Tenho escrito extensamente com referência aos estudantes que dedicam um tempo exageradamente longo à aquisição de uma educação; espero, porém, não ser malcompreendida quanto ao que é educação essencial. Não quero dar a entender que se deve fazer um trabalho superficial, como se ilustra pela forma em que se costumava cultivar a terra em certas partes da Austrália. Só se introduzia o arado algumas polegadas na terra, o solo não era preparado para a sementeira, e a colheita era escassa, correspondendo, portanto, à preparação superficial da terra.
Deus tem dado mentes pesquisadoras aos jovens e às crianças. Suas faculdades de raciocínio lhes são confiadas como preciosos talentos. É dever dos pais manter diante deles o assunto da educação em seu verdadeiro significado, pois abrange muitos aspectos. Devem ser ensinados a desenvolver todo talento e órgão, com vistas a serem usados no serviço de Cristo para soerguimento da humanidade caída. Nossas escolas são o instrumento especial do Senhor para preparar as crianças e os jovens para a obra missionária. Os pais devem compreender sua responsabilidade e fazer com que seus filhos apreciem os grandes privilégios e bênçãos que Deus proveu para eles por meio das vantagens educacionais.
Sua educação doméstica deve, porém, acompanhar o passo de sua educação de caráter literário. Na infância e na juventude devem ser combinados o ensino prático e o literário, e armazenados na mente os conhecimentos. Os pais devem sentir que têm uma obra solene a fazer, e apoderar-se dela com fervor. Compete-lhes disciplinar e moldar o caráter de seus filhos. Não devem contentar-se com uma obra superficial. Diante de toda criança se estende uma vida repleta de elevadíssimos interesses, pois hão de ser feitos completos em Cristo mediante os instrumentos providos por Deus. O terreno do coração deve ser ocupado com antecipação; as sementes da verdade devem ser semeadas ali nos
primeiros anos. Se os pais são negligentes neste assunto, terão de prestar contas por sua infiel mordomia. Deve-se lidar com as crianças com ternura e amor, e ensinar-lhes que Cristo é seu Salvador pessoal e que pelo simples processo de entregar-Lhe a mente e o coração tornam-se Seus discípulos.
Deve-se ensinar as crianças a ter parte nos deveres domésticos. Devem ser ensinadas a ajudar ao pai e à mãe nas pequenas coisas que podem fazer. Sua mente deve ser educada a pensar, sua memória exercitada para lembrar o trabalho designado; e ao se educarem nos hábitos de utilidade no lar, estão sendo ensinadas a realizar os deveres práticos, próprios de sua idade. Se as crianças recebem o devido preparo no lar, não serão encontradas nas ruas, recebendo ali, como tantos, a educação que o acaso lhes oferece. Os pais que amam os filhos de maneira sensata não os deixarão crescer com hábitos de indolência e sem que saibam como realizar os trabalhos domésticos. A ignorância não é aceitável a Deus e é desfavorável para a realização de Sua obra. Ser ignorante não deve ser considerado como sinal de humildade ou algo pelo que os homens deveriam ser elogiados. Deus opera, porém, em favor das pessoas a despeito de sua ignorância. Os que não tiveram oportunidade de obter conhecimento, ou que tiveram tal oportunidade mas não a aproveitaram, e se convertem ao Senhor, podem ser úteis em Seu serviço mediante a operação de Seu Espírito Santo. Mas os que têm instrução e se consagram ao serviço de Deus, podem prestar serviço em maior número de maneiras diversas e efetuar uma obra mais ampla no sentido de guiar almas ao conhecimento da verdade, do que os que carecem de instrução. Encontram-se em posição vantajosa devido à disciplina mental que obtiveram. Não depreciamos a educação de modo algum; pelo contrário, aconselhamos que seja levada avante com uma cabal compreensão da brevidade do tempo e da grande obra que deve ser realizada antes da vinda de Cristo. Não queremos que os estudantes tenham a idéia de que
podem passar muitos anos adquirindo educação. Empreguem eles em levar avante a obra de Deus a educação que podem obter em razoável extensão de tempo. Nosso Salvador está no santuário intercedendo em nosso favor. Ele é nosso Sumo Sacerdote intercessor, fazendo por nós o sacrifício da expiação, apresentando em nosso favor os méritos de Seu sangue. Os pais devem procurar apresentar este Salvador a seus filhos, a fim de inculcar-lhes na mente o plano da salvação - como, devido à transgressão da lei de Deus, Cristo tomou Sobre Si os nossos pecados. O fato de que o Filho unigênito de Deus deu Sua vida por causa da transgressão do homem, para satisfazer a justiça e vindicar a honra da lei de Deus, deve ser mantido constantemente diante do intelecto das crianças e dos jovens. O objetivo desse grande sacrifício também deve ser mantido diante deles, pois foi feito para erguer o homem caído e degradado pelo pecado. Cristo sofreu para que mediante a fé nEle fossem perdoados os nossos pecados. Tornou-Se o substituto e o penhor do homem, tomando sobre Si o castigo que de modo algum merecia, para que nós, que o merecíamos, pudéssemos ser libertados e retornar à lealdade para com Deus em virtude dos méritos de um Salvador crucificado e ressuscitado. Ele é nossa única esperança de salvação. Por meio de Seu sacrifício, os que agora estamos sendo provados, somos prisioneiros de esperança. Temos de revelar ao Universo - ao mundo caído e aos mundos não caídos - que há perdão em Deus e que mediante Seu amor podemos ser reconciliados com Ele. O homem que se arrepende, que se torna contrito de coração, que crê em Cristo como sacrifício expiatório, compreende que Deus Se reconciliou com ele.
Durante todos os dias de nossa vida devemos nutrir profunda gratidão pelo fato de haver o Senhor deixado escritas estas palavras: "Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade e cujo nome é Santo: Em um alto e santo lugar habito e também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e para vivificar o coração dos contritos." Isa. 57:15. A reconciliação de Deus com o homem e do homem com Deus é segura se forem cumpridas certas condições. Diz o Senhor: "Os sacrifícios
para Deus são o espírito quebrantado; um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus." Sal. 51:17. Em outro lugar Ele diz: "Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado e salva os contritos de espírito." Sal. 34:18. "Ainda que o Senhor é excelso, atenta para o humilde; mas ao soberbo, conhece-o de longe." Sal. 138:6. "Assim diz o Senhor: O Céu é o Meu trono, e a Terra, o escabelo dos Meus pés. Que casa Me edificaríeis vós? E que lugar seria o do Meu descanso? Porque a Minha mão fez todas estas coisas, e todas estas coisas foram feitas, diz o Senhor; mas eis para quem olharei: para o pobre e abatido de espírito e que treme diante da Minha palavra." Isa. 66:1 e 2. "O Espírito do Senhor Jeová está sobre Mim, porque o Senhor Me ungiu para pregar boas novas aos mansos; enviou-Me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos e a abertura de prisão aos presos; a apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes; a ordenar acerca dos tristes de Sião que se lhes dê ornamento por cinza, óleo de gozo por tristeza, veste de louvor por espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantação do Senhor, para que Ele seja glorificado." Isa. 61:1-3. O salmista escreve: "Sara os quebrantados de coração e liga-lhes as feridas." Sal. 147:3. Embora seja o Restaurador da humanidade caída, Ele "conta o número das estrelas, chamando-as a todas pelos seus nomes. Grande é o nosso Senhor e de grande poder; o Seu entendimento é infinito. O Senhor eleva os humildes e abate os ímpios até à terra. Cantai ao Senhor em ação de graças; cantai louvores ao nosso Deus sobre a harpa. ... O Senhor agrada-Se dos que O temem e dos que esperam na Sua misericórdia. Louva, ó Jerusalém, ao Senhor; louva, ó Sião, ao teu Deus." Sal. 147:4-12.
Quão preciosas são as lições deste salmo! Bem faríamos em estudar os quatro últimos salmos de Davi. Também são mui preciosas as palavras do profeta: "Porventura, deixar-se-á a neve
do Líbano por uma rocha do campo? Ou deixar-se-ão as águas estranhas, frias e correntes? Contudo, o Meu povo se tem esquecido de Mim, queimando incenso à vaidade; e fizeram-nos tropeçar nos seus caminhos e nas veredas antigas, para que andassem por veredas afastadas, não aplainadas." Jer. 18:14 e 15. "Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor! Porque será como a tamargueira no deserto e não sentirá quando vem o bem; antes, morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável. Bendito o varão que confia no Senhor, e cuja esperança é o Senhor. Porque ele será como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e, no ano de sequidão, não se afadiga nem deixa de dar fruto." Jer. 17:5-8. Special Testimonies on Education, 22 de abril de 1895.