Conselhos Professores, Pais e Estudantes

CAPÍTULO 39

Trabalho Físico Para os Alunos

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Com o atual plano educativo, abre-se à juventude uma porta de tentação. Embora tenham, em geral, demasiadas horas de estudo, restam-lhes muitas horas desocupadas. Essas horas de lazer são freqüentemente gastas de maneira negligente. ... Muitos, muitos rapazes religiosamente instruídos em casa, e que vão para as escolas relativamente inocentes e virtuosos, tornam-se corruptos mediante o convívio com companheiros viciosos. Perdem o respeito de si mesmos, e sacrificam nobres princípios. Ficam, então, preparados a prosseguir no caminho descendente; pois sua consciência foi tão maltratada, que o pecado não se lhes representa tão excessivamente maligno. Esses males... poderiam ser remediados em grande medida, fossem equilibrados o estudo e o trabalho. ...

Alguns estudantes põem todo o ser nos estudos, concentrando a mente no objetivo de educar-se. Exercitam o cérebro, mas permitem que as energias físicas fiquem inativas. Assim o cérebro fica sobrecarregado, e os músculos tornam-se fracos, por não serem exercitados. Quando esses alunos se formam, é evidente haverem eles conseguido educação à custa da vida. Estudaram dia e noite, ano após ano, mantendo a mente de contínuo numa tensão, ao passo que deixaram de exercitar suficientemente os músculos. ...

Freqüentemente moças se dedicam ao estudo em detrimento de outros ramos de educação ainda mais essenciais à vida prática do que o estudo dos livros. E, depois de se


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haverem educado, se tornam muitas vezes inválidas na vida. Negligenciaram a saúde, ficando muito tempo dentro de casa, desprovidas do ar puro do céu e da luz solar dada por Deus. Essas jovens poderiam haver saído da escola sadias, houvessem aliado ao estudo, os trabalhos domésticos e o exercício ao ar livre.

A saúde é um grande tesouro. É o mais valioso bem que os mortais podem possuir. A riqueza, a honra ou o saber são comprados demasiado caro quando adquiridos com prejuízo do vigor da saúde. Nenhuma dessas realizações pode garantir a felicidade, caso falte a saúde. ...

A Maldição da Inatividade

Em muitos casos, pais abastados não sentem a importância de educar os filhos nos deveres práticos da vida, do mesmo modo que nas ciências. Não vêem a necessidade, para o bem intelectual e moral de seus filhos, assim como para sua futura utilidade, de ministrar-lhes cabal compreensão do trabalho útil. Os filhos têm direito a isso, a fim de que, caso sobrevenha qualquer infortúnio, possam manter-se em nobre independência, sabendo utilizar-se das próprias mãos. Se possuem um capital de energias, não podem ser pobres, ainda que não tenham um centavo.

Muitos que, na juventude, se encontram em fartas condições, podem ver-se privados de todas as riquezas, ficando com pais, irmãs e irmãos em sua dependência quanto à manutenção. Quão importante é, pois, que todo jovem seja educado a trabalhar, de modo a estar preparado para qualquer emergência! As riquezas são na verdade uma maldição, quando os que as possuem lhes permitem ser, no caminho de seus filhos,


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um entrave a obter o conhecimento do trabalho útil, impedindo de estarem habilitados para a vida prática. ...

A pobreza é, em muitos casos, um bênção; evita que jovens e crianças sejam arruinados pela inatividade. As faculdades físicas, bem como as mentais, devem ser cultivadas e devidamente desenvolvidas. O primeiro e constante cuidado dos pais deve ser olhar que os filhos tenham boa constituição, que possam vir a ser homens e mulheres sãos. Impossível é conseguir tal objetivo sem exercício físico. Para sua própria saúde física e benefício moral, as crianças devem ser ensinadas a trabalhar, mesmo que não haja necessidade, no que respeita à carência de meios. Se elas hão de possuir caráter puro, virtuoso, precisam da disciplina do trabalho bem regular, o qual porá em exercício todos os músculos. A satisfação sentida pelas crianças com o ser útil, com o abnegar-se a fim de ajudar a outros, será o mais salutar prazer que possam fruir. ...

Pais, a inatividade é a maior maldição que já tenha sobrevindo aos jovens. Não deveis consentir vossas filhas ficarem até tarde na cama, de manhã, dormindo durante as preciosas horas que lhes são emprestadas por Deus a fim de serem empregadas para melhores desígnios, horas pelas quais terão de prestar-Lhe contas. Causa a suas filhas grande dano a mãe que leva sobre si as cargas que, para seu próprio bem presente e futuro, essas filhas deviam com ela partilhar. ...

Vantagens do Trabalho Físico

O exercício nos trabalhos domésticos é do máximo proveito para as jovens. O trabalho físico não impede o cultivo do intelecto: longe disso. As vantagens adquiridas por meio dele equilibrarão a pessoa, e impedirão a mente de


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ser sobrecarregada. A fadiga dominará os músculos, aliviando o cérebro cansado. ... Para um são intelecto, exige-se um corpo são. A saúde física e o conhecimento prático de todos os necessários deveres domésticos, jamais serão entrave a um bem desenvolvido intelecto; ambos são altamente importantes. ...

Nas passadas gerações deveriam ser tomadas providências para educar dentro de um plano mais amplo. Em ligação com as escolas, devia haver estabelecimentos agrícolas e industriais. Devia ter havido professoras de economia doméstica, sendo uma parte de cada dia consagrada ao trabalho, de maneira que as faculdades físicas e mentais fossem eqüitativamente exercitadas. Houvessem se estabelecido escolas segundo esse plano, e não haveria hoje tantas mentes desequilibradas. ...

A contínua tensão sobre o cérebro, enquanto os músculos jazem inativos, enfraquece os nervos, dando ao mesmo tempo aos alunos um quase irresistível desejo de variação e de diversões frívolas. Quando soltos, depois de várias horas presos ao estudo todo dia, eles estão quase irrefreáveis. Muitos nunca foram controlados em casa. Andam segundo a inclinação, e pensam que as restrições das horas do estudo são uma rigorosa carga para eles. Como não têm nada que fazer depois das horas do estudo, Satanás sugere esporte e maldades como variação. Sua influência sobre os outros alunos é desmoralizadora. ...

Houvesse porventura estabelecimentos agrícolas e industriais ligados a nossas escolas, e competentes professores empregados para instruir a juventude nos vários ramos de estudo e trabalho, dedicando parte de cada dia ao


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desenvolvimento mental e parte ao trabalho físico, e teríamos agora uma classe mais elevada de jovens para ocupar o cenário da ação, para exercer influência na modelação da sociedade. Muitos dos jovens formados em tais instituições sairiam possuidores de estabilidade de caráter. Seriam perseverantes, fortes e corajosos para transpor os obstáculos, e teriam princípios tais, que não seriam movidos por errôneas influências, fossem elas embora populares.

Deveria ter havido experientes professores para lecionar às moças no departamento culinário. Às jovens se deveria ter ensinado a cortar, fazer e consertar roupas, ficando elas assim preparadas para os deveres práticos da vida. Para os rapazes, deveria ter havido estabelecimentos onde aprendessem diversos ofícios, em que exercitassem os músculos, da mesma maneira que as faculdades mentais.

Caso o jovem não possa adquirir senão uma educação unilateral, qual é de maior importância - o conhecimento das ciências, com todas as desvantagens para a saúde e a vida, ou o do trabalho para a vida prática? Sem hesitar, respondemos: o último. Se um deles deve ser negligenciado, seja o estudo dos livros.

A Educação das Moças

Muitas moças há que se casam e constituem família, e que não possuem senão pequenino conhecimento prático dos deveres que cabem a uma esposa e mãe. Sabem ler e tocar algum instrumento de música; mas não sabem cozinhar. Não sabem fazer bom pão, o qual é muito essencial à saúde da família.


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Não sabem cortar e fazer roupas, pois nunca o aprenderam. Consideram essas coisas como não sendo essenciais e, em sua vida de casadas, são tão dependentes de outros para lhes fazerem essas coisas, como seus próprios filhinhos. Essa inescusável ignorância com relação aos mais necessários deveres da vida faz infelizes muitas famílias. ...

Equilíbrio do Trabalho

A mente dos homens pensantes trabalha demasiado arduamente. Com freqüência, eles usam muito prodigamente suas faculdades mentais; ao passo que outra classe existe, cujo mais elevado objetivo na vida é o trabalho físico. Esta classe não exercita o cérebro. Os músculos são exercitados, ao passo que o cérebro fica privado da força intelectual; da mesma maneira, a mente dos intelectuais é trabalhada, enquanto o corpo lhes fica sem forças nem vigor, em virtude de sua negligência de exercitar os músculos. ... Caso o intelectual houvesse de partilhar até certo ponto do fardo das classes trabalhadoras, revigorando assim os músculos, essas classes poderiam fazer menos, e consagrariam parte do tempo à cultura intelectual e moral. As pessoas de hábitos sedentários e literários devem fazer exercício físico mesmo não tendo necessidade de fazê-lo, no que respeita aos meios. A saúde devia constituir suficiente incentivo para os levar a unir o trabalho físico ao intelectual.

A cultura moral, a intelectual e a física devem ser combinadas a fim de produzir homens e mulheres bem desenvolvidos e equilibrados. Alguns são aptos a exercer grande força intelectual, ao passo que outros se inclinam a gostar e achar prazer no trabalho físico. Ambas essas classes devem buscar


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melhorar-se onde são deficientes, de modo a apresentar a Deus o ser todo, em sacrifício vivo, santo e agradável a Ele, que é o seu culto racional. ...

Os que se satisfazem em dedicar a vida ao trabalho físico, deixando a outros o pensar por eles, enquanto simplesmente executam o que o cérebro desses outros planejou, terão vigorosa musculatura, mas débil intelecto. Sua influência para o bem é diminuta, em comparação com o que poderia ser, caso empregassem o cérebro da mesma maneira que fazem com os músculos. Essa classe cai mais facilmente quando atacada pela doença, porque o organismo não é vivificado pela força elétrica do cérebro para resistir à enfermidade. Os homens dotados de boas energias físicas, devem educar-se para pensar tão bem quanto são capazes de agir, não dependendo de outros para lhes servir de cérebro.

O Trabalho Não Rebaixa

É erro comum, da parte de grande classe de pessoas, considerar o trabalho como degradante; daí, os rapazes ficam muito ansiosos de se educar para professores, escriturários, comerciantes, advogados, e ocupar qualquer cargo que não exija trabalho físico. As jovens consideram o serviço doméstico amesquinhante. E se bem que o exercício físico exigido para efetuar o trabalho da casa, não sendo pesado, seja designado a promover a saúde, elas preferem preparar-se para professoras ou secretárias, ou aprender qualquer ofício que as limita ao interior de uma casa, a uma ocupação sedentária. ...

Em verdade, há certa razão para as moças não preferirem serviço doméstico como emprego, pois os que as contratam para cozinheiras as tratam geralmente como servas.


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Muitas vezes os patrões não as respeitam, mas tratam-nas como se fossem indignas de ser membros da família. Não lhes concedem os privilégios que dão à costureira, à copista e à professora de música.

Não pode haver, no entanto, mais importante emprego do que o do serviço doméstico. Cozinhar bem, pôr à mesa comida saudável, apetecível, requer inteligência, e experiência também. A pessoa que prepara o alimento, que deve ir para o estômago a fim de se converter em sangue que vai nutrir o organismo, ocupa posição importante e elevada. O cargo de copista e costureira, ou de professora de música, não pode igualar em importância ao de cozinheira.

A Obra de Reforma

O tempo é agora demasiado breve para realizar o que deveria ter sido feito nas gerações passadas; podemos fazer muito, todavia, mesmo nestes últimos dias, para corrigir os males existentes na educação da juventude. ...

Somos reformadores. Desejamos que nossos filhos estudem com o máximo proveito. Para que façam isso, devem ser-lhes dadas ocupações que exijam o exercício dos músculos. Trabalho diário, sistemático, deve constituir parte da educação da juventude, mesmo nestes últimos tempos. Muito se pode conseguir agora mediante a ligação do trabalho manual às nossas escolas. Seguindo esse plano, os alunos adquirirão elasticidade de espírito e vigor de pensamento, habilitando-se a realizar mais trabalho mental em determinado tempo do que o poderiam fazer com o estudo unicamente. E poderão deixar a escola sem desequilíbrio de saúde, e


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com resistência de ânimo para perseverarem em qualquer posição em que a providência de Deus os venha a colocar.

Visto ser breve o tempo, cumpre-nos trabalhar com diligência e redobrada energia. Talvez nossos filhos nunca entrem na escola superior, mas podem adquirir educação naqueles ramos essenciais que são susceptíveis de encaminhar a uso prático, e que darão cultivo à mente, chamando as suas faculdades ao exercício. Muitos, muitos dos jovens que fizeram um curso superior não obtiveram a genuína educação, própria para ser praticamente aplicada. Testimonies, vol. 3, págs. 148-159.

Apelo para nossas igrejas onde há escolas, para que indiquem, como professores das crianças e jovens, pessoas que amem ao Senhor Jesus Cristo, e que façam da Palavra de Deus o fundamento da educação. E elas devem ensinar os jovens a conservar a saúde mediante a obediência às leis do correto viver. Professores e alunos tirarão auxílio mental e espiritual da renúncia, praticando os princípios da reforma de saúde. Certamente descobrirão, como aconteceu com Daniel e seus companheiros, que advêm bênçãos da conformação da vida com a Palavra de Deus.

"Vigiai e orai" (Mar. 14:38) é uma recomendação muitas vezes repetida nas Escrituras. Na vida dos que obedecem a essa recomendação, haverá uma interior corrente de felicidade que beneficiará a todos com quem eles entrarem em contato. Os que são de disposição azeda e impertinente se tornarão suaves e brandos; os que são orgulhosos se tornarão mansos e humildes.

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