Devemos compreender o tempo em que vivemos. Não o compreendemos nem pela metade. Não o apreendemos pela metade. Meu coração treme dentro de mim quando penso qual o inimigo que temos a defrontar e quão pobremente nos achamos preparados para defrontá-lo. As provas dos filhos de Israel, e sua atitude justamente antes da vinda de Cristo, foram-me apresentadas repetidamente para ilustrar a posição do povo de Deus em sua experiência antes da segunda vinda de Cristo - como o inimigo procurou toda ocasião para assumir o controle da mente dos judeus, e hoje procura ele cegar a mente dos servos de Deus, a fim de que não sejam capazes de discernir a preciosa verdade.
Quando Cristo veio ao nosso mundo, Satanás estava em campo, e disputou cada palmo de avanço, em Sua vereda desde a manjedoura até ao Calvário. Satanás acusara a Deus de exigir abnegação dos anjos, quando nada sabia Ele mesmo do que isso significava, e quando Ele mesmo nenhum sacrifício fazia em favor de outros. Esta foi a acusação que Satanás fez
contra Deus no Céu; e depois que o maligno foi expulso do Céu, continuamente acusou o Senhor de exigir serviço que Ele mesmo não faria. Cristo veio ao mundo para desfazer essas falsas acusações e revelar o Pai. Não podemos imaginar a humilhação que Ele suportou ao tomar sobre Si a nossa natureza. Não que fosse, em si, uma desonra pertencer ao gênero humano, mas era Ele a Majestade do Céu, o Rei da glória, e humilhou-Se para tornar-Se um bebê e sofrer as necessidades e aflições dos mortais. Humilhou-Se, não para a mais alta posição, para ser homem de riquezas e poder, mas embora fosse rico, por nossa causa Se tornou pobre, para que por Sua pobreza enriquecêssemos. Deu um passo após outro, na humilhação. Foi tangido de uma cidade para outra, pois não quiseram os homens receber a Luz do mundo. Estavam perfeitamente satisfeitos com sua situação.
Cristo apresentara preciosas gemas da verdade, mas os homens as lançaram ao refugo da superstição e do erro. Comunicara-lhes as palavras de vida, mas eles não viveram por toda palavra que sai da boca de Deus. Viu Ele que o mundo não podia encontrar a Palavra de Deus, pois estava oculta sob as tradições dos homens. Veio para expor ao mundo a relativa importância do Céu e da Terra, e colocar a verdade em seu lugar devido. Jesus, unicamente, podia revelar a verdade que era necessário que os homens soubessem para que alcançassem a salvação. Ele, só, podia colocá-la na moldura da verdade, e era Sua obra libertá-la do erro e colocá-la diante dos homens em sua luz celestial.
Satanás despertou-se para se Lhe opor, pois não fizera ele, desde a queda, todos os esforços para fazer a luz parecer trevas, e as trevas luz? Enquanto Cristo procurava colocar a verdade diante do povo em sua devida relação com sua salvação, Satanás operava por intermédio dos líderes judeus, inspirando-lhes inimizade contra o Redentor do mundo. Resolveram fazer tudo que estava ao seu alcance para impedir que Ele causasse impressão sobre o povo.
Oh! quanto anelava Cristo, como Lhe ardia o coração, por abrir aos sacerdotes os maiores tesouros da verdade! Mas seu espírito recebera um molde tal que era quase impossível
revelar-lhes as verdades relacionadas com o Seu reino. As Escrituras não haviam sido lidas da maneira devida. Os judeus tinham aguardado o advento do Messias, mas pensavam que teria de vir em toda a glória que há de acompanhar Sua segunda vinda. Por não ter Ele vindo com toda a majestade de um rei, rejeitaram-nO completamente. Mas não foi simplesmente por não ter Ele vindo em esplendor, que O rejeitaram. Foi porque Ele era a concretização da pureza, e eles eram impuros. Ele andou na Terra como Homem de integridade imaculada. Tal caráter, em meio da degradação e do mal, estava fora de harmonia com os desejos deles, e Ele foi insultado e desprezado. Sua vida imaculada despedia luz sobre o coração dos homens, descobrindo-lhes a iniqüidade em seu feitio odioso.
O Filho de Deus a cada passo era assaltado pelos poderes das trevas. Após o Seu batismo foi pelo Espírito levado ao deserto onde por quarenta dias sofreu tentação. Tenho recebido cartas, afirmando que Cristo não podia ter tido a mesma natureza que o homem, pois nesse caso, teria caído sob tentações semelhantes. Se não possuísse natureza humana, não poderia ter sido exemplo nosso. Se não fosse participante de nossa natureza, não poderia ter sido tentado como o homem tem sido. Se não Lhe tivesse sido possível ceder à tentação, não poderia ser nosso Auxiliador. Era uma solene realidade esta de que Cristo veio para ferir as batalhas como homem, em favor do homem. Sua tentação e vitória nos dizem que a humanidade deve copiar o Modelo; deve o homem tornar-se participante da natureza divina.
Divindade e Humanidade Unidas em Cristo
Em Cristo combinaram-se divindade e humanidade. A divindade não se degradou, para tornar-se humanidade; a divindade conservou seu lugar, mas a humanidade, pela união com a divindade, resistiu à mais feroz prova da tentação no deserto. O príncipe deste mundo chegou-se a Cristo depois de Seu longo jejum, quando estava no auge da fome, e sugeriu-lhe que mandasse às pedras que se tornassem pão. Mas o plano de Deus, delineado para a salvação do homem, previa que Cristo conhecesse a fome, a pobreza e todos os aspectos da
experiência do homem. Resistiu Ele à tentação, mediante o Poder que o homem também pode possuir. Apoiou-Se no trono de Deus, e não existe homem ou mulher que não possa ter acesso ao mesmo auxílio, pela fé em Deus. Pode o homem tornar-se participante da natureza divina; não vive uma alma que não possa chamar o auxílio do Céu, quando tentada e provada. Cristo veio para revelar a fonte de Seu poder, a fim de que o homem não confiasse jamais em suas capacidades humanas desajudadas.
Os que querem vencer devem empenhar ao máximo todas as faculdades de seu ser. Devem lutar, de joelhos diante de Deus, pedindo poder divino. Cristo veio para ser nosso exemplo e nos revelar que podemos ser participantes da natureza divina. Como? - Tendo escapado da corrupção que pela concupiscência há no mundo. Satanás não alcançou a vitória sobre Cristo. Não pôs o pé sobre a alma do Redentor. Não atingiu a cabeça, se bem que tenha ferido o calcanhar. Cristo, por Seu exemplo, tornou evidente que o homem pode permanecer íntegro. É possível aos homens ter poder para resistir ao mal - poder que nem a Terra nem a morte nem o inferno conseguem dominar; poder que os colocará onde alcancem vencer, como Cristo venceu. Neles pode combinar-se a divindade e a humanidade.
Foi obra de Cristo apresentar a verdade na moldura do evangelho, e revelar os preceitos e princípios que Ele dera ao homem caído. Todas as idéias que Ele apresentava eram dEle mesmo. Não teve necessidade de tomar emprestados pensamentos de quem quer que fosse, pois era Ele o originador de toda a verdade. Podia apresentar as idéias de profetas e filósofos, e preservar Sua originalidade, pois Sua era toda a sabedoria; era Ele a fonte, o manancial de toda a verdade. Estava na dianteira de todos, e por Seus ensinos tornou-Se o guia espiritual de todos os séculos.
Foi Cristo que falou através de Melquisedeque, o sacerdote do Deus altíssimo. Melquisedeque não era Cristo, mas era a voz de Deus no mundo, representante do Pai. E através de todas as gerações do passado, Cristo falou; Cristo dirigiu Seu povo, e tem sido a luz do mundo. Quando Deus escolheu a
Abraão como representante de Sua verdade, tomou-o de sua terra, para fora de sua parentela, pô-lo à parte. Desejava moldá-lo de acordo com o Seu próprio modelo. Desejava ensiná-lo de acordo com o Seu plano. Não lhe devia ser imposto o molde dos mestres do mundo. Devia ser ensinado a ordenar seus filhos e sua casa após ele, de modo que guardassem o caminho do Senhor, fizessem justiça e juízo. Esta é a obra que Deus quer que façamos. Deseja que compreendamos como governar nossa família, como controlar os filhos, como ordenar nossa casa para que guarde o caminho do Senhor.
João Chamado Para uma Obra Especial
João foi chamado para fazer uma obra especial; devia preparar o caminho do Senhor, endireitar as Suas veredas. O Senhor não o enviou à escola dos profetas e rabis. Levou-o para fora do ajuntamento dos homens, ao deserto, a fim de que aprendesse da Natureza e do Deus da Natureza. Deus não desejava que ele tivesse o molde dos sacerdotes e príncipes. Foi chamado para fazer uma obra especial. O Senhor foi quem lhe deu sua mensagem. Porventura foi ele aos sacerdotes e príncipes para lhes perguntar se podia proclamar essa mensagem? - Não, Deus o afastou deles, para que não fosse influenciado por seu espírito e ensinamentos. Foi ele a voz do que clama no deserto: "Preparai o caminho do Senhor: endireitai no ermo vereda a nosso Deus. Todo o vale será exaltado, e todo o monte e todo o outeiro serão abatidos; e o que está torcido se endireitará, e o que é áspero se aplainará. E a glória do Senhor se manifestará, e toda a carne juntamente verá que foi a boca do Senhor que isto disse." Isa. 40:3-5. Esta é exatamente a mensagem que deve ser dada ao nosso povo; estamos perto do fim do tempo e a mensagem é: Preparai o caminho do Rei; tirai as pedras; erguei um estandarte para o povo. O povo deve ser despertado. Não é agora o tempo de clamar: Paz e segurança! Somos exortados a clamar "em alta voz, não te detenhas, levanta a tua voz como a trombeta e anuncia ao povo a sua transgressão, e à casa de Jacó os seus pecados". Isa. 58:1.
A luz da glória de Deus resplandeceu sobre nosso
Representante, e este fato nos diz que a glória de Deus pode brilhar sobre nós. Com Seu braço humano, Jesus envolveu a raça humana, e com Seu braço divino alcançou o trono do Infinito, ligando o homem a Deus, e a Terra ao Céu.
A luz da glória de Deus tem de incidir sobre nós. Carecemos da santa unção vinda do alto. Por mais inteligente, por mais erudito que um homem possa ser, ele não se acha habilitado para ensinar a menos que tenha firme apoio no Deus de Israel. Quem está ligado ao Céu fará as obras de Cristo. Pela fé em Deus terá ele poder para impressionar a humanidade. Procurará as ovelhas perdidas da casa de Israel. Se o poder divino não se combinasse com o esforço humano, eu não daria uma palha por tudo que o mais famoso homem pudesse fazer. Está faltando o Espírito Santo em nossa obra. Coisa alguma me assusta mais do que ver o espírito de divergência manifestado por nossos irmãos. Estamos em terreno perigoso, se não nos podemos reunir como cristãos, e examinar cortesmente os pontos controvertidos. Tenho a impressão de dever fugir do lugar para não receber o molde daqueles que não podem pesquisar candidamente as doutrinas da Bíblia.
Os que não podem examinar imparcialmente as evidências de uma posição que difere da deles, não estão habilitados a ensinar em qualquer departamento da causa de Deus. O que precisamos é o batismo do Espírito Santo. Sem isto, não estamos mais habilitados a sair ao mundo, do que estavam os discípulos depois da crucifixão do Senhor. Jesus conhecia sua carência, e disse-lhes que demorassem em Jerusalém até que fossem dotados de poder do alto. Todo professor tem de ser aluno, a fim de que seus olhos sejam ungidos para ver as evidências da verdade de Deus, em marcha. Os raios do Sol da Justiça têm de brilhar em seu próprio coração, se quiser comunicar luz aos outros.
Ninguém é capaz de explicar as Escrituras sem o auxílio do Espírito Santo. Mas quando tomais a Palavra de Deus com o coração humilde e dócil, os anjos de Deus estarão a vosso lado para impressionar-vos com as evidências da verdade. Quando o Espírito de Deus repousa sobre vós, não há sentimento de inveja ou ciúme ao examinar a atitude alheia; não haverá espírito
de acusação e crítica, como o que Satanás inspirou ao coração dos líderes judeus contra Cristo. Como disse Cristo a Nicodemos, assim vos digo: "Necessário vos é nascer de novo." "Aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus." João 3:7 e 3. Tendes de ter o molde divino antes de poderdes discernir as sagradas reivindicações da verdade. A menos que o professor seja um aluno na escola de Cristo, não está ele habilitado para ensinar a outros.
A Obra Especial de Ellen G. White
Devemos chegar a uma situação em que toda divergência se dissolva. Se penso que tenho luz, cumprirei meu dever apresentando-a. Suponhamos que eu consultasse outros acerca da mensagem que o Senhor deseja que dê ao povo; a porta poderia fechar-se, de modo que a luz não alcançaria aqueles a quem Deus a enviou. Quando Jesus entrou triunfalmente em Jerusalém, "toda a multidão dos discípulos, regozijando-se, começou a dar louvores a Deus em alta voz, por todas as maravilhas que tinham visto, dizendo: Bendito o Rei que vem em nome do Senhor; paz no Céu, e glória nas alturas. E disseram-Lhe dentre a multidão alguns dos fariseus: Mestre, repreende os Teus discípulos. E, respondendo Ele, disse-lhes: Digo-vos que, se estes se calarem, as próprias pedras clamarão". Luc. 19:37-40.
Os judeus tentaram impedir a proclamação da mensagem que fora predita na Palavra de Deus; mas tinha de cumprir-se a profecia. O Senhor diz: "Eis que Eu vos envio o profeta Elias, antes que venha o dia grande e terrível do Senhor." Mal. 4:5. Alguém há de vir, no espírito e poder de Elias, e quando aparecer, os homens dirão: "O senhor é fervoroso demais, não interpreta da maneira devida as Escrituras. Deixe-me dizer-lhe como ensinar sua mensagem."
Há muitos que não sabem distinguir entre a obra de Deus e a do homem. Direi a verdade, tal qual Deus ma dá, e digo agora: Se continuardes a criticar, a ter um espírito de divergência, jamais conhecereis a verdade. Jesus disse a Seus discípulos: "Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis
suportar agora." João 16:12. Não estavam em condições de apreciar as coisas sagradas e eternas; mas Jesus prometeu enviar o Confortador, que lhes ensinaria todas as coisas, e lhes traria à lembrança tudo que lhes dissera. Irmãos, não devemos pôr no homem nossa dependência. "Deixai-vos pois do homem cujo fôlego está no seu nariz; porque em que se deve ele estimar?" Isa. 2:22. Deveis apoiar em Jesus vossa alma desajudada. Não nos convém beber da fonte do vale, quando há uma fonte na montanha. Deixemos as correntes inferiores, subamos aos mananciais mais altos. Se há um ponto da verdade que não compreendeis, sobre o qual não concordais, examinai, comparai passagem com passagem, aprofundai o poço da verdade até ao fundo da mina da Palavra de Deus. Tendes de colocar-vos e as vossas opiniões sobre o altar de Deus, abandonar vossas idéias preconcebidas, e deixar que o Espírito do Céu vos guie em toda a verdade.
Meu irmão disse-me certa vez que não queria ouvir coisa alguma da doutrina que mantemos, por temer que se convencesse. Não ia às reuniões nem ouvia os sermões; depois, porém, declarou que se sentia tão culpado como se os tivesse ouvido. Deus lhe dera ocasião de conhecer a verdade, e o teria como responsável por essa oportunidade. Há entre nós muitos que têm preconceito contra doutrinas que estão sendo estudadas agora. Não vêm para ouvir, não analisam calmamente, mas apresentam suas objeções no escuro. Estão perfeitamente satisfeitos com sua atitude. "Dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu; aconselho-te que de Mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e vestidos brancos, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas. Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te." Apoc. 3:17-19.
Esta passagem se aplica aos que vivem sob o sonido da mensagem, mas não vêm para ouvi-la. Como não sabeis que o Senhor está dando novas evidências de Sua verdade,
colocando-a em nova moldura, para que seja preparado o caminho do Senhor? Que planos tendes delineado para que nova luz possa ser disseminada através da fileira do povo de Deus? Que prova tendes de que Deus não enviou luz a Seus filhos? Toda presunção, egoísmo, e orgulho de opinião têm de ser postos de lado. Temos de ir aos pés de Jesus, e aprender dAquele que é manso de coração. Jesus não ensinava os Seus discípulos como os rabis ensinavam os seus. Muitos judeus se chegavam para ouvir a Cristo, quando revelava os mistérios da salvação, mas não iam para aprender; iam para criticar; para apanhá-Lo em alguma incoerência, a fim de que tivessem alguma coisa com a qual levar preconceito ao povo. Contentavam-se com o seu conhecimento, mas os filhos de Deus têm de conhecer a voz do verdadeiro Pastor. Não é este um tempo em que seria muito apropriado jejuar e orar perante Deus? Estamos em perigo de haver discórdia, em perigo de tomar atitudes num ponto controvertido; e não deveríamos buscar ao Senhor em sinceridade, com humilhação de alma, a fim de que saibamos que é a verdade?
Sob a Figueira
Natanael ouviu João, quando apontou ao Salvador e disse: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo"! João 1:29. Natanael olhou a Jesus mas ficou decepcionado com o aspecto do Salvador do mundo. Poderia Ele, que denotava sinais de labuta e pobreza, ser o Messias? Jesus era um obreiro; labutara com humildes trabalhadores, e Natanael afastou-se. Não formou, porém, decisivamente sua opinião quanto ao caráter de Jesus. Ajoelhou-se sob uma figueira, indagando de Deus se de fato aquele homem era o Messias. Enquanto ali se achava, chegou Filipe e disse: "Havemos achado Aquele de quem Moisés escreveu na lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José." Mas a palavra "Nazaré" de novo lhe despertou incredulidade, e disse: "Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?" Estava tomado de preconceito, mas Filipe não procurou combater o preconceito; disse simplesmente: "Vem, e vê." Quando Natanael chegou à presença de Jesus, disse-lhe Este:
"Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo." Natanael ficou surpreso. Disse: "Donde me conheces Tu? Jesus respondeu, e disse-lhe: Antes que Filipe te chamasse, te vi Eu, estando tu debaixo da figueira." João 1:45-48.
Não nos conviria irmos para debaixo da figueira para instar com Deus quanto ao que é a verdade? Não estariam sobre nós os olhos de Deus, como estiveram sobre Natanael? Natanael cria no Senhor, e exclamou: "Rabi, Tu és o Filho de Deus. Tu és o Rei de Israel. Jesus respondeu e disse-lhe: Porque te disse: Vi-te debaixo da figueira, crês? coisas maiores do que estas verás. E disse-lhe: Na verdade, na verdade vos digo que daqui em diante vereis o Céu aberto, e os anjos de Deus subirem e descerem sobre o Filho do homem." João 1:49-51.
Isto é o que havemos de ver, se estivermos unidos a Deus. Deus quer que confiemos nEle, e não no homem. Deseja que tenhamos novo coração; deseja conceder-nos revelações de luz, do trono de Deus. Devemos lutar contra toda dificuldade, mas em se apresentando algum ponto controvertido, porventura devereis ir a um homem para saber qual sua opinião, e então moldar vossas conclusões pelas dele? - Não, ide a Deus. Dizei-lhe qual vossa necessidade; tomai a Bíblia e buscai como a tesouros escondidos.
Não nos Aprofundamos o Suficiente
Nós não nos aprofundamos bastante, em nossa pesquisa da verdade. Toda alma que crê na verdade presente será levada a uma situação em que lhe será exigido dar a razão da esperança que há nela. O povo de Deus será convocado perante reis, príncipes, dominadores e grandes homens da Terra, e terão de ter convicção de que sabem que é a verdade. Têm de ser homens e mulheres convertidos. Deus, pelo Seu Santo Espírito, pode ensinar-vos mais num momento, do que poderíeis aprender dos grandes homens da Terra. O Universo contempla a luta que se processa na Terra. A um preço infinito, Deus proveu a todo homem uma oportunidade de saber o que é que o fará
sábio para a salvação. Quão ansiosamente olham os anjos, para ver quem se prevalecerá dessa oportunidade!
Quando uma mensagem é apresentada ao povo de Deus, não deve ele erguer-se em oposição a ela; deve ir à Bíblia, comparando-a com a lei e o testemunho, e se não subsistir à prova, não será verdadeira. Deus quer que nossa mente se expanda. Deseja colocar sobre nós a Sua graça. Podemos ter cada dia um banquete de iguarias; pois Deus pode abrir-nos todo o tesouro do Céu. Devemos ser um com Cristo, assim como Ele é um com o Pai, e o Pai nos amará como ama a Seu Filho. Podemos receber o mesmo auxílio que Cristo recebeu, podemos ter forças para qualquer emergência, pois Deus será nossa defesa, na frente e na retaguarda. Circundar-nos-á de todos os lados, e quando formos levados à presença de dominadores, perante as autoridades da Terra, não precisaremos pensar antes no que havemos de dizer. Deus no-lo ensinará, no dia de nossa necessidade. Ora, que Deus nos ajude a nos achegarmos aos pés de Jesus e dEle aprendermos, antes de procurarmos ser professores de outros.
A Bíblia, Nosso Credo
Quando a Palavra de Deus for estudada, compreendida e obedecida, uma luz brilhante se refletirá sobre o mundo; novas verdades, recebidas e postas em prática, ligar-nos-ão, em fortes laços, a Jesus. A Bíblia, e a Bíblia tão-só, deve ser nosso credo, o único laço de união; todos os que se submeterem a essa Santa Palavra estarão em harmonia entre si. Nossos próprios pontos de vista e idéias não devem controlar nossos esforços. O homem é falível, mas a Palavra de Deus é infalível. Em vez de lutar uns com os outros, exaltem os homens ao Senhor. Defrontemos toda oposição, como o fez o Mestre, dizendo: "Está escrito." Ergamos o estandarte no qual está escrito: A Bíblia, nossa regra de fé e disciplina. Review and Herald, 15 de dezembro de 1885.