Entre aqueles que foram chamados para pregar o evangelho de Cristo, destaca-se o apóstolo Paulo, exemplo, a todo pastor, de lealdade, devoção e infatigável esforço. Suas experiências e instruções concernentes à santidade da obra do pastor, são uma fonte de auxílio e inspiração aos que estão empenhados no ministério evangélico.
Antes de sua conversão, Paulo era acérrimo perseguidor dos seguidores de Cristo. Mas, à porta de Damasco, uma voz lhe falou, sua alma foi iluminada por uma luz celeste, e na revelação que aí lhe foi dada do Crucificado, viu alguma coisa que lhe mudou o inteiro curso da vida. Daí em diante colocava acima de tudo o amor ao Senhor da glória, a quem havia tão incansavelmente perseguido na pessoa de Seus santos. Fora-lhe confiado o tornar conhecido "o mistério que desde tempos eternos esteve oculto". Rom. 16:25. "Este é para Mim um vaso escolhido", declarou o Anjo que apareceu a Ananias, "para levar o Meu nome diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel." Atos 9:15.
E durante seu longo período de serviço, Paulo nunca vacilou em seu concerto com seu Salvador. "Não julgo que o haja alcançado", escreveu ele aos filipenses, "mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus." Filip. 3:13 e 14.
A vida de Paulo foi de atividades várias e intensas. De cidade a cidade, de um país a outro,
viajava, contando a história da cruz, ganhando conversos ao evangelho, e estabelecendo igrejas. Por essas igrejas tinha ele constante cuidado, e escreveu às mesmas várias cartas de instruções. Por vezes trabalhava no seu ofício a fim de ganhar o pão cotidiano. Mas em toda a atarefada atividade de sua vida, nunca perdeu de vista o grande desígnio - prosseguir para o alvo de sua alta vocação.
Paulo levava consigo a atmosfera do Céu. Todos os que se aproximavam dele experimentavam a influência de sua união com Cristo. O fato de sua própria vida exemplificar a verdade que ele proclamava, dava um poder convincente a suas pregações. Nisto está o poder da verdade. A não estudada, inconsciente influência de uma vida santa é o mais convincente sermão que se pode pregar em favor do cristianismo. O argumento, mesmo quando irrefutável, pode não provocar senão oposição; mas um exemplo piedoso possui um poder a que é impossível resistir inteiramente.
O coração do apóstolo ardia em amor aos pecadores, e ele punha todas as suas energias na obra de ganhar almas. Não existiu jamais um obreiro mais abnegado e perseverante. As bênçãos que recebia, eram por ele prezadas como outras tantas vantagens a serem usadas para beneficiar outros. Não perdia oportunidade de falar do Salvador, nem de auxiliar os que se achavam em aflições. Onde quer que pudesse achar um ouvinte, buscava impedir o mal e dirigir os pés de homens e mulheres para o caminho da justiça.
Paulo nunca esqueceu a responsabilidade que sobre ele repousava como ministro de Cristo; ou que se almas se perdessem devido à infidelidade de sua parte, Deus o consideraria como responsável. "Portanto, no dia de hoje," declarou ele, "vos protesto que estou limpo do sangue de todos." Atos 20:26. "Da qual eu estou feito ministro", disse ele da mensagem evangélica "segundo a dispensação de Deus,
que me foi concedida para convosco, para cumprir a Palavra de Deus: o mistério que esteve oculto desde todos os séculos e em todas as gerações e que, agora, foi manifesto aos Seus santos; aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória; a quem anunciamos, admoestando a todo homem, e ensinando a todo homem em toda a sabedoria; para que apresentemos todo homem perfeito em Jesus Cristo; e para isto também trabalho, combatendo segundo a sua eficácia, que opera em mim poderosamente." Col. 1:25-29.
Essas palavras apresentam ao obreiro de Cristo uma elevada norma a atingir, todavia podem alcançá-la todos os que, colocando-se sob o domínio do grande Mestre, aprendem diariamente na escola de Cristo. O poder à disposição de Deus é ilimitado; e o pastor que em sua grande necessidade priva com o Senhor, pode estar certo de que receberá aquilo que será para seus ouvintes um cheiro de vida para vida.
Os escritos de Paulo mostram que o ministro do evangelho deve ser um exemplo das verdades que ensina, "não dando... escândalo em coisa alguma, para que o... ministério não seja censurado". II Cor. 6:3. A Tito, escreveu ele: "Exorta semelhantemente os jovens a que sejam moderados. Em tudo, te dá por exemplo de boas obras; na doutrina, mostra incorrupção, gravidade, sinceridade, linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós." Tito 2:6-8.
Ele nos deixou de sua própria obra uma descrição em sua carta aos crentes coríntios: "Como ministros de Deus, tornando-nos recomendáveis em tudo: na muita paciência, nas aflições, nas necessidades, nas angústias, nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos
jejuns, na pureza, na ciência, na longanimidade, na benignidade, no Espírito Santo, no amor não fingido, na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça, à direita e à esquerda, por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama, como enganadores e sendo verdadeiros; como desconhecidos, mas sendo bem conhecidos; como morrendo e eis que vivemos; como castigados e não mortos; como contristados, mas sempre alegres; como pobres, mas enriquecendo a muitos; como nada tendo e possuindo tudo." II Cor. 6:4-10.
O coração de Paulo achava-se repleto de um profundo e permanente sentimento de sua responsabilidade; e ele trabalhava em comunhão com Aquele que é a fonte da justiça, da misericórdia e da verdade. Apegava-se à cruz de Cristo como sua garantia única de êxito. O amor do Salvador era o constante motivo que o sustinha nos conflitos com o próprio eu e na luta contra o mal, quando, no serviço de Cristo, avançava contra a inimizade do mundo e a oposição dos inimigos.
O que a igreja necessita nestes dias de perigo, é de um exército de obreiros que, como Paulo, se hajam educado para a utilidade, que tenham experiência profunda nas coisas de Deus, e se achem possuídos de sinceridade e zelo. Necessitam-se homens santificados, dotados de espírito de sacrifício; homens corajosos e leais; homens em cujo coração Cristo esteja formado, a "esperança da glória" (Col. 1:27) e, com lábios tocados por fogo sagrado, preguem a palavra. A causa de Deus enfraquece por falta de obreiros assim, e erros fatais, como um veneno mortífero, mancham a moral e esterilizam as esperanças de grande parte da raça humana.
Os fiéis e cansados porta-estandartes estão oferecendo a vida por amor da verdade, e quem se apresentará para lhes tomar o lugar? Aceitarão nossos
jovens, das mãos de seus pais o santo legado? Estão-se eles preparando para preencher as lacunas ocasionadas pela morte dos fiéis? Será aceita a incumbência do apóstolo, ouvida a chamada ao cumprimento do dever por entre os incitamentos ao egoísmo e à ambição que chamam a atenção da juventude?