Na educação, o trabalho de progredir deve iniciar-se no degrau mais baixo da escada. As matérias comuns devem ser ensinadas de maneira completa e com oração. Muitos que acham ter concluído sua educação são deficientes na ortografia e escrita, e tampouco lêem ou falam corretamente. Não poucos que estudam os clássicos ou outros ramos mais elevados do saber, e que alcançam determinadas normas, fracassam finalmente porque negligenciaram fazer trabalho cabal nos ramos comuns. Nunca obtiveram bom conhecimento da língua materna. Necessitam voltar e começar a subir desde o primeiro degrau da escada.
É erro permitir que os estudantes em nossas escolas preparatórias escolham seus próprios estudos. Esse erro tem sido cometido, e como resultado, estudantes que se não tomaram as matérias usuais têm procurado subir mais alto do que estavam preparados a fazer. Alguns que não podiam falar corretamente sua língua materna, têm desejado empreender o estudo de línguas estrangeiras.
Os estudantes que, ao chegarem à escola, pedem que se lhes permita tomar os estudos mais elevados, devem primeiramente ser examinados nos ramos elementares. Estive a conversar com o professor de uma de nossas escolas de Associação, e ele me disse que alguns tinham vindo à sua escola com diplomas que mostravam terem feito alguns dos estudos superiores em outras escolas.
- Examinou a cada um desses estudantes para ver se receberam a devida instrução nesses ramos? - indaguei.
- Ora - disse o professor - em todos esses casos não pudemos dar aos estudantes crédito total pelo trabalho feito no passado, conforme era este representado pelo diploma. Seu preparo, mesmo nas matérias comuns, tinha sido muito deficiente.
E assim é em muitos casos.
Devem os professores ter o cuidado de dar aos estudantes aquilo de que eles mais necessitam, em vez de lhes permitir tomar os estudos que queiram. Devem provar a exatidão e o conhecimento dos estudantes; então poderão dizer se alcançaram a altura que julgam ter atingido.
Um dos ramos fundamentais do saber é o estudo da língua. Em todas as nossas escolas deve-se ter o cuidado especial de ensinar aos estudantes o uso correto da língua materna, no falar, ler e escrever. Não se pode exagerar por mais que se diga com relação à importância da perfeição nestas matérias. Um dos requisitos essenciais em um professor é a habilidade de falar e ler com clareza e vigor. Aquele que sabe fazer uso da língua materna, de maneira fluente e correta, pode exercer uma influência muito maior do que o que é incapaz de exprimir seus pensamentos de modo pronto e claro.
Na classe de leitura deve ser ensinada a cultura da voz; e em outras classes o professor deve insistir em que os estudantes falem distintamente e empreguem palavras que exprimam clara e energicamente seus pensamentos. Os estudantes devem ser ensinados a fazer uso dos músculos abdominais, no respirar e no falar. Isso tornará o tom da voz mais cheio e claro.
Faça-se com que os estudantes compreendam que Deus deu a cada um de nós um maravilhoso maquinismo - o corpo humano - que devemos usar para glorificar a Ele.
As faculdades do corpo estão constantemente operando em nosso favor, e se o quisermos podemos tê-las sob nosso governo.
Podemos ter conhecimentos, mas, a menos que seja adquirido o hábito de usar corretamente a voz, nosso trabalho será sem sucesso. A menos que possamos revestir nossas idéias de linguagem apropriada, de que vale nossa educação? O saber nos será de pouco valor, a não ser que cultivemos o talento da fala; entretanto é ele um poder maravilhoso quando combinado com a habilidade de falar palavras sábias e auxiliadoras, e falá-las de maneira que se imponha à atenção.
Não podemos nos enfadar por terem os alunos de exercitar-se nesses assuntos usuais. Devem ser os estudantes impressionados com o fato de que eles próprios serão educadores de outros, e por tal razão cumpre esforçarem-se ardorosamente no sentido de aperfeiçoar-se.
Aprender a dizer de maneira convincente e impressiva aquilo que sabemos tem valor especial para os que desejam ser obreiros na causa de Deus. Quanto mais expressão pudermos colocar nas palavras da verdade, tanto mais eficazes serão essas palavras naqueles que as ouvem. Uma apresentação conveniente da verdade do Senhor, é digna dos nossos mais aplicados esforços.
A menos que os estudantes que se preparam para a obra na causa de Deus sejam ensinados a falar de maneira clara, direta, ficarão privados da metade de sua influência para o bem. Qualquer que seja sua ocupação, o estudante deve aprender a dominar a voz. A habilidade de falar clara e distintamente, em tom cheio e igual, é imprescindível em qualquer ramo da obra, e é indispensável aos que desejam tornar-se pastores, evangelistas, obreiros bíblicos ou colportores.
Quando a cultura da voz, a leitura, a escrita e a ortografia tomarem o seu devido lugar em nossas escolas, será vista uma grande mudança para melhor. Tais matérias têm sido negligenciadas porque os professores não reconheceram seu valor. São, porém, mais importantes do que o latim e o grego. Não digo que seja mau estudar latim e grego, mas digo que é erro negligenciar os assuntos que estão nos alicerces da educação a fim de sobrecarregar o espírito com o estudo dessas matérias mais elevadas.
É questão de grande importância que os estudantes obtenham uma educação que os habilite a uma próspera vida de negócios. Não devemos estar satisfeitos com a educação unilateral dada em muitas escolas. As matérias usuais devem ser completamente dominadas, e o conhecimento de contabilidade ser considerado tão importante como o da gramática. Todos os que esperam empenhar-se na obra do Senhor devem aprender a escriturar suas contas. No mundo há muitos que fracassaram nos negócios e são considerados como desonestos, os quais intimamente são fiéis, mas deixaram de alcançar êxito porque não conheciam a escrituração mercantil.
Uma boa ortografia, uma caligrafia clara e bonita e noções de contabilidade, são conhecimentos necessários. A escrituração mercantil desapareceu de forma estranha do trabalho escolar em muitos lugares, mas deve ser considerado um estudo de primeira importância. Um preparo perfeito nessas matérias habilitará os estudantes a ocupar cargos de responsabilidade.
Desejo dizer a todos os estudantes: Não fiqueis nunca satisfeitos com um padrão baixo. Ao irdes para a escola,
certificai-vos de o fazer com um nobre e santo objetivo. Ide porque desejais habilitar-vos para o serviço em qualquer parte da vinha do Senhor. Fazei tudo ao vosso alcance para atingir esse objetivo. É-vos dado fazer por vós mesmos mais do que seria possível a qualquer outro realizar em vosso benefício. E, se fizerdes por vós tudo que puderdes, que fardo tirareis de cima do diretor e dos professores!
Antes de tentar estudar os ramos mais altos do conhecimento literário, estai certos de compreender perfeitamente as simples regras de gramática da língua materna, havendo também aprendido a ler e escrever corretamente. Subi os degraus mais baixos da escada antes de alcançar os degraus mais altos.
Não gasteis tempo em estudar aquilo que de pouca utilidade vos será na vida posterior. Em lugar de vos esforçardes no estudo dos clássicos, aprendei primeiro a falar corretamente a língua materna. Aprendei como escriturar contas. Adquiri conhecimento dos ramos de estudo que vos ajudarão a ser úteis onde quer que vos encontreis.
As instruções que nos foram enviadas pelo Senhor, advertindo os estudantes e professores contra o gastar anos de estudo na escola, não se aplicam a rapazes e meninas novos. Estes devem passar pelo devido período de cabal disciplina e estudo dos ramos comuns e da Bíblia, até atingirem a idade de juízo mais amadurecido e mais digno de confiança.