O conhecimento da verdadeira ciência é poder; e é o desígnio de Deus que esse conhecimento seja ensinado em nossas escolas como preparo para a obra que precederá às cenas finais da história terrestre. A verdade deve ser levada aos mais remotos limites da Terra por meio de instrumentos exercitados para essa obra.
Mas ao passo que o conhecimento da ciência é poder, o conhecimento que Jesus veio em pessoa comunicar é poder ainda maior. A ciência da salvação é a mais importante das ciências a ser aprendida na preparatória escola terrestre. É desejável a sabedoria de Salomão, mas a de Cristo é incomparavelmente mais desejável e essencial. Não podemos chegar a Cristo mediante simples preparo intelectual; por meio dEle, porém, é-nos dado atingir o mais elevado lance da escada na grandeza intelectual. Ao passo que a busca do conhecimento na arte, na literatura e no comércio não deve ser desencorajada, o de que primeiro deve o estudante assegurar-se é o conhecimento experimental de Deus e Sua vontade.
A oportunidade de aprender a ciência da salvação é posta ao alcance de todos. Mediante o permanecer em Cristo, fazer Sua vontade e exercer fé simples em Sua Palavra, mesmo os não instruídos na sabedoria do mundo podem adquirir esse conhecimento. À alma humilde e confiante, o Senhor revela que todo verdadeiro conhecimento conduz em direção ao Céu.
Dominando a Ciência
Há uma ciência do Cristianismo a ser dominada - ciência tão mais profunda, ampla e elevada que qualquer outra ciência, quanto o Céu está mais alto do que a Terra. A mente deve ser disciplinada, educada e exercitada; pois os homens devem fazer serviço para Deus por maneiras que não se acham em harmonia com sua inata inclinação. Muitas vezes devem o preparo e a educação de toda uma existência ser rejeitados a fim de que a pessoa se torne discípula na escola de Cristo. O coração deve ser educado a firmar-se em Deus. Adultos e jovens precisam formar hábitos de pensamento que os habilitem a resistir à tentação. Cumpre-lhes aprender a olhar para o alto. Os princípios da Palavra de Deus - princípios tão elevados como o céu e que abrangem a eternidade - devem ser compreendidos em sua relação para com a vida diária. Todo ato, palavra e pensamento devem estar em harmonia com esses princípios.
Nenhuma outra ciência é igual à que desenvolve na vida do estudante o caráter de Deus. Os que se tornam seguidores de Cristo verificam que lhes são inspirados novos motivos de ação, surgem pensamentos novos, devendo isso dar em resultado novas ações. Mas só podem fazer progressos por meio de lutas; pois há um inimigo que continuamente contende com eles, apresentando tentações que levem a alma à dúvida e ao pecado. Há tendências hereditárias e cultivadas para o mal que precisam ser vencidas. O apetite e a paixão devem ser postos sob o controle do Espírito Santo. Não há fim ao conflito do lado de cá da eternidade. Mas ao passo que há constantes batalhas a ferir, há também preciosas vitórias a ganhar; e o triunfo sobre o próprio eu e o pecado é tão valioso que nosso espírito não o pode apreciar.
O Verdadeiro Êxito na Educação
O verdadeiro êxito na educação, bem como em tudo mais, obtém-se conservando os olhos na vida por vir. A família humana, mal inicia a vida, já começa a morrer; e o incessante labor do mundo finda em nada, a menos que se consiga verdadeiro conhecimento quanto à vida eterna. Aquele que sabe dar valor ao tempo de graça, como a escola preparatória da vida, empregá-lo-á em garantir-se um título às mansões celestes, o lugar de membro da escola superior. Para essa escola deve a juventude ser educada, disciplinada e preparada pela formação de caráter digno da aprovação de Deus.
Caso os alunos sejam levados a compreender que o objetivo de serem criados é honrar a Deus e beneficiar a seus semelhantes; se reconhecerem o terno amor que o Pai do Céu lhes tem manifestado e o alto destino para que os deve preparar a disciplina desta vida - a dignidade e a honra de se tornarem filhos de Deus - milhares se desviarão dos baixos e interesseiros objetivos e dos frívolos prazeres que até então os absorveram. Aprenderão a odiar o pecado, a fugir-lhe, não simplesmente pela esperança da recompensa ou o temor do castigo, mas pelo senso da inerente baixeza do mesmo pecado - porque ele degrada as faculdades recebidas de Deus e lança uma mancha sobre sua varonilidade. Os elementos de caráter que tornam o homem bem-sucedido e honrado entre os homens - o irreprimível desejo de um bem maior, a indômita vontade, o esforço tenaz, a incansável perseverança - não serão esmagados. Pela graça de Deus, dirigir-se-ão a objetivos tão mais elevados
que os meros interesses temporais e egoístas, como os Céus estão mais altos do que a Terra.
"Deus", escreveu o apóstolo Paulo, vos elegeu "desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito e fé da verdade." II Tess. 2:13. Nesse texto revelam-se os dois agentes na obra da salvação - a influência divina e a fé forte e viva, dos que seguem a Cristo. É mediante a santificação do Espírito e a crença da verdade que nos tornamos coobreiros de Deus. Cristo aguarda a cooperação de Sua igreja. Não é desígnio Seu acrescentar novo elemento de eficiência à Sua Palavra; Ele fez Sua grande obra em comunicar a própria inspiração à Palavra. O sangue de Jesus Cristo, o Espírito Santo e a Palavra Divina pertencem-nos. O objeto de todas essas providências celestes acha-se perante nós - a salvação das almas por quem Cristo morreu; e de nós depende apoderar-nos das promessas dadas por Deus, tornando-nos Seus colaboradores. Agentes divinos e humanos devem cooperar na obra.
"Todo aquele que é da verdade", declarou Cristo, "ouve a Minha voz." João 18:37. Havendo-Se achado nos concílios de Deus, tendo habitado nas sempiternas alturas do santuário, todos os elementos da verdade nEle se achavam e a Ele pertenciam. Ele era um com Deus. Significa mais do que podem compreender mentes finitas o apresentar em todo esforço missionário a Cristo, e Ele crucificado. "Ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e, pelas Suas pisaduras, fomos sarados." Isa. 53:5. "Aquele que não conheceu pecado, O fez pecado por nós; para que, nEle, fôssemos
feitos justiça de Deus." II Cor. 5:21. Cristo crucificado por nossos pecados; Cristo ressuscitado dos mortos; Cristo assunto ao alto como nosso intercessor - eis a ciência da salvação que precisamos aprender e ensinar. Essa deve ser a preocupação de nossa obra.
A cruz de Cristo - ensinai-a repetidamente a todo aluno. Quantos acreditam que ela seja o que é? Quantos a introduzem em seus estudos, e lhe conhecem a verdadeira significação? Poderia acaso haver em nosso mundo um cristão sem a cruz de Cristo? Mantende, pois, a cruz erguida em vossas escolas como o fundamento da verdadeira educação. A cruz de Cristo se acha exatamente tão perto de nossos professores, e devia ser tão perfeitamente compreendida por eles, como aconteceu com Paulo, que podia declarar: "Longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu, para o mundo." Gál. 6:14.
Que os professores, do mais elevado ao mais humilde, procurem compreender o que quer dizer gloriar-se na cruz de Cristo. Então, por preceito e por exemplo, poderão ensinar aos alunos as bênçãos que ela traz aos que a carregam varonil e bravamente. O Salvador declara: "Se alguém quiser vir após Mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz e siga-Me." Mat. 16:24. E a todos quantos a erguem e conduzem após Cristo, a cruz é um penhor da coroa da imortalidade que hão de receber.
Os educadores que não trabalharem nesse sentido não merecem o nome que usam. Mestres, desviai-vos do exemplo do mundo, cessai de aplaudir os chamados grandes homens; desviai a mente de vossos alunos da glória de qualquer coisa que não seja a cruz de Cristo. O Messias crucificado é o
centro de todo o Cristianismo. As lições mais importantes para os mestres e os discípulos, são as que encaminham, não para o mundo, mas do mundo para a cruz do Calvário.
A santidade, ou seja, a semelhança com Deus é o alvo a ser atingido. À frente do estudante existe aberta a senda de um contínuo progresso. Ele tem um objetivo a realizar, uma norma a alcançar, os quais incluem tudo que é bom, puro e nobre. Ele progredirá tão depressa, e tanto, quanto for possível em cada ramo do verdadeiro conhecimento. Mas seus esforços se dirigirão a objetos tanto mais elevados que os meros interesses egoístas e temporais quanto os Céus se acham mais alto do que Terra.
Aquele que coopera com o propósito divino, transmitindo à juventude o conhecimento de Deus, e moldando-lhes o caráter em harmonia com o Seu, realiza uma elevada e nobre obra. Suscitando o desejo de atingir o ideal de Deus, apresenta uma educação que é tão alta como o Céu e tão extensa como o Universo; uma educação que não se poderá completar nesta vida, mas que se prolongará na vindoura; educação que garante ao estudante eficiente sua promoção da escola preparatória da Terra para o curso superior - a escola celestial. Educação, págs. 18 e 19.