O ler e escrever incessante de muitos pastores, incapacita-os para a obra pastoral. Consomem tempo valioso em estudo abstrato, tempo que podia ser empregado em auxiliar o necessitado no momento oportuno. Alguns pastores têm-se entregado à obra de escrever durante um período de decidido interesse religioso, e por vezes esses escritos não tinham nenhuma ligação especial com a obra que tinham em mão. Em tais ocasiões é dever do pastor empregar todas as suas energias em levar avante o interesse do momento. Seu espírito deve estar claro, e concentrado sobre o único objetivo de salvar almas. Estivessem seus pensamentos preocupados com outros assuntos, e seriam perdidos para a causa muitos que poderiam ter sido salvos por uma oportuna instrução.
Quando lhes sobrevém a tentação de se isolarem, entregando-se a ler e escrever em ocasiões em que outros deveres lhes exigem atenção imediata, os pastores devem renunciar ao próprio eu, e dedicar-se ao trabalho que está diante deles. Isso é sem dúvida uma das mais difíceis experiências que se podem oferecer a um espírito estudioso.
Os deveres de um pastor são muitas vezes vergonhosamente negligenciados, porque o pastor não tem resistência para sacrificar suas inclinações pessoais para o isolamento e o estudo. O pastor deve fazer visitas de casa em casa entre o seu rebanho, ensinando, conversando e orando com cada família, e cuidando do bem-estar de suas almas. Os que têm manifestado desejo de se relacionar com os princípios de nossa fé, não devem ser negligenciados, mas completamente instruídos na verdade.
Certos pastores, que têm sido convidados por chefes de família a visitarem sua casa, têm passado as poucas horas de sua visita isolados num aposento desocupado, satisfazendo sua inclinação de ler e escrever. A família que os hospedava não tirou nenhum benefício de sua estada ali. Os pastores aceitaram-lhes a hospitalidade oferecida, sem lhes dar o equivalente no trabalho de que tanto necessitavam.
O povo é facilmente atingido por meio do círculo social. Mas muitos pastores têm aversão à tarefa de fazer visitas; não cultivaram qualidades sociais, não adquiriram aquele espírito comunicativo que encontra acesso ao coração do povo.
Os que se excluem do povo, não podem, de modo nenhum, auxiliá-los. Um hábil médico precisa compreender a natureza das várias doenças, e deve possuir um conhecimento perfeito da estrutura humana. Deve ser pronto a atender os doentes. Sabe que as demoras são perigosas. Quando sua mão experiente segura o pulso do paciente, e ele observa cuidadosamente as particulares indicações da doença, seus conhecimentos prévios o habilitam a determinar a natureza da mesma, e o tratamento necessário para lhe deter a marcha.
Como o médico trata de doenças físicas, assim o pastor ministra à alma doente do pecado. E sua obra é tanto mais importante do que a do médico, quanto a vida eterna é de maior valor que a existência temporal. O pastor depara com infinita variedade de temperamentos, e é dever seu ficar conhecendo os membros das famílias que assistem a seus ensinos, a fim de determinar que meios melhor os influenciarão no rumo certo.