"Deixaste o teu Primeiro Amor"
Falei ao povo de Otsego, sobre os versículos quatro e cinco do segundo capítulo do Apocalipse: "Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor. Lembra-te pois donde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres." Apoc. 2:4 e 5. O povo ao qual são dirigidas essas palavras tem muitas qualidade excelentes, reconhecidas pela Testemunha Fiel; "tenho, porém", diz Ele, "contra ti que deixaste o teu primeiro amor". Aí está uma necessidade que precisa ser satisfeita. Todas as demais graças não bastam para suprir as deficiências. A igreja é aconselhada: "lembra-te pois donde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres. ... Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer
da árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus." Apoc. 2:4-7.
Nessas palavras há advertências, repreensões, ameaças, promessas, da Testemunha Fiel, Aquele que tem na destra as sete estrelas. "As sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete castiçais, que viste, são as sete igrejas." Apoc. 1:20.
Quando essa igreja é pesada nas balanças do santuário, é achada em falta, tendo deixado seu primeiro amor. Declara a Testemunha Fiel: "Eu sei as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos e o não são, e tu os achaste mentirosos. E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo Meu nome, e não te cansaste." Apoc. 2:2 e 3. Não obstante tudo isso, a igreja é achada em falta. Qual será a fatal deficiência? - "Deixaste o teu primeiro amor." Não é este o nosso caso? Podem nossas doutrinas ser corretas; podemos detestar as doutrinas falsas, e não receber os que não sejam fiéis aos princípios; podemos labutar com incansável energia; mas mesmo isto não basta. Qual é nosso motivo? Por que somos chamados a arrepender-nos? - "Deixaste o teu primeiro amor."
Estude todo membro da igreja esta importante advertência e repreensão. Cuide cada qual para que, contendendo pela verdade, debatendo sobre a teoria, não tenha perdido o terno amor de Cristo. Porventura não foi Cristo deixado fora dos sermões, e fora do coração? Não haverá perigo de que muitos prossigam tendo a profissão da verdade, fazendo trabalho missionário, enquanto o amor de Cristo não foi entretecido no trabalho? Esta solene advertência da Testemunha Fiel significa muito; exige que vos lembreis de onde caístes, e vos arrependais, e pratiqueis as primeira obras; "quando não", diz a Testemunha Fiel, "brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres". Apoc. 2:5. Oh! que a igreja reconhecesse sua necessidade de seu primeiro e ardente amor! Faltando este, todas as outras excelências não bastam. O chamado ao arrependimento é tal que não pode ser menosprezado sem perigo. Não basta crer na teoria da verdade.
Apresentar essa teoria aos descrentes não faz de vós uma testemunha de Cristo. A luz que vos alegrou o coração quando pela primeira vez compreendestes a mensagem para o tempo atual, é elemento necessário em vossa experiência e trabalhos, e essa luz se extraviou de vosso coração e vida. Cristo contempla vossa falta de zelo e declara que decaístes, e estais em situação perigosa.
Apresentar o Amor e a Lei Juntos
Ao apresentar as vigentes reivindicações da lei, muitos têm deixado de descrever o infinito amor de Cristo. Os que possuem tão grandes verdades, tão importantes reformas a apresentar ao povo, não têm reconhecido o valor do Sacrifício expiatório como expressão do grande amor de Deus ao homem. O amor a Jesus, e o amor de Jesus aos pecadores, têm sido deixados fora da experiência religiosa dos que foram comissionados a pregar o evangelho e o próprio eu tem sido exaltado, em vez do Redentor da humanidade. A lei deve ser apresentada aos seus transgressores, não como coisa à parte de Deus, mas antes um expoente de Seu pensamento e caráter. Como não pode a luz do Sol ser separada do Sol, assim não pode a lei de Deus ser apresentada corretamente ao homem à parte do Autor divino. O mensageiro deve estar habilitado a dizer: "Na lei de Deus está a vontade divina; vinde, vede por vós mesmos que a lei é o que Paulo a declarou ser - santa, justa e boa." Ela reprova o pecado, condena o pecador, mas mostra-lhe sua necessidade de Cristo, com quem há abundância de misericórdia, e bondade e verdade. Conquanto a lei não possa remitir a pena do pecado, mas responsabiliza o pecador por toda a sua dívida. Cristo prometeu perdão abundante a todos os que se arrependem e crêem em Sua misericórdia. O amor de Deus estende-se, abundante, à alma arrependida e crente. O estigma do pecado na alma só se pode apagar com o sangue do Sacrifício expiatório. Nenhum sacrifício menor se requereu, do que o sacrifício dAquele que era igual ao Pai. A obra de Cristo - Sua vida, humilhação, morte e intercessão pelo homem caído - engrandece a lei e a torna gloriosa.
Muitos sermões pregados sobre as reivindicações da lei têm-se feito sem apresentar a Cristo, e esta falta tem tornado a verdade ineficaz na conversão de almas. Sem a graça de Cristo
é impossível dar um só passo na obediência à lei de Deus. Quão necessário, pois, é que o pecador ouça do amor e poder de seu Redentor e Amigo! Conquanto o embaixador de Cristo deva declarar positivamente as reivindicações da lei, deve ele tornar compreensível que ninguém pode ser justificado sem o sacrifício expiatório de Cristo. Sem Cristo só pode haver condenação e uma expectação horrível de juízo, e ardor de fogo (Heb. 10:27), e final separação da presença de Deus. Mas aquele cujos olhos foram abertos para ver o amor de Cristo, contemplará o caráter de Deus como pleno de amor e compaixão. Deus não parecerá um ser tirânico, implacável, mas um pai ansioso por abraçar seu filho arrependido. O pecador exclamará com o salmista: "Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor Se compadece daqueles que O temem." Sal. 103:13. Todo o desespero é varrido da alma quando esta vê Cristo em Seu caráter verdadeiro.
A Mensagem do Terceiro Anjo
Alguns de nossos irmãos têm expressado temores de que nos demoremos demasiado no assunto da justificação pela fé, mas espero que ninguém fique desnecessariamente alarmado, e oro nesse sentido; pois não há perigo em apresentar essa doutrina como é exposta nas Escrituras. Se não tivesse havido, no passado, negligência em instruir adequadamente o povo de Deus, não haveria agora necessidade de para isso chamar a atenção especial. ... As grandíssimas e preciosas promessas que nos são dadas nas Escrituras têm sido perdidas de vista em extensão demasiado grande, exatamente como o inimigo de toda a justiça pretendia que fosse. Lançou ele sua sombra negra entre nós e nosso Deus, para que não vejamos o verdadeiro caráter divino. O Senhor proclamou-Se a Si mesmo como sendo "misericordioso e piedoso, tardio em iras e grande em beneficência e verdade".
Vários me escreveram, indagando se a mensagem da justificação pela fé é a mensagem do terceiro anjo, e tenho respondido: "É a mensagem do terceiro anjo, em verdade." Review and Herald, 1º de abril de 1890.