Durante anos, tem-se manifestado falta de sabedoria no tratar com homens que empreendem e levam avante a obra do Senhor em lugares difíceis. Muitas vezes esses homens trabalham muito acima de suas forças. Dispõem de poucos recursos para o andamento da obra, e são obrigados a sacrificar-se em benefício da mesma. Trabalham por modestos salários, e observam a mais estrita economia. Dirigem apelos ao povo a fim de obter meios, e dão por sua parte o exemplo de liberalidade. Rendem a Deus o louvor pelo que se realiza, compreendendo que Ele é o autor e consumador da sua fé, e que é mediante Seu poder que eles são habilitados a progredir.
Por vezes, depois de haverem esses obreiros suportado o cuidado e o calor do dia, e mediante pacientes e perseverantes esforços, terem estabelecido uma escola ou um hospital, ou dado qualquer outro passo para o desenvolvimento da obra, seus irmãos decidem que um outro poderia cuidar disso melhor, devendo, portanto, tomar conta do trabalho que eles estavam fazendo. Em alguns casos, essa decisão é tomada sem a devida consideração e honra para os que estiveram a parte desagradável do trabalho, que labutaram, oraram e lutaram, pondo em seus esforços todas as suas forças e energias.
Deus não Se agrada dessa maneira de lidar com Seus obreiros. Ele pede a Seu povo que apóie as mãos dos que edificam
a obra em lugares novos e difíceis, dirigindo-lhes palavras de animação.
Em seu ardor, em seu zelo pela divulgação da causa, esses obreiros podem cometer erros. Podem, em seu desejo de obter meios para a manutenção de empreendimentos necessários, envolver-se em projetos que não serão os mais benéficos para a obra. Vendo o Senhor que esses planos os distrairiam daquilo que deseja que façam, permite que lhes sobrevenham decepções, destruindo-lhes as esperanças. O dinheiro é sacrificado, e isso ocasiona grande desgosto para aqueles que esperavam ansiosamente adquirir meios para o sustento da causa.
Enquanto os obreiros estavam pondo em tensão cada nervo a fim de levantar fundos para ajudá-los numa emergência, alguns de seus irmãos ficavam de parte criticando e suspeitando mal, dando má interpretação aos motivos dos sobrecarregados obreiros, e tornando-lhes mais difícil a tarefa. Cegos pelo egoísmo, esses críticos não percebiam sentirem-se seus irmãos suficientemente aflitos sem a censura de homens que não haviam suportado sérios encargos e responsabilidades. A decepção é uma provação grande, mas o amor cristão pode transformar a derrota em vitória. Os reveses ensinarão a cautela. Aprendemos por meio das coisas que sofremos. Assim adquirimos experiência.
Manifeste-se sabedoria e cuidado ao tratar com obreiros que, embora hajam cometido erros, revelaram um interesse sincero e abnegado na obra. Digam-lhes os irmãos: "Não faremos a coisa pior, colocando outro em vosso lugar, sem dar-vos oportunidade de reparar vosso erro, e colocar-vos vantajosamente, livres da carga de uma crítica injusta." Dai-lhes tempo de se ajustarem,
de vencerem as dificuldades que os rodeiam, e de se colocarem perante os anjos e os homens como obreiros dignos. Eles cometeram erros, mas, teriam aqueles que deles duvidaram e os criticaram, procedido melhor? Aos fariseus acusadores, Cristo disse: "Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela." João 8:7.
Há pessoas precipitadas em seu desejo de reformar o que lhes parece não estar direito. Pensam que deviam ser escolhidas para ocupar o lugar dos que cometeram erros. Desvalorizam o que foi feito por esses obreiros sob as críticas dos que os vigiavam. Dizem, por suas ações: "Posso fazer grandes coisas. Sou capaz de levar a obra avante com êxito." Tenho instruções para dizer aos que julgam que sabem tão bem evitar os erros: "Não julgueis, para que não sejais julgados." Mat. 7:1. Talvez possais evitar o erro em certos pontos, mas em outros, estais sujeitos a cometer sérios desatinos, bem difíceis de remediar, e que trariam confusão à obra. Esses erros seriam mais prejudiciais do que os que foram cometidos por vossos irmãos.
As instruções que me foram dadas são que os homens que lançam as bases de uma obra, e que, a despeito de preconceitos, vão abrindo seu caminho, não devem ser deixados mal para que outros lhes ocupem o lugar. Há zelosos obreiros que, a despeito da crítica de alguns de seus irmãos, têm marchado avante na obra que Deus disse devia ser feita. Fossem eles então removidos da posição de responsabilidade que ocupam, e dar-se-ia uma impressão injusta a respeito deles, e desfavorável para a obra,
porque as mudanças operadas seriam consideradas como a confirmação das injustas críticas feitas, e dos preconceitos existentes. É o desejo do Senhor que não se dê nenhum passo que seja uma injustiça para com aqueles que têm trabalhado longa e ativamente para edificar a obra que lhes foi dada.
Fazem-se muitas mudanças que melhor seria nunca tivessem lugar. Muitas vezes, quando certos obreiros ficam descontes, em vez de serem animados a permanecer ali e tornar sua obra bem-sucedida, são enviados a outro lugar. Mas eles levam consigo os mesmos traços de caráter que lhes têm estragado a obra. Manifestarão o mesmo espírito diferente do de Cristo; pois não aprenderam a lição do serviço paciente e humilde.
Pleiteio uma ordem diversa de coisas. Precisamos fazer mudanças nos grupos de obreiros em nossas associações e instituições. Devem-se procurar homens eficientes e consagrados, os quais se devem animar a unir-se, na qualidade de auxiliares e colaboradores, aos que suportam responsabilidades. Haja uma harmônica união entre os novos e os velhos, no espírito de amor fraternal. Não se façam, porém, mudanças abruptas de direção, de maneira a causar desânimo aos que têm trabalhado diligentemente e com êxito para levar a obra a certo grau de progresso. Deus não sancionará qualquer coisa que se faça de modo a desanimar Seus fiéis servos. Sejam seguidos os princípios de justiça por aqueles cujo dever é assegurar às nossas casas editoras, aos nossos hospitais e escolas a mais eficiente direção.
Deus pede obreiros. A causa necessita de homens que se fizeram a si mesmos, os quais, colocando-se nas mãos do Senhor como discípulos humildes, se tenham demonstrado
coobreiros dEle. Esses são os homens de que se necessita na obra do ministério e das escolas. Que os que têm mostrado ser homens, avancem e façam o que lhes for possível no serviço do Mestre. Que entrem nas fileiras de obreiros e, mediante esforço paciente e contínuo, demonstrem seu valor. É na água, e não na terra que aprendemos a nadar. Preencham eles com fidelidade o lugar a que são chamados, a fim de se habilitarem a suportar responsabilidades ainda maiores. Deus dá a todos oportunidade de se aperfeiçoar em Seu serviço. ...
Deus dotou alguns de Seus servos com talentos especiais, e ninguém é autorizado a rebaixar a excelência dos mesmos. Ninguém, no entanto, deve servir-se de seus talentos para exaltar-se a si mesmo. Não se considerem como havendo sido mais favorecidos do que seus semelhantes, nem se exaltem sobre outros obreiros sinceros e diligentes. O Senhor olha para o coração. Aquele que é mais dedicado ao serviço de Deus, mais altamente estimado é pelo universo celeste.
O Céu está observando para ver como os que ocupam posições de influência se desempenham de sua mordomia. O que se exige deles, nesse caráter de mordomos, é proporcional à influência que exercem. Em seu trato para com os homens, eles devem ser como pais - justos, brandos, verdadeiros. Devem assemelhar-se a Cristo no caráter, unindo-se com os irmãos pelos mais estreitos laços de unidade e comunhão. Testimonies, vol. 7, págs. 277-282.