Quando os apóstolos voltaram de sua primeira viagem missionária, a ordem que o Salvador lhes deu, foi: "Vinde vós, aqui à parte, a um lugar deserto, e repousai um pouco." Mar. 6:31. Eles haviam trabalhado com dedicação total pelo povo, e isso lhes esgotara as forças físicas e mentais. Era seu dever repousar.
As compassivas palavras de Cristo se dirigem a Seus obreiros hoje em dia, da mesma maneira que aos discípulos. "Vinde vós, aqui à parte, ... e repousai um pouco", diz Ele aos que se acham fatigados e exaustos. Mar. 6:31. Não é sábio estar sempre sob a tensão do trabalho ou agitação, mesmo no ministrar às necessidades espirituais dos homens; pois assim a piedade pessoal é negligenciada, e a resistência mental, física e espiritual, é sobrecarregada. Exige-se abnegação dos servos de Cristo, e são precisos sacrifícios; mas Deus quer que todos estudem as leis da saúde, e usem a razão quando em Seu trabalho, a fim de que a vida que Ele deu seja conservada.
Conquanto Jesus pudesse operar milagres, e houvesse dotado Seus discípulos com o mesmo poder, mandou que Seus cansados discípulos fossem ao campo e descansassem. Quando Ele disse que a seara era grande e poucos os obreiros, não insistiu com os discípulos quanto à necessidade de trabalhar incessantemente, mas disse: "Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande ceifeiros para a Sua seara." Mat. 9:38. Deus tem designado a cada homem a sua obra, segundo a sua capacidade; e
não quer que alguns fiquem sobrecarregados de responsabilidades, enquanto outros não tenham encargos, nem fadiga de alma.
Os servos de Cristo não devem tratar sua saúde com indiferença. Ninguém trabalhe a ponto de exaustão, incapacitando-se assim para futuros esforços. Não tenteis amontoar num dia o trabalho de dois. Afinal, verificar-se-á que os que trabalham cuidadosa e sabiamente, terão realizado tanto como os que expõem de tal modo sua resistência física e mental, que não possuem mais reservas de onde tirar no momento necessário.
A obra de Deus é mundial; ela requer cada jota e til de capacidade e força que possuamos. Há perigo de que Seus obreiros abusem de sua resistência, ao verem que o campo está branco para a ceifa; mas o Senhor não requer isto. Havendo Seus servos feito o melhor que podem, devem dizer: A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros; mas Deus "conhece a nossa estrutura; lembra-Se de que somos pó". Sal. 103:14.
Reina por toda parte a intemperança no comer e beber, no trabalho e em quase tudo. Os que exercem grande tensão para realizar uma determinada porção em certo espaço de tempo, e continuam a trabalhar quando sua razão lhes diz que devem descansar, nunca saem ganhando. Estão despendendo forças, de que hão de necessitar em tempos futuros. Quando a energia que eles gastam tão descuidosamente é requerida, falham à míngua dela. A resistência física desapareceu, e o poder mental acha-se inutilizado. Chegou-lhes o tempo da necessidade, e seus recursos se acham exaustos.
Cada dia traz as suas responsabilidades e deveres, mas os deveres de amanhã não devem ser acumulados nas horas de hoje.
Deus é misericordioso, cheio de compaixão, razoável em Seus requisitos. Ele não nos pede que sigamos uma maneira de proceder que dará em resultado a perda de nossa saúde física, ou o enfraquecimento das faculdades mentais. Ele não quer que trabalhemos sob pressão ou tensão até ficarmos exaustos, com prostração nervosa.
Há necessidade de que os escolhidos obreiros de Deus escutem a ordem de sair à parte e descansar um pouco. Muitas vidas valiosas se têm sacrificado devido ao desrespeito a esse mandamento. Pessoas há, que poderiam estar conosco hoje, ajudando a levar avante a causa, tanto na pátria, como em terras estrangeiras, houvessem elas compreendido antes de ser tarde demais que necessitavam de repouso. Esses obreiros viram que o campo era demasiado vasto, e a necessidade de obreiros grande, e pensarem que deviam avançar, custasse o que custasse. Quando a natureza soltava um protesto, não lhe davam atenção, mas faziam o duplo do trabalho que deveriam ter feito; e Deus os levou à sepultura para descansar até que a última trombeta soe, chamando os justos à imortalidade.
Quando um obreiro tem estado sob grande pressão de cuidado e ansiedade, achando-se esgotado no corpo e na mente, deve afastar-se e descansar um pouco, não para satisfação egoísta, mas para que esteja melhor preparado para os deveres futuros. Temos um inimigo vigilante, que se acha sempre em nossas pegadas, pronto a se aproveitar de qualquer fraqueza que possa auxiliá-lo em tornar suas tentações eficazes. Quando a mente está esgotada e o corpo enfraquecido, ele intensifica sobre a alma suas mais cruéis tentações. Economize o obreiro suas forças e, quando fatigado pela lida, vá à parte, e comungue com Jesus.
Não me refiro aos que são constitucionalmente cansados, que pensam que estão carregando fardos mais pesados que qualquer outro. Os que não trabalham, não têm necessidade de repouso. Existem pessoas que se poupam, e que ficam muito longe de levar seu quinhão de responsabilidades. Podem falar de grandes e esmagadores fardos, mas não sabem o que significa suportá-los. Sua obra não apresenta senão mesquinhos resultados.
Foi aos que se achavam esgotados em Seu serviço, não aos que estavam continuamente se poupando, que Cristo dirigiu Suas amáveis palavras. E hoje em dia, é aos esquecidos de si mesmos, aos que trabalham até onde lhes é possível, que se afligem por não poder fazer mais, e que, em seu zelo, vão além de suas forças, que o Salvador diz: "Vinde vós, aqui à parte, ... e repousai um pouco." Mar. 6:31.
Em todos quantos se acham sob a direção de Deus, deve-se ver uma vida que não se harmonize com o mundo, seus costumes ou práticas; e todos têm de ter experiência pessoal na obtenção do conhecimento da vontade divina. ... Ele nos manda: "Aquietai-vos e sabei que Eu sou Deus." Sal. 46:10. Somente assim se pode encontrar o verdadeiro descanso. E é essa a preparação eficaz para todo trabalho que se faz para Deus. Por entre a turba apressada e a tensão das febris atividades da vida, a alma que assim se refrigera será circundada por uma atmosfera de luz e paz. A vida exalará fragrância, e há de revelar um divino poder que atinge o coração dos homens. O Desejado de Todas as Nações, pág. 363.