"Conforme o que o Homem Tem"
Deus pode usar e usará os que não tiveram completa educação nas escolas dos homens. Duvidar de Seu poder para fazê-lo é manifesta incredulidade. Nosso Salvador não passa por alto o saber nem despreza a educação; escolheu, todavia, iletrados pescadores para a obra do evangelho, por não haverem eles sido instruídos nos falsos costumes e tradições do mundo. Eram homens dotados de boas aptidões naturais, e de um espírito humilde e dócil; homens a quem poderia educar para Sua grande obra.
Nas atividades comuns da vida existe muito trabalhador levando pacientemente a rotina de suas tarefas diárias, inconsciente das latentes faculdades que, despertadas para a ação, colocá-lo-iam entre os maiores líderes do mundo. O toque de uma hábil mão se faz necessário para despertar e desenvolver essas adormecidas faculdades. Foram homens assim os que Jesus ligou a Si; e proporcionou-lhes as vantagens de três anos de preparo sob Seu próprio cuidado. Nenhum curso de estudos nas escolas dos rabis ou nas escolas de filosofia poderia haver igualado a isso em seu valor.
A vida consagrada a Deus não deve ser uma vida de ignorância. Muitos falam contra a educação, pelo fato de Jesus haver escolhido não educados pescadores para pregar o evangelho. Afirmam que Cristo mostrou preferência por essa classe. Houve, porém, muitos homens de saber, e ilustres, que acreditaram nos ensinos de Cristo. Houvessem esses destemidamente obedecido às convicções de sua consciência, e tê-Lo-iam seguido. Suas aptidões teriam sido
aceitas e empregadas em Seu serviço, caso as houvessem eles oferecido. Faltava-lhes, porém, força moral, diante dos carrancudos sacerdotes e dos invejosos governantes, para confessar a Cristo, e arriscar sua reputação, ligando-se ao humilde Galileu.
Aquele que conhece o coração de todos, compreendia isso. Se os educados e nobres não queriam fazer a obra para que se achavam habilitados, Cristo escolheria homens que fossem obedientes e fiéis no cumprir Sua vontade. Escolheu homens humildes e ligou-os a Si, a fim de educá-los para levar avante a grande obra na Terra, quando Ele a houvesse de deixar.
Cristo era a luz do mundo. Era a fonte de todo conhecimento. Era apto a habilitar os iletrados pescadores para se desempenharem da grande comissão que lhes ia confiar. As lições de verdade ministradas a esses homens humildes foram de alta significação. Eles deviam abalar o mundo. Coisa simples era a Jesus relacionar consigo essas pessoas humildes; foi, porém, um acontecimento de tremendos resultados. Suas palavras e obras haviam de revolucionar o mundo.
Deus aceitará os jovens com seus talentos e a opulência de sua afeição, caso se consagrem a Ele. Eles podem atingir o mais elevado ponto da grandeza intelectual; e, sendo equilibrados pelos princípios religiosos, poderão levar avante a obra que Cristo veio do Céu para realizar.
Os alunos de nossas escolas têm valiosos privilégios, não só de obter conhecimento de ciências, mas também de aprender a cultivar virtudes que lhes darão caráter simétrico.
Eles são os responsáveis agentes morais de Deus. Os talentos da riqueza, posição e intelecto são dados por Deus em depósito ao homem, para seu sábio desenvolvimento. Esses vários depósitos tem Ele distribuído proporcionalmente às conhecidas faculdades e capacidades de Seus servos, a cada um a sua obra.
E o Doador espera resultados proporcionais aos dons. O mais humilde dom não deve ser desprezado. Cada um tem sua esfera e vocação particulares. Aquele que melhor aproveita as oportunidades que Deus lhe dá, devolverá ao Doador, em seu desenvolvimento, juros na razão do capital confiado.
O Senhor não recompensa a grande quantidade de trabalho feito. Não considera tanto a grandeza da obra, como a fidelidade com que é executada. O bom e fiel servo é recompensado. Ao cultivarmos as faculdades que Deus nos deu, cresceremos no conhecimento e na percepção.
A perseverança na aquisição de conhecimento, regida pelo temor e o amor de Deus, dará aos jovens acréscimo de poder para o bem nesta vida. Os que aproveitam ao máximo suas oportunidades para chegar a elevadas realizações, levarão estas consigo para a vida futura. Buscaram e conseguiram o que é imperecível. A capacidade de apreciar as glórias que "o olho não viu, e o ouvido não ouviu" (I Cor. 2:9), será proporcional às consecuções alcançadas.
Os que esvaziam o coração da vaidade e das impurezas, poderão, pela graça de Deus, purificar o espírito, e torná-lo um centro de conhecimentos, pureza e verdade. E ele continuará dilatando-se para além dos estreitos limites do pensamento mundano, para a vastidão do infinito.