Obreiros Evangélicos

CAPÍTULO 9

Paulo, o Apóstolo dos Gentios

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Entre aqueles que foram chamados para pregar o evangelho de Cristo, destaca-se o apóstolo Paulo, exemplo, a todo pastor, de lealdade, devoção e infatigável esforço. Suas experiências e instruções concernentes à santidade da obra do pastor, são uma fonte de auxílio e inspiração aos que estão empenhados no ministério evangélico.

Antes de sua conversão, Paulo era acérrimo perseguidor dos seguidores de Cristo. Mas, à porta de Damasco, uma voz lhe falou, sua alma foi iluminada por uma luz celeste, e na revelação que aí lhe foi dada do Crucificado, viu alguma coisa que lhe mudou o inteiro curso da vida. Daí em diante colocava acima de tudo o amor ao Senhor da glória, a quem havia tão incansavelmente perseguido na pessoa de Seus santos. Fora-lhe confiado o tornar conhecido "o mistério que desde tempos eternos esteve oculto". Rom. 16:25. "Este é para Mim um vaso escolhido", declarou o Anjo que apareceu a Ananias, "para levar o Meu nome diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel." Atos 9:15.

E durante seu longo período de serviço, Paulo nunca vacilou em seu concerto com seu Salvador. "Não julgo que o haja alcançado", escreveu ele aos filipenses, "mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus." Filip. 3:13 e 14.

A vida de Paulo foi de atividades várias e intensas. De cidade a cidade, de um país a outro,


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viajava, contando a história da cruz, ganhando conversos ao evangelho, e estabelecendo igrejas. Por essas igrejas tinha ele constante cuidado, e escreveu às mesmas várias cartas de instruções. Por vezes trabalhava no seu ofício a fim de ganhar o pão cotidiano. Mas em toda a atarefada atividade de sua vida, nunca perdeu de vista o grande desígnio - prosseguir para o alvo de sua alta vocação.

Paulo levava consigo a atmosfera do Céu. Todos os que se aproximavam dele experimentavam a influência de sua união com Cristo. O fato de sua própria vida exemplificar a verdade que ele proclamava, dava um poder convincente a suas pregações. Nisto está o poder da verdade. A não estudada, inconsciente influência de uma vida santa é o mais convincente sermão que se pode pregar em favor do cristianismo. O argumento, mesmo quando irrefutável, pode não provocar senão oposição; mas um exemplo piedoso possui um poder a que é impossível resistir inteiramente.

O coração do apóstolo ardia em amor aos pecadores, e ele punha todas as suas energias na obra de ganhar almas. Não existiu jamais um obreiro mais abnegado e perseverante. As bênçãos que recebia, eram por ele prezadas como outras tantas vantagens a serem usadas para beneficiar outros. Não perdia oportunidade de falar do Salvador, nem de auxiliar os que se achavam em aflições. Onde quer que pudesse achar um ouvinte, buscava impedir o mal e dirigir os pés de homens e mulheres para o caminho da justiça.

Paulo nunca esqueceu a responsabilidade que sobre ele repousava como ministro de Cristo; ou que se almas se perdessem devido à infidelidade de sua parte, Deus o consideraria como responsável. "Portanto, no dia de hoje," declarou ele, "vos protesto que estou limpo do sangue de todos." Atos 20:26. "Da qual eu estou feito ministro", disse ele da mensagem evangélica "segundo a dispensação de Deus,


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que me foi concedida para convosco, para cumprir a Palavra de Deus: o mistério que esteve oculto desde todos os séculos e em todas as gerações e que, agora, foi manifesto aos Seus santos; aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da glória; a quem anunciamos, admoestando a todo homem, e ensinando a todo homem em toda a sabedoria; para que apresentemos todo homem perfeito em Jesus Cristo; e para isto também trabalho, combatendo segundo a sua eficácia, que opera em mim poderosamente." Col. 1:25-29.

Essas palavras apresentam ao obreiro de Cristo uma elevada norma a atingir, todavia podem alcançá-la todos os que, colocando-se sob o domínio do grande Mestre, aprendem diariamente na escola de Cristo. O poder à disposição de Deus é ilimitado; e o pastor que em sua grande necessidade priva com o Senhor, pode estar certo de que receberá aquilo que será para seus ouvintes um cheiro de vida para vida.

Os escritos de Paulo mostram que o ministro do evangelho deve ser um exemplo das verdades que ensina, "não dando... escândalo em coisa alguma, para que o... ministério não seja censurado". II Cor. 6:3. A Tito, escreveu ele: "Exorta semelhantemente os jovens a que sejam moderados. Em tudo, te dá por exemplo de boas obras; na doutrina, mostra incorrupção, gravidade, sinceridade, linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós." Tito 2:6-8.

Ele nos deixou de sua própria obra uma descrição em sua carta aos crentes coríntios: "Como ministros de Deus, tornando-nos recomendáveis em tudo: na muita paciência, nas aflições, nas necessidades, nas angústias, nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos


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jejuns, na pureza, na ciência, na longanimidade, na benignidade, no Espírito Santo, no amor não fingido, na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça, à direita e à esquerda, por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama, como enganadores e sendo verdadeiros; como desconhecidos, mas sendo bem conhecidos; como morrendo e eis que vivemos; como castigados e não mortos; como contristados, mas sempre alegres; como pobres, mas enriquecendo a muitos; como nada tendo e possuindo tudo." II Cor. 6:4-10.

O coração de Paulo achava-se repleto de um profundo e permanente sentimento de sua responsabilidade; e ele trabalhava em comunhão com Aquele que é a fonte da justiça, da misericórdia e da verdade. Apegava-se à cruz de Cristo como sua garantia única de êxito. O amor do Salvador era o constante motivo que o sustinha nos conflitos com o próprio eu e na luta contra o mal, quando, no serviço de Cristo, avançava contra a inimizade do mundo e a oposição dos inimigos.

O que a igreja necessita nestes dias de perigo, é de um exército de obreiros que, como Paulo, se hajam educado para a utilidade, que tenham experiência profunda nas coisas de Deus, e se achem possuídos de sinceridade e zelo. Necessitam-se homens santificados, dotados de espírito de sacrifício; homens corajosos e leais; homens em cujo coração Cristo esteja formado, a "esperança da glória" (Col. 1:27) e, com lábios tocados por fogo sagrado, preguem a palavra. A causa de Deus enfraquece por falta de obreiros assim, e erros fatais, como um veneno mortífero, mancham a moral e esterilizam as esperanças de grande parte da raça humana.

Os fiéis e cansados porta-estandartes estão oferecendo a vida por amor da verdade, e quem se apresentará para lhes tomar o lugar? Aceitarão nossos


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jovens, das mãos de seus pais o santo legado? Estão-se eles preparando para preencher as lacunas ocasionadas pela morte dos fiéis? Será aceita a incumbência do apóstolo, ouvida a chamada ao cumprimento do dever por entre os incitamentos ao egoísmo e à ambição que chamam a atenção da juventude?

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