VI. A Escola Intermediária
"O entendimento, para aqueles que o possuem, é uma fonte de vida." Prov. 16:22.
Escolas Intermediárias
As escolas intermediárias são de grande importância. Deve ser feito nessas escolas trabalho completo; pois muitos estudantes delas sairão diretamente para o grande campo da seara. Sairão para fazer uso daquilo que aprenderam, como colportores e como auxiliares nos vários ramos do trabalho evangelístico. Muitos obreiros, depois de trabalharem algum tempo no campo, sentirão a necessidade de mais estudo, e com a experiência ganha no campo estarão preparados para avaliar os privilégios da escola, e fazer rápido progresso. Alguns desejarão educação nos ramos elevados de estudos. Para esses foram estabelecidos nossos colégios.
A Palavra de Deus deve fazer parte do fundamento de todo o trabalho feito em nossas escolas intermediárias. E aos estudantes deve-se mostrar a verdadeira dignidade do trabalho. Deve-se ensinar-lhes que Deus é constante obreiro. Todo professor, de boa vontade, lance mão do trabalho juntamente com um grupo de estudantes, trabalhando com eles e ensinando-os a trabalhar. Fazendo isso, os professores adquirirão uma experiência valiosa. Seu coração se ligará ao dos estudantes, e isso abrirá caminho para o ensino bem-sucedido.
Um erro triste seria deixar de considerar de maneira completa o propósito para o qual cada uma de nossas escolas é estabelecida.
Esse é um assunto que deve ser fielmente estudado pelos nossos homens de responsabilidade em cada União, a fim de que a juventude possa estar rodeada de circunstâncias as mais favoráveis para a formação de um caráter bastante forte para resistir aos males deste mundo.
Temos uma grande obra diante de nós, e há necessidade de muitos obreiros educados que se hajam habilitado para cargos de responsabilidade. Ao instruírem-se os jovens para o serviço na causa de Deus, a Bíblia deve estar na base de sua educação. Os princípios da verdade contidos na Palavra de Deus serão uma salvaguarda contra as más influências do mundo.
Os esforços para educar nossos filhos e jovens no temor do Senhor, sem dar lugar preeminente ao estudo da Palavra, são lamentavelmente mal orientados. A não ser que haja um ensino que leve ao reconhecimento do pecado e ódio ao mesmo, resultará a deformidade moral. Nossos filhos devem ser afastados das más influências das escolas públicas, e colocados onde professores completamente convertidos possam educá-los nas Escrituras Sagradas. Assim os estudantes serão ensinados a fazer da Palavra de Deus a grande regra de sua vida.
Perguntará alguém: "Como devem ser estabelecidas essas escolas?" Não somos um povo rico, mas, se orarmos com fé, e deixarmos o Senhor agir em nosso favor, Ele abrirá diante de nós o caminho para estabelecermos pequenas escolas nos lugares afastados, destinados à educação de nossos jovens, não somente nas Escrituras e estudos intelectuais, como também em muitos ramos do trabalho manual.
A necessidade de se estabelecerem tais escolas é imposta a mim mui insistentemente, por causa da cruel negligência por
parte de muitos pais quanto a educarem devidamente seus filhos no lar. Muitos pais e mães têm parecido julgar que, se as rédeas do governo próprio fossem postas nas mãos de seus filhos, estes, rapazes ou moças, se desenvolveriam, tornando-se jovens úteis. O Senhor, porém, instruiu-me com relação a este assunto. Nas visões à noite, vi em pé ao lado desses filhos negligenciados aquele que foi lançado das cortes celestiais por ter originado o pecado. O inimigo das almas estava aguardando a oportunidade para ganhar domínio sobre a mente de cada filho cujos pais não deram instrução fiel com respeito aos ardis de Satanás.
Planejando acerca da educação dos filhos, fora do lar, devem os pais compenetrar-se de que não mais é coisa livre de perigo enviá-los às escolas públicas, e cumpre que se esforcem para os enviar às escolas onde obtenham educação baseada em fundamento bíblico. Sobre todo pai cristão repousa o dever solene de dar aos filhos uma educação que os leve a adquirir o conhecimento do Senhor, e a se tornarem participantes da natureza divina mediante a obediência à vontade e ao caminho do Senhor.
O Trabalho da Escola de Fernando
Tem sido feita esta pergunta: "Que ensinaremos na escola de Fernando?"
Ensinai as coisas fundamentais. Ensinai aquilo que é prático. Não deveis fazer grande alarde perante o mundo, dizendo
o que esperais fazer, como se estivésseis a planejar algo maravilhoso. Não, certamente. Não vos orgulheis nem dos ramos de estudos que esperais ensinar, nem dos trabalhos industriais que esperais fazer; mas dizei a todo que perguntar, que tencionais fazer o melhor que possais a fim de dar a vossos estudantes um preparo físico, mental e espiritual que os habilite a serem úteis nesta vida, e os prepare para a vida futura, imortal.
Que influência julgais teria o publicar nos anúncios da escola que vos esforçareis por proporcionar aos estudantes uma educação que os prepare para a vida futura imortal, visto que desejais vê-los viver através dos séculos sem fim da eternidade? Creio que essa declaração teria muito maior influência, sobre os irmãos e irmãs desta Associação, e sobre a comunidade em cujo meio se acha estabelecida a escola, do que a ostentação de alguns cursos de estudo de línguas antigas e modernas, e outros ramos mais elevados de estudo.
Recomende-se a escola por si mesma. Então os que a apóiam não ficarão decepcionados, e os estudantes não alegarão que lhes foi prometida instrução em certos estudos, que, depois de entrarem na escola, não lhes foi permitido empreender.
Compreenda-se desde o princípio que a Bíblia está na base de toda a educação. Um estudo ardoroso da Palavra de Deus, resultando na transformação do caráter e habilitação para o serviço, tornará a escola de Fernando uma força para o bem. Meus irmãos que estais ligados a essa escola, vossa força não está no número de línguas que possais ensinar, ou em dizer
quão grande "colégio" tendes. Sede silenciosos a esse respeito. O silêncio com relação às grandes coisas que projetais fazer, vos auxiliará mais do que todos os argumentos positivos e todas as promessas que possais publicar em vossos anúncios. Pela fidelidade na escola deveis demonstrar que estais a trabalhar com princípios fundamentais, princípios que prepararão os estudantes para entrar pelas portas de pérola na cidade celestial. A salvação de pessoas é muito mais preciosa do que o mero preparo intelectual. Uma pretensiosa ostentação de saber humano, a manifestação do orgulho pela aparência pessoal, de nada valem. O Senhor dá valor à obediência à Sua vontade; pois que, unicamente andando humilde e obedientemente diante dEle, pode o homem glorificar a Deus.
Dando-nos o privilégio de estudar a Sua Palavra, o Senhor pôs diante de nós um lauto banquete. Muitos são os benefícios que se derivam de nos banquetearmos em Sua Palavra, que é representada por Ele como Sua carne e sangue, Seu Espírito e vida. Participando desta Palavra, é aumentada a nossa força espiritual; crescemos em graça e no conhecimento da verdade. Formam-se e se fortalecem hábitos de domínio próprio. Desaparecem as fraquezas da meninice: mau humor, voluntariosidade, egoísmo, palavras precipitadas, atos apaixonados, e em seu lugar se desenvolvem as graças da varonilidade e feminilidade cristãs.
Se vossos estudantes, além de estudarem a Palavra de Deus, nada mais aprendem senão a usar corretamente a língua materna, ao ler, escrever e falar, uma grande obra terá sido cumprida. Àqueles que são disciplinados para servirem na causa do Senhor, deve se ensinar a falar devidamente na
conversação comum e perante congregações. A utilidade de muitos obreiros é prejudicada por sua ignorância com referência à respiração correta, e à fala clara, enérgica. Muitos não aprenderam a dar a ênfase devida às palavras que lêem ou falam. Freqüentemente a pronúncia não é clara. O exercício completo no uso da língua materna é de muito mais valor à juventude do que o estudo superficial de línguas estrangeiras, com negligência daquela língua.
Seja a escola regida de acordo com as normas das antigas escolas dos profetas, achando-se a Palavra de Deus no fundamento de toda a educação dada. Não tentem os estudantes apoderar-se dos degraus mais altos da escada em primeiro lugar. Há os que freqüentaram outras escolas, julgando que poderiam obter uma educação adiantada; mas de tal maneira intentaram alcançar os degraus mais altos da escada que não foram bastante humildes para aprenderem de Cristo. Houvessem eles posto os pés primeiramente nos degraus mais baixos, e teriam feito progresso, aprendendo mais e ainda mais do grande Mestre.
Os professores verão que é grandemente vantajoso lançar mão do trabalho manual, juntamente com os estudantes, de maneira desinteressada, mostrando-lhes como trabalhar. Cooperando com os jovens, desta maneira prática, os professores podem ligar o coração dos estudantes a si mesmos, pelos laços da simpatia e do amor fraternal. A bondade e a sociabilidade cristãs são poderosos fatores para se conquistarem as afeições dos jovens.
Professores, assumi o trabalho escolar com diligência e paciência. Compenetrai-vos de que vosso trabalho não é um trabalho comum. Estais a trabalhar para o tempo que passa e para a eternidade, modelando a mente de vossos estudantes para entrarem naquela escola mais elevada.
Cada princípio reto, cada verdade aprendida em uma escola terrestre, far-nos-á mais adiantados, em medida correspondente, na escola celestial. Assim como Cristo andava e falava com Seus discípulos durante Seu ministério na Terra, semelhantemente Ele nos ensinará na escola celestial, levando-nos para junto do rio das águas vivas, e revelando-nos verdades que nesta vida devem permanecer como ocultos mistérios por causa das limitações da mente humana, tão arruinada pelo pecado! Na escola celestial teremos oportunidade de alcançar, passo a passo, as maiores elevações do saber. Como filhos do rei celestial, ali habitaremos sempre com os membros da família real; ali veremos o Rei em Sua beleza, e contemplaremos Seus atrativos incomparáveis.
O Preparo dos Missionários
É importante que tenhamos escolas intermediárias e secundárias. A nós foi confiada uma grande obra - a obra de proclamar a mensagem do terceiro anjo, a toda nação, tribo, língua e povo. Temos poucos missionários. De nosso país e do exterior estão a chegar muitos pedidos urgentes para que se enviem obreiros. Jovens, os de meia-idade, e efetivamente todos os que são capazes de empenhar-se no serviço do Mestre, devem exigir de sua mente tudo que puderem, no sentido de se prepararem para atender a esses pedidos. Pela luz que Deus me deu, sei que não fazemos uso das faculdades do espírito nem com metade da diligência que cumpriria empregar-se no esforço de nos habilitarmos para maior utilidade. Se consagrarmos o espírito e o corpo ao serviço de Deus, obedecendo à Sua lei, Ele nos dará para todo o empreendimento uma força moral santificada.
Todo homem e mulher, em nossas fileiras, quer seja pai quer não, deve estar profundamente interessado na vinha do Senhor. Não podemos consentir que nossos filhos se deixem levar para o mundo e caiam sob o domínio do inimigo. Vamos ao socorro do Senhor, ao socorro do Senhor com os valorosos. Façamos tudo ao nosso alcance a fim de tornar nossas escolas uma bênção à nossa juventude. Professores e estudantes, muito podeis fazer para realizar isso, levando o jugo de Cristo, aprendendo diariamente dEle Sua mansidão e humildade. Os que não se acham diretamente ligados à escola, podem auxiliar no sentido de a tornar uma bênção, dando-lhe seu cordial apoio. Assim todos seremos "cooperadores com Deus", e receberemos a recompensa dos fiéis, a saber, a entrada na escola celestial.
Instrução Posterior
Não é prudente que uma nova escola erga sua bandeira e prometa fazer uma elevada ordem de trabalho, antes de provar que é completamente capaz de efetuar trabalho preparatório. Deve ser o grande objetivo de toda escola intermediária efetuar o trabalho mais completo possível, nas matérias comuns.
Em cada escola que se estabelece entre nós, devem os professores começar humildemente, não se apoderando dos degraus mais altos da escada antes que hajam subido os mais baixos. Devem subir degrau após degrau, começando embaixo. Sejam aprendizes, mesmo ensinando as matérias usuais. Tendo aprendido a significação da simplicidade da educação
verdadeira, melhor compreenderão como preparar os estudantes para os estudos mais adiantados. Os professores devem aprender, à medida que ensinam. Tem de ser feito progresso, e pelo progresso deve ser ganha a experiência.
Nossos professores não devem pensar que seu trabalho termina com a instrução dada nos livros. Várias horas cada dia devem ser dedicadas ao trabalho com os estudantes nalgum ramo de ensino manual. Em caso algum deve isso ser negligenciado.
Em toda escola deve haver os que tenham uma reserva de paciência e de talento disciplinar, e que cuidem que cada ramo de trabalho seja mantido na mais elevada norma. Devem dar-se lições de asseio, ordem e perfeição. Ensine-se aos estudantes como conservar em perfeita ordem tudo na escola e em redor dela.
Antes de tentar guiar o jovem, deve o professor aprender a governar-se. Se ele não é um discípulo constante na escola de Cristo, se não tem o discernimento e discriminação que o habilitem a empregar sábios métodos em seu trabalho, se não pode governar com firmeza embora com jovialidade e bondade os que se acham sob seu cuidado, como ser bem-sucedido em seu ensino? O professor que não está sob a direção de Deus necessita atender a este convite: "Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. Porque o Meu jugo é suave, e o Meu fardo é leve." Mat. 11:29 e 30.
Todo professor deve aprender diariamente de Jesus, fazendo uso de Seu jugo repressor, assentando-se em Sua escola como estudante, obedecendo às regras do princípio cristão. O professor que não se acha sob a guia do Mestre por
excelência não será capaz de defrontar com êxito as várias situações que surgem como resultado da perversidade natural da infância e juventude.
Leve o professor paz, amor e alegria a seu trabalho. Não consinta que venha a ficar irado ou irritado. O Senhor está a olhar para ele com profundo interesse, para ver se está sendo moldado pelo Mestre divino. A criança que perde seu domínio próprio é muito mais desculpável do que o professor que consente em tornar-se irado e impaciente. Quando deve ser dada uma repreensão severa pode ainda assim ser dada com bondade. Cuide o professor em que não torne obstinada a criança, falando-lhe asperamente. Acompanhe toda repreensão com as gotas do óleo da bondade. Nunca deve esquecer-se de que está a tratar com Cristo na pessoa de um dos pequeninos de Cristo.
Seja uma máxima estabelecida que, em toda disciplina escolar, reinem a fidelidade e o amor. Quando um estudante é corrigido de tal maneira que não venha a pensar que o professor deseja humilhá-lo, brota em seu coração o amor para com o professor. Santa Helena, Califórnia, 17 de maio de 1903.
Nas visões da noite eu falava ardorosamente aos irmãos, no sul da Califórnia, com referência à escola de Fernando. Questões perturbadoras tinham surgido, com respeito à escola. Havia naquela assembléia Alguém que tinha autoridade, e Este deu conselhos com referência ao modo por que a escola deveria ser regida. Disse o nosso Conselheiro: "Se prosseguirdes no conhecimento do Senhor, sabereis que Sua saída
será como a alva. Os professores na escola devem ser, juntamente com os estudantes, aprendizes em toda a instrução dada. Devem receber constantemente graça e sabedoria da fonte de toda a sabedoria.
"Estais precisamente a começar a vossa obra. Nem todas as vossas idéias são positivamente corretas. Nem todos os vossos métodos são sábios. Não é possível que vosso trabalho, no seu princípio, seja perfeito. Mas, à medida que avançais, aprendereis como, da maneira mais vantajosa, fazer uso do conhecimento que estais adquirindo. A fim de fazerem o seu trabalho em harmonia com a vontade do Senhor, devem os professores conservar aberta a mente para receber instrução do grande Mestre." Los Angeles, Califórnia, 18 de setembro de 1902.
Cometeis certamente um grave erro se empreendeis, com alguns estudantes e poucos professores, efetuar um trabalho superior, que, com tanta dificuldade e despesa, é levado avante em nossas escolas maiores. Será melhor para os vossos estudantes e para a escola, que os que reclamam estudos superiores vão à escola superior, e assim deixem vosso corpo docente livre para que dedique suas melhores energias à realização de um trabalho completo no ensino das matérias usuais.
O que fará de nossas escolas uma força? Não é o tamanho dos edifícios, não é o número das matérias superiores ensinadas. É o trabalho fiel executado pelos professores e estudantes, começando nos degraus mais baixos da escada do progresso, e ascendendo diligentemente degrau após degrau.
Consegui um homem forte para ocupar o cargo de diretor em vossa escola, homem cuja força física o favoreça na execução de um trabalho disciplinar completo; homem que
se ache habilitado a educar os estudantes nos hábitos de ordem, asseio e diligência. Efetuai um trabalho completo no que quer que empreendais. Se sois fiéis no ensino dos ramos usuais, muitos de vossos estudantes poderão entrar diretamente para a obra como colportores e evangelistas. Não precisamos entender que todos os obreiros necessitem de educação superior.
Os jovens em todas as nossas instituições devem ser afeitos, moldados e disciplinados para Deus; e nesta obra devem sempre ser revelados a misericórdia, o amor e a ternura do Senhor. Isso não deve degenerar-se em fraqueza e sentimentalismo. Devemos ser bondosos, porém firmes. E lembrem-se os professores de que, conquanto a decisão seja necessária, nunca devem eles ser ásperos ou condenadores, nunca manifestar espírito despótico. Conservem a calma e, não se deixando levar pela ira, revelem assim o melhor caminho.
Deus quer que demonstremos o Seu amor, mostrando um interesse vivo nos jovens sob nosso cuidado. Apresentai-os diante do Senhor, e rogai-Lhe fazer por eles o que não podeis fazer. Vejam eles que reconheceis vossa necessidade de auxílio divino.
O professor deve constantemente ter como objetivo a simplicidade e a eficiência. Deve fazer grande uso de ilustrações ao ensinar. Mesmo tratando com alunos mais velhos, cumpre ter o cuidado de tornar claras e evidentes todas as explicações. Muitos alunos adiantados em idade são crianças no entendimento. Educação, pág. 233.