O costume de proporcionar a alguns estudantes todas as vantagens para aperfeiçoarem a educação em tantos ramos que lhes seria impossível usar a todos, é um dano, em vez de um benefício para aquele que frui tantas vantagens, ao mesmo tempo priva outros dos privilégios de que tanto necessitam. Caso não fosse tão longo o preparo, com menos exclusiva consagração ao estudo, haveria muito mais oportunidade para os estudantes aumentarem a fé em Deus. ... Foi-me mostrado que alguns dos alunos estão perdendo a espiritualidade, que sua fé se vai enfraquecendo, e que eles não entretêm contínua comunhão com Deus. Despendem quase todo o tempo no manuseio de livros; parece conhecerem bem pouco mais que isso. Mas de que proveito lhes será todo esse preparo? Que benefício fruirão de todo o tempo e recursos empregados? Digo-vos que isso será pior do que aquilo que se perde. ...
Deve haver mais atenta consideração quanto à melhor maneira de gastar dinheiro na educação dos alunos. Ao passo que tanto se emprega para pôr uns poucos em dispendioso curso de estudos, muitos há que se acham sedentos do conhecimento que poderiam obter dentro de alguns meses; um ou dois anos seriam considerados grande bênção. Se todos os meios são usados em manter alguns por vários anos de estudo, muitos rapazes e moças igualmente dignos não podem receber nenhuma ajuda. ...
Em lugar de educar demais uns poucos, ampliai a esfera de vossa caridade. Resolvei que os meios que despendeis em educar obreiros para a causa, não serão gastos simplesmente com um, habilitando-o a obter mais do que ele na realidade necessita, ao passo que outros são deixados sem coisa nenhuma. Dai aos alunos um começo, mas não considereis vosso dever conduzi-los ano após ano. É dever deles sair para o campo a trabalhar, e a vós cumpre estender vossa caridade a outros necessitados de auxílio. ...
Um devotamento demasiado grande ao estudo, mesmo da verdadeira ciência, cria um anseio anormal, o qual se intensifica à medida que é nutrido. Isto cria o desejo de adquirir mais conhecimento do que é necessário para efetuar a obra do Senhor. A busca do conhecimento meramente por amor dele desvia a mente da devoção para com Deus, impedindo o progresso no sentido da santidade prática. ... O Senhor Jesus só comunicava a medida de instrução que podia ser utilizada. ... A mente dos discípulos era muitas vezes atraída pela curiosidade; mas em vez de satisfazer-lhes o desejo de conhecer coisas que não eram necessárias para levar devidamente avante seu trabalho, abria-lhes novas direções de idéias ao espírito. Ele lhes dava muito das necessárias instruções quanto à piedade prática. ...
Intemperança no Estudo
A intemperança no estudo é uma espécie de intoxicação, e aqueles que com ela condescendem, à semelhança do bêbado, desviam-se dos caminhos seguros, e tropeçam e caem nas trevas. O Senhor quer que todo estudante conserve em mente que devemos ter em vista, unicamente, a glória de Deus. Ele, o estudante, não deve debilitar e gastar as faculdades mentais
e físicas em buscar obter todo conhecimento possível das ciências, mas cumpre-lhe conservar o brilho e o vigor de todas as suas energias para se empenhar na obra que o Senhor lhe designou em auxiliar almas a encontrar o caminho da justiça. ... A ordem do Céu é fazer, trabalhar - fazer alguma coisa que reverta em glória para Deus, por ser de benefício a nossos semelhantes. ...
O Senhor não escolhe nem aceita obreiros segundo as vantagens que eles tiveram, ou segundo a educação superior que tenham recebido. O valor do instrumento humano é avaliado segundo a capacidade do coração para conhecer e compreender a Deus. ... O máximo bem possível se obtém mediante o conhecimento de Deus. "A vida eterna é esta: que Te conheçam a Ti só por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste." João 17:3. Este conhecimento é a fonte oculta de onde origina-se todo o poder. ...
A Educação de Moisés
A educação recebida por Moisés, como neto do rei, foi bem completa. Não foi negligenciada coisa alguma que o houvesse de tornar um homem sábio, segundo a egípcia compreensão da sabedoria. A parte mais valiosa do preparo de Moisés para a obra de sua vida, no entanto, foi a que ele recebeu como pastor. Enquanto conduzia seus rebanhos através dos desertos das montanhas, e aos verdes pastos dos vales, o Deus da Natureza ensinou-lhe a mais alta sabedoria. Na escola da Natureza, tendo Cristo como professor, ele aprendeu lições de humildade, mansidão, fé e confiança; lições que lhe ligaram mais estreitamente o coração a Deus. Na solidão das montanhas, aprendeu aquilo que toda a sua instrução no palácio
real fora incapaz de lhe comunicar - simples e inabalável fé, e uma contínua confiança no Senhor.
Moisés julgara que sua educação na sabedoria do Egito o habilitava plenamente a tirar Israel do cativeiro. Não era ele instruído em todas aquelas coisas necessárias a um general de exército? Não tivera as vantagens das melhores escolas da Terra? Sim, ele se sentia capaz de libertar seu povo. Deu começo a essa obra tentando cativar-lhes o favor por meio da reparação de seus agravos. Matou um egípcio que estava oprimindo a um israelita. Com isso, manifestou o espírito daquele que foi homicida desde o princípio, demonstrando-se inapto para representar o Deus de misericórdia, amor e ternura.
Moisés fracassou lamentavelmente em sua primeira tentativa; e, como muitos outros, perdeu imediatamente a confiança em Deus, e deu as costas à obra que lhe era indicada. Fugiu da ira de Faraó. Concluiu que devido a seu grande pecado em tirar a vida ao egípcio, Deus não lhe permitiria ter qualquer parte na obra da libertação de Seu povo da cruel escravidão. Mas o Senhor permitiu essas coisas a fim de ensinar a Moisés a brandura, a bondade e a longanimidade necessárias a todo obreiro do Mestre, de maneira a ser bem-sucedido em Sua causa. ...
Moisés tinha sido ensinado a esperar lisonja e louvor por suas superiores aptidões; devia, agora, aprender lição diferente. Como pastor de ovelhas, Moisés aprendeu a cuidar da aflita, a tratar da enferma, a procurar pacientemente a extraviada, a ser longânimo com as indóceis, a suprir com amorável
solicitude as necessidades dos tenros cordeirinhos e as faltas das velhas e das fracas. Nessa experiência, foi atraído para mais perto do Supremo Pastor. Uniu-se ao Santo de Israel, nEle imergindo. Acreditava no grande Deus. Entretinha comunhão com o Pai mediante humilde oração. Olhava ao Altíssimo quanto à educação nas coisas espirituais, e ao conhecimento de seu dever como fiel pastor. Sua vida ficou tão intimamente ligada ao Céu, que Deus falava com ele face a face, "como qualquer fala com o seu amigo". Êxo. 33:11.
Assim educado, Moisés foi preparado para ouvir o chamado de Deus, para permutar seu cajado de pastor pela vara da autoridade; para deixar seu rebanho de ovelhas e tomar a liderança de um povo idólatra e rebelde. Mas devia depender ainda do invisível Guia. Como a vara era um instrumento em sua mão, assim devia ele ser dócil instrumento nas mãos de Cristo. Devia ser o pastor do povo de Deus; e, mediante sua firme fé e permanente confiança no Senhor, muitas bênçãos deviam sobrevir aos filhos de Israel. ...
Foi a implícita fé em Deus que fez de Moisés o que ele foi. Segundo tudo quanto o Senhor lhe ordenava, ele fazia. Toda a sabedoria dos sábios não poderia tornar Moisés um instrumento mediante o qual o Senhor pudesse operar, enquanto ele não perdesse a confiança em si mesmo, compreendesse a própria fragilidade, e pusesse em Deus a confiança; enquanto ele não se tornou voluntário em obedecer aos mandamentos de Deus, quer estes parecessem justos à sua razão humana, quer não. ...
Não foi o ensino das escolas do Egito o que habilitou Moisés a triunfar sobre seus inimigos, mas persistente e infalível fé,
fé que não faltou sob as mais difíceis circunstâncias. Ao mandado de Deus, Moisés avançava, embora aparentemente não houvesse adiante coisa alguma em que firmar os pés. Mais de um milhão de pessoas dependiam dele, e ele as conduziu passo a passo, dia após dia. Deus permitiu essas solitárias jornadas através do deserto, a fim de Seu povo poder adquirir experiência no suportar asperezas, e para que, quando estivessem em perigo, soubessem que unicamente em Deus havia alívio e livramento. Assim deviam eles aprender a conhecer e confiar em Deus e a servi-Lo com uma fé viva.
A Mais Importante Lição
Deus não depende de homens de educação perfeita. Sua obra não deve esperar enquanto Seus servos passam por tão longo e elaborado preparo, como algumas de nossas escolas estão planejando ministrar. Ele quer homens que apreciem o privilégio de ser cooperadores Seus - homens que O honrem mediante implícita obediência a Suas exigências, a despeito de teorias anteriormente incutidas. Não há limites à utilidade dos que põem de lado o próprio eu, dão lugar à operação do Espírito Santo em seu coração, e vivem uma existência de inteira consagração a Deus, suportando a necessária disciplina imposta pelo Senhor, sem se queixar nem desfalecer pelo caminho. Caso não desmaiem ante a repreensão do Senhor, tornando-se endurecidos e obstinados, Ele ensinará tanto aos jovens como aos adultos, hora por hora, dia por dia. Ele anela revelar Sua salvação aos filhos dos homens; e se Seu povo escolhido remover os obstáculos, fará fluir, abundantes torrentes,
as águas da salvação, por meio dos condutos humanos.
Muitos que estão buscando eficiência para a exaltada obra de Deus mediante o aperfeiçoamento da própria educação nas escolas dos homens, verificarão que deixaram de aprender as mais importantes lições. Negligenciando submeter-se às impressões do Espírito Santo, deixando de viver em obediência a todas as reivindicações de Deus, enfraqueceu-se-lhes o poder espiritual; perderam a habilidade que acaso possuíam para efetuar com êxito trabalho para o Senhor. Ausentando-se da escola de Cristo, esqueceram o som da voz do Mestre, e Ele não lhes pode dirigir a conduta.
Os homens podem adquirir todo conhecimento susceptível de ser comunicado pelo professor humano; Deus, porém, deles requer ainda maior sabedoria. Como Moisés, precisam aprender mansidão, humildade de coração e desconfiança do próprio eu. Nosso próprio Salvador, quando suportando a prova pela humanidade, reconheceu que, de Si mesmo, nada podia fazer. Também nós precisamos aprender que, de si mesma, a humanidade não possui força alguma. O homem só se torna eficiente ao partilhar da natureza divina.
É Necessário Buscar a Direção de Deus
Desde o abrir pela primeira vez um livro, deve o estudante reconhecer que Deus é o único a poder comunicar verdadeira sabedoria. Cumpre-lhe buscar a cada passo o conselho divino. Não se deve fazer nenhum arranjo de que Deus não possa ser participante, nenhuma união se formar, a não ser que Ele possa dar Sua aprovação. De princípio a fim, o Autor da sabedoria deve ser reconhecido como guia.
Assim, o conhecimento obtido dos livros será cingido por viva fé no infinito Deus. O aluno não se deve obrigar a nenhum curso particular de estudo que envolva longos períodos de tempo, mas ser guiado nesses assuntos pelo Espírito de Deus. ...
Ninguém se devia permitir seguir um curso de estudo que lhe venha enfraquecer a fé na verdade ou no poder do Senhor, ou diminuir seu respeito pela vida de santidade. Quisera advertir os estudantes a não darem um passo neste sentido, nem mesmo por conselho de seus instrutores, ou de homens em posição de autoridade, a não ser que hajam primeiro buscado a Deus em particular, o coração aberto às influências do Espírito Santo, obtendo Seu conselho com relação ao desejado curso de estudo. Seja extirpada toda ambição profana. Ponde à margem todo desejo egoísta de vos distinguirdes; que toda sugestão do lado humano seja levada a Deus, e confiai na guia de Seu Espírito. ...
Não vos confieis à guarda dos homens, mas dizei: "O Senhor é o meu ajudador; buscar-Lhe-ei o conselho; serei cumpridor de Sua vontade." Todas as vantagens que acaso possuais, não vos podem beneficiar, nem a mais alta educação habilitar-vos a ser condutos de luz, a menos que tenhais a cooperação do divino Espírito. É-nos tão impossível receber habilitações da parte dos homens, sem a iluminação divina, como era aos deuses do Egito livrar os que neles confiavam.
Os alunos não devem julgar que toda sugestão para prolongarem os estudos esteja em harmonia com o plano de Deus. Levai toda sugestão ao Senhor em oração, e buscai Sua direção, não uma vez apenas, mas repetidamente.
Pleiteai com Ele até que estejais convencidos de que o conselho provém de Deus ou do homem. ...
O Senhor diz: "Vigiai e orai, para que não entreis em tentação." Mat. 26:41. "Vigiai", para que vossos estudos não se acumulem tanto e se tornem de tão absorvente interesse para vós, que a mente se vos sobrecarregue, sendo excluído de vossa alma o desejo da piedade. Por parte de muitos alunos, o motivo e ideal que os levou a entrar na escola foi gradualmente perdido de vista, e uma profana ambição de adquirir educação elevada os induziu a sacrificar a verdade. O intenso interesse de obter alta posição entre os homens fez com que deixassem fora de seus cálculos a vontade do Pai celestial; o verdadeiro conhecimento, porém, leva à santidade da vida mediante a santificação da verdade.
Com muita freqüência, quando os estudos se acumulam, dá-se lugar secundário à sabedoria do alto, e quanto mais os alunos avançam, tanto menos confiança depositam em Deus. Consideram o muito saber como a própria essência do êxito na vida; mas se todos dessem a devida atenção à declaração de Cristo: "Sem Mim nada podereis fazer" (João 15:5), diversos seriam seus planos. Sem os princípios vitais da verdadeira religião, sem o conhecimento de como servir e glorificar o Redentor, a educação é mais nociva que benéfica. Quando a educação nos ramos humanos é levada a tal ponto que o amor de Deus desaparece do coração, que a oração é negligenciada, e se deixam de cultivar os atributos espirituais, ela é inteiramente desastrosa. Seria incomparavelmente melhor deixar de buscar educação, e restaurar vossa alma do estado de enfraquecimento, do que adquirir a melhor educação possível, perdendo de vista as vantagens eternas. ...
Em caso algum eu aconselharia o restringir a educação a que Deus não pôs limite. Nossa educação não finda com as vantagens que este mundo pode oferecer. Por toda a eternidade, os escolhidos de Deus estarão aprendendo. Aconselharia, porém, restrição no seguir os métodos de educação que põem em risco a alma e são de molde a anular o desígnio para que se despendem tempo e dinheiro. A educação é uma grande obra de toda a existência; para obter, porém, a educação verdadeira, é necessário possuir a sabedoria que só de Deus vem. O Senhor Deus deve ser representado em todo aspecto da educação; é um erro, todavia, consagrar anos de estudo a um ramo de conhecimento de livros. Depois de haver sido dedicado ao estudo um período de tempo, ninguém aconselhe os alunos a entrarem imediatamente em outro extenso curso de estudo, mas antes a entrar na obra para que se estiveram preparando. Sejam animados a pôr em prática a educação já obtida. ...
A mente de muitos necessita renovar-se, transformar-se e ser moldada segundo o plano de Deus. Muitos se estão arruinando física, mental e moralmente, em razão de excesso de consagração ao estudo. Estão se prejudicando para o tempo e a eternidade devido a hábitos de intemperança no buscar educação. Estão perdendo o desejo de aprender na escola de Cristo, lições de mansidão e de humildade de espírito. ...
Em Vista da Proximidade da Vinda de Cristo
O pensamento que se deve conservar diante dos alunos, é que o tempo é breve, e que se devem preparar rapidamente para fazer a obra essencial para este tempo. ... É-me ordenado dizer-vos que não sabeis quão breve sobrevirá a crise.
Ela vem vindo furtiva e gradualmente sobre nós, como um ladrão. O Sol resplandece no céu, seguindo seu curso habitual, e os céus ainda declaram a glória de Deus; os homens prosseguem em sua habitual rotina de comer e beber, plantar e construir, casar e dar-se em casamento; os comerciantes se acham ainda empenhados em comprar e vender; as publicações saem umas após outras; os homens acotovelam-se uns aos outros em busca das mais altas posições; os amantes de prazeres continuam a freqüentar os teatros, as corridas de cavalos, os antros de jogatina, e domina o máximo da excitação; a hora da graça, no entanto, vai-se rapidamente encerrando, e cada caso está a ponto de ser eternamente decidido. Poucos há que acreditem de alma e coração que temos um Céu a ganhar e um inferno de que fugir; estes, porém, revelam pelas obras a sua fé.
Os sinais da vinda de Cristo estão-se cumprindo rapidamente. Satanás vê que não lhe resta senão pouco tempo para operar, e tem posto seus agentes a trabalhar no sentido de revoltar as pessoas do mundo, para que os homens sejam enganados, iludidos, e se conservem ocupados e absorvidos até que termine o tempo da graça, e para sempre se feche a porta da misericórdia.
Os reinos deste mundo ainda não se tornaram os reinos de nosso Senhor e de Seu Cristo. Não vos enganeis; estai plenamente acordados, e agi com rapidez; pois a noite vem, na qual ninguém pode trabalhar. Não animeis estudantes que vos procuram, preocupados com a obra de salvar seus semelhantes, a entrar em curso após curso de estudo. Não prolongueis por muitos anos o tempo da educação. Assim fazendo, dai-lhes a impressão de que há tempo bastante, e esse
próprio plano se demonstra para sua alma uma armadilha.
Muitos há que se encontram mais bem preparados, com mais discernimento espiritual e conhecimento de Deus, e que conhecem mais os Seus preceitos, ao entrarem no curso de estudos, do que quando se diplomam. Apodera-se deles a ambição de se tornarem homens instruídos, e são estimulados a acrescentar os estudos até que com eles ficam envaidecidos. Fazem dos livros seu ídolo, e estão dispostos a sacrificar a saúde e a espiritualidade a fim de obter educação. Limitam o tempo que é devido à oração, e deixam de aproveitar as ocasiões de fazer bem. Não põem em uso o conhecimento já adquirido, nem progridem na ciência de ganhar almas. O trabalho missionário torna-se cada vez menos desejável, ao passo que o anseio de sobrepujar no conhecimento dos livros cresce de modo anormal. Prosseguindo em seus estudos, separam-se do Deus de sabedoria. Alguns os felicitam por seu progresso, e estimulam-nos a obter título após título. ...
Foi dirigida a pergunta: "Acreditais na verdade? acreditais na terceira mensagem angélica? Se o credes, vivei então segundo a vossa fé." ... O tempo de graça não permite longamente delineados anos de preparo, Deus chama; ouvi-Lhe a voz, enquanto diz: "Vai trabalhar hoje na Minha vinha." Mat. 21:28. Agora, exatamente agora, é o tempo de trabalhar. ...
"O Senhor tem o Seu caminho na tormenta e na tempestade, e as nuvens são o pó dos Seus pés." Naum 1:3. Quem dera que os homens entendessem a paciência e a longanimidade de Deus! Ele restringe os próprios atributos. Seu onipotente
poder está sob o controle da Onipotência. Ah! se os homens entendessem que Deus Se recusa a cansar-Se com a perversidade do mundo, estendendo ainda a esperança do perdão, mesmo aos menos merecedores! Sua paciência, porém, não continuará para sempre. Quem está preparado para a súbita mudança que se operará no trato de Deus com os pecadores? Quem estará preparado para escapar ao castigo que sobrevirá por certo aos transgressores? ...
Há uma grande obra a ser feita, e a vinha do Senhor necessita de obreiros. Os missionários devem penetrar nos campos antes de serem forçados a cessar com o trabalho. Há agora portas abertas por toda parte; os estudantes não se podem permitir esperar para completar anos de preparo; pois os anos que estão adiante de nós não são muitos, e precisamos trabalhar enquanto o dia durar. ...
Compreendei que nada digo nestas palavras para depreciar a educação, mas falo a fim de advertir os que se acham em risco de levar o que é lícito a ilícitos extremos, e de dar demasiado valor à educação humana. Insisti antes sobre o desenvolvimento da experiência cristã, porquanto sem isso, de nenhum proveito será a educação do aluno.
Se virdes que os estudantes estão em perigo de absorver-se com os estudos a ponto de negligenciar o estudo daquele Livro que os informa quanto à maneira de assegurar o futuro bem-estar de sua alma, não lhes apresenteis a tentação de se aprofundarem mais, de prolongarem o tempo de preparo. Por essa maneira, tudo quanto tornaria de valor para o mundo a educação dos alunos, desapareceria. ...
Enquanto o tempo durar, necessitaremos de escolas. Haverá sempre necessidade de educação; cumpre-nos, porém, cuidar em que ela não absorva todo interesse espiritual. Existe positivo risco em aconselhar alunos a prosseguir em ramo após ramo de educação, e em levá-los a pensar que, por esse meio, hão de obter a perfeição. A educação assim alcançada demonstrar-se-á deficiente em todo sentido. Diz o Senhor: "Destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos inteligentes. Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura, não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não conheceu a Deus pela Sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação." I Cor. 1:19-21.
Moisés era instruído em toda a sabedoria dos egípcios. Pela providência de Deus, ele recebeu ampla educação; grande parte da qual, porém, teve de ser desaprendida e considerada como loucura. Suas impressões tiveram de ser apagadas por quarenta anos de experiência no cuidado das ovelhas e dos tenros cordeirinhos. Se muitos dos que se acham ligados à obra do Senhor fossem isolados como Moisés, sendo, pelas circunstâncias forçados a seguir qualquer humilde carreira até que o coração se lhes tornasse tenro, ... não seriam tão inclinados a engrandecer as próprias aptidões, ou a buscar demonstrar que a sabedoria de uma educação avançada podia tomar o lugar de um sadio conhecimento de Deus. ...
Os discípulos de Cristo não são chamados a engrandecer os homens, mas a Deus, fonte de toda a sabedoria. Dêem os educadores margem ao Espírito Santo para operar no
coração humano. O maior dos mestres Se acha representado entre nós pelo Espírito Santo. Embora estudeis, embora vos seja dado atingir mais e mais alto, e ocupeis cada hora de vosso tempo de graça na perseguição do conhecimento, não ficareis completos. Ao chegar ao final, teríeis de perguntar a vós mesmos: Que benefício fiz aos que se encontram envoltos em plena escuridão? A quem comuniquei o conhecimento de Deus, e mesmo o conhecimento daquilo em cuja busca gastei tanto tempo e recursos?
Em breve se dirá no Céu: "Está consumado." "Quem é injusto faça injustiça ainda; e quem está sujo suje-se ainda; e quem é justo faça justiça ainda; e quem é santo seja santificado ainda. E eis que cedo venho, e o Meu galardão está comigo para dar a cada um segundo a sua obra." Apoc. 22:11 e 12. Ao sair esse decreto, todo caso terá sido decidido.
Muito melhor seria que os obreiros tomassem menos trabalho, e o desempenhassem devagar e humildemente, usando o jugo de Cristo e levando-Lhe os fardos, do que dedicando anos de preparo para uma grande obra e deixando então de trazer filhos e filhas a Deus, deixando de ter qualquer troféu para depor aos pés de Jesus. ...
Quantos dos que conhecem a verdade para o tempo atual estão agindo em harmonia com os seus princípios? É verdade que se está fazendo alguma coisa; porém mais, incomparavelmente mais se deveria fazer. O trabalho acumula-se, ao passo que diminui o tempo para efetuá-lo. Todos devem ser agora lâmpadas ardentes e resplandecentes, e todavia muitos estão deixando de manter suas lâmpadas providas do óleo da graça, espevitadas e ardendo, de maneira que a luz resplandeça hoje.
Muitos são os que estão contando com um longo amanhã; isso é um erro, no entanto. Seja cada um educado de maneira a mostrar a importância da obra especial para hoje. Trabalhe cada um para Deus e pelas almas; mostre cada um sabedoria e não seja nunca encontrado em ociosidade, esperando que alguém o ponha a trabalhar. O "alguém" que vos poderia fazer isso está demasiado assoberbado de responsabilidades, e perde-se o tempo esperando suas orientações. Deus vos dará sabedoria para uma reforma imediata; pois o chamado ainda continua: "Filho, vai trabalhar hoje na Minha vinha." Mat. 21:28. "Se ouvirdes hoje a Sua voz, não endureçais o vosso coração." Heb. 3:7 e 8. O Senhor inicia o pedido com a acariciadora expressão "filho". Quão terno, quão compassivo, e todavia, por outro lado, quão urgente! Seu convite é também uma ordem. Special Testimonies on Education, págs. 108-146.
Grande conhecimento é conhecer-se a si mesmo. O verdadeiro conhecimento de si próprio induz a uma humildade que abrirá o caminho para que o Senhor desenvolva o espírito, molde e discipline o caráter. Professor algum poderá fazer obra aceitável, a não ser que conserve em mente as próprias deficiências, e ponha de parte todos os planos capazes de enfraquecer a vida espiritual. Quando os mestres estiverem dispostos a pôr de lado o que não for essencial para a vida eterna, então se poderá dizer que estão operando a própria salvação com temor e tremor, e que estão edificando sabiamente para a eternidade.