Simpatia
Deus deseja unir Seus obreiros por uma simpatia comum, uma pura afeição. É a atmosfera de amor cristão que circunda a alma do crente, que o torna um cheiro de vida para a vida, e habilita Deus a abençoar-lhe os esforços. O cristianismo não cria muros de separação entre o homem e seus semelhantes, mas liga as criaturas humanas com Deus e umas com as outras.
Notai quão terno e piedoso é o Senhor em Seu trato com Suas criaturas. Ele ama o filho perdido, e suplica-lhe que volte. O braço do Pai enlaça o filho arrependido; Suas vestes cobrem-lhe os andrajos; coloca-se-lhe no dedo o anel, como penhor de sua realeza. E todavia quantos não há que olham para o pródigo, não somente com indiferença, mas desdenhosamente! Como o fariseu, dizem: "Deus, graças Te dou, porque não sou como os demais homens." Luc. 18:11. Como, porém, pensais, olhará Deus aqueles que, ao passo que pretendem ser coobreiros de Cristo, enquanto uma alma está sustendo uma luta contra a enchente da tentação, ficam à parte, como o irmão mais velho da parábola, obstinados, caprichosos e egoístas?
Quão pouco nos ligamos com Cristo em simpatia naquilo que devia ser o mais forte laço de união entre nós e Ele - a compaixão para com as almas depravadas, culpadas, sofredoras, mortas em ofensas e pecados! A desumanidade do homem para com o homem, eis nosso maior pecado.
Muitos pensam que estão representando a justiça de Deus, ao passo que deixam inteiramente de Lhe representar a ternura e o grande amor. Muitas vezes aqueles a quem eles tratam com severidade e rispidez, se acham sob o jugo da tentação. Satanás está lutando com essas almas, e palavras ásperas, destituídas de simpatia, desanimam-nas, fazendo-as cair presa do poder do tentador. ...
Necessitamos mais da simpatia natural de Cristo; não somente simpatia pelos que se nos apresentam irrepreensíveis, mas pelas pobres almas sofredoras, em luta, que são muitas vezes achadas em falta, pecando e se arrependendo, sendo tentadas e vencidas de desânimo. Devemos dirigir-nos a nossos semelhantes tocados - como nosso misericordioso Sumo Sacerdote - pelo sentimento de suas enfermidades. A Ciência do Bom Viver, págs. 163 e 164.
Integridade
Necessitam-se neste tempo homens de coragem provada e firme integridade, homens que não temam erguer a voz na defesa do direito. Desejo dizer a todo obreiro: Que a integridade caracterize cada ato em todos os vossos deveres oficiais. Todos os dízimos, todo o dinheiro que vos é confiado para qualquer fim especial, deve ser prontamente posto no lugar devido. O dinheiro dado para a causa de Deus, não deve ser aplicado em uso pessoal, com a idéia de que pode ser restituído mais tarde. Isto é proibido pelo Senhor. É uma tentação daquele que produz o mal e o mal somente. O pastor que recebe fundos para o tesouro do Senhor, deve passar ao doador um recibo do mesmo, com a data. Então, sem esperar ser tentado por aperto financeiro a se servir desses meios, deposite-os em lugar de onde os possa tirar prontamente quando forem solicitados.
União com Cristo
Uma ligação vital com o Sumo Pastor, há de fazer do subpastor um representante vivo de Cristo, uma verdadeira luz para o mundo. É necessária a compreensão de todos os pontos de nossa fé, mas de importância ainda maior, é que o pastor seja santificado mediante a verdade que apresenta.
O obreiro que conhece a significação da união com Cristo, tem um sempre crescente desejo e aptidão de apreender o sentido do serviço feito para Deus. Seu conhecimento amplia-se; pois crescer em graça quer dizer possuir crescente capacidade de compreender as Escrituras. Esse é na verdade coobreiro de Deus. Compreende que não é senão um instrumento, e que deve ser passivo nas mãos do Mestre. Sobrevêm-lhe provações; pois a menos que seja assim provado, nunca poderá reconhecer sua falta de sabedoria e experiência. Mas, se buscar ao Senhor com humildade e confiança, todas as provas contribuirão para seu bem. Talvez pareça fracassar por vezes, mas esse aparente fracasso pode ser o instrumento de Deus para o fazer avançar realmente, e pode importar num melhor conhecimento de si mesmo e numa confiança mais firme no Céu. Ele pode ainda cometer erros, mas aprenderá a não os repetir. Torna-se mais forte para resistir ao mal, e outros colhem benefícios de seu exemplo.
Humildade
O ministro de Deus deve possuir, em alto grau, a humildade. Os que possuem mais profunda experiência nas coisas de Deus, são os que mais se afastam do orgulho e da presunção. Como tenham elevada concepção da glória de Deus, sentem que lhes é demasiado honroso ocupar o mais humilde lugar em Seu serviço.
Quando Moisés desceu do monte depois de quarenta dias passados em comunhão com Deus, não sabia que seu rosto resplandecia com um brilho que atemorizava os que o viam.
Paulo possuía uma bem humilde opinião de seus progressos na vida cristã. Fala de si mesmo como do principal dos pecadores. E diz ainda: "Não que já a tenha alcançado ou que seja perfeito." Filip. 3:12. E todavia Paulo fora altamente honrado pelo Senhor.
Nosso Salvador declarou que João Batista era o maior dos profetas; no entanto, quando interrogado se era o Cristo, João declarou ser indigno sequer de desatar as sandálias de seu Senhor. Quando os discípulos dele se aproximaram com a queixa de que todos os homens se estavam voltando para o novo Mestre, João lhes recordou que ele próprio não passava de precursor dAquele que havia de vir.
Obreiros com tal espírito são hoje necessários. Os presunçosos, satisfeitos consigo mesmos, podem bem ser poupados à obra de Deus. Nosso Senhor pede obreiros que, sentindo a própria necessidade do sangue expiador de Cristo, entrem em Sua obra, não com arrogância ou suficiência própria, mas com inteira certeza de fé, compreendendo que hão de necessitar sempre do auxílio de Cristo a fim de saber lidar com o espírito dos homens.
Fervor
Há necessidade de um fervor maior. O tempo está passando rapidamente, e necessitam-se homens dispostos a trabalhar como Cristo o fazia. Não é bastante viver uma vida sossegada, cheia de oração. O meditar somente não satisfará a necessidade do mundo. Religião não deve ser em nossa vida uma influência subjetiva. Temos de ser cristãos bem alerta, enérgicos e ardorosos, cheios do desejo de comunicar aos outros a verdade.
O povo precisa ouvir as novas da salvação mediante a fé em Cristo, e, por meio de fervorosos e fiéis esforços a mensagem lhes deve ser comunicada. Temos de anelar almas, por elas orar e trabalhar. Veementes apelos devem ser feitos, fervorosas orações dirigidas. Nossas súplicas fracas e sem vida, precisam transformar-se em petições de intenso fervor.
Coerência
O caráter de muitos que professam piedade, é imperfeito e unilateral. Isso mostra que, como discípulos na escola de Cristo, têm aprendido muito imperfeitamente as lições. Alguns que aprenderam a imitar a Cristo na mansidão, não Lhe apresentam a diligência no fazer bem. Outros são ativos e zelosos, mas são orgulhosos; nunca aprenderam a humildade. Outros ainda deixam a Cristo fora de seu trabalho. Podem ser agradáveis de maneiras; podem mostrar simpatia para com seus semelhantes; mas não têm o coração concentrado no Salvador, nem aprenderam a linguagem do Céu. Não oram como Cristo orava, não dão o valor que Ele dava às almas; não aprenderam a suportar fadiga em seus esforços pelas almas. Alguns, conhecendo pouco do poder transformador da graça, tornam-se egoístas, críticos, ásperos. Outros são plásticos e condescendentes, pendendo ora para um lado ora para outro, para agradar seus semelhantes.
Não importa quão zelosamente seja advogada a verdade, se a vida diária não testemunhar de seu poder santificador, as palavras faladas de nada aproveitarão. Uma conduta incoerente endurece o coração e estreita o espírito do obreiro, colocando também pedras de tropeço no caminho daqueles por quem ele trabalha.
A Vida Diária
O pastor deve achar-se livre de toda desnecessária perplexidade temporal, a fim de se poder entregar inteiramente a sua santa vocação. Cumpre-lhe orar muito, e sujeitar-se sob a disciplina de Deus, para que sua vida revele os frutos do verdadeiro domínio de si mesmo. Sua linguagem precisa ser correta; nada de frases de gíria, nem de palavras vulgares devem-lhe sair dos lábios. Seu vestuário deve estar em harmonia com o caráter da obra que está fazendo. Esforcem-se os pastores e professores por atingir a norma estabelecida nas Escrituras. Não se esqueçam das pequeninas coisas que são muitas vezes consideradas sem importância. A negligência das coisas pequenas leva muitas vezes ao descuido das responsabilidades maiores.
Os obreiros da vinha do Senhor têm o exemplo do bem em todos os séculos para os animar. Têm também o amor de Deus, o ministério dos anjos, a simpatia de Jesus e a esperança de atrair almas para o bem: "Os sábios, pois, resplandecerão como o resplendor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça refulgirão com as estrelas, sempre e eternamente." Dan. 12:3.