Conselhos Professores, Pais e Estudantes

CAPÍTULO 80

Sociedades Literárias

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Surge muitas vezes a pergunta: São as sociedades literárias benéficas a nossa juventude? Para responder devidamente a esta pergunta, cumpre-nos considerar não somente o visado objetivo dessas sociedades, mas a influência que têm na verdade exercido, tal como o demonstra a experiência. O desenvolvimento do espírito é um dever que temos para com nós mesmos, com a sociedade e com Deus. Nunca, porém, devemos imaginar meios de cultivo para o intelecto às custas da moralidade e da espiritualidade. E é unicamente mediante o harmonioso desenvolvimento de ambas as partes - as faculdades mentais e morais - que se pode atingir a mais alta perfeição de cada uma. São esses os resultados conseguidos por meio de sociedades literárias segundo geralmente orientadas?

As sociedades literárias estão exercendo quase mundialmente uma influência contrária àquilo que o nome indica. Como são em geral dirigidas, tornam-se um dano à juventude; pois Satanás se introduz, para imprimir seu cunho às atividades. Tudo quanto torna o homem varonil, e feminil a mulher, é um reflexo do caráter de Cristo. Quanto menos temos de Cristo em tais sociedades, tanto menos possuiremos do elemento que eleva, refina e enobrece, que aí deve predominar. Quando os mundanos dirigem essas reuniões para satisfazer os próprios desejos, é excluído o espírito de Cristo. A mente é desviada das sérias reflexões, de Deus, do que é real e que tem substância, para o imaginário e superficial. Sociedades literárias... quem dera que o nome lhes exprimisse o verdadeiro caráter! Que é a palha em comparação com o trigo?

Os desígnios e objetivos que levam à formação de sociedades literárias podem ser bons; mas, a menos que essas organizações sejam regidas pela sabedoria vinda de Deus, tornar-se-ão um positivo mal.


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São geralmente admitidas pessoas irreligiosas e cujo coração e vida não são consagrados, sendo muitas vezes colocadas nos lugares de mais responsabilidade. Talvez se adotem regras e regulamentos julgados suficientes para manter à distância qualquer influência perniciosa; mas Satanás, astuto general, está em atividade para moldar a associação de maneira a lhe convir aos planos; e, a seu tempo, é muitas vezes bem-sucedido. O grande adversário encontra fácil acesso àqueles a quem tem dominado anteriormente, realizando por meio deles o seu fito. Vários entretenimentos são introduzidos para tornar interessantes as reuniões, e atrativas para os mundanos, e assim as atividades da chamada sociedade literária degeneram muitas vezes em desmoralizantes representações teatrais e tolices vulgares. Todas essas satisfazem a mente carnal, em inimizade contra Deus; não robustecem, porém, o intelecto, nem consolidam a moral.

A associação dos que temem a Deus, com os incrédulos nessas sociedades, não faz dos pecadores pessoas santas. Quando o povo de Deus se une voluntariamente com os mundanos e não consagrados, dando-lhes a preeminência, serão dEle afastados pela influência não santificada sob que se colocaram. Por um pouco de tempo nada haverá de seriamente objetável, porém as mentes que se não deixarem sujeitar ao domínio do Espírito de Deus, não se entregarão facilmente àquilo que se inspira na verdade ou justiça. Se houvessem tido até então qualquer gosto em coisas espirituais, haver-se-iam colocado nas fileiras de Jesus Cristo. As duas classes são dirigidas por dois diferentes senhores, estando em oposição no que respeita aos desígnios, às esperanças, aos gostos e desejos. Os seguidores de Cristo encontram prazer nos


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assuntos sóbrios, sensatos, enobrecedores; ao passo que os que não têm amor pelas coisas sagradas não acham prazer nessas reuniões, a menos que o superficial e imaginário constitua feição preeminente do programa. Pouco a pouco o elemento espiritual é excluído pelo irreligioso, e o esforço de harmonizar princípios antagônicos em sua natureza demonstra-se decidido fracasso.

Têm-se feito esforços no intuito de delinear um plano para o estabelecimento de uma sociedade literária, que se demonstre benéfica a todos os membros com ela relacionados - uma sociedade em que todos os membros sintam a responsabilidade moral de torná-la o que ela deve ser, e de evitar os males que tornam tantas vezes essas associações perigosas aos princípios religiosos. Pessoas discretas e de bom discernimento, que mantêm viva comunhão com o Céu, as quais, vendo as más tendências, e, não iludidas por Satanás, avançarão no caminho da integridade, erguendo continuamente a bandeira de Cristo - eis as pessoas necessárias à testa de tais sociedades. Tal influência imporá respeito, e tornará essas reuniões uma bênção em lugar de maldição.

Se homens e mulheres de idade madura se unissem aos jovens para organizar e dirigir uma sociedade literária, esta se poderia tornar tão útil quão interessante. Quando, porém, tais reuniões degeneram em ocasiões de brincadeira e ruidosas risadas, são tudo, menos literárias e próprias para elevar. Antes rebaixam tanto ao espírito como à moral.

A leitura da Bíblia, o exame crítico de seus temas, ensaios escritos sobre tópicos capazes de desenvolver a mente e comunicar conhecimento, o estudo das profecias ou das preciosas lições do Salvador - isso será de efeito revigorador sobre


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as faculdades mentais e aumentará a espiritualidade. A familiarização com as Escrituras aguça o discernimento, fortificando a alma contra os ataques de Satanás.

Poucos compreendem ser um dever exercer domínio sobre os pensamentos e imaginações. É difícil manter a mente indisciplinada fixa em assuntos proveitosos. Se, porém, os pensamentos não forem devidamente empregados, a religião não pode florescer na alma. O espírito deve preocupar-se com as coisas sagradas e eternas, ou, do contrário, há de nutrir pensamentos frívolos e superficiais. Tanto as faculdades intelectuais como as morais devem ser disciplinadas, e pelo exercício hão de se revigorar e aumentar.

A fim de entender direito esta questão, cumpre-nos lembrar que nosso coração é naturalmente depravado, e somos incapazes, por nós mesmos, de seguir uma reta direção. É unicamente pela graça de Deus, aliada ao mais fervoroso esforço de nossa parte, que nos é possível obter a vitória.

O intelecto, do mesmo modo que o coração, deve ser consagrado ao serviço de Deus. Ele tem direito a tudo quanto há em nós. Por inocente e louvável que lhe pareça, o seguidor de Cristo não deve condescender com qualquer satisfação, nem meter-se em qualquer empreendimento, que uma esclarecida consciência mostre que lhe viria enfraquecer o ardor e diminuir a espiritualidade. Todo cristão deve trabalhar para repelir a onda de mal, e salvar nossa juventude das influências que a arrastariam à ruína. Deus nos ajude a forçar nosso caminho contra a corrente.

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