Não devem ser animados a ir para o campo como pastores, homens que não dêem inequívocas provas de haverem sido chamados por Deus. O Senhor não confia o cuidado de Seu rebanho a indivíduos não habilitados. Os que Deus chama, devem ser homens de profunda experiência, experimentados e provados, homens de um são discernimento, homens que ousem reprovar o pecado num espírito de mansidão, e que compreendam a maneira de alimentar o rebanho. Deus conhece os corações e sabe a quem escolher. Testimonies, vol. 1, pág. 209.
Pouco se tem feito quanto a conhecer pastores; e por essa mesma razão as igrejas têm recebido os serviços de homens não convertidos, ineficientes, que têm acalentado o povo para adormecer, em lugar de o despertar para zelo e atividade maiores na causa de Deus. Há pastores que vêm ao culto de oração, e dizem sempre, sempre as mesmas velhas orações sem vida; pregam os mesmos discursos secos de semana a semana, de mês a mês. Não têm nada de novo e inspirador a apresentar a sua congregação, e isso é uma demonstração de que não são participantes da natureza divina. Cristo não está habitando no coração pela fé.
Os que professam guardar e ensinar a santa lei de Deus, e todavia estão continuamente a transgredi-la, são pedras de tropeço tanto aos pecadores como aos crentes na verdade. A maneira frouxa, negligente
em que eles consideram a lei de Jeová e o dom de Seu Filho, é um insulto a Deus. A única maneira por que podemos corrigir esse espalhado erro, é examinar atentamente todo aquele que se quer tornar um ensinador da Palavra. Aqueles sobre quem repousa essa responsabilidade, devem-se informar de sua história desde a época em que professou crer na verdade. Sua experiência cristã e seu conhecimento das Escrituras, a maneira por que observa a verdade presente, tudo deve ser compreendido. Ninguém deve ser aceito como obreiro na causa de Deus, enquanto não tornar manifesto que possui uma experiência real e viva nas coisas de Deus.
Aqueles que se acham a ponto de entrar para ensinar a verdade bíblica ao mundo, devem ser cuidadosamente examinados por pessoas fiéis e experientes. Depois de terem alguma experiência, há ainda outro trabalho a ser feito quanto a eles: devem ser apresentados ao Senhor em fervorosa oração, a fim de que Ele indique, por Seu Santo Espírito, se são aceitos aos Seus olhos. Diz o apóstolo: "A ninguém imponhas precipitadamente as mãos." I Tim. 5:22. Nos dias dos apóstolos, os ministros de Deus não ousavam confiar em seu próprio juízo quanto à escolha ou aceitação de homens para tomar a solene e sagrada posição de porta-voz de Deus. Eles escolhiam os homens segundo o seu juízo, e depois os punham perante o Senhor, a ver se Ele os aceitaria como representantes Seus. Nada menos do que isso se deve fazer agora.
Encontramos em muitos lugares homens que foram postos à pressa em cargos de responsabilidade como anciãos de igrejas, quando não se acham habilitados para ocupar tal posição.
Não têm o devido domínio de si mesmos. Não exercem boa influência. A igreja se acha continuamente em perturbação em conseqüência do caráter defeituoso dos dirigentes. As mãos foram muito precipitadamente impostas sobre esses homens.
Os ministros de Deus devem ser homens de boa reputação, capazes de dirigir com prudência o interesse por eles despertado. Achamo-nos em grande necessidade de homens competentes, que tragam honra e não ignomínia à causa que representam.
Os pastores devem ser examinados especialmente a ver se possuem uma clara compreensão da verdade para este tempo, de modo a poderem apresentar um bem organizado discurso sobre as profecias ou sobre assuntos práticos. Se eles não podem apresentar com clareza assuntos bíblicos, precisam ouvir e aprender ainda. A fim de serem mestres da verdade bíblica, devem examinar as Escrituras com zelo e oração, familiarizando-se com elas. Tudo isso deve ser considerado cuidadosamente e com oração, antes de se mandarem homens para o campo de trabalho. Testimonies, vol. 4, págs. 406 e 407.
Em Timóteo, Paulo viu alguém que apreciava a santidade da obra de um ministro; que não se atemorizava ante a perspectiva de sofrimento e perseguição; que estava pronto a ser ensinado. Todavia o apóstolo não se arriscou a tomar a responsabilidade de exercitar Timóteo, jovem não provado, para o ministério evangélico, sem primeiro certificar-se plenamente quanto a seu caráter e vida passada.
O pai de Timóteo era grego, e sua mãe judia. Desde criança ele conhecia as Escrituras. A piedade que ele presenciara em sua vida doméstica era sã e sensata. A confiança de sua mãe e de sua avó nos sagrados oráculos, lembravam-lhe continuamente as bênçãos que há em fazer a vontade de Deus. A Palavra de Deus era a regra pela qual essas duas piedosas mulheres haviam guiado Timóteo. O poder espiritual das lições que delas recebera conservou-o puro na linguagem, e não contaminado pelas más influências de que se achava rodeado. Assim a instrução recebida através do lar havia cooperado com Deus em prepará-lo para assumir responsabilidades.
Paulo viu que Timóteo era fiel, firme e leal, e escolheu-o como companheiro de trabalho e de viagem. Os que haviam ensinado Timóteo na infância foram recompensados com vê-lo, ao filho de seu cuidado, ligado em íntima associação com o grande apóstolo. ...
Paulo amava a Timóteo, seu "verdadeiro filho na fé". I Tim. 1:2. O grande apóstolo muitas vezes puxava pelo discípulo mais jovem, interrogando-o acerca da história bíblica; e enquanto viajavam de um lugar para outro, ensinava-lhe cuidadosamente a maneira de trabalhar com êxito. Tanto Paulo como Silas, em todas as suas relações com Timóteo, procuravam aprofundar a impressão que já se fizera em seu espírito quanto à natureza sagrada e séria da obra do ministro evangélico. Atos dos Apóstolos, págs. 203 e 204.
Em sua obra, Timóteo buscava de Paulo constantemente conselho e instrução. Não agia por impulso, mas consideradamente e com calma reflexão, indagando a cada passo: É este o caminho do Senhor? Atos dos Apóstolos, pág. 205.