Conselhos Professores, Pais e Estudantes

CAPÍTULO 66

Chamado Para Missionários Médicos-Evangelistas

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XIII. Estudos Médicos

"Não... para ser servido, mas para servir." Mat. 20:28.

Chamado Para Missionários Médicos-Evangelistas

Quando Jesus enviou os doze na primeira missão de misericórdia, comissionou-os "a pregar o reino de Deus e a curar os enfermos". Luc. 9:2. "E, indo", disse Ele, "pregai, dizendo: É chegado o reino dos Céus. Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai." Mat. 10:7 e 8. "E, saindo eles, percorreram todas as aldeias, anunciando o evangelho e fazendo curas por toda a parte" (Luc. 9:6), e as bênçãos do Céu acompanharam seus trabalhos. O cumprimento da comissão do Salvador pelos discípulos tornou sua mensagem o poder de Deus para salvação, e por meio dos esforços deles muitos foram levados ao conhecimento do Messias.

Os setenta enviados pouco depois foram também comissionados a curar os enfermos (Luc. 10:9) assim como a anunciar a vinda do prometido Redentor. Em sua obra de ensino e cura, os discípulos seguiram o exemplo do Mestre dos mestres, que atendia tanto à alma como ao corpo. O evangelho que Ele ensinava era uma mensagem de vida espiritual e de restauração física. O libertamento do pecado e a cura das enfermidades achavam-se ligados.


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E ao fim de Seu ministério terrestre, quando encarregou os discípulos da solene missão de irem "por todo o mundo", e pregarem "o evangelho a toda criatura" (Mar. 16:15), Ele declarou que Seu ministério seria confirmado por meio da restauração dos doentes. "Imporão as mãos sobre os enfermos", disse Ele, "e os curarão." Mar. 16:18. Curando em Seu nome as doenças do corpo, testificariam de Seu poder quanto à cura da alma.

A comissão do Salvador aos discípulos inclui todos os crentes, até ao fim dos tempos. Todos quantos foram alcançados pela celeste inspiração ficam como depositários do evangelho. Todos quantos recebem a vida de Cristo recebem a ordem de trabalhar pela salvação de seus semelhantes. Para essa obra, foi a Igreja estabelecida, e todos os que fazem perante ela os sagrados votos comprometem-se assim a ser coobreiros de Cristo.

"Imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão." Este mundo é um imenso hospital, mas Cristo veio para curar os doentes, proclamar liberdade aos cativos de Satanás. Ele era, em Si mesmo, saúde e força. Comunicava a própria vida ao enfermo, ao aflito e aos possessos de demônios. Sabia que muitos daqueles que Lhe pediam auxílio haviam trazido sobre si mesmos a enfermidade; todavia não Se recusava a curá-los. E quando a virtude de Cristo penetrava nessas pobres almas, sentiam a convicção do pecado, e muitos eram curados das doenças espirituais do mesmo modo que das enfermidades físicas.

A muitos dos sofredores que eram curados, Cristo dizia: "Não peques mais, para que te não suceda alguma coisa pior." João 5:14. Assim ensinou que a doença é o resultado da


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violação das leis de Deus, tanto as naturais como as espirituais. Não haveria a grande miséria que existe no mundo, caso houvessem os homens, desde o princípio, vivido em harmonia com o plano do Criador. Há condições a serem observadas por todos quantos quiserem conservar a saúde. Todos devem aprender quais são essas condições. Deus não Se agrada com a ignorância quanto a Suas leis, sejam elas naturais, sejam espirituais. Temos de ser coobreiros de Deus para a restauração da saúde física, assim como da espiritual.

E cumpre-nos ensinar os outros a conservar e recuperar a saúde. Devemos empregar para os doentes os remédios providos por Deus através da Natureza, encaminhando-os ao mesmo tempo Àquele que, unicamente, pode restaurar. É nossa tarefa apresentar o doente e sofredor a Cristo nos braços de nossa fé. Devemos ensinar-lhes a crer no grande Médico. Lançar mão de Sua promessa, e orar pela manifestação de Seu poder. A própria essência do evangelho é restauração, e o Salvador quer que induzamos o enfermo, o desamparado e o aflito a se apoderarem de Sua força.

Jamais a necessidade do mundo quanto ao ensino e à cura foi maior do que o é em nossos dias. A Terra está cheia de entes humanos que carecem de nosso auxílio - fracos, desamparados, ignorantes e degradados. A contínua transgressão do homem por quase seis mil anos, tem trazido doença, dor e morte como resultado. Há multidões a perecer por falta de conhecimento.

Ao contemplarem os ministros de Deus os horríveis resultados do pecado longamente prosseguido, o seu coração é tocado pela miséria do mundo, e esforçam-se por trabalhar como trabalharam o Obreiro-mestre e Seus discípulos.


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Ligados ao divino Médico, saem no poder de Sua força, para ensinar e para curar. Compreendem que o evangelho é o único antídoto para o pecado, e que, como testemunhas de Cristo, devem testificar de Seu poder. Ao encaminharem os aflitos ao Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, Sua graça, transformadora e poder miraculoso estão fazendo muitos aceitarem a mensagem da verdade que lhes é apresentada. Seu poder de curar, aliado à mensagem evangélica, vai produzindo êxito em emergências. O Espírito Santo está operando nos corações, e a salvação de Deus está sendo revelada.

As necessidades do mundo atualmente não podem, no entanto, ser plenamente satisfeitas pelo ministério dos servos de Deus, chamados a pregar o evangelho eterno a toda criatura. Conquanto seja bom, o quanto possível, que os obreiros evangélicos aprendam a ministrar às necessidades físicas bem como às espirituais. Seguindo assim o exemplo de Cristo, não podem, todavia, gastar todo o tempo e força em aliviar os que necessitam de auxílio. O Senhor ordenou que, juntamente com os que pregam a Palavra, cooperem Seus obreiros médico-missionários - médicos cristãos e enfermeiras, que tenham recebido preparo especial quanto a curar as doenças e ganhar as almas.

Os médicos missionários e os obreiros no ministério evangélico devem estar ligados por laços indissolúveis. Sua obra deve ser realizada com vida e poder. Mediante os esforços conjugados de ambas as partes, deve o mundo ser preparado para o segundo advento de Cristo. Por meio de seu unido labor, deve nascer o Sol da Justiça, trazendo salvação debaixo das Suas asas, a fim de iluminar as entenebrecidas regiões da


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Terra, onde o povo tem há muito vivido em densa escuridão. Muitos dos que ora estão nas sombras do pecado e da morte, ao verem nos fiéis servos de Deus um reflexo da Luz do mundo, hão de compreender que lhes é dada uma esperança de salvação, abrem o coração aos salutares raios, tornando-se por sua vez portadores de luz para outros ainda em trevas.

Tão grandes são as necessidades do mundo, que nem todos quantos são chamados a ser médicos missionários evangelistas se podem permitir gastar anos em preparo antes de efetuar real serviço no campo. Em breve se fecharão para sempre portas hoje abertas ao mensageiro evangélico. Deus chama a muitos que se acham preparados para prestar serviço aceitável a fim de levarem a mensagem agora, sem esperar por preparo posterior; pois enquanto alguns demoram, o inimigo poderá apoderar-se de campos agora abertos.

Fui instruída de que pequenos grupos possuidores de conveniente preparo nos ramos evangélico e médico-missionários deviam ir a realizar a obra designada por Cristo a Seus discípulos. Trabalhem eles como evangelistas, espalhando nossas publicações, falando da verdade aos que encontrarem, orando pelos doentes; e, caso necessário, tratando-os, não com drogas, mas com remédios naturais, compreendendo sempre sua dependência de Deus. Ao unirem-se na obra de ensinar e curar, colherão muitas almas.

E ao passo que Deus está a chamar rapazes e moças possuidores de algum conhecimento prático da arte de tratar os doentes, para trabalharem como médicos missionários evangélicos, em ligação com obreiros evangélicos experientes, chama também muitos recrutas para nossas escolas


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médico-missionárias a fim de obterem rápido e cabal preparo para o serviço. Alguns não precisam gastar tanto tempo nessas escolas como acontece com outros. Não está em harmonia com o desígnio de Deus que todos planejem passar a mesma extensão de tempo, sejam três, sejam quatro, ou cinco anos, em estudos, antes de empenhar-se em serviço ativo no campo. Alguns, depois de estudarem por algum tempo, podem se desenvolver mais rapidamente trabalhando em ramos práticos em vários lugares, sob a orientação de guias experientes, do que se permanecessem em uma instituição. À medida que progridem em conhecimento e habilidade, alguns desses acharão muito conveniente voltar a alguma das escolas de nossos hospitais a fim de obter mais preparo. Eles se tornarão assim eficientes médicos missionários, habilitados para enfrentar emergências.

Muito se pode aprender por meio de visitas aos hospitais. Nestes, não poucos de nossos consagrados jovens deveriam estar aprendendo a ser bem-sucedidos médicos missionários. A observação e a prática do que se aprendeu, habilitarão nossas jovens a se tornarem enfermeiras eficientes, com habilidade superior, aptas a ocupar a mais elevada posição. Todo médico, toda enfermeira, todo auxiliar que tem que ver com o serviço de Deus, deve almejar a perfeição. Nada menos que isso agradará Àquele que nos chamou para colaboradores Seus. E especialmente devem, os que estão se preparando para servir como médicos missionários Seus, desviar-se resolutamente de toda tentação de se satisfazerem com um conhecimento superficial de sua profissão. Busquem eles antes a perfeição. Muito exigente é a carreira médica, e seu preparo deve ser meticuloso e cabal.


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A causa de Deus estaria hoje muito mais avançada, houvéssemos nós, em anos anteriores, sido mais ativos no preparo de enfermeiros que, além de sua aquisição de habilidade acima do comum no cuidado dos doentes, houvessem aprendido também a trabalhar como evangelistas na conquista de almas.

Foi para o preparo de tais obreiros, bem como de médicos, que se estabeleceu a escola de Loma Linda. Nesta escola, devem-se habilitar muitos obreiros como médicos, para trabalhar, não como simples profissionais, mas como evangelistas médico-missionários. Esse preparo deve estar em harmonia com os princípios básicos da verdadeira educação superior. A causa carece de centenas de obreiros que tenham recebido educação prática e completa nos ramos médicos, e que estejam também preparados para trabalhar de casa em casa como professores, obreiros bíblicos e colportores. Tais estudantes devem sair da escola sem ter sacrificado os princípios da reforma de saúde ou seu amor para com Deus e a justiça.

Os que fazem curso avançado em enfermagem, e vão para todas as partes do mundo como evangelistas médico-missionários, não podem esperar receber do mundo a honra e as recompensas que são muitas vezes conferidas aos médicos formados. Todavia, enquanto vão de um lugar para outro em seu trabalho de ensinar e curar, e estreitamente unidos aos servos de Deus que foram chamados ao ministério da Palavra, Suas bênçãos repousarão sobre a obra que fizerem, e operar-se-ão maravilhosas transformações. Em sentido especial, eles Lhe servirão de mão auxiliadora.


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Árduos são os deveres do médico. Poucos avaliam a tensão mental e física a que ele é sujeito. Todas as energias e aptidões devem ser postas em ação, com a mais intensa ansiedade, na batalha contra a doença e a morte. Muitas vezes sabe ele que um inábil movimento da mão - por um fio de cabelo que seja - na direção contrária, poderá mandar para a eternidade uma alma não preparada. Quanto necessita o médico fiel da simpatia e das orações do povo de Deus! Seus direitos nesse sentido não são, de forma alguma, inferiores aos do mais consagrado pastor ou obreiro missionário. Privado, como ele é, muitas vezes, de sono e repouso suficientes, necessita de dupla porção de graça, nova provisão cada dia, do contrário perderá sua firmeza em Deus, e estará em risco de imergir mais fundo nas trevas espirituais do que outros profissionais. E todavia ele é com freqüência objeto de imerecidas censuras, deixado só, sujeito às mais cruéis tentações de Satanás, sentindo-se mal compreendido, traído por seus amigos.

Muitos, sabendo quão difíceis são os deveres do médico, e quão poucas ocasiões têm eles de se livrarem dos cuidados, mesmo no sábado, não escolherão essa carreira. Mas o grande inimigo está continuamente buscando destruir a obra das mãos de Deus, e são chamados homens de cultura e inteligência para combater seu cruel poder. Necessitam-se de mais homens da verdadeira espécie para devotar-se a essa profissão. Devem-se fazer diligentes esforços para induzir homens capazes a se habilitarem para essa obra. Devem ser homens cujo caráter esteja firmado nos vastos princípios da Palavra de Deus - homens dotados de natural energia, força e


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perseverança, que os habilitem a alcançar elevada norma de aptidão.

Não é qualquer um que se pode tornar médico de êxito. Muitos assumiram os deveres dessa profissão, em todos os aspectos, mal preparados. Não possuem os conhecimentos exigidos; tampouco são dotados da habilidade e do tato, do cuidado e da inteligência necessários para garantir o êxito. O médico pode trabalhar muito melhor, se possui resistência física. Se é fraco, não pode resistir ao fatigante esforço peculiar à sua profissão. O homem de débil constituição, dispéptico, ou falto do domínio de si mesmo, não se pode habilitar a lidar com toda sorte de doenças. Deve-se tomar muito cuidado em não animar pessoas que poderiam ser de utilidade em alguma posição de menos responsabilidade a estudar medicina, com grande dispêndio de tempo e recursos, quando não há fundamento para esperar-se que venham a ter êxito.

Fui instruída de que, em vista da difícil natureza da obra médico-missionária, os que desejam seguir esse ramo devem ser antes bem examinados por médicos competentes, a fim de verificar se possuem ou não a necessária robustez para resistir ao curso de estudos que devem fazer.

Temos uma tarefa a executar para conseguir os melhores talentos, e colocá-los em posição em que eduquem outros obreiros. Então, quando nossas casas de saúde e campos missionários pedirem médicos, teremos jovens que, mediante a experiência adquirida em trabalho prático, se habilitaram para assumir as responsabilidades.

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