Conselhos Professores, Pais e Estudantes

CAPÍTULO 45

O Estabelecimento de Retos Princípios na Juventude

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A educação compreende mais que conhecimentos de livros. A devida educação inclui, não somente a disciplina mental, mas aquele cultivo que garante a sã moral e o correto comportamento. ...

Centenas de jovens de várias disposições e educação diversa se associam na escola, e requer grande cuidado e muita paciência equilibrar no devido caminho espíritos torcidos por uma educação errônea. Alguns nunca foram disciplinados, outros sofreram demasiado as rédeas, sentindo, quando longe das mãos vigilantes que as ensinavam, apertando-as demais, talvez, que se achavam livres para fazer o que lhes aprouvesse. Desprezam até o pensamento da restrição. Esses vários elementos postos ao lado uns dos outros em nosso colégio, dão cuidado, preocupações, e pesada responsabilidade, não só para os professores, mas para a Igreja inteira.

As Tentações da Juventude

Os alunos de nosso colégio acham-se expostos a múltiplas tentações. Serão postos em contato com pessoas de quase toda espécie de espírito e moral. Os que possuem qualquer experiência religiosa são passíveis de censura se não tomam posição de resistência a toda má influência. Muitos, porém, preferem seguir a própria inclinação. Não consideram que podem construir ou destruir a própria felicidade. Está em suas mãos aproveitar por tal forma o


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tempo e as ocasiões, que desenvolvam caráter capaz de torná-los felizes e úteis. ...

O Dever dos Pais

São grandemente aumentados os perigos da juventude ao serem os jovens lançados na sociedade de grande número dos de sua idade, diferentes em caráter e hábitos de vida. Sob tais circunstâncias, muitos pais se inclinam mais a afrouxar do que a redobrar seus esforços para guardar e reger os filhos. Lançam assim tremenda carga sobre os que sentem a responsabilidade. Ao verem esses pais que os filhos estão ficando desmoralizados, dispõem-se a lançar a culpa sobre os que estão à testa da obra, quando os males foram causados por sua própria falta de orientação.

Em vez de se unirem aos que levam a carga, para erguer as normas morais e, trabalhando de alma e coração no temor de Deus, corrigirem o mal nos próprios filhos, muitos pais tranqüilizam a consciência dizendo: "Meus filhos não são piores do que outros." Procuram esconder os manifestos malfeitos que Deus aborrece, para que os filhos não se ofendam e tomem qualquer desesperada atitude. Se o espírito de rebelião lhes está no interior, muito melhor é subjugá-lo agora, do que permitir que ele cresça e fortaleça pela condescendência. Se os pais cumprissem seu dever, veríamos diferente estado de coisas. Muitos desses pais se desviaram de Deus. Não têm Sua sabedoria para perceber as artimanhas de Satanás e resistir-lhe aos ardis. ...

Todo filho e filha deve ser chamado a contas quando se acha ausente de casa à noite. Os pais devem saber em que


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companhia andam os filhos, e em que casa passam eles os serões. Alguns filhos enganam os pais com mentiras a fim de ocultar seu rumo errado. Uns há que buscam a sociedade de companheiros corrompidos, visitando às ocultas tabernas e outros lugares proibidos de ajuntamento na cidade. Alunos freqüentam as salas de bilhar, e metem-se em jogo de cartas, lisonjeando-se de que não há perigo. Uma vez que seu objetivo é meramente divertir-se, sentem-se em perfeita segurança. Não são apenas os de classe mais baixa que fazem isso. Alguns cuidadosamente criados e educados a olharem essas coisas com aversão, estão-se arriscando a penetrar no terreno proibido.

Os jovens devem ser regidos por princípios firmes, a fim de poderem desenvolver devidamente as faculdades com que Deus os dotou. Mas seguem tanto e tão cegamente aos impulsos, sem consideração para com o princípio, que se acham constantemente em perigo. Uma vez que lhes não é dado ter sempre a guia e proteção dos pais e tutores, precisam ser exercitados na dependência de si mesmos, e no domínio próprio. Devem ser ensinados a pensar e agir por um consciencioso princípio.

Descanso e Recreação

Os que se acham empenhados em estudo, devem ter folga. A mente não deve estar continuamente submetida a uma intensa atividade, pois o delicado maquinismo mental vem a gastar-se. O corpo, da mesma maneira que a mente, precisa de exercício. Mas é necessário haver grande temperança nas diversões, bem como em qualquer outra ocupação. E o caráter desses entretenimentos deve ser cuidadosa e cabalmente considerado.


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Todo jovem deve perguntar-se a si mesmo: Que efeito terão essas diversões na saúde física, mental e moral? Ficará meu espírito tão absorvido que me esqueça de Deus? Deixarei de ter em mente a Sua glória?

O jogo de cartas deve ser proibido. São perigosas as companhias e as tendências. ... Não há, nessas distrações, coisa alguma que beneficie o espírito ou o corpo. Nada que fortaleça o intelecto, nada que aí entesoure valiosas idéias para uso futuro. A conversação é freqüentemente sobre assuntos triviais e degradantes. ...

A esperteza no manuseio das cartas induz muitas vezes ao desejo de empregar este conhecimento e tato para algum fim de proveito pessoal. Põe-se em jogo uma pequenina quantia, depois outra maior, até que se adquire uma sede de jogar que leva certamente à ruína. A quantos têm essa perniciosa distração conduzido a todo ato pecaminoso, à pobreza, à prisão, ao assassínio e à forca! Todavia, muitos pais não vêem o terrível abismo de ruína escancarado para os nossos jovens.

Entre os mais perigosos lugares de diversões, acha-se o teatro. Em vez de ser uma escola de moralidade e virtude, como muitas vezes se pretende, é um verdadeiro foco de imoralidade. Hábitos viciosos e propensões pecaminosas são fortalecidos e confirmados por esses entretenimentos. Canções baixas, gestos, expressões e atitudes licenciosos depravam a imaginação e rebaixam a moralidade. Todo jovem que costuma assistir a essas exibições se corromperá em seus princípios. Não há em nosso país influência mais poderosa para envenenar a imaginação, destruir as impressões religiosas e tirar o gosto pelos prazeres tranqüilos e as realidades sóbrias da vida, do que as diversões teatrais.


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O amor a essas cenas aumenta a cada condescendência, assim como o desejo das bebidas intoxicantes se fortalece com seu uso. O único caminho seguro é abster-nos de ir ao teatro, ao circo e a qualquer outro lugar de diversão duvidosa.

Há maneiras de recrear-se que são benéficas para a mente e o corpo. Um espírito iluminado e esclarecido achará, em fontes inocentes e instrutivas meios abundantes de entretenimento e distração. A recreação ao ar livre e a contemplação das obras de Deus na Natureza serão do mais alto benefício. Testimonies, vol. 4, págs. 648-653.

Não se podem tornar os jovens tão quietos e sérios como as pessoas de idade; a criança tão sóbria como o pai. Conquanto as diversões pecaminosas sejam condenadas, como devem ser, provejam os pais, os professores ou pessoas delas encarregadas, no lugar das mesmas, prazeres inocentes, que não mancham nem corrompem a moral. Não reprimam os jovens a rígidas exigências e restrições que os induzam a sentir-se oprimidos, e a infringi-las, precipitando-se em caminhos de loucura e destruição. Com mão firme, bondosa e considerada, mantende as rédeas do governo, guiando e regendo-lhes o espírito e desígnios, não obstante com tanta brandura, tanta sabedoria e amor que eles reconheçam ainda terdes em vista seu máximo bem.

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