Obreiros Evangélicos

CAPÍTULO 92

Casas de Culto

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Em se despertando qualquer interesse numa vila ou cidade, esse interesse deve ser apoiado. Os lugares devem ser completamente trabalhados, até que se erga uma humilde casa de culto como sinal, como monumento do sábado de Deus, como uma luz entre as trevas morais. Esses monumentos devem aparecer em muitos lugares, como testemunhos da verdade. Em Sua misericórdia, Deus providenciou para que os mensageiros do evangelho vão a todos os países, línguas e povos, até que o estandarte da verdade seja estabelecido em todas as partes do mundo habitado.

Onde quer que surja um grupo de crentes, deve-se construir uma casa de culto. Não deixem os obreiros o lugar sem fazer isso.

Em muitos lugares onde se tem pregado a verdade, os que a têm aceitado não dispõem de muitos recursos, e pouco podem fazer quanto a garantir certas vantagens que recomendem a obra. Muitas vezes isso torna difícil o estender a mesma. À medida que as pessoas ficam interessadas na verdade, os pastores de outras igrejas lhes dizem - e essas palavras são ecoadas pelos membros das ditas igrejas: "Esse povo não tem igreja, e não tendes lugar de culto. Sois um grupinho, pobre e ignorante. Em breve os pastores irão embora, e o interesse há de desaparecer. Então haveis de abandonar essas novas idéias que tendes recebido." Acaso supomos que isso não traz uma forte tentação aos que vêem as razões de nossa fé, e são convencidos pelo Espírito de Deus quanto à verdade presente?


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Repete-se muitas vezes que, de um pequeno começo se pode desenvolver um grande interesse. Se manifestarmos em promover os interesses do reino de nosso Redentor, sabedoria, santificado discernimento e hábil administração, havemos de fazer tudo ao nosso alcance para dar ao povo a certeza da estabilidade de nossa obra. Erguer-se-ão humildes santuários, onde os que aceitam a verdade encontram um lugar em que adorar a Deus de acordo com os ditames de sua consciência.

Sempre que seja possível, ao serem dedicadas a Deus, encontrem-se as igrejas livres de dívidas. Quando se edifica uma igreja, ergam-se os membros da mesma e edifiquem. Sob a orientação de um pastor que seja guiado pelos conselhos de seus companheiros de ministério, trabalhem os recém-conversos com suas próprias mãos, dizendo: "Precisamos de uma casa de reuniões, e é mister que a possuamos." Deus pede a Seu povo que faça corajosos e unidos esforços em Sua causa. Faça-se assim, e em breve se ouvirão vozes de ações de graças: "Que coisas Deus tem feito!" Núm. 23:23.

Existem, entretanto, casos em que uma jovem igreja não é capaz de arcar imediatamente com todo o peso da construção de uma casa de culto. Em casos tais, ajudem-na os irmãos de outras igrejas. Em alguns casos será preferível tomar algum dinheiro emprestado, a deixar de construir. Se alguém tem dinheiro e, depois de dar o que lhe é possível, emprestar, seja sem juros, seja a um juro insignificante, seria justo empregar o dinheiro até que seja possível satisfazer o compromisso. Mas, repito, sendo possível, os edifícios de igrejas devem ser dedicados livres de débito.

Em nossas igrejas, os assentos não devem ser alugados. Os ricos não devem ser honrados acima dos pobres. Não se façam distinções. "Todos vós sois irmãos." Mat. 23:8.


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Não devemos fazer ostentação em nenhuma de nossas igrejas, pois isso não haveria de dar impulso à obra. Nossa economia deve dar testemunho de nossos princípios. Devemos empregar métodos de trabalho que não sejam transitórios. Tudo deve ser feito com solidez. ...

Foi-me apresentado o modo frouxo de certas igrejas quanto a manter-se em dívidas e nelas andar. Em alguns casos, encontra-se um contínuo compromisso sobre a casa de Deus. Há um juro contínuo a ser pago. Isso não deve ser, nem é necessário que assim seja. Se se manifesta pelo Mestre aquela sabedoria, e tato, e zelo que Deus requer, efetuar-se-á uma mudança nessas coisas. As dívidas serão liquidadas. Deus pede as ofertas dos que podem dar, e mesmo os membros mais pobres podem fazer sua pequena parte. A abnegação habilitará todos a fazerem qualquer coisa. Tanto idosos como jovens, pais como filhos, têm de mostrar sua fé por suas obras. Que os membros da igreja sejam vigorosamente impressionados quanto à necessidade de desempenhar cada um sua parte. Faça cada um o mais que lhe for possível. Quando há vontade de fazer, Deus abre o caminho. Não é Seu desígnio que Sua obra seja entravada por dívidas.

Deus pede sacrifício individual. Isso não trará somente prosperidade financeira, mas também espiritual. A abnegação e o sacrifício próprio hão de operar maravilhas na divulgação espiritual da igreja. ...

A pergunta que cada cristão tem de dirigir a si mesmo como prova, é: "Tenho eu, no mais íntimo de minha alma, um supremo amor por Cristo? Amo eu Seu tabernáculo? Não será o Senhor honrado por eu tornar Sua sagrada instituição


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minha consideração primeira? É meu amor por Deus e meu Redentor, bastante forte para me levar a renunciar o próprio eu? Quando tentado para me entregar a prazer ou diversão egoísta hei de eu dizer: Não, não gastarei coisa alguma para meu próprio prazer, enquanto a casa de Deus se achar sobrecarregada de dívidas?"

Nosso Redentor pede muito mais do que Lhe damos. O próprio eu interpõe seus desejos de ser o primeiro; mas o Senhor exige o coração inteiro, a inteira afeição. Ele não entrará aí em segundo lugar. E não deve Cristo possuir nossa primeira e mais elevada consideração? Não exigirá Ele essa prova de nosso respeito e lealdade? Essas coisas se acham no fundo da própria vida de nosso coração, no círculo familiar e na igreja. Se o coração, a alma, as energias, a vida são consagrados inteiramente a Deus, se as afeições Lhe são inteiramente dedicadas, haveremos de torná-Lo supremo em todo o nosso serviço. Quando nos acharmos em harmonia com Deus, a idéia de Sua honra e glória sobrepujará a tudo mais. Pessoa alguma é a Ele preferida em nossas dádivas e ofertas. Temos a consciência do que significa ser sócios de Cristo na sagrada firma.

A casa onde Deus Se encontra com Seu povo será querida e sagrada a qualquer de Seus filhos leais. Não se permitirá que ela seja embaraçada com dívidas. Consentir em tal coisa, parecer-se-ia quase o mesmo que negardes a vossa fé. Estareis prontos a fazer um grande sacrifício pessoal, contanto que possais ter uma casa livre de compromissos, onde Deus Se encontre com Seu povo e o abençoe.

Toda dívida de nossas casas de culto pode ser paga, se os membros da igreja tomarem sábias medidas, desenvolvendo ativos e zelosos esforços para cancelar a dívida. E em todos os casos em que se salde


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uma dívida, seja realizada uma reunião de ação de graças, a qual será como uma nova consagração a Deus, de Sua casa. Testimonies, vol. 6, págs. 100-104.

A necessidade de uma casa de reuniões, no lugar em que há um grupo de crentes recém-organizado, foi-me apresentada numa vista panorâmica. Vi operários construindo humildes casas de culto. Aqueles que se haviam pouco antes convertido à fé, estavam auxiliando com mãos voluntárias, e os que possuíam recursos ajudavam com seus meios. No pavimento inferior da igreja, acima do solo, estava preparada uma escola para as crianças, e para aí era enviada uma professora. Não havia grande número na escola, mas era um feliz começo. Ouvi os cânticos das crianças e dos pais: "Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela." Sal. 127:1. "Louvai ao Senhor! Ó minha alma, louva ao Senhor! Louvarei ao Senhor durante a minha vida; cantarei louvores ao meu Deus enquanto viver." Sal. 146:1 e 2.

O estabelecimento de igrejas, a edificação de casas de reuniões e edifícios escolares, estendia-se de cidade a cidade, e o dízimo crescia para ajudar a levar avante a obra. Construíam-se edifícios não somente num lugar, mas em muitos, e o Senhor estava operando para aumentar Suas forças.

Nessa obra todas as classes hão de ser atingidas. Quando o Espírito Santo operar entre nós, almas que não se acham preparadas para o aparecimento de Jesus hão de ser convencidas. Vêm às nossas reuniões, e são convertidos muitos que, durante anos


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não assistiram a reuniões em igreja alguma. A simplicidade da verdade lhes toca o coração. Os adoradores do fumo sacrificam seu ídolo, e os bebedores de bebidas alcoólicas, fazem o mesmo. Eles não o poderiam fazer, se não se apoderassem pela fé, das promessas de Deus, quanto ao perdão de seus pecados.

A verdade, segundo se encontra na Palavra, chega a elevados e humildes, ricos e pobres; aqueles que recebem a mensagem tornam-se coobreiros nossos e de Deus, e ergue-se uma força poderosa para trabalhar harmonicamente. Esta é nossa obra. Não deve ser negligenciada no trabalho de nenhuma de nossas reuniões campais. É parte de toda missão evangélica. Em vez de empregar todo talento no trabalho em favor dos mais humildes excluídos, devemos buscar, em toda parte, suscitar um grupo de crentes que se unam conosco em elevar a norma da verdade, e trabalhar pelos ricos. Então, ao estarem as igrejas estabelecidas, haverá um acréscimo de auxiliares para trabalhar pelos deserdados da sorte e os excluídos. Boletim da Associação Geral, março de 1899.

Muitas pessoas que não pertencem a nossa fé, estão anelando o próprio auxílio que os cristãos têm o dever de dar. Caso o povo de Deus mostrasse genuíno interesse em seu próximo, muitos seriam alcançados pelas verdades especiais para este tempo. Coisa alguma dará, ou jamais poderá dar reputação à obra, como ajudar o povo indo ao seu encontro onde se acham. Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 518.

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