Obreiros Evangélicos

CAPÍTULO 72

Retraimento

OE - Pag. 337  

O ler e escrever incessante de muitos pastores, incapacita-os para a obra pastoral. Consomem tempo valioso em estudo abstrato, tempo que podia ser empregado em auxiliar o necessitado no momento oportuno. Alguns pastores têm-se entregado à obra de escrever durante um período de decidido interesse religioso, e por vezes esses escritos não tinham nenhuma ligação especial com a obra que tinham em mão. Em tais ocasiões é dever do pastor empregar todas as suas energias em levar avante o interesse do momento. Seu espírito deve estar claro, e concentrado sobre o único objetivo de salvar almas. Estivessem seus pensamentos preocupados com outros assuntos, e seriam perdidos para a causa muitos que poderiam ter sido salvos por uma oportuna instrução.

Quando lhes sobrevém a tentação de se isolarem, entregando-se a ler e escrever em ocasiões em que outros deveres lhes exigem atenção imediata, os pastores devem renunciar ao próprio eu, e dedicar-se ao trabalho que está diante deles. Isso é sem dúvida uma das mais difíceis experiências que se podem oferecer a um espírito estudioso.

Os deveres de um pastor são muitas vezes vergonhosamente negligenciados, porque o pastor não tem resistência para sacrificar suas inclinações pessoais para o isolamento e o estudo. O pastor deve fazer visitas de casa em casa entre o seu rebanho, ensinando, conversando e orando com cada família, e cuidando do bem-estar de suas almas. Os que têm manifestado desejo de se relacionar com os princípios de nossa fé, não devem ser negligenciados, mas completamente instruídos na verdade.


OE - Pag. 338  

Certos pastores, que têm sido convidados por chefes de família a visitarem sua casa, têm passado as poucas horas de sua visita isolados num aposento desocupado, satisfazendo sua inclinação de ler e escrever. A família que os hospedava não tirou nenhum benefício de sua estada ali. Os pastores aceitaram-lhes a hospitalidade oferecida, sem lhes dar o equivalente no trabalho de que tanto necessitavam.

O povo é facilmente atingido por meio do círculo social. Mas muitos pastores têm aversão à tarefa de fazer visitas; não cultivaram qualidades sociais, não adquiriram aquele espírito comunicativo que encontra acesso ao coração do povo.

Os que se excluem do povo, não podem, de modo nenhum, auxiliá-los. Um hábil médico precisa compreender a natureza das várias doenças, e deve possuir um conhecimento perfeito da estrutura humana. Deve ser pronto a atender os doentes. Sabe que as demoras são perigosas. Quando sua mão experiente segura o pulso do paciente, e ele observa cuidadosamente as particulares indicações da doença, seus conhecimentos prévios o habilitam a determinar a natureza da mesma, e o tratamento necessário para lhe deter a marcha.

Como o médico trata de doenças físicas, assim o pastor ministra à alma doente do pecado. E sua obra é tanto mais importante do que a do médico, quanto a vida eterna é de maior valor que a existência temporal. O pastor depara com infinita variedade de temperamentos, e é dever seu ficar conhecendo os membros das famílias que assistem a seus ensinos, a fim de determinar que meios melhor os influenciarão no rumo certo.

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