Obreiros Evangélicos

CAPÍTULO 65

O Perigo de Rejeitar a Luz

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VIII. Perigos

"Propondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Jesus Cristo." I Tim. 4:6.

O Perigo de Rejeitar a Luz

É desígnio de Deus que, mesmo nesta vida, a verdade seja sempre desvendada a Seu povo. Há unicamente um modo em que esse conhecimento pode ser obtido. Só podemos alcançar a compreensão da Palavra de Deus, mediante a iluminação do Espírito por quem foi dada a Palavra. "Ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus. ... Porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus." I Cor. 2:11 e 10. E a promessa do Salvador a Seus discípulos, foi: "Quando vier aquele Espírito da verdade, Ele vos guiará em toda a verdade. ... Porque há de receber do que é Meu e vo-lo há de anunciar." João 16:13 e 14. ...

Pedro exorta os irmãos: "Crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo." II Ped. 3:18. Sempre que o povo de Deus estiver crescendo em graça, obterá constantemente compreensão mais clara de Sua Palavra. Há de distinguir mais luz e beleza em suas sagradas verdades. Isto se tem verificado na história da igreja em todos os séculos, e assim continuará até ao fim. Mas à medida que a verdadeira vida espiritual declina, tem sido sempre a tendência cessar o crente de avançar no conhecimento da verdade.


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Os homens ficam satisfeitos com a luz já recebida da Palavra de Deus, e desistem de qualquer posterior estudo das Escrituras. Tornam-se conservadores, e procuram evitar novo exame.

O fato de não haver controvérsias ou agitações entre o povo de Deus, não deveria ser olhado como prova conclusiva de que eles estão mantendo com firmeza a sã doutrina. Há razão para temer que não estejam discernindo claramente entre a verdade e o erro. Quando não surgem novas questões em resultado de análise das Escrituras, quando não aparecem divergências de opinião que instiguem os homens a examinar a Bíblia por si mesmos, para se certificarem de que possuem a verdade, haverá muitos agora, como antigamente, que se apegarão às tradições, cultuando nem sabem o quê.

Tem-me sido mostrado que muitos dos que professam a verdade presente, não sabem o que crêem. Não compreendem as provas de sua fé. Não apreciam devidamente a obra para este tempo. Quando chegar o tempo de angústia, e ao examinarem a posição em que se encontram, homens que agora pregam a outros, verificarão que há muitas coisas para as quais não podem dar uma razão satisfatória. Até que fossem assim provados, desconheciam sua grande ignorância.

E há muitos na igreja que contam por certo que compreendem aquilo em que crêem, mas que até surgir uma discussão, ignoram sua fraqueza. Quando separados dos da mesma fé, e forçados a estar sozinhos e expor por si mesmos sua crença, ficarão surpreendidos de ver quão confusas são suas idéias do que têm aceito como verdade. É certo que tem havido entre nós um afastamento


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do Deus vivo, e um voltar-se para os homens, pondo a sabedoria humana em lugar da divina.

Deus despertará Seu povo; se outros meios falharem, introduzir-se-ão entre eles heresias, as quais os hão de peneirar, separando a palha do trigo. O Senhor chama todos os que crêem em Sua Palavra, para que despertem do sono. Tem vindo uma preciosa luz, apropriada aos nossos dias. É a verdade bíblica, mostrando os perigos que se acham mesmo iminentes sobre nós. Essa luz nos deve levar ao estudo diligente das Escrituras, e a um mais atento exame crítico das posições que mantemos.

É vontade de Deus que todos os fundamentos e posições da verdade, sejam cuidadosa e perseverantemente estudados, com oração e jejum. Os crentes não devem ficar em suposições e mal definidas idéias do que constitui a verdade. Sua fé deve estar firmemente estabelecida sobre a Palavra de Deus, de maneira que, quando o tempo de prova chegar, e eles forem levados perante os concílios para responder por sua fé, sejam capazes de, com mansidão e temor, dar a razão para a esperança que neles há.

Agitai, agitai, agitai! Os assuntos que apresentamos ao mundo devem ser para nós uma realidade viva. É importante que, ao defender as doutrinas que consideramos artigos fundamentais da fé, nunca nos permitamos o emprego de argumentos que não sejam inteiramente retos. Eles podem fazer calar um adversário, mas não honram a verdade. Devemos apresentar argumentos legítimos, que, não somente façam silenciar os oponentes, mas que suportem a mais profunda e perscrutadora pesquisa.

Quanto aos que se preparam para debates, há grande perigo de que não lidem, com lisura em relação à Palavra de Deus.


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Ao enfrentar um adversário, deve ser nosso mais sincero esforço apresentar os assuntos de maneira tal, que despertemos a convicção em seu espírito, em de vez de procurar meramente inspirar confiança ao crente.

Seja qual for o grande adiantamento intelectual do homem, não pense ele, nem por um momento, que não há necessidade de inteira e contínua indagação das Escrituras em busca de maior luz. Como um povo, somos convidados individualmente ao estudo da profecia. Devemos observar atentamente, a fim de distinguir qualquer raio de luz que Deus nos apresente. Devemos apanhar os primeiros clarões da verdade; e, mediante estudo acompanhado de oração, poder-se-á obter mais intensa luz, a qual poderá ser apresentada aos outros.

Quando o povo de Deus está à vontade, satisfeito com a luz que já possui, podemos estar certos de que Ele os não favorecerá. É Sua vontade que marchem sempre avante, recebendo a intensa e sempre crescente luz que para eles brilha. A atitude atual da igreja não agrada a Deus. Tem-se introduzido uma confiança que os tem levado a não sentir nenhuma necessidade de mais verdade e maior luz. Vivemos numa época em que Satanás opera à direita e à esquerda, em nossa frente e por trás de nós; e todavia, como um povo, estamos dormindo. Deus deseja que se faça ouvir uma voz despertando Seu povo para a ação. Testemunhos Seletos, vol. 2, págs. 308-312.

A Prova de Nova Luz

Nossos irmãos devem estar prontos a analisar, com sinceridade, todo ponto controvertido. Se um irmão está ensinando um erro, os que se acham em posição de responsabilidade


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devem sabê-lo; e se está ensinando a verdade, devem colocar-se ao lado dele. Todos devemos saber o que se está ensinando entre nós; pois se é verdade, precisamos dela. Todos nos achamos em obrigação para com Deus, quanto a conhecer o que Ele nos envia. Ele nos deu orientações por onde provar toda doutrina - "À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não têm iluminação". Isa. 8:20, Trad. Trinitariana. Se a luz apresentada concorda com este texto, não nos compete rejeitá-la pelo fato de não concordar com nossas idéias.

Ninguém disse que havemos de encontrar perfeição nas informações de qualquer homem; isso, porém, eu sei, que nossas igrejas estão perecendo por falta de ensino sobre o assunto da justiça pela fé em Cristo, e verdades semelhantes.

Não importa por meio de quem seja a luz enviada, devemos abrir o coração para recebê-la com a mansidão de Cristo. Mas muitos não fazem isso. Quando se apresenta um assunto controvertido, despejam pergunta em cima de pergunta, sem admitir um ponto bem fundamentado. Oh! Possamos nós agir como homens que querem luz! Dê-nos Deus Seu Espírito Santo dia a dia, e faça resplandecer sobre nós a luz de Seu rosto, para que sejamos alunos na escola de Cristo.

Quando é apresentada uma doutrina que nos não satisfaz o espírito, devemos dirigir-nos à Palavra de Deus, buscar o Senhor em oração, e não dar lugar ao inimigo para vir com suspeitas e preconceitos. Nunca devemos permitir que se manifeste o espírito que indispôs os sacerdotes e principais contra o Redentor do mundo. Eles se queixavam de que Ele perturbava o


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povo, e desejavam que os deixasse em paz, pois causava perplexidade e dissensões. Deus nos envia luz para ver de que espírito somos. Não nos devemos iludir a nós mesmos.

Em 1844, quando se apresentava à nossa atenção qualquer coisa que não compreendíamos, ajoelhávamo-nos e pedíamos a Deus que nos ajudasse a assumir a devida atitude: e depois éramos habilitados a chegar à justa compreensão, e a ter todos a mesma opinião. Não houve dissensão, nem inimizade, nem ruins suspeitas, nem mau juízo contra os irmãos. Se tão-somente soubéssemos o mal do espírito de intolerância, quão cuidadosamente dele haveríamos de fugir!

Temos de estar firmados na fé segundo a luz da verdade que nos foi dada em nossa primeira experiência. Naquele tempo, erro após erro procurava forçar entrada entre nós; ministros e doutores introduziam novas doutrinas. Nós estudávamos as Escrituras com muita oração, e o Espírito Santo nos trazia ao espírito a verdade. Por vezes noites inteiras eram consagradas à pesquisa das Escrituras, a pedir fervorosamente a Deus Sua guia. Juntavam-se para esse fim grupos de homens e mulheres pios. O poder de Deus vinha sobre mim, e eu era habilitada a definir claramente o que era verdade ou erro.

Ao serem assim estabelecidos os pontos de nossa fé, nossos pés se colocavam sobre um firme fundamento. Aceitávamos a verdade ponto por ponto, sob a demonstração do Espírito Santo. Eu era arrebatada em visão, e eram-me feitas explanações. Foram-me dadas ilustrações de coisas celestiais, e do santuário, de modo que fomos colocados em posição onde a luz sobre nós resplandecia em raios claros e distintos.


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Eu sei que a questão do santuário se firma em justiça e verdade, tal como a temos mantido por tantos anos. O inimigo é que desvia os espíritos para atalhos ao lado. Ele folga quando os que conhecem a verdade se absorvem em coligir textos bíblicos para amontoar em torno de teorias errôneas, sem fundamento na verdade. As passagens bíblicas assim usadas, são mal-aplicadas; não foram dadas para confirmar o erro, mas para fortificar a verdade.

Precisamos aprender que os outros têm os mesmos direitos que nós. Quando um irmão recebe nova luz sobre as Escrituras, deve expor francamente sua atitude, e todo ministro deve pesquisar nas Escrituras com espírito sincero, para ver se os pontos apresentados podem ser confirmados pela Palavra Inspirada. "Ao servo do Senhor não convém contender, mas, sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor; instruindo com mansidão os que resistem, a ver se, porventura, Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade." II Tim. 2:24 e 25.

Toda alma precisa olhar para Deus em contrição e humildade, para que Ele guie, dirija e abençoe. Não devemos confiar aos outros a pesquisa das Escrituras para nós. Alguns de nossos irmãos dirigentes têm-se freqüentemente colocado em posição errônea; e se Deus mandasse uma mensagem e esperasse por esses irmãos mais idosos para abrir caminho ao progresso da mesma, ela nunca chegaria ao povo. Esses irmãos hão de achar-se nessa atitude até que se tornem participantes da natureza divina em grau maior do que nunca.


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Há tristeza no Céu por motivo da cegueira espiritual de muitos de nossos irmãos. Nossos pastores mais jovens, que ocupam posições de menos importância, têm de fazer decididos esforços para chegar à luz, penetrar mais e mais profundamente na fonte da verdade.

A repreensão do Senhor estará sobre os que impeçam o caminho, para que não chegue ao povo mais clara luz. Uma grande obra tem de ser feita, e Deus vê que nossos dirigentes necessitam de maior luz, a fim de se unirem aos mensageiros que Ele envia para realizarem a obra que Ele intenta que se faça. O Senhor tem suscitado os mensageiros, e os dotado de Seu Espírito, e tem dito: "Clama em alta voz, não te detenhas, levanta a voz como a trombeta e anuncia ao Meu povo a sua transgressão e à casa de Jacó, os seus pecados." Isa. 58:1. Ninguém corra o risco de interpor-se entre o povo e a mensagem do Céu. Essa mensagem há de chegar ao povo; e se não houvesse nenhuma voz entre os homens para a anunciar, as próprias pedras clamariam.

Eu suplico a todo pastor que busque o Senhor, ponha de lado o orgulho e a luta pela supremacia, e humilhe o coração diante de Deus. A frieza de coração, a incredulidade dos que deveriam ter fé é que mantêm fracas as igrejas.

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