Os Pastores e os Negócios Comerciais
Não podem os pastores fazer um trabalho aceitável para Deus, e ao mesmo tempo levar o fardo de grandes empreendimentos de negócios pessoais. Tal divisão de interesse diminui-lhes a percepção espiritual. A mente e o coração são ocupados com coisas terrenas, e o serviço de Cristo toma o segundo lugar. Procuram ajustar sua obra para Deus pelas circunstâncias, em vez de ajustar as circunstâncias aos mandamentos de Deus.
As energias do pastor são todas necessárias para o seu alto chamado. Suas melhores faculdades pertencem a Deus. Não deve ele envolver-se em especulações, ou em qualquer outro negócio que o desvie de sua grande obra. "Ninguém que milita", escreveu Paulo, "se embaraça com negócio desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra." II Tim. 2:4. Assim deu o apóstolo ênfase à necessidade do pastor se consagrar sem reservas ao serviço do Mestre.
O pastor que está integralmente consagrado a Deus recusa empenhar-se em negócios que poderiam impedi-lo de se dar inteiramente ao sagrado ministério. Não procura riquezas ou honra terrestres; seu único propósito é falar a outros a respeito do Salvador que Se deu a Si mesmo para levar aos seres humanos as riquezas da vida eterna. Seu supremo desejo não é acumular tesouros neste mundo, mas chamar a atenção dos indiferentes e desleais para as realidades eternas. Ele pode ser convidado a empenhar-se em empresas que prometam grandes lucros mundanos, mas a
tais tentações ele responde: "Que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma?" Mar. 8:36.
Satanás apresentou este engodo a Cristo, sabendo que se Ele o aceitasse, o mundo jamais seria redimido. E sob diferentes disfarces ele apresenta a mesma tentação aos ministros de Deus hoje, sabendo que os que forem enganados por ela serão infiéis ao seu legado.
Não é vontade de Deus que Seus pastores procurem enriquecer. Com respeito a isto escreveu Paulo a Timóteo: "O amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas e segue a justiça, a piedade, a fé, a caridade, a paciência, a mansidão." I Tim. 6:10 e 11. Pelo exemplo, bem como por preceito, o embaixador de Cristo deve mandar "aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos; que façam o bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente e sejam comunicáveis; que entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a vida eterna". I Tim. 6:17-19.
Os pastores não podem ter os encargos da obra, estando ao mesmo tempo ocupados com fazendas ou outras empresas comerciais, tendo o coração em seu tesouro terrestre. Seu discernimento espiritual é obscurecido. Eles não podem apreciar as necessidades da obra de Deus, e portanto, não podem
desenvolver bem dirigidos esforços para lhe ir ao encontro das emergências e levar avante seus interesses. A falta de uma plena consagração à obra por parte do pastor, é logo sentida em todo o campo onde ele trabalha. Se sua própria norma é baixa, ele não pode levar outros a aceitar uma mais elevada.
Especulações com Terras e Minas
O Senhor não pode glorificar Seu nome por intermédio de pastores que procuram servir a Deus e a Mamom. Não devemos incitar homens a empregar recursos em empresas minerais, ou em terrenos em cidades, apresentando o incentivo de que o dinheiro empregado duplicará dentro de pouco tempo. Nossa mensagem para este tempo, é: "Vendei o que tendes, e dai esmolas, e fazei para vós bolsas que não se envelheçam, tesouro nos Céus que nunca acabe, aonde não chega ladrão, e a traça não rói. Porque onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração." Luc. 12:33 e 34.
Justamente antes de os israelitas entrarem na terra de Canaã, Satanás procurou seduzi-los e levá-los à idolatria, pensando conseguir sua ruína. Ele opera pelos mesmos processos hoje em dia. Há rapazes, os quais Deus aceitaria como coobreiros Seus, mas que se têm absorvido em comprar e vender terrenos, e vendido seu interesse na verdade presente pela perspectiva de proveito mundano.
Muitos há que se mantêm afastados do serviço de Deus, porque desejam lucros mundanos; e Satanás se serve deles para desviar outros. O tentador chega aos homens, como o fez com Jesus, apresentando-lhes a glória deste mundo; e quando suas tentativas são coroadas de certa medida de êxito, tornam-se ávidos de ganhar
mais, perdem o amor à verdade, e sua espiritualidade perece. A herança imortal, o amor de Jesus, são eclipsados aos seus olhos pelas transitórias perspectivas deste mundo.
Raramente o povo se eleva acima do pastor que o dirige. Havendo nele um espírito amante do mundo, isso exerce uma tremenda influência sobre os outros. O povo faz das deficiências dele uma desculpa para cobrir seu próprio espírito mundano. Sossegam a consciência, pensando que podem ter liberdade de amar as coisas desta vida, e ser indiferentes às espirituais, porquanto os pastores são assim. Enganam sua própria alma, e permanecem amigos do mundo, o que o apóstolo declara ser "inimizade contra Deus". Rom. 8:7. Os pastores devem ser exemplos para o rebanho. Devem manifestar um inextinguível amor pelas almas, e à causa a mesma devoção que desejam ver no povo. Testimonies, vol. 2, págs. 645 e 646.
Aproximamo-nos do fim do tempo. Necessitamos, não somente de ensinar a verdade presente do púlpito, mas de vivê-la fora dele. Examinai detidamente o fundamento de vossa esperança de salvação. Não podeis, enquanto vos achais na posição de um arauto da verdade, de um vigia nos muros de Sião, ter os vossos interesses entrelaçados com negócios de minas ou de imóveis, e fazer ao mesmo tempo eficazmente a sagrada obra confiada a vossas mãos. Quando se acham em jogo vidas humanas, quando se encontram envolvidas coisas eternas, o interesse não pode, sem perigo, dividir-se. Testimonies, vol. 5, pág. 530.