Obreiros Evangélicos

CAPÍTULO 64

Desenvolvimento e Serviço

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A vida cristã é mais importante do que muitos crêem. Não consiste somente em delicadeza, paciência, doçura e bondade. São essenciais estas graças; mas há também necessidade de coragem, força, energia e perseverança. O caminho que Cristo nos traça é estreito e exige abnegação. Para nele entrar, e passar pelas dificuldades e desânimos, requerem-se homens fortes.

Precisam-se homens de fibra, homens que não estejam à espera de ver seu caminho aplanado e removidos todos os obstáculos; homens que alentem com um zelo novo os desfalecidos esforços dos trabalhadores desanimados, e cujo coração esteja inflamado de amor cristão e cujas mãos sejam fortes para a obra do Senhor.

Alguns dos que se entregam ao serviço missionário são fracos, sem energia, sem entusiasmo e facilmente desanimados. Falta-lhes estímulo. Não possuem aqueles traços positivos de caráter que dão a força para realizar alguma coisa - o espírito e energia que iluminam o entusiasmo. Aqueles que desejam o sucesso devem ser corajosos e otimistas. Devem cultivar não só as virtudes passivas mas as ativas. Respondendo com doçura, para afastar a raiva, devem possuir a coragem de herói para resistir ao mal. Com o amor que tudo suporta, carecem de força de caráter para que sua influência exerça um poder positivo.

Algumas pessoas não têm firmeza de caráter. Seus planos e objetivos não têm forma definida, nem consistência. São de muito pouca utilidade prática no mundo. Esta fraqueza, indecisão e ineficácia deve ser vencida.


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Há no verdadeiro caráter cristão uma indomabilidade que não pode ser adaptada nem submetida por circunstâncias adversas. Devemos ter fibra moral, uma integridade que não ceda à lisonja, nem à corrupção, nem às ameaças.

Deus deseja que aproveitemos todas as oportunidades de assegurar uma preparação para sua obra. Espera que lhe submetamos todas as nossas energias, e conservemos o coração atento à Sua santidade e responsabilidades terríveis.

Muitos dos que são classificados para fazer um trabalho excelente obtêm pouco porque pouco empreendem. Muitos atravessam a vida como se não tivessem nenhum grande objetivo, nenhum ideal a atingir. Uma das razões por que tal sucede é avaliarem-se abaixo de seu valor real. Cristo pagou um infinito preço por nós, e deseja que nos mantenhamos à altura do preço que Lhe custamos.

Não vos contenteis em atingir ideal baixo. Não somos o que poderíamos ser e o que Deus quer que sejamos. Deus nos concedeu faculdades de raciocínio, não para que fiquem inativas ou sejam pervertidas por ocupações terrenas e sórdidas, mas para que sejam desenvolvidas ao máximo, refinadas, santificadas, enobrecidas e empregadas no avanço dos interesses de Seu reino. ...

Lembrai-vos de que em qualquer posição em que servirdes estais revelando motivos, desenvolvendo o caráter. Seja qual for vosso trabalho, fazei-o com exatidão, com diligência; vencei a inclinação de procurar uma ocupação fácil.

O mesmo espírito e princípios que animam o trabalho de cada dia, manifestar-se-ão através de toda a vida. Os que desejam apenas uma quantidade determinada de trabalho e um salário fixo, e que


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procuram encontrar uma atividade exatamente adaptada às suas aptidões, sem a necessidade de se preocupar em adquirir novos conhecimentos e em aperfeiçoar-se, não são os que Deus chama a trabalhar em Sua causa. Os que procuram dar o menos possível de suas forças físicas, espirituais e morais não são os trabalhadores sobre quem derramará abundantes bênçãos. Seu exemplo é contagioso. O interesse próprio é seu móvel supremo. Os que necessitam ser vigiados e trabalham apenas quando cada dever lhes é especificado não pertencem ao número dos que serão chamados bons e fiéis. Precisam-se obreiros que manifestem energia, integridade, diligência, e que estejam prontos a colaborar no que seja necessário que façam.

Muitos se tornam inúteis fugindo a responsabilidades com receio de insucesso. Deixam assim de adquirir a educação que provém das lições da experiência, e que a leitura ou estudo e quaisquer outras vantagens ganhas não lhes podem dar.

O homem pode moldar as circunstâncias, mas não deve permitir que as circunstâncias o moldem a ele. Devemos aproveitá-las como instrumentos de trabalho; sujeitá-las, mas não deixar que elas nos sujeitem.

Os homens de energia são aqueles que sofreram oposição, escárnio e obstáculos. Pondo suas energias em ação, os obstáculos que encontram constituem para eles positivas bênçãos. Ganham confiança em si mesmos. Os conflitos e perplexidades provocam o exercício da confiança em Deus, e aquela firmeza que desenvolve a força.

O Motivo no Serviço

Cristo não fez um serviço limitado. Não mediu o trabalho por horas. Seu tempo, coração, alma e força foram dados ao trabalho para o bem da humanidade. Os dias, passava-os em trabalho fatigante;


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longas noites, transcorria-as prostrado em oração, pedindo graça e paciência para poder fazer um trabalho mais amplo. Com fortes gemidos e lágrimas dirigia Suas petições ao Céu, para que fosse fortalecida a Sua natureza humana, a fim de poder estar preparado para lutar contra o inimigo e fortalecido para cumprir a missão de melhorar a humanidade. Cristo disse aos Seus obreiros: "Dei o exemplo, para que, como Eu vos fiz, façais vós também." João 13:15.

"O amor de Cristo nos constrange", dizia Paulo. II Cor. 5:14. Tal era a norma que dirigia a sua conduta. Se alguma vez seu ardor no caminho do dever enfraquecia por momentos, um olhar para a cruz lhe fazia cingir de novo os rins do entendimento e o impelia no caminho da abnegação. Nos trabalhos pelos irmãos, contava com a manifestação de infinito amor do sacrifício de Cristo, com o seu poder de subjugar e convencer os corações.

Quão vibrante e tocante é o apelo: "Já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós Se fez pobre, para que, pela Sua pobreza, enriquecêsseis." II Cor. 8:9. Sabeis a altura de que Ele desceu, a profundeza de humilhação a que Se sujeitou; Seus pés palmilharam a senda do sacrifício, e não se apartaram dela até que deu Sua vida. Para Ele não houve descanso entre o trono do Céu e a cruz. Seu amor pelo homem levou-O a aceitar todas as indignidades e a suportar todos os abusos.

Paulo admoesta-nos: "Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros." Filip. 2:4. Pede-nos que possuamos o "sentimento


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que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-Se a Si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-Se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-Se a Si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz." Filip. 2:5-8.

Todo o que aceita a Cristo como seu Salvador pessoal ansiará pelo privilégio de servir a Deus. Contemplando o que o Céu fez por ele, seu coração enche-se de amor sem limites e de rendida gratidão. Está ansioso por manifestar seu reconhecimento, consagrando suas faculdades ao serviço de Deus. Suspira por mostrar amor a Cristo e aos Seus remidos. Ambiciona trabalhos, dificuldades, sacrifícios.

O verdadeiro obreiro na causa de Deus fará o melhor, pois que assim fazendo pode glorificar seu Mestre. Procederá retamente a fim de respeitar as reivindicações de Deus. Esforçar-se-á por melhorar todas as suas faculdades. Cumprirá cada dever com os olhos em Deus. Seu único desejo será que Cristo possa receber homenagem e perfeito serviço.

Há um quadro representando um boi parado entre um arado e um altar, com a seguinte inscrição: "Pronto para um ou para outro", pronto para o trabalho do campo ou para ser oferecido sobre o altar do sacrifício. Tal é a posição do verdadeiro filho de Deus - pronto para ir aonde o dever o chama, negar-se a si mesmo, sacrificar-se pela causa do Redentor. A Ciência do Bom Viver, págs. 497-502.

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