Conselhos Professores, Pais e Estudantes

Cooperação Entre o Lar e a Escola

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É na escola do lar que nossos meninos e meninas se preparam para freqüentar a escola da igreja. Os pais devem ter isso constantemente em vista e, como professores no lar, consagrar a Deus todas as faculdades de seu ser, para que possam cumprir sua elevada e santa missão. A instrução diligente e fiel no lar, é o melhor preparo que as crianças podem receber para a escola da vida. Os pais sábios auxiliarão seus filhos a compreender que na escola da vida, como no lar, devem esforçar-se por agradar a Deus, a fim de Lhe serem uma honra.

Para que protejam seus filhos das influências corruptoras, devem os pais instruí-los nos princípios da pureza. As crianças que no lar formam hábitos de obediência e domínio próprio terão pouca dificuldade na vida escolar, e escaparão de muitas tentações que assediam os jovens. Devem os pais ensinar seus filhos a serem fiéis a Deus sob todas as circunstâncias e em todos os lugares, cercando-os de influências que tendam a fortalecer o caráter. Com tal disciplina, as crianças, quando mandadas à escola, não serão causa de perturbação ou ansiedade. Serão um apoio aos professores, e exemplo e animação aos colegas.

O que o Professor Deve Ser

Na escolha de um professor para as crianças deve-se exercer grande cuidado. Professores de escolas de igreja devem ser


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homens e mulheres que tenham uma humilde apreciação de si mesmos e que não estejam cheios de vã opinião a respeito de si próprios. Devem ser fiéis obreiros, possuídos do verdadeiro espírito missionário, obreiros que tenham aprendido a depositar em Deus sua confiança e a trabalhar em Seu nome. Devem possuir os atributos do caráter de Cristo - paciência, bondade, misericórdia e amor; e devem introduzir na experiência diária a justiça e paz do Salvador. Então, exercendo no trabalho uma influência que é qual perfume, darão prova do que a graça pode fazer mediante agentes humanos que confiam em Deus.

Que cada escola estabelecida pela igreja seja regida com tal ordem que Cristo possa honrar a sala de aulas com Sua presença. O Mestre não aceitará nenhum serviço mesquinho e inferior. Sejam aprendizes os professores, aplicando toda a sua mente à tarefa de aprender como efetuar um serviço eficiente. Devem sempre ter paixão pelas almas - não que eles mesmos possam salvar almas, mas sim porque, como a mão auxiliadora de Deus, têm o privilégio de ganhar para Cristo seus discípulos.

Professores, não haja insensatez em vossas conversações. Nas escolas cuja regência empreendeis, ponde um exemplo conveniente perante as crianças, apresentando-as cada manhã a Deus em oração. Então buscai a cada hora força da parte dEle, e crede que Ele vos está auxiliando. Fazendo isso, ganhareis a afeição das crianças. Não é tão árduo trabalho dirigir as crianças, graças a Deus. Temos um Auxiliador, que é infinitamente mais forte do que nós. Oh! sinto-me tão grata de que não temos de depender de nós mesmos, mas da força do alto!


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Se vossa vida está escondida com Cristo em Deus, um Auxiliador divino estará ao vosso lado, e sereis um com o Salvador, e um com aqueles a quem estais ensinando. Nunca exalteis o eu; exaltai a Cristo, glorificai-O; honrai-O perante o mundo. Dizei: Acho-me sob a bandeira manchada de sangue do Príncipe Emanuel. Estou inteiramente do lado do Senhor. Mostrai simpatia e ternura no trato com vossos discípulos. Revelai o amor de Deus. Sejam bondosas e animadoras as palavras que falais. Então, à medida que trabalhais em prol de vossos estudantes, que transformação se operará no caráter dos que não foram devidamente ensinados em casa! O Senhor pode fazer mesmo de jovens professores instrumentos pelos quais revele Sua graça, se eles se Lhe consagrarem.

A Obediência Exigida

Deve o professor demonstrar em tudo o que faz o fiel respeito de si mesmo. Não consinta em si um temperamento precipitado. Não deve punir asperamente as crianças que estejam necessitadas de uma reforma. Deve compreender que o eu precisa ser conservado em sujeição. Nunca se esqueça de que acima dele há um Mestre divino, de quem é discípulo, e sob cuja direção deve sempre achar-se. Humilhando o professor diante de Deus o coração, este abrandar-se-á e se fará submisso ante o pensamento de suas próprias deficiências. Compreenderá algo do sentido destas palavras: "A vós também, que noutro tempo éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora, contudo, vos reconciliou no corpo da Sua carne, pela morte, para, perante Ele, vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis." Col. 1:21 e 22.


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Algumas vezes há na escola um elemento desordeiro que torna o trabalho muito difícil. Crianças que não receberam uma educação devida perturbam muito, e por sua perversidade entristecem o coração do professor. Mas não fique ele desanimado. Provas e provações trazem experiências. Se as crianças são desobedientes e rebeldes, há tanto mais necessidade de esforço persistente. O fato de que há crianças com tal caráter é uma das razões por que se devem estabelecer escolas. As crianças que os pais negligenciaram educar e disciplinar devem ser salvas, sendo possível.

Tanto na escola como no lar, deve haver sábia disciplina. Deve o professor organizar regras para dirigir a conduta de seus alunos. Tais regras devem ser poucas e bem consideradas, e uma vez feitas, ponham-se em execução. Todo princípio nelas envolvido deve de tal maneira ser posto perante o estudante que ele se convença da justiça desse princípio. Assim sentirá a responsabilidade de fazer com que sejam obedecidas as regras que ele próprio auxiliou a organizar.

O Apoio dos Pais

Não se deve deixar o professor suportar sozinho o encargo de seu trabalho. Ele necessita da simpatia, da bondade, da cooperação e do amor de todo membro da igreja. Animem os pais o professor, mostrando que apreciam os seus esforços. Nunca devem dizer ou fazer algo que encoraje a insubordinação a seus filhos. Sei, entretanto, que muitos pais não cooperam com o professor. Não alimentam no lar a boa


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influência exercida na escola. Em vez de praticar no lar os princípios de obediência ensinados na escola, consentem que seus filhos façam conforme lhes apraz, que vão para aqui ou para acolá sem nenhuma restrição. E, se o professor exerce autoridade ao exigir obediência, as crianças levam aos pais um relato exagerado e falsificado quanto ao modo por que foram tratadas. Pode o professor ter feito apenas aquilo que era de seu doloroso dever efetuar; mas os pais simpatizam com seus filhos, mesmo que estes não tenham razão. E muitas vezes os mesmos pais que governam com ira, mostram-se os mais desarrazoados quando seus filhos são restringidos e disciplinados na escola.

Há membros de igreja que têm sido apressados em fazer más suposições e falar desdenhosamente do professor perante outros membros, e mesmo na presença das crianças. Alguns têm falado livre e amargamente com relação a um professor, sem compreender bem a dificuldade de que falam. Isto não deve ser assim. Aquele que julga ter o professor feito mal, deve seguir as instruções dadas na Palavra: "Se teu irmão pecar contra ti, vai e repreende-o entre ti e ele só." Mat. 18:15. Antes que isso tenha sido feito, ninguém é justificado quanto a falar aos outros acerca dos erros de um irmão.

Pais, quando o professor da escola de igreja procura instruir e disciplinar vossos filhos de tal maneira que possam alcançar a vida eterna, não critiqueis na presença deles suas ações, mesmo que penseis ser ele demasiadamente severo. Se desejais que vossos filhos dêem seu coração ao Salvador, cooperai com os esforços do professor para a salvação deles.


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Quanto melhor é às crianças, em vez de ouvirem críticas, escutarem dos lábios de sua mãe palavras de elogio com relação ao trabalho do professor! Tais palavras produzem duradouras impressões, e influem nas crianças para que respeitem o professor.

Não devemos preocupar-nos tanto com a conduta que outros estão seguindo, como no que respeita à nossa conduta. Se as crianças que freqüentam nossa escola não melhoram em suas maneiras, não censurem os pais indevidamente o professor. Pelo contrário, examinem minuciosamente a si mesmos para ver se são instrutores que Deus possa aprovar. Em muitos casos, as crianças são grandemente negligenciadas no lar, e são mais desordenadas ali do que na escola. Se as crianças que durante anos foram abandonadas a suas próprias inclinações e desejos, não são levadas pelos esforços do professor a viverem vida cristã, deverão os pais por causa disso fazer circular destruidoras críticas com relação ao professor?

O método divino de governo é um exemplo de como as crianças devem ser disciplinadas. Não há opressão no serviço do Senhor, e não deve haver opressão no lar nem na escola. Contudo, pais e professores não devem permitir que o desrespeito a sua palavra fique sem nenhuma observação. Se negligenciarem a correção a seus filhos por fazerem estes o mal, Deus os responsabilizará por sua negligência. Sejam, porém, eles sóbrios em censurar. Que a bondade seja a lei do lar e da escola. Ensinem-se as crianças a observar a lei do Senhor, e restrinja-as do mal uma disciplina firme e amorável.

Lembrem-se os pais de que muito mais se realizará


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pela obra da escola de igreja, se eles próprios se compenetrarem das vantagens que seus filhos obterão em tal escola, e unirem-se de todo o coração ao professor. Pela oração, paciência e compaixão, podem os pais desfazer muitos dos males causados pela impaciência e imprudente condescendência. Empreendam pais e professores a obra juntamente, lembrando-se os primeiros de que serão auxiliados pela presença em seu meio de um professor ardoroso e temente a Deus.

Pais, fazei todo o esforço ao vosso alcance a fim de colocar vossos filhos na situação mais favorável para formarem o caráter que Deus deseja eles formem. Fazei uso de todo tendão e músculo espiritual no esforço de salvar vosso pequeno rebanho. As potestades do inferno se unirão para a sua destruição, mas Deus vos levantará um estandarte contra o inimigo. Orai muito mais do que o fazeis. Amável e ternamente, ensinai vossos filhos a ir a Deus como a seu Pai celestial. Pelo vosso exemplo ensinai-lhes a ter domínio próprio e a ser prestativos. Ensinai-lhes que Cristo não viveu para comprazer-Se a Si mesmo.

Recolhei os raios de luz divina que estão a resplandecer em vosso caminho. Andai na luz assim como Cristo está na luz. Ao lançardes mão da obra de auxiliar vossos filhos a servir a Deus, sobrevirão as provações mais irritantes; mas não percais vosso apoio; apegai-vos a Jesus. Ele diz: "Que se apodere da Minha força, e faça paz comigo; sim, que faça paz comigo." Isa. 27:5. Surgirão dificuldades e obstáculos; mas olhai constantemente a Jesus. Quando se apresentar uma emergência difícil, perguntai: Senhor, que farei? Se não vos derdes a acabrunhamentos e reprimendas, o Senhor vos mostrará o caminho. Ele vos ajudará a usar o talento


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da fala de maneira tão cristã que a paz e o amor reinarão no lar. Seguindo um procedimento coerente podeis ser evangelistas no lar, ministros da graça a vossos filhos.

Compreensão e Simpatia

O trabalho escolar um lugar em que foi estabelecida uma escola de igreja nunca deve ser abandonado a menos que Deus claramente mostre que isso deve ser feito. Influências adversas podem parecer conspirar contra a escola, mas com o auxílio de Deus pode o professor fazer uma obra grandiosa, salvadora, modificando o estado de coisas. Se ele trabalha paciente, fervorosa e perseverantemente, segundo as normas de Cristo, a obra de reforma feita na escola pode estender-se aos lares das crianças, levando-lhes uma atmosfera mais pura e celestial. Isso é na verdade trabalho missionário da mais elevada ordem.

Se os pais desempenharem fielmente sua parte, a obra do professor será grandemente aliviada. Aumentarão sua esperança e ânimo. Os pais cujo coração está cheio do amor de Cristo se negarão a criticar, e tudo farão ao seu alcance para animar e ajudar aquele que escolheram como professor de seus filhos. Estarão dispostos a crer que ele é precisamente tão consciencioso no trabalho dele como eles no seu.

Os professores no lar e os professores na escola devem ter entre si uma compreensão cheia de simpatia para com o trabalho mútuo. Devem trabalhar juntos, com harmonia, movidos do mesmo espírito missionário. Juntos devem se esforçar por beneficiar as crianças, física, mental e espiritualmente, e para desenvolverem caráter que resista à prova da tentação.

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