Obreiros Evangélicos

CAPÍTULO 96

A Justa Remuneração Para os Pastores

OE - Pag. 449  

Aqueles que se acham empenhados no ministério devem receber nesta vida uma justa remuneração por seu esforço. Dedicam todo o seu tempo, pensamento e esforço ao serviço do Mestre; e não está nos desígnios de Deus que o ordenado que se lhes paga seja insuficiente para suprir as necessidades da família. O ministro que faz sua parte segundo sua capacidade, deve receber aquilo a que faz jus.

Os homens que decidem quanto cada obreiro há de receber, devem esforçar-se sinceramente para corresponder à idéia de Deus em suas decisões. Alguns dos que têm servido em comissões de ajuste de salário têm faltado em discernimento e critério. Por vezes a comissão tem sido composta de homens que não possuíam real compreensão da situação dos obreiros, e que têm repetidamente levado verdadeira opressão e penúria a certas famílias, devido a suas errôneas decisões. Sua administração tem dado lugar ao inimigo para tentar e desanimar os obreiros e, em alguns casos, os tem posto fora da obra.

Deve-se mostrar escrupuloso cuidado no ajustar os salários dos obreiros. Os que são escolhidos para tomar parte nas comissões de salários, devem possuir uma clara percepção, estar familiarizados com o trabalho que estão fazendo. Devem ser "homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza". Êxo. 18:21.

O pastor deve ter certa margem para agir, pois fazem-se muitas solicitações a seus recursos financeiros. Encontra freqüentemente em seu trabalho, pessoas tão


OE - Pag. 450  

pobres, que pouco têm para comer e vestir, e não possuem as necessárias acomodações para dormir. Ele precisa socorrer os que são verdadeiramente necessitados, saciar-lhes a fome e cobrir-lhes a nudez. Também se espera dele que se ponha à frente dos bons empreendimentos, ajude a construir igrejas, e a fazer avançar a causa de Deus em outras terras.

O missionário escolhido por Deus não pode ter residência fixa, mas tem de levar a família de um lugar para outro, muitas vezes de um para outro país. A natureza de seu trabalho assim o exige. Essas freqüentes mudanças, porém, obrigam-no a sérias despesas. Depois, também, para exercer uma boa influência, sua esposa e filhos e ele próprio, devem dar um bom exemplo quanto a vestir-se com decência e correção. Sua aparência pessoal, sua residência e os arredores da mesma - tudo deve falar em favor da verdade que defendem. Eles devem parecer sempre animados e bem dispostos, a fim de levarem raios de sol aos que necessitam de auxílio. Esses obreiros são muitas vezes obrigados a hospedar os irmãos, e ao mesmo tempo que isso lhes é um prazer, é também uma despesa adicional.

É uma terrível injustiça uma comissão de salários decepcionar um digno pastor que se acha em necessidade de cada moeda que tem sido levado a esperar. O Senhor declara: "Porque Eu, o Senhor, amo o juízo; aborreço o que foi roubado, oferecido em holocausto." Isa. 61:8, Trad. Trinitariana. Ele quer que Seu povo manifeste um espírito liberal em todo o seu trato com seus companheiros. O princípio que serve de base a Sua ordem ao antigo Israel: "Não atarás a boca ao boi que trilha o grão" (I Cor. 9:9; Deut. 25:4), é um princípio que nunca deve ser posto de lado por alguém que tenha de tratar da remuneração dos que se dedicaram à divulgação da causa de Deus no mundo, e que


OE - Pag. 451  

empregam suas forças em elevar o espírito dos homens da contemplação das coisas terrestres à das celestiais. Deus ama a esses obreiros, e quer que os homens lhes respeitem os direitos.

O sistema de oito horas não encontra lugar no programa do ministro de Deus. Ele deve-se manter de prontidão a qualquer hora. Deve conservar sua vida e energia; pois se é apático e indolente, não pode exercer uma influência salvadora. Se ocupa uma posição de responsabilidade, deve estar preparado para assistir a reuniões de comissão e concílios, passando horas num trabalho cansativo para o cérebro e os nervos, fazendo planos para a divulgação da causa. Essa espécie de trabalho é um pesado encargo para a mente e o corpo.

O ministro que tem uma devida apreciação do serviço, considera-se como servo de Deus pronto a atender a qualquer momento. Quando, com Isaías, ouve a voz do Senhor, dizendo: "A quem enviarei, e quem há de ir por nós?" ele responde: "Eis-me aqui, envia-me a mim." Isa. 6:8. Não pode dizer: Eu me pertenço; farei o que me aprouver com o meu tempo. Ninguém que consagrou a vida à obra de Deus como Seu ministro, vive para si próprio. Sua obra é seguir a Cristo, ser um agente voluntário e um coobreiro do Mestre, recebendo dia a dia Seu Espírito, e agindo como o Salvador fazia, sem vacilar nem ficar desanimado. É escolhido de Deus como fiel instrumento para promover a obra missionária em todas as terras, e cumpre-lhe ponderar bem o caminho que segue.

Aqueles que nunca suportaram o encargo de tal obra, e que pensam terem os escolhidos e fiéis ministros de Deus uma fácil tarefa, devem ter em mente que as sentinelas de Deus se devem achar


OE - Pag. 452  

constantemente no posto do dever. Seu trabalho não se mede por horas. Ao serem verificados os seus salários, se, por palavra ou por pena, homens egoístas lhes limitam indevidamente os salários, comete-se assim um grande erro.

Os que têm sobre si cargos administrativos em ligação com a causa de Deus, podem-se permitir ser justos e leais; podem-se permitir tratar as coisas segundo os justos princípios. Quando, em tempos de crise financeira, se pensa que os salários devam ser reduzidos, seja publicada uma circular expondo a verdadeira situação, e então indague-se dos empregados da associação se, nessas circunstâncias, eles poderiam passar com menos para o seu sustento. Todos os arranjos feitos com aqueles que se acham ao serviço de Deus, devem ser considerados como uma sagrada transação entre o homem e seu semelhante. Os homens não têm o direito de tratar os obreiros como se fossem objetos inanimados, sem voz ou expressão própria.

A Esposa do Pastor

O pastor é pago por seu trabalho e isso é justo. E se o Senhor dá à esposa da mesma maneira que ao marido, o encargo da obra, e ela dedica seu tempo e energias a visitar as famílias e expor-lhes as Escrituras, embora não lhe hajam sido impostas as mãos da ordenação, ela está realizando uma obra que pertence ao ramo do ministério. Deveria então seu trabalho ser reputado por nada?

Têm-se feito por vezes injustiça a mulheres que trabalham tão dedicadamente como seus maridos, e que são reconhecidas por Deus como necessárias à obra do ministério. O plano de pagar os obreiros homens,


OE - Pag. 453  

e não pagar a suas esposas, as quais partilham de seus esforços, não é segundo o mandamento de Deus, e, caso seja seguido em nossas associações, é capaz de desanimar a nossas irmãs de se habilitarem para a obra em que se devem empenhar. Deus é um Deus de justiça, e se os pastores recebem pagamento por seu trabalho, as esposas, que se consagram à obra com igual desprendimento, devem ser pagas além do salário que os maridos recebem, mesmo que elas não o solicitem.

Os adventistas do sétimo dia não devem, de forma alguma, amesquinhar a obra da mulher. Se esta entrega seu serviço doméstico nas mãos de uma auxiliar fiel e prudente, e deixa seus filhos em boa guarda ao passo que ela se ocupa na obra, a associação deve ter a sabedoria de compreender a justiça de remunerá-la.

O Senhor tem uma obra para as mulheres, da mesma maneira que para os homens. Elas podem efetuar uma boa obra para Deus, caso aprendam primeiro na escola de Cristo a preciosa e todo importante lição da mansidão. Importa que não somente usem o nome de Cristo mas que Lhe possuam o Espírito. Importa que andem como Ele andou purificando a alma de tudo quanto contamine. Então serão de benefício aos outros, apresentando-lhes a completa suficiência de Jesus. Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 404.

<< Capítulo Anterior Próximo Capítulo >>