Obreiros Evangélicos

CAPÍTULO 99

As Regiões Distantes

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A Igreja de Cristo foi organizada com fins missionários. A obra missionária cristã fornece à igreja um firme fundamento, o qual tem este selo: "O Senhor conhece os que são Seus." II Tim. 2:19. Por ela os membros são possuídos de zelo para renunciar-se a si mesmos, desenvolver abnegados esforços para enviar a verdade às regiões distantes. Isso tem uma salutar influência sobre os incrédulos; pois ao trabalharem os obreiros sob o conselho divino, os mundanos são levados a ver a grandeza dos recursos que Deus tem preparado para aqueles que O servem. Achamo-nos sob a mais solene obrigação de proporcionar nas missões cristãs um exemplo dos princípios do reino de Deus. A igreja tem de trabalhar ativamente, como um corpo organizado, para dilatar a influência da cruz de Cristo.

Deus está chamando homens dispostos a deixar tudo para se tornarem missionários Seus. E o chamado será atendido. Em todas as épocas, desde o advento de Cristo, a comissão evangélica tem compelido homens e mulheres a ir aos confins da Terra para levar as boas novas de salvação aos que se acham em trevas. Comovidos pelo amor de Cristo e a necessidade dos perdidos, os homens têm deixado os confortos da pátria e a sociedade dos amigos, mesmo de esposa e filhos, para ir a terras estrangeiras, em meio a idólatras e selvagens, a proclamar a mensagem de misericórdia. Muitos têm perdido a vida na tentativa, mas muitos têm sido suscitados para levar avante a obra. Assim tem progredido, passo a passo, a causa de Cristo, e a semente semeada em tristeza tem produzido uma abundante colheita.


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Dilatou-se o conhecimento de Deus, e a bandeira da cruz foi firmada em terras pagãs.

Nada há mais precioso aos olhos de Deus do que Seus ministros, que vão aos lugares assolados da Terra para semear a verdade, aguardando a ceifa. Ninguém, senão Cristo, pode apreciar a solicitude de Seus servos, ao buscarem os perdidos. Ele lhes comunica Seu Espírito e, por seus esforços, almas são levadas a desviarem-se do pecado para a justiça.

O ministro deve empenhar ao máximo as suas faculdades, para a conversão de um pecador que seja. A alma criada por Deus e redimida por Cristo é de grande valor, em virtude das possibilidades que tem diante de si, das vantagens espirituais que lhe foram asseguradas, das aptidões que ela pode possuir, se vitalizada pela Palavra de Deus, e da imortalidade que pode alcançar mediante a esperança apresentada no evangelho. E se Cristo deixou as noventa e nove a fim de procurar e salvar uma ovelha perdida, podemos nós ser justificados de fazer menos que isso? Não é a negligência de trabalhar como Cristo fez, de sacrificar-se como Ele Se sacrificou, uma traição à sagrada verdade?

Sinto intensamente as necessidades dos países estrangeiros, segundo me têm sido apresentadas. Em todas as partes do mundo estão anjos de Deus abrindo portas até há pouco cerradas à mensagem da verdade. Da Índia, da África, da China e muitos outros lugares, ouve-se o grito: "Passa e ajuda-nos."

Mostrar um espírito liberal, abnegado para com o êxito das missões estrangeiras, é um meio seguro de fazer avançar a obra missionária na pátria; pois a prosperidade da obra nacional depende grandemente, abaixo de Deus, da influência reflexa da obra evangélica feita nos países afastados. É trabalhando para prover às necessidades de outros, que pomos


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nossa alma em contato com a Fonte de todo o poder. O Senhor tem observado todos os aspectos do zelo missionário manifestado por Seu povo em favor dos campos estrangeiros. É Seu desígnio que, em todo lar, em toda igreja, e em todos os centros da obra, se manifeste um espírito de liberalidade no enviar auxílio aos campos estrangeiros, onde os obreiros estão lutando contra grandes desvantagens para comunicar a luz da verdade aos que se acham assentados em trevas.

Aquilo que é dado para iniciar a obra num campo, resulta em fortalecimento da mesma em outros lugares. Ao sentirem-se os obreiros desembaraçados de dificuldades financeiras, podem estender seus esforços; e à medida que o povo é trazido para a verdade e se estabelecem igrejas, haverá acréscimo de força, financeiramente. À medida que essas igrejas se tornam fortes, são capazes, não somente de levar avante a obra dentro de seus próprios limites, como de enviar auxílio a outros campos.

As Igrejas Nacionais Devem Ajudar

Os membros de nossas igrejas no campo nacional devem ter no coração a preocupação da obra nas regiões distantes. Um negociante americano, cristão sincero, observou em conversação com um companheiro de trabalho, que ele próprio trabalhava para Cristo vinte e quatro horas por dia. "Em todas as minhas relações comerciais", disse ele, "procuro representar meu Mestre. Em tendo oportunidade, busco atrair outros para Ele. Trabalho todo o dia para Cristo. E à noite, enquanto durmo, tenho um homem trabalhando para Ele na China."

Por que não haveriam de os membros de uma igreja, ou de várias pequenas igrejas, unir-se para manter um missionário em campos estrangeiros?


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Se eles forem abnegados, poderão fazê-lo. Meus irmãos e minhas irmãs, não quereis ajudar nesta grande obra? Rogo-vos que façais alguma coisa para Cristo, e o façais agora. Por meio do mestre que o vosso dinheiro mantiver num campo estrangeiro, podem-se salvar almas que brilhem como estrelas na coroa do Redentor. Embora seja pequena a vossa oferta, não hesiteis em trazê-la ao Senhor. Se for dada com um coração cheio de amor pelo Salvador, a mais pequenina oferta torna-se uma dádiva incalculável, a qual Deus aprova e abençoa.

Quando Jesus disse da viúva: "lançou mais do que todos" (Luc. 21:3), Suas palavras eram reais, não somente quanto aos motivos da doadora, como também aos resultados da oferta. As "duas pequenas moedas, que valiam cinco réis" (Mar. 12:42), têm levado ao tesouro de Deus uma soma de dinheiro muito maior do que as contribuições dos ricos judeus. Como uma corrente pequenina ao princípio, mas que se amplia e aprofunda à medida que corre para o oceano, a influência daquela pequena oferta se tem dilatado e tornado mais profunda com o fluir através dos séculos. O exemplo de abnegação dado pela viúva pobre tem agido e reagido sobre milhares de corações em todas as terras e em todos os séculos. Ele tem levado ao tesouro do Senhor dádivas de elevados e humildes, de ricos e pobres. Tem ajudado a manter missões, a estabelecer hospitais, a alimentar os famintos e a pregar o evangelho aos pobres. Multidões têm sido beneficiadas por seu ato de desprendimento. E da mesma maneira toda dádiva feita, todo ato praticado com um sincero desejo de que sirva para a glória de Deus. acha-se vinculado aos desígnios da Onipotência. Homem algum pode avaliar seus resultados para o bem.


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Métodos de Trabalho em Campos Estrangeiros

Logo que se entre em um novo campo, deve ter início o trabalho educativo, devendo-se dar a instrução mandamento sobre mandamento, regra sobre regra, um pouco aqui, um pouco ali. Não é o pregar o mais importante; é o trabalho feito de casa em casa, raciocinando sobre a Palavra, explicando-a. São os obreiros que seguem os métodos de Cristo, que hão de conquistar almas para sua recompensa. As mesmas verdades devem ser repetidas aqui e ali, dependendo o obreiro inteiramente de Deus. E que preciosas experiências obtém o mestre ao instruir os que se acham em trevas! Também ele é um aluno, e enquanto explica as Escrituras a outros, o Espírito Santo está operando em seu espírito e coração, dando-lhe o pão da vida para as almas famintas.

O obreiro em campos estrangeiros entrará em contato com todas as classes de pessoas e todas as variedades de espíritos, e verificará serem necessários diversos métodos de trabalho a fim de ir ao encontro das necessidades do povo. A consciência de sua própria ineficiência o impelirá para Deus e a Bíblia em busca de luz, força e conhecimento.

Nem sempre conseguimos os mesmos resultados mediante os mesmos métodos e modos. O missionário precisa usar de discernimento e raciocínio. A experiência indicará a maneira mais sábia a seguir segundo as circunstâncias do momento. Dá-se muitas vezes que os costumes e clima de um país dão lugar a certo estado de coisas que seriam intoleráveis em outra parte. É mister que se operem mudanças para melhor, mas convém não serem demasiado abruptas.

Não se permita que surjam discussões sobre ninharias. O espírito de amor e a graça de Cristo hão de unir coração a coração,


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caso os homens abram as janelas da alma em direção do Céu, cerrando-as para a Terra. Muitas dificuldades se conciliariam, e muita controvérsia que traz o bolor do tempo se aquietaria, se fossem empregados melhores métodos. O grande, elevado princípio: "Paz na Terra, boa vontade para com os homens" (Luc. 2:14) será muito mais bem praticado quando os que acreditam em Cristo forem na verdade coobreiros de Deus.

Auxílio do Céu

O obreiro em campo estrangeiro deve trazer no coração a paz e o amor que vêm do Céu; pois nisso se encontra sua única salvaguarda. Por entre perplexidades e provações, desânimos e sofrimentos, com a dedicação de um mártir e a coragem de um herói, ele se deve apoiar firmemente à Mão que nunca desampara, dizendo: "Não falharei, nem me desanimarei." Ele tem de ser um diligente estudante da Bíblia, e pôr-se muitas vezes em oração. Se, antes de falar com outros, buscar auxílio de cima, pode estar certo de que os anjos do Céu estarão com ele. Por vezes anelará a simpatia humana, mas poderá encontrar conforto e coragem em sua solicitude, por meio da comunhão com Deus. Anime-se ele com as palavras do Salvador: "Eis que Eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos." Mat. 28:20. Ele receberá desse divino Companheiro instruções quanto à ciência de salvar almas.

Necessitam-se no campo missionário energia e espírito de sacrifício. Deus pede homens que promovam os triunfos da cruz; homens que perseverem sob desânimos e privações; homens que possuam o zelo, a resolução e a fé indispensáveis no campo missionário. Mediante perseverante lida e uma firme


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confiança no Deus de Israel, homens resolutos e determinados realizarão maravilhas. Não há quase limites ao que se pode executar, caso os trabalhos feitos sejam regidos por um esclarecido raciocínio, e apoiados por um diligente esforço.

Regozijemo-nos por haver sido feita nos campos estrangeiros uma obra que mereça a aprovação de Deus. Ergamos a voz em louvor e ações de graças pelos resultados da obra lá fora. E nosso General, que não erra nunca, diz-nos ainda: Avançai; entrai em novo território; içai o estandarte em toda terra. "Levanta-te, resplandece, porque já vem a tua luz, e a glória do Senhor vai nascendo sobre ti." Isa. 60:1.

É chegado o tempo em que, por intermédio dos mensageiros de Deus, o rolo do livro se abrirá ao mundo. A verdade contida na primeira, segunda e terceira mensagens angélicas, tem de ir a toda nação, tribo, língua e povo; ela deve iluminar as trevas de todo continente, e estender-se às ilhas do mar. Não deve haver dilação nessa obra.

Nossa divisa deve ser: Para a frente, sempre para a frente! Anjos do Céu irão adiante de nós, a preparar-nos o caminho. Nosso cuidado pelas regiões distantes nunca poderá ser deposto enquanto a Terra inteira não for iluminada com a glória do Senhor.

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