e volveu as costas para a obra que lhe fora designada; fugiu da ira de Faraó. Ele inferiu que devido a seu erro, seu grande pecado de tirar a
vida do cruel egípcio, Deus não permitiria que tivesse alguma parte na obra de livrar Seu povo da atroz servidão. Mas o Senhor permitiu essas coisas para que pudesse ensinar-lhe a delicadeza, bondade, longanimidade que todo trabalhador para o Mestre necessita possuir; pois são estas as características que distinguem o obreiro de êxito na causa do Senhor.
O conhecimento dos atributos do caráter de Cristo Jesus não pode ser obtido por meio da mais elevada educação nas melhores escolas científicas. Essa sabedoria só é aprendida do grande Mestre. As lições de mansidão semelhante à de Cristo, humildade de coração, reverência pelas coisas sagradas, não são ensinadas eficazmente em nenhuma outra parte, a não ser na escola de Cristo. Moisés fora ensinado a esperar lisonja e louvor em virtude de suas aptidões superiores; mas devia aprender agora uma lição diferente. Como pastor de ovelhas, Moisés foi ensinado a cuidar das ovelhas aflitas, a tratar das que se achavam doentes, a procurar pacientemente pelas que se desgarravam, a tolerar as ovelhas obstinadas, a suprir com amorosa solicitude as necessidades dos cordeirinhos e das ovelhas mais velhas e fracas. À medida que se desenvolveram estes aspectos de seu caráter, ele foi atraído para mais perto do Supremo Pastor. Uniu-se ao Santo de Israel e submergiu-se nEle. Cria no grande Deus. Mantinha comunhão com o Pai por meio de humilde oração. Volvia-se para o Altíssimo em busca de educação nas coisas espirituais e de conhecimento de seus deveres como fiel pastor. Sua vida tornou-se tão intimamente ligada com o Céu que Deus falava com ele face a face.
Estando assim preparado, ele achava-se disposto a atender ao chamado de Deus para trocar seu cajado de pastor pela vara da autoridade; a deixar seu rebanho de ovelhas a fim de assumir a liderança de mais de um milhão de pessoas idólatras e rebeldes. Teria de confiar, porém, no Guia invisível. Assim como a vara era simplesmente um instrumento em sua mão, assim deveria ele ser um instrumento submisso manejado pela mão de Jesus Cristo. Moisés foi escolhido para ser o pastor do próprio povo de Deus, e foi
por meio de sua firme fé e inabalável confiança no Senhor que tantas bênçãos chegaram aos filhos de Israel. O Senhor Jesus procura a cooperação de homens que se tornem canais desimpedidos por cujo intermédio as riquezas celestiais possam ser derramadas sobre o povo de Seu amor. Ele trabalha por meio de homens para o soerguimento e a salvação de Seus escolhidos.
Moisés foi chamado para labutar de parceria com o Senhor, e foi a simplicidade de seu caráter, associada à educação prática, que o tornou um homem tão representativo. No auge de sua glória humana, o Senhor permitiu que Moisés revelasse a insensatez da sabedoria do homem, a debilidade da força humana, para que pudesse compreender seu total desamparo e sua ineficiência sem ser amparado pelo Senhor Jesus.
A precipitação de Moisés em matar o egípcio foi instigada por um espírito presunçoso. A fé age na força e sabedoria de Deus, e não segundo os métodos humanos. Por meio de simples fé, Moisés foi habilitado a transpor dificuldades e a vencer obstáculos que quase pareciam insuperáveis. Quando eles confiavam nEle, e não em seu poder, o poderoso General dos Exércitos era fiel a Israel. Livrou-os de muitas dificuldades de que jamais teriam escapado se fossem abandonados a sua própria sorte. Deus conseguiu manifestar Seu grande poder por intermédio de Moisés em virtude de sua constante fé no poder e nas amorosas intenções de seu Libertador. Foi essa implícita fé em Deus que fez de Moisés o que ele era. Segundo tudo o que lhe ordenou o Senhor, assim procedeu ele. Toda a erudição dos sábios não poderia, porém, torná-lo um instrumento pelo qual o Senhor pudesse trabalhar enquanto não perdesse a confiança em si mesmo, não compreendesse seu desamparo e não pusesse a confiança em Deus; enquanto não estivesse disposto a obedecer às ordens de Deus, quer parecessem ou não apropriadas a seu raciocínio humano.
As pessoas que recusam avançar até que vejam todo passo claramente assinalado à sua frente, nunca efetuarão muita
coisa; mas todo homem que manifesta sua fé e confiança em Deus submetendo-se voluntariamente a Ele, suportando a disciplina divina que lhe é imposta, tornar-se-á um obreiro de êxito para o Senhor da vinha. Em seus esforços para habilitar-se a ser cooperadores de Deus, os homens com freqüência se colocam em tais posições que os inabilitam completamente para a moldagem e modelação que o Senhor deseja dar-lhes. Não são, pois, portadores, como Moisés, da semelhança divina. Submetendo-se à disciplina de Deus, Moisés tornou-se um instrumento santificado por cujo intermédio o Senhor podia operar. Ele não hesitou em trocar o seu caminho pelo caminho do Senhor, embora este o conduzisse por caminhos estranhos, por sendas ainda não palmilhadas. Não se atreveu a fazer uso de sua educação para mostrar a insensatez das ordens de Deus e a impossibilidade de obedecer-lhes. Não; ele deu bem pouco valor às suas próprias qualidades para completar com êxito a grande obra que o Senhor lhe havia designado. Quando começou o seu encargo de livrar o povo de Deus da servidão em que se achava, segundo todas as probabilidades humanas esse empreendimento era assaz inauspicioso; mas ele confiou nAquele para o qual tudo é possível.
Numerosas pessoas em nossos dias têm tido muito melhores oportunidades e desfrutado muito maiores privilégios para obter conhecimento de Deus, do que Moisés; mas a fé deste último confunde sua manifesta incredulidade. Ao mandado de Deus, Moisés avançava, embora não houvesse adiante coisa alguma em que firmar os pés. Mais de um milhão de pessoas dependiam dele, e conduziu-as passo a passo, dia após dia. Deus permitiu essas solitárias jornadas através do deserto, a fim de que Seu povo pudesse adquirir experiência no suportar asperezas, e para que, quando estivessem em perigo, soubessem que unicamente em Deus havia alívio e livramento, aprendendo assim a conhecer a Deus e a confiar nEle, e a servi-Lo com fé viva. Não foi o ensino das escolas do Egito que habilitou Moisés a triunfar de todos os seus inimigos, mas
persistente, infalível fé, fé que não faltou sob as mais difíceis circunstâncias.
Quando Deus ordenava que Moisés fizesse alguma coisa, ele a fazia sem deter-se para considerar quais seriam as conseqüências. Atribuía a Deus o mérito pela sabedoria para entender o que Ele indicava, e firmeza de propósito para indicar o que Ele dizia; e por isso Moisés procedia como quem vê Aquele que é invisível. Deus não está à procura de homens de educação perfeita. Sua obra não deve esperar enquanto seus servos passam por preparações tão admiravelmente elaboradas como as que nossas escolas estão planejando ministrar; mas o Senhor quer homens que apreciem o privilégio de ser cooperadores de Deus - homens que O honrem prestando implícita obediência a Seus reclamos, a despeito de teorias anteriormente incutidas. Não há limites à utilidade dos que põem de lado o próprio eu, dão lugar à operação do Espírito Santo em seu coração, e vivem uma existência inteiramente consagrada ao serviço de Deus, suportando a necessária disciplina imposta pelo Senhor, sem se queixar nem desfalecer pelo caminho. Caso não desmaiem ante a repreensão do Senhor, tornando-se endurecidos e obstinados, Ele ensinará tanto aos jovens como aos adultos, hora por hora, dia por dia. Anela revelar Sua salvação aos filhos dos homens; e se Seu povo escolhido remover os obstáculos, fará fluir, em abundantes torrentes, as águas da salvação, por meio dos condutos humanos.
Muitos que estão buscando eficiência para a exaltada obra de Deus mediante o aperfeiçoamento de sua educação nas escolas dos homens, verificarão que deixaram de aprender as mais importantes lições que o Senhor desejava ensinar-lhes. Negligenciando submeter-se às impressões do Espírito Santo, deixando de viver em obediência a todas as reivindicações de Deus, enfraqueceu-se-lhes o poder espiritual; perderam a habilidade que acaso possuíam para efetuar com êxito trabalho para o Senhor. Ausentando-se da escola de Cristo, esqueceram o som da voz do Mestre, e Ele não lhes pode dirigir a conduta. Os homens podem adquirir todo conhecimento
suscetível de ser comunicado pelo professor humano; Deus, porém, deles requer ainda maior sabedoria. Como Moisés, precisam aprender mansidão, humildade de coração e desconfiança do próprio eu. Nosso próprio Salvador, quando suportando a prova pela humanidade, reconheceu que, de Si mesmo, nada podia fazer. Também nós precisamos aprender que, de si mesma, a humanidade não possui força alguma. O homem só se torna eficiente ao partilhar da natureza divina.
Desde o abrir pela primeira vez um livro, o aspirante a uma educação deve reconhecer que Deus é o único que pode comunicar verdadeira sabedoria. Cumpre-lhe buscar o conselho divino a cada passo ao longo do caminho. Não se deve fazer nenhum arranjo de que Deus não possa ser participante, nenhuma união se formar a que Ele não possa dar Sua aprovação. Do princípio ao fim, o Autor da sabedoria deve ser reconhecido como guia. Assim, o conhecimento obtido dos livros será cingido por viva fé no infinito Deus. O aluno não se deve obrigar a nenhum curso particular de estudo que envolva longos períodos de tempo, mas ser guiado nesses assuntos pelo Espírito de Deus.
Um curso de estudo em Ann Arbor pode ser considerado essencial para alguns; influências perniciosas estão, porém, sempre operando ali sobre espíritos suscetíveis, de modo que quanto mais progridem nos estudos, menos consideram necessário buscar o conhecimento da vontade e dos caminhos de Deus. Ninguém se devia permitir seguir um curso de estudo que lhe venha enfraquecer a fé na verdade ou no poder do Senhor, ou diminuir-lhe o respeito pela vida de santidade. Quisera advertir os estudantes a não darem um passo neste sentido, nem mesmo por conselho de seus instrutores, ou de homens em posição de autoridade, a não ser que hajam primeiro buscado a Deus em particular, o coração aberto às influências do Espírito Santo, obtendo Seu conselho com relação ao desejado curso de estudo. Ponde à margem todo desejo egoísta de vos distinguirdes; levai a Deus toda sugestão do lado humano, e confiai na
guia de Seu Espírito; seja extirpada toda ambição profana, para que o Senhor não diga: "Bem vi Eu o louco lançar raízes; mas logo amaldiçoei a sua habitação." Jó 5:3. Cada um deve agir de tal maneira que possa dizer: "Tu, ó Senhor, me conheces, Tu me vês e provas o meu coração para contigo." Jer. 12:3. "Tu, ó Deus, me vês." O Senhor pondera todos os motivos. Ele discerne os pensamentos, as intenções e os propósitos do coração. Sem Deus não temos esperança; firmemos, portanto, a nossa fé nEle. "Tu és a minha esperança, Senhor Deus; Tu és a minha confiança desde a minha mocidade." Sal. 71:5.
Todo navio que navega no mar da vida precisa ter a bordo o Piloto divino; mas quando surgem tempestades, quando a tormenta é ameaçadora, muitas pessoas lançam de bordo o Piloto e entregam a embarcação aos cuidados do homem finito, ou procuram dirigi-la por si mesmos. Então seguem-se geralmente a ruína e o naufrágio, e o Piloto é censurado por conduzi-los a tão perigosas águas. Não vos confieis à guarda dos homens, mas dizei: "O Senhor é o meu ajudador; buscar-Lhe-ei o conselho; serei cumpridor de Sua vontade." Todas as vantagens que acaso possuais, não vos podem beneficiar, nem a mais alta educação habilitar-vos a ser condutos de luz, a menos que tenhais a cooperação do divino Espírito. É-nos tão impossível receber habilitações da parte dos homens, sem a iluminação divina, como era aos deuses do Egito livrar os que neles confiavam. Os alunos não devem julgar que toda sugestão para prolongarem os estudos esteja em harmonia com o plano de Deus. Levai toda sugestão ao Senhor em oração, e buscai diligentemente Sua orientação - não uma vez apenas, mas repetidamente. Pleiteai com Ele até que estejais convencidos de que o conselho provém de Deus ou dos homens. Não coloqueis a vossa confiança em homens. Agi sob a direção do Guia divino.
Fostes escolhidos por Cristo. Fostes resgatados pelo precioso sangue do Cordeiro. Apresentai diante de Deus a eficácia desse sangue. Dizei-Lhe: "Sou Teu pela criação; sou Teu pela redenção. Respeito a autoridade humana
e o conselho de meus irmãos; mas não posso confiar inteiramente neles. Desejo que me ensines, ó Deus. Fiz contigo o concerto de adotar o divino padrão de caráter e que faria de Ti o meu conselheiro e guia - um participante de todos os planos de minha vida; ensina-me, portanto." Que a glória do Senhor seja vossa principal consideração. Reprimi todo desejo de distinção mundana, toda ambição de obter o primeiro lugar. Incentivai a pureza e santidade de coração, para que possais representar os verdadeiros princípios do evangelho. Seja todo ato de vossa vida santificado pelo sagrado empenho de fazer a vontade do Senhor, para que a vossa influência não conduza os outros a caminhos proibidos. Quando Deus é o dirigente, Sua justiça irá adiante de ti, e a glória do Senhor será a tua retaguarda.
O Senhor diz: "Vigiai e orai, para que não entreis em tentação." Mat. 26:41. O conselho de vossos próprios irmãos pode fazer com que vos desvieis do caminho que o Senhor demarcou para que andásseis nela, pois a mente dos homens nem sempre está sob o domínio do Espírito Santo. "Vigiai", para que vossos estudos não se acumulem tanto e se tornem de tão absorvente interesse para vós, que a mente se vos sobrecarregue, sendo excluído de vossa alma o desejo da piedade. Por parte de muitos alunos, o motivo e ideal que os levou a entrar na escola foi gradualmente perdido de vista, e uma profana ambição de adquirir educação elevada os induziu a sacrificar a verdade. O intenso interesse de obter alta posição entre os homens, fez com que deixassem fora de seus cálculos a vontade do Pai celestial; o verdadeiro conhecimento, porém, leva à santidade da vida mediante a santificação da verdade.
Com muita freqüência, quando os estudos se acumulam, dá-se lugar secundário à sabedoria do alto, e quanto mais os alunos avançam, tanto menos confiança depositam em Deus. Consideram o muito saber como a própria essência do êxito na vida; mas se todos dessem a devida atenção à declaração de Cristo: "Sem Mim nada podereis fazer" (João 15:5), diversos seriam seus planos. Sem os princípios vitais da verdadeira religião,
sem o conhecimento de como servir e glorificar o Redentor, a educação é mais nociva que benéfica. Quando a educação nos ramos humanos é levada a tal ponto que o amor de Deus se desvanece no coração, que a oração é negligenciada, e se deixam de cultivar os atributos espirituais, ela é inteiramente desastrosa. Seria muito melhor deixar de buscar educação, e restaurar vossa alma do estado de enfraquecimento, do que adquirir a melhor educação possível, perdendo de vista as vantagens eternas. Muitos há que estão amontoando demasiados estudos num restrito período de tempo. Estão sobrecarregando as faculdades mentais; e conseqüentemente vêem muitas coisas sob um aspecto deturpado. Não se contentam em seguir o curso de estudo regular, mas julgam que lhes é causada uma injustiça quando, em sua ambição egoísta, não recebem permissão para cursar todos os estudos que desejam cursar. Tornam-se mentalmente desequilibrados. Não consideram o fato de que obteriam melhor habilitação para a obra do Mestre se seguissem um curso que não causasse dano a suas faculdades físicas, mentais e morais; sobrecarregando, porém, a mente, trazem sobre si mesmos enfermidades físicas que duram toda a vida, debilitando suas energias e incapacitando-os para a utilidade futura.
Em caso algum eu aconselharia restringir a educação a que Deus não pôs limite. Nossa educação não finda com as vantagens que este mundo pode oferecer. Por toda a eternidade, os eleitos de Deus serão discípulos. Aconselharia, porém, restrição no seguir os métodos de educação que põem em risco a alma e anulam o desígnio para que se despendem tempo e dinheiro. A educação é uma grande obra vitalícia; para obter, porém, a educação verdadeira, é necessário possuir a sabedoria que só provém de Deus. O Senhor Deus deve ser representado em todo aspecto da educação; é um erro, no entanto, consagrar anos de estudo a um ramo de conhecimento de livros. Depois de haver sido dedicado ao estudo um período de tempo, ninguém aconselhe os alunos a entrarem novamente noutro curso de estudos,
mas antes a entrar na obra para que se estiveram preparando. Sejam aconselhados a pôr em prática as teorias que eles já obtiveram. Daniel adotou este procedimento em Babilônia. Ele pôs em prática o que aprendera sob a direção de tutores. Busquem os estudantes a orientação celestial muito mais do que têm feito até agora, e não tomem nenhuma medida, mesmo que seja recomendada por seus professores, a menos que tenham mui humildemente buscado sabedoria de Deus e recebido Sua guia e conselho.
Os estudantes são autorizados a ir para o colégio por certa extensão de tempo a fim de adquirir conhecimentos científicos; ao fazer isto, porém, eles sempre devem considerar suas necessidades físicas, e buscar sua educação de tal maneira que não prejudiquem nem um pouco o templo do corpo. Tomem o cuidado de não condescender com alguma prática pecaminosa, de não se afadigarem com demasiados estudos, de não ficarem tão absortos na dedicação aos estudos que seja suplantada a verdade e expelido da alma o conhecimento de Deus pelas invenções humanas. Seja todo momento dedicado ao estudo uma ocasião em que a alma esteja consciente das responsabilidades que lhe foram dadas por Deus. Não será então necessário recomendar que os alunos sejam fiéis e justos e que preservem a integridade da alma. Eles respirarão uma atmosfera celestial e toda transação será inspirada pelo Espírito Santo, manifestando-se eqüidade e justiça.
Se, porém, o corpo é negligenciado, se horas impróprias são consumidas no estudo, se a mente é sobrecarregada, se as energias físicas não são aproveitadas e se debilitam, então o mecanismo humano fica entravado, e são negligenciadas as questões essenciais ao nosso bem-estar futuro e felicidade eterna. O conhecimento dos livros se torna extremamente importante, e Deus é desonrado. O estudante esquece as palavras da inspiração e não segue a instrução do Senhor ao dizer Ele: "Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é
o vosso culto racional. E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus." Rom. 12:1 e 2. A mente de muitos necessita renovar-se, transformar-se e ser moldada segundo o plano de Deus. Muitos se estão arruinando física, mental e moralmente, em razão de excesso de dedicação ao estudo. Estão se prejudicando para o tempo e a eternidade devido a hábitos de intemperança no buscar educação. Estão perdendo o desejo de aprender na escola de Cristo, lições de mansidão e de humildade de coração. Todo momento que passa está carregado de resultados eternos. A integridade será o infalível resultado de seguir no caminho da justiça.
A fim de solver o problema da educação será necessário que a pessoa cometa um roubo para com Deus e recuse prestar-Lhe o serviço voluntário das faculdades do Espírito, alma e corpo? Deus insta convosco para que vos torneis praticantes de Sua Palavra, a fim de que sejais completamente educados nos princípios que vos concederão habilitação para o Céu. Não deve ser seguido nenhum método de educação que exclua a Palavra de Deus. Seja a Palavra de Deus o vosso conselheiro. O objetivo da educação deve ser receber luz para poder comunicá-la, fazendo com que incida sobre os outros por meio de boas obras. A educação mais elevada é o conhecimento de Deus. "Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas. Mas o que se gloriar glorie-se nisto: em Me conhecer e saber que Eu sou o Senhor, que faço beneficência, juízo e justiça na Terra; porque destas coisas Me agrado, diz o Senhor." Jer. 9:23 e 24. Lede o primeiro e o segundo capítulos de I Coríntios com profundo interesse, e orai para que Deus vos dê entendimento, de modo que possais compreender pôr em prática as verdades ali reveladas. "Porque vede, irmãos a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem
muitos os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes. E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante Ele. Mas vós sois dEle, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor." I Cor. 1:26-31. "O Senhor é sublime, pois habita nas alturas; encheu a Sião de direito e de justiça. Haverá, ó Sião, estabilidade nos teus tempos, abundância de salvação, sabedoria e conhecimento; e o temor do Senhor será o teu tesouro." Isa. 33:5 e 6.
O tempo é breve, e há apenas poucos obreiros na vinha do Senhor. Alguns foram enviados desta parte do mundo para se educarem em Battle Creek, a fim de que se tornem cooperadores de Deus. Esperava-se que o Espírito Santo trabalhasse com eles para salvação dos que estão na sombra da morte. Esses estudantes têm sido sustentados pelos sacrifícios de homens e mulheres que, segundo posso afirmar com certeza, tomaram dinheiro emprestado para pagar a taxa escolar e cobrir as despesas. O mundo precisa ser advertido; e, no entanto, julgastes necessário despender tempo e dinheiro em fazer desnecessariamente um extenso preparo para a obra que esses estudantes podem ser convidados a realizar. Vive hoje o mesmo Deus que Isaías viu em sua visão, e Ele pode dar esclarecimento aos que desempenham uma parte na obra de preparar homens para um trabalho solene e sagrado. Ele diz: "Eu, o Senhor, amo o juízo, e aborreço a iniqüidade; Eu lhes darei sua recompensa em verdade e farei um concerto eterno com eles." Isa. 61:8.
Os que dirigem a obra de educação estão colocando excessiva quantidade de estudos diante dos que têm vindo a Battle Creek a fim de se prepararem para a obra do Mestre. Eles
têm suposto que lhes é necessário aprofundar-se cada vez mais nos ramos educacionais; e enquanto seguem diversos cursos de estudos, dissipa-se um ano após outro de precioso tempo e desaparecem áureas oportunidades que nunca mais voltarão. Há procrastinação em lançar estes homens ao trabalho; e os alunos estão perdendo seu interesse pelas almas e confiam cada vez mais numa educação baseada no conhecimento de livros, e não na eficácia do Espírito Santo e naquilo que o Senhor prometeu fazer por eles.
Este fardo tem estado sobre mim durante anos. É adotado em Battle Creek um procedimento que o Senhor não aprova. O fim de todas as coisas está próximo. O dia de aflição, de angústia, de calamidade, de retribuição, de castigo pelo pecado aproxima-se do mundo como ladrão de noite. Está perto o tempo em que sobrevirá ao mundo repentina destruição, e de nenhum modo escaparão. Tenho uma palavra de advertência para vós. Considerais as coisas sob uma luz muito fraca, e em excessiva proporção de um ponto de vista meramente humano. Até agora tem-se trabalhado apenas em uma pequenina parte da grande vinha moral de Deus. Relativamente, bem poucos têm recebido a última mensagem de misericórdia a ser transmitida ao mundo. Os estudantes são levados a imaginar que sua eficiência depende de sua educação e preparo; mas o êxito da obra não depende da quantidade de conhecimento que os homens têm sobre questões científicas. O pensamento que se deve conservar diante dos alunos, é que o tempo é breve, e que se devem preparar rapidamente para fazer a obra essencial para este tempo. Mediante a graça que lhe é dada por Deus, todo homem deve realizar a obra, não confiando em seu fervor ou aptidão humana, pois Deus pode remover a aptidão humana num momento. Pelo poder do Salvador vivo, que é hoje nosso Advogado nas cortes celestiais, procure cada um fazer a vontade de Deus.
É-me ordenado dizer-vos que não sabeis quão presto sobrevirá a crise. Ela vem vindo furtiva e gradualmente sobre nós, como um ladrão. O Sol resplandece no céu, seguindo seu curso habitual, e os céus ainda declaram a glória de Deus; os homens prosseguem em sua habitual rotina de
comer e beber, plantar e construir, casar e dar-se em casamento; os comerciantes se acham ainda empenhados em comprar e vender; as publicações saem umas após outras; os homens acotovelam-se uns aos outros em busca das mais altas posições; os amantes de prazeres continuam a freqüentar os teatros, as corridas de cavalos, os centros de jogo, e domina o máximo de agitação; a hora da graça, no entanto, vai-se presto encerrando, e cada caso está a ponto de ser eternamente decidido. Poucos há que acreditem de alma e coração que temos um Céu a ganhar e um inferno de que fugir; estes, porém, revelam pelas obras a sua fé. Os sinais da vinda de Cristo estão-se cumprindo rapidamente. Satanás vê que não lhe resta senão pouco tempo para operar, e tem posto seus agentes a trabalhar no sentido de agitar os elementos do mundo, para que os homens sejam enganados, iludidos, e se conservem ocupados e absorvidos até que finde o tempo da graça, e para sempre se feche a porta da misericórdia.
Os reinos deste mundo ainda não se tornaram os reinos de nosso Senhor e de Seu Cristo. Não vos enganeis; estai plenamente acordados, e agi com rapidez; pois a noite vem, na qual ninguém pode trabalhar. Não animeis estudantes que vos procuram, preocupados com a obra de salvar seus semelhantes, a entrar num curso de estudos após outro. Não prolongueis por muitos anos o tempo da educação. Assim fazendo, dais-lhes a impressão de que há tempo bastante, e esse próprio plano se demonstra para sua alma uma armadilha. Muitos há que se encontram mais bem preparados, com mais discernimento espiritual e conhecimento de Deus, e que conhecem mais os Seus reclamos, ao entrarem no curso de estudos, do que quando se diplomam. Apodera-se deles a ambição de se tornarem homens instruídos, e são estimulados a acrescentar os estudos até que com eles ficam envaidecidos. Fazem dos livros seu ídolo, e estão dispostos a sacrificar a saúde e a espiritualidade a fim de obter educação. Limitam o tempo que deveria ser dedicado à oração,
e deixam de aproveitar as oportunidades de fazer o bem, não transmitindo luz e conhecimento. Não põem em uso o conhecimento já adquirido, e não progridem na ciência de ganhar almas. O trabalho missionário torna-se cada vez menos desejável, ao passo que o anseio de sobrepujar no conhecimento dos livros cresce de modo anormal. Prosseguindo em seus estudos, separam-se do Deus de sabedoria. Alguns os felicitam por seu progresso, e estimulam-nos a obter título após título, mesmo que estejam menos habilitados a fazer a obra de Deus à maneira das instruções de Cristo, do que antes de ingressarem na escola de Battle Creek.
Foi feita a pergunta aos que se achavam reunidos: "Acreditais na verdade? acreditais na terceira mensagem angélica? Se o credes, vivei então segundo a vossa fé, e não incentiveis os homens a continuar em Battle Creek quando deveriam estar longe desse lugar, fazendo o trabalho do Mestre." O Senhor não é glorificado com essa delonga. Alguns vão a Battle Creek e obtêm uma idéia muito mais elevada de suas capacidades do que deveriam obter. São estimulados a fazer um prolongado curso de estudo; mas não é esta a vontade de Deus. Isso não conta com a aprovação celestial. O precioso tempo de graça não permite longamente delineados anos de preparo. Deus chama; ouvi-Lhe a voz, enquanto diz: "Vai trabalhar hoje na Minha vinha." Mat. 21:28. Agora, exatamente agora, é o tempo de trabalhar. Acreditais que a vinda do Senhor está próxima e que a última grande crise está prestes a desabar sobre o mundo?
Logo haverá súbita mudança no trato de Deus. O mundo em sua perversidade está sendo afligido por calamidades, como inundações, tempestades, incêndios, terremotos, fomes, guerras e derramamento de sangue. "O Senhor é tardio em irar-Se, mas grande em força e ao culpado não tem por inocente; o Senhor tem o Seu caminho na tormenta e na tempestade, e as nuvens são o pó dos Seus pés." Naum 1:3. Quem dera que os homens entendessem a paciência e a longanimidade de Deus! Ele restringe os próprios atributos. Seu onipotente poder está sob o controle
da Onipotência. Ah! se os homens entendessem que Deus Se recusa a cansar-Se com a perversidade do mundo, estendendo ainda a esperança do perdão, mesmo aos menos merecedores! Sua paciência, porém, não continuará para sempre. Quem está preparado para a súbita mudança que se operará no trato de Deus com os pecadores? Quem está preparado para escapar ao castigo que sobrevirá por certo aos transgressores?
Não temos um milênio temporal para fazer a obra de advertir o mundo. Há necessidade de transformação da alma. A inteligência mais eficaz que pode ser alcançada será obtida na escola de Cristo. Compreendei que nada digo nestas palavras para depreciar a educação, mas falo a fim de advertir os que se acham em risco de levar o que é lícito a ilícitos extremos, e de dar demasiado valor à educação humana. Insisti antes sobre o desenvolvimento da valiosa experiência cristã, porquanto sem isto, de nenhum proveito será a educação do aluno.
Se virdes que os estudantes estão em perigo de absorver-se com os estudos a ponto de negligenciar o estudo daquele Livro que os informa quanto à maneira de assegurar o futuro bem-estar de sua alma, não lhes apresenteis a tentação de se aprofundarem mais, de prolongarem o tempo de preparo. Por essa maneira seria perdido de vista tudo quanto tornaria de valor para o mundo a educação dos alunos. Cristo Jesus deve ser cada vez mais amado; mas alguns têm ido a Battle Creek em busca de educação, quando, se houvessem permanecido à distância, estariam muito mais bem preparados para a obra de Deus. Tê-la-iam levado avante com simplicidade, da maneira pela qual Cristo labutou. Teriam confiado mais em Deus e no poder do Espírito Santo, e muito menos em sua educação. Longos períodos de contínuo estudo são prejudiciais para o bem-estar físico, mental e moral.
Lede o Antigo e o Novo Testamentos com o coração contrito. Lede-os devota e fielmente, suplicando que o Espírito Santo
vos conceda entendimento. Daniel examinou a parte do Antigo Testamento que estava à sua disposição e fez da Palavra de Deus seu melhor instrutor, aproveitando ao mesmo tempo as oportunidades que lhe foram dadas para tornar-se versado em todos os ramos do conhecimento. Seus companheiros fizeram a mesma coisa, e lemos o seguinte: "Em toda matéria de sabedoria e de inteligência, sobre que o rei lhes fez perguntas, os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos ou astrólogos que havia em todo o seu reino." Dan. 1:20. "A esses quatro jovens Deus deu o conhecimento e a inteligência em todas as letras e sabedoria; mas a Daniel deu entendimento em toda visão e sonhos." Dan. 1:17.
Os estudantes que exaltam as ciências acima do Deus da ciência são ignorantes, embora se considerem muito sábios. Se não podeis reservar tempo para orar, para manter comunhão com Deus, para exame de consciência, e se não apreciais a sabedoria que provém unicamente de Deus, toda a vossa cultura será deficiente, e vossas escolas e colégios serão achados em falta. "O temor do Senhor é o princípio da sabedoria." Sal. 111:10. Qual a fé que estamos acalentando? Temos uma fé que atua por amor e purifica a alma? Nossa fé corresponde à luz que temos recebido? Satanás exultaria se pudesse introduzir-se em Battle Creek para deter a obra de Deus, inculcando invenções humanas em admoestações e conselhos. Deleitar-se-ia fazendo com que os obreiros se absorvam em anos de preparo, de modo que a educação se torne um empecilho e não um avanço.
O Espírito Santo de Deus tem lutado com muitos jovens insistindo com eles para que se entreguem à causa e à obra de Deus. Quando eles oferecem os seus préstimos à Associação, são aconselhados a fazer um curso de estudos em Battle Creek, antes de ingressarem na obra. Isto é muito bom se o estudante é bem equilibrado com princípios; mas não é conveniente que o obreiro se detenha em prolongado preparo. Deve-se dar a máxima atenção ao trabalho de
desenvolver os que serão missionários. Todo esforço deve redundar em seu benefício, de modo que sejam enviados o mais depressa possível. Eles não se podem permitir esperar até que sua educação seja considerada completa. Isto jamais pode ser alcançado, pois haverá um contínuo curso de estudos em andamento através dos intermináveis séculos da eternidade.
Há uma grande obra a ser feita, e a vinha do Senhor necessita de obreiros. Os missionários devem penetrar nos campos antes de serem forçados a cessar com o trabalho. Há agora portas abertas por toda parte; os estudantes não se podem permitir esperar para completar anos de preparo; pois os anos que estão adiante de nós não são muitos, e precisamos trabalhar enquanto o dia durar. Não é conveniente aconselhar homens e mulheres a fazer um curso de estudos em Ann Arbor. Muitos que estiveram ali não foram ajudados no passado, e não o serão no futuro.
Observai os aspectos da obra de Cristo. Ele agia com a maior simplicidade. Embora Seus discípulos fossem pescadores, Ele não aconselhou que freqüentassem a escola dos rabis antes de iniciarem o trabalho. Chamou os Seus discípulos de perto das redes de pesca, e disse: "Vinde após Mim, e Eu vos farei pescadores de homens." Mat. 4:19. Chamou a Mateus da alfândega, e disse: "Segue-Me." Mat. 9:9. Tudo que tiveram de fazer foi seguir a Jesus, realizar o que Ele lhes ordenara, e ingressar assim em Sua escola, onde Deus pudesse ser seu professor. Enquanto o tempo durar, necessitaremos de escolas. Haverá sempre necessidade de educação; cumpre-nos, porém, cuidar em que ela não absorva todo interesse espiritual.
Existe positivo risco em aconselhar alunos a prosseguir em um ramo de educação após o outro, e em levá-los a pensar que, por esse meio, hão de obter a perfeição. A educação assim alcançada demonstrar-se-á deficiente em todo sentido. Diz o Senhor: "Destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos inteligentes. Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde o está o inquiridor deste século? Porventura, não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?
Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não conheceu a Deus pela Sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação." I Cor. 1:19-21. Este é o plano delineado por Deus; e através de gerações sucessivas e de séculos de paganismo este plano tem sido levado avante, não como experiência, mas como meio aprovado para a disseminação do evangelho. Por meio deste método desde o princípio adveio convicção ao homem, e o mundo foi esclarecido acerca do evangelho de Deus. O mais alto grau de instrução que qualquer ser humano pode atingir é a instrução dada pelo Mestre Divino. Este é o conhecimento do qual, em sentido especial, teremos grande necessidade ao nos aproximarmos do fim da história deste mundo, e todos farão bem em obter esta espécie de educação. O Senhor requer que os homens estejam sob a Sua disciplina. Há uma grande obra a ser feita no sentido de libertar a mente humana das trevas e transportá-la para a maravilhosa luz de Deus. Como Seus instrumentos humanos, devemos cumprir os Seus planos por meio de viva fé. Estamos numa condição em que nossa fé não redundará para glória de Deus, ou somos instrumentos apropriados para uso do Mestre, preparados para toda boa obra?
Moisés era instruído em toda a sabedoria dos egípcios. Pela providência de Deus, ele recebeu ampla educação; grande parte da mesma, porém, teve de ser desaprendida e considerada como loucura. Suas impressões tiveram de ser apagadas por quarenta anos de experiência no cuidado das ovelhas e dos tenros cordeirinhos. Se muitos dos que se acham ligados à obra do Senhor fossem isolados como Moisés, sendo, pelas circunstâncias, forçados a seguir qualquer humilde carreira até que o coração se lhes tornasse tenro, far-se-iam pastores muito mais fiéis em lidar com a herança de Deus, do que são agora. Não seriam tão inclinados a engrandecer as próprias aptidões, ou a buscar demonstrar que a sabedoria de uma educação avançada podia tomar o lugar de um são conhecimento de Deus. Quando Cristo veio à Terra, o testemunho era que "o mundo
não conheceu a Deus por Sua própria sabedoria", mas "aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação". I Cor. 1:21.
A sabedoria do mundo tinha sido plenamente submetida à prova por ocasião do advento de Cristo, e a alardeada sabedoria humana demonstrou ser deficiente. Os homens não conheciam a verdadeira sabedoria que provém da Fonte de todo o bem. A sabedoria do mundo foi pesada na balança, e achada em falta. Estais dando aos alunos sob a vossa direção idéias que não são corretas. Caso recebessem muito menos dessas idéias, estariam melhor habilitados para a prossecução de sua obra. Não considerais devidamente a instrução e o método de nosso Senhor Jesus Cristo; Ele foi, no entanto, o único Educador perfeito em nosso mundo. "Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus. As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais. Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo." I Cor. 2:12-16.
Precisais estar aprendendo na escola de Cristo no tempo atual. O Senhor tem poder para trabalhar com Seus próprios agentes. Estais sobrecarregando pobres homens finitos com poderosas vantagens para fazer uma grande obra, embora não tenham oportunidade ou vocação para usar grande parte do fardo de estudos que têm procurado dominar. Áureas oportunidades estão passando para a eternidade, e foram dados conselhos que deviam ter sido retidos; poderia ter sido realizado muito mais e melhor trabalho do que tem sido feito, se houvesse sido consideravelmente diminuído o período de tempo que muitos obreiros passaram em Battle Creek. Eles deveriam ter sido postos em atividade comunicando a luz
e o conhecimento que receberam aos que se acham em trevas. O Deus de toda virtude acrescentará graça a graça. Os que saem a trabalhar na vinha do Senhor aprenderão como efetuar o trabalho, e se lembrarão das instruções que receberam durante a vida escolar. O Senhor não Se agrada de que esses obreiros sejam estimulados a passar vários anos acumulando conhecimentos que não terão oportunidade de transmitir. Preciosos jovens que deveriam estar labutando para Deus têm vindo a Battle Creek para adquirir educação e obter melhor conhecimento sobre como fazer o trabalho. Eles deveriam ter aprendido o que é essencial num período bem curto. Não deveriam requerer vários anos para sua educação antes que pudessem responder ao chamado: "Vai trabalhar hoje na Minha vinha." Mat. 21:28. Em vez de serem enviados como obreiros depois de haverem passado meses e anos no colégio, eles são aconselhados a seguir outros estudos e a desenvolver-se em outros ramos. São aconselhados a passar meses e anos em instituições onde a verdade é negada e contestada e onde são apresentados erros de natureza mais especiosa e contrária às Escrituras. Essas doutrinas são mescladas com os seus estudos. Eles ficam enlevados em progredir nos ramos educacionais, e perdem o amor a Jesus; e antes que saibam o que se passa com eles, estão longe de Deus e completamente desprevenidos para atender à ordem: "Vai trabalhar hoje na Minha vinha." Mat. 21:28. O desejo de fazer trabalho missionário dissipou-se. Eles seguem seus estudos com uma paixão que fecha a porta para a entrada de Cristo. Quando eles se formam e têm plena autorização para sair como estudantes devidamente educados, alguns perderam todo o interesse pela obra e acham-se menos preparados para empenhar-se no serviço de Deus do que quando vieram para Battle Creek.
O mensageiro virou-se para a congregação e disse: "Acreditais nas profecias? Vós que conheceis a verdade, compreendeis que agora está sendo dada ao mundo a última mensagem de advertência - que agora está sendo ouvido o último convite de misericórdia?
Acreditais que Satanás desceu com grande poder, trabalhando com todo engano de injustiça em todos os lugares? Acreditais que a grande Babilônia veio à lembrança diante de Deus, e que ela logo receberá da mão de Deus o dobro por todos os seus pecados e injustiças?" Satanás se agrada de que retenhais em Battle Creek homens e mulheres que deveriam ser cooperadores de Deus em Sua grande vinha moral. Se o inimigo puder conservar os obreiros fora do campo sob qualquer pretexto, ele o fará. Esse preparo avançado que impede a entrada de talentos no campo, não dá ao Senhor a oportunidade de trabalhar com Seus obreiros. Muitos são levados a ocupar de maneira egoísta o tempo, os talentos e os meios em obter uma educação avançada, ao passo que o mundo está perecendo por falta do conhecimento que eles poderiam comunicar. Cristo chamou os ignorantes pescadores e deu a esses homens tal conhecimento e sabedoria que seus adversários não podiam contradizer ou resistir a suas palavras. Seu testemunho tem ido às partes mais longínquas da Terra.
Os discípulos de Cristo não são chamados a engrandecer os homens, mas a Deus, fonte de toda a sabedoria. Dêem os educadores margem ao Espírito Santo para operar no coração humano. O maior dos mestres Se acha representado entre nós pelo Espírito Santo. Embora estudeis, embora vos seja dado atingir mais e mais alto, e ocupeis cada hora de vosso tempo de graça na perseguição do conhecimento, não ficareis completos. Ao chegar o tempo a seu termo, teríeis de perguntar a vós mesmos: Que benefício fiz eu aos que se encontram envoltos em plena escuridão? A quem comuniquei o conhecimento de Deus, e mesmo o conhecimento daquilo em cuja busca despendi tanto tempo e recursos? Em breve se dirá no Céu: "Está consumado." João 19:30. "Quem é injusto faça injustiça ainda; e quem está sujo suje-se ainda; e quem é justo faça justiça ainda; e quem é santo seja santificado ainda. E eis que cedo venho, e o Meu galardão está comigo para dar a cada um segundo a sua obra." Apoc. 22:11 e 12. Quando sair esta ordem, todo
caso terá sido decidido. Muito melhor seria que os obreiros tomassem menos trabalho, e o desempenhassem devagar e humildemente, usando o jugo de Cristo e levando-Lhe os fardos, do que dedicando anos de preparo para uma grande obra e deixando então de trazer filhos e filhas a Deus, deixando de ter qualquer troféu para depor aos pés de Jesus. Homens e mulheres estão-se detendo em Battle Creek por mui longo tempo. Deus os chama, mas eles não Lhe ouvem a voz. Os campos são negligenciados, e isso significa que as mentes não são iluminadas. A semente da corrupção está sendo rapidamente lançada no coração de nossos jovens, e grandes verdades práticas precisam ser postas em contato com as crianças e os jovens, pois a verdade é poderosa.
Os professores cristãos são chamados a labutar para Deus. O fermento da verdade precisa ser introduzido na alma antes que possa operar a transformação do caráter. Seria muito melhor que nossos jovens fossem menos desenvolvidos nos ramos de estudo, do que serem deficientes em humildade e mansidão, e destituídos de coração contrito. A obra de alguns de nossos educadores tem consistido em incapacitar os estudantes para ser cooperadores de Deus. Deveis estudar para familiarizar-vos com a maneira pela qual Jesus trabalhava e pregava. Ele era abnegado e altruísta. Não Se esquivava à labuta, e suportava o opróbrio, o escárnio, o insulto, a zombaria e os maus-tratos; estão, porém, nossos alunos sendo educados de tal maneira que sejam preparados para andar em Suas pegadas? Deus não está em vossa procrastinação. Vossa tentação de prosseguir ano após ano em ramos de estudo está-se apoderando de outras mentes, e elas estão perdendo gradualmente o espírito com que o Senhor as inspirou a ir trabalhar em Sua vinha. Por que os homens responsáveis não conseguem discernir quais serão os infalíveis resultados de deter os estudantes dessa maneira e de ensinar-lhes a adiar a obra do Senhor? O tempo está passando para a eternidade, e, no entanto, os que foram enviados a Battle Creek a fim de se habilitarem para o trabalho na vinha do Senhor não são incentivados a fazer o que podem para promover a causa de Deus. São concedidos muitos privilégios aos que já conhecem a verdade, e que, porém, não a estão
praticando. Dinheiro e forças que deviam ser despendidos nos caminhos e atalhos do mundo, são gastos com aqueles que não aproveitam a luz que já possuem, comunicando-a aos que se acham em trevas. Quando Filipe recebeu a luz, ele foi chamar a Natanael; muitos jovens, porém, que poderiam realizar uma obra especial para o Mestre, não darão um passo enquanto não tiverem múltiplas oportunidades.
Os pastores de Jesus Cristo devem designar alguma parte da vinha de Deus para homens que estão ociosos na praça. Se eles errarem, corrigi os seus erros e ponde-os novamente em atividade. Muitos mais têm sido impedidos de sair a trabalhar do que os que são incentivados a desenvolver seus talentos; no entanto, é usando suas aptidões que eles aprendem como empregar seus talentos. Têm ido a Battle Creek para obter uma educação muitos que poderiam ter sido mais bem instruídos em seu país. Perde-se tempo, o dinheiro é gasto desnecessariamente, a obra fica por fazer e almas são perdidas devido aos erros de previsão dos que pensam estar servindo a Deus. O Senhor vive, e Seu Santo Espírito preside em toda a parte. Não deve prevalecer a impressão de que Battle Creek é a Jerusalém do mundo e que todos devem subir para lá a fim de prestar culto. Os que querem aprender e fazem todo esforço possível para obter conhecimento, andando conscienciosamente na luz da verdade, não precisam dirigir-se a Battle Creek. Deus é nosso professor; e os que desejam desenvolver seus talentos no lugar onde estão, serão favorecidos por professores enviados por Deus para instruí-los - professores que se têm preparado a fim de realizar uma obra para o Mestre. Gastar mais tempo, despender mais dinheiro é pior do que perdê-lo; pois os que procuram obter uma educação em detrimento da piedade prática estão do lado que perde. Aquilo que eles obtêm nos ramos educacionais durante o tempo em que deveriam ter iniciado o trabalho, é puro desperdício e perda. Os seres celestiais estão à espera de agentes humanos com os quais possam cooperar como missionários nas
partes obscuras da Terra. Deus está à espera de homens que se empenhem em atividades missionárias em nossas grandes cidades, mas homens e mulheres são retidos em Battle Creek quando deveriam espalhar-se pelas cidades e vilas, pelos caminhos e atalhos. Deveriam estar chamando e convidando as pessoas para a ceia nupcial, pois agora tudo está pronto. Haverá missionários que farão um bom trabalho na vinha do Mestre, embora não tenham ido a Battle Creek.
Os que vão a Battle Creek deparam com tentações que não imaginavam pudessem existir nesse lugar. Enfrentam motivos de desânimo que não precisavam enfrentar, e não são ajudados em sua experiência religiosa por se dirigirem a esse lugar. Perdem muito tempo porque não sabem o que devem fazer, e ninguém está preparado para dizer isso a eles. Perdem muito tempo em ocupações que nada têm que ver com a obra para a qual desejam habilitar-se. O trabalho comum e o que é sagrado são misturados um com o outro e postos no mesmo nível. Isso, porém, não é sensato. Deus observa o que se passa, mas não o aprova. Poderiam ter sido efetuadas muitas coisas que teriam uma influência duradoura, se eles houvessem labutado com moderação e humildade no lugar em que estavam. O tempo está passando; almas estão se decidindo para o bem ou para o mal, e a peleja cada vez se torna mais difícil. Quantos dos que conhecem a verdade para o tempo atual estão agindo em harmonia com os seus princípios? É verdade que se está fazendo alguma coisa; porém mais, incomparavelmente mais se deveria fazer. O trabalho acumula-se, ao passo que diminui o tempo para efetuá-lo. Todos devem ser agora lâmpadas ardentes e resplandescentes, e, no entanto, muitos estão deixando de manter suas lâmpadas providas do óleo da graça, espevitadas e ardendo, de maneira que a luz resplandeça hoje.
Muitos são os que estão contando com um longo amanhã; isto é, porém, um erro. Seja cada um educado de maneira a mostrar a importância da obra especial para hoje. Trabalhe cada um para Deus e pelas almas; mostre cada um sabedoria e não seja nunca encontrado em ociosidade, esperando que
alguém o ponha a trabalhar. O "alguém" que vos poderia fazer isto, está demasiado assoberbado de responsabilidades, e perde-se o tempo esperando sua orientação. Deus vos dará sabedoria para uma reforma imediata; pois o chamado ainda continua: "Filho, vai trabalhar hoje na Minha vinha." Mat. 21:28. Alguns podem ainda ficar indecisos, no entanto ouve-se ainda o chamado: "Vai trabalhar na Minha vinha." "Hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais o vosso coração." Heb. 3:15. O Senhor inicia o pedido com a palavra "filho". Quão terno, quão compassivo, e todavia, por outro lado, quão urgente! Seu convite para trabalhar em Sua vinha é também uma ordem. "Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus." I Cor. 6:19 e 20. Special Testimonies on Education, 21 de março de 1895.