Testem. Ministros e Obreiros Evangélicos

CAPÍTULO 70

Orai Pela Chuva Serôdia

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Orar Pela Chuva Serôdia

"Pedi ao Senhor chuva no tempo da chuva serôdia; o Senhor que faz os relâmpagos, lhes dará chuveiro de água." Zac. 10:1. "E fará descer a chuva, a temporã e a serôdia." Joel 2:23. No Oriente a chuva temporã cai no tempo da semeadura. Ela é necessária, para que a semente possa germinar. Sob a influência de fertilizantes aguaceiros, brota o tenro rebento. Caindo perto do fim da estação, a chuva serôdia amadurece o grão, e o prepara para a foice. O Senhor utiliza esses elementos da Natureza para representar a obra do Espírito Santo. Como o orvalho e a chuva são dados primeiro para fazer com que a semente germine, e então para amadurecer a colheita, assim é dado o Espírito Santo para levar avante, de um estágio para outro, o processo de crescimento espiritual. O amadurecimento do grão representa a terminação do trabalho da graça de Deus na alma. Pelo poder do Espírito Santo deve a imagem moral de Deus ser aperfeiçoada no caráter. Devemos ser completamente transformados à semelhança de Cristo.

A chuva serôdia, amadurecendo a seara da Terra, representa a graça espiritual que prepara a igreja para a vinda do Filho do homem. Mas a menos que a chuva temporã haja caído, não haverá vida; a ramagem verde não brotará. Se a chuva temporã não fizer seu trabalho, a serôdia não desenvolverá a semente até a perfeição.

Deve haver "primeiro, a erva, depois, a espiga, e, por último, o grão cheio na espiga". Mar. 4:28. Deve haver um desenvolvimento constante das virtudes cristãs, um avanço constante na experiência cristã. Isso devemos nós buscar com intenso desejo, para que possamos adornar a doutrina de Cristo, o nosso Salvador.


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Muitos têm em grande medida deixado de receber a chuva temporã. Não têm obtido todos os benefícios que Deus assim para eles tem provido. Esperam que as falhas sejam supridas pela chuva serôdia. Quando a maior abundância da graça estiver para ser outorgada, esperam poder abrir o coração para recebê-la. Estão cometendo um erro terrível. O trabalho que Deus começou no coração humano mediante Sua luz e conhecimento, deve estar continuamente avançando. Cada indivíduo deve estar cônscio de sua própria necessidade. Deve o coração ser esvaziado de toda a mancha, purificado para habitação do Espírito. Foi pela confissão e pelo abandono do pecado, por meio de fervorosa oração e da entrega pessoal a Deus, que os discípulos se prepararam para o derramamento do Espírito Santo no dia de Pentecoste. O mesmo trabalho, apenas em grau mais elevado, deve ser feito agora. Então o agente humano só teve de pedir a bênção e esperar que o Senhor aperfeiçoasse a obra a seu respeito. Foi Deus que começou a obra, e Ele terminará Sua obra, tornando o homem perfeito em Jesus Cristo. Mas não se deve negligenciar a graça representada pela chuva temporã. Só os que estiverem vivendo de acordo com a luz que têm recebido poderão receber maior luz. A não ser que nos estejamos desenvolvendo diariamente na exemplificação das ativas virtudes cristãs, não reconheceremos as manifestações do Espírito Santo na chuva serôdia. Pode ser que ela esteja sendo derramada nos corações ao nosso redor, mas nós não a discerniremos nem a receberemos.

Em nenhum ponto de nossa experiência podemos nós dispensar a assistência daquilo que nos habilita a fazer justamente o começo. As bênçãos recebidas sob a chuva temporã, são-nos necessárias até ao fim. No entanto só isso não nos basta. Embora acariciemos as bênçãos da primeira chuva, não devemos, do outro lado, perder de vista o


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fato de que sem a chuva serôdia, para encher a espiga e amadurecer o grão, a colheita não estará pronta para a ceifa, e o trabalho do semeador terá sido em vão. Necessita-se da graça divina no começo, da graça divina em cada passo de avanço; só a graça divina pode completar a obra. Não há lugar para nós descansarmos em descuidada atitude. Nunca devemos esquecer as advertências de Cristo: "Vigiai em oração." I Ped. 4:7. "Vigiai, pois, em todo o tempo, orando." Luc. 21:36. A ligação a cada momento com o Agente divino é essencial ao nosso progresso. Podemos ter tido uma medida do Espírito de Deus, mas tanto pela oração como pela fé devemos buscar continuamente mais do Espírito. Nunca dá resultado cessarmos os nossos esforços. Se não progredirmos, se não nos colocarmos na atitude em que tanto possamos receber a chuva temporã como a serôdia, perderemos nossa alma e a responsabilidade jazerá à nossa porta.

"Pedi ao Senhor chuva no tempo da chuva serôdia." Zac. 10:1. Não fiqueis satisfeitos, pensando que no decorrer normal da estação a chuva cairá. Pedi-a. O crescimento e a perfeição da semente não repousa sobre o lavrador. Só Deus pode amadurecer a colheita. Mas se exige a cooperação do homem. A obra de Deus por nós exige a ação de nossa mente, o exercício de nossa fé. Devemos buscar-Lhe os favores de todo o coração, se queremos alcançar os chuveiros da graça. Devemos aproveitar toda a oportunidade de nos colocarmos no conduto da bênção. Cristo disse: "Onde estiverem dois ou três reunidos em Meu nome, aí estou Eu no meio deles." Mat. 18:20. As convocações da igreja, como nas reuniões campais, as assembléias da igreja local, e todas as ocasiões em que há trabalho pessoal em favor das almas, são oportunidades determinadas por Deus para dar tanto a chuva temporã como a serôdia.

Mas ninguém pense que ao freqüentar essas reuniões, já fez o seu dever. A mera freqüência a todas as reuniões que


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se realizam não trará em si mesma uma bênção à alma. Não é lei imutável que todos os que assistam a reuniões gerais ou a reuniões locais recebam grandes recursos do Céu. Podem as circunstâncias parecer favoráveis a um abundante derramamento dos chuveiros da graça. Mas Deus mesmo deve ordenar que caia a chuva. Não devemos portanto ser remissos nas súplicas. Não devemos confiar na atuação comum da providência. Devemos orar para que Deus descerre a fonte da água da vida. E nós mesmos devemos receber água viva. Oremos, pois, com coração contrito e com maior fervor, para que agora, no tempo da chuva serôdia, os chuveiros da graça sejam derramados sobre nós. Em todas as reuniões em que estivermos presentes, nossas orações devem ser feitas no sentido de que, agora mesmo, Deus conceda fervor e ânimo a nosso coração. Ao irmos ao Senhor em busca do Espírito Santo, Este produzirá em nós mansidão e humildade, bem como consciente confiança de que Deus nos concederá a aperfeiçoadora chuva serôdia. Se com fé orarmos pela bênção, recebê-la-emos conforme Deus nos prometeu.

A contínua concessão do Espírito Santo à igreja é representada pelo profeta Zacarias por meio de outro símbolo, que contém uma admirável lição de encorajamento para nós. Diz o profeta: "E tornou o anjo que falava comigo, e me despertou, como a um homem que é despertado de seu sono, e me disse: Que vês? E eu disse: Olho, e eis um castiçal todo de ouro, e um vaso de azeite no cimo, com as suas sete lâmpadas; e cada lâmpada posta no cimo tinha sete canudos. E, por cima dele, duas oliveiras, uma à direita do vaso de azeite, e outra à sua esquerda. E falei e disse ao anjo que falava comigo, dizendo: Senhor meu, que é isto? E respondeu e me falou, dizendo:


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Esta é a palavra do Senhor a Zorobabel, dizendo: Não por força, nem por violência, mas pelo Meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos. E, falando-lhe outra vez, disse: Que são aqueles dois raminhos de oliveira que estão junto aos dois tubos de ouro e que vertem de si ouro? Então Ele disse: Estes são os dois ungidos, que estão diante do Senhor de toda a Terra." Zac. 4:1-4, 6, 12 e 14.

Das duas oliveiras, o óleo dourado era conduzido através de tubos de ouro, para o bojo do castiçal e daí para as lâmpadas de ouro que iluminavam o santuário. Da mesma sorte, dos santos que permanecem na presença de Deus, Seu Espírito é transmitido aos instrumentos humanos que se consagram ao Seu serviço. A missão dos dois ungidos é comunicar luz e poder ao povo de Deus. É para receber bênção para nós que eles estão na presença de Deus. Como as oliveiras esvaziam-se nos tubos de ouro, assim procuram os mensageiros celestes comunicar tudo que de Deus receberam. Todo o tesouro celestial aguarda que o peçamos e recebamos; e, à medida que recebemos a bênção, devemos naturalmente transmiti-la a outros. É assim que as lâmpadas sagradas são alimentadas, e a Igreja se torna portadora de luz no mundo.

Esta é a obra que o Senhor deseja que cada alma esteja preparada para fazer neste tempo, quando os quatro anjos seguram os quatro ventos, para que não soprem até que os servos de Deus sejam selados em suas testas. Não há tempo agora para agradar a si mesmo. As lâmpadas da alma devem ser espevitadas. Devem ser supridas com o óleo da graça. Deve-se tomar toda a precaução para evitar toda a decadência espiritual, para que o grande dia do Senhor não nos surpreenda como um ladrão de noite. Cada testemunha em favor de Deus, deve agora trabalhar inteligentemente nos ramos


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indicados pelo Senhor. Devemos obter diariamente uma viva e profunda experiência na obra de aperfeiçoar um caráter cristão. Devemos receber diariamente o santo óleo, para que o possamos transmitir aos outros. Todos os que quiserem podem ser faróis para este mundo. Em Jesus, devemos fazer desaparecer o próprio eu. Devemos receber a Palavra de Deus nos conselhos e instruções, comunicando-a alegremente. Há, agora, necessidade de muita oração. Cristo ordena: "Orai sem cessar" (I Tess. 5:17); isto é, conservai o espírito elevado a Deus, a fonte de todo o poder e eficiência.

Podemos por muito tempo ter seguido no caminho estreito, mas não é seguro tomar isso como prova de que o seguiremos até ao fim. Se com Deus temos andado na comunhão do Espírito, é porque O procuramos diariamente pela fé. Das duas oliveiras é-nos comunicado o óleo que verte pelo tubos de ouro. Mas os que não cultivam o espírito e o hábito de oração não podem esperar receber o áureo azeite da bondade, paciência, longanimidade, delicadeza e amor.

Deve cada um conservar-se separado do mundo, que está cheio de iniqüidade. Não devemos andar com Deus por algum tempo e depois separar-nos de Sua companhia, e andar nas centelhas que nós mesmos acendemos. Deve haver firme continuação, perseverança nos atos de fé. Devemos louvar a Deus; demonstrar Sua glória num caráter justo. Nenhum de nós alcançará a vitória sem que haja um esforço perseverante e incansável, proporcional ao valor do objeto que procuramos, a vida eterna.

A dispensação em que vivemos deve ser, para os que pedem, a dispensação do Espírito Santo. Pedi-Lhe a bênção. É tempo de sermos mais dedicados em nossa devoção. É-nos confiado o trabalho árduo mas feliz e glorioso, de revelar Cristo aos que se acham em trevas. Somos chamados para proclamar as verdades


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especiais para este tempo. Para tudo isto, é essencial o derramamento do Espírito Santo. Devemos orar para esse fim. O Senhor espera que Lho peçamos. Ainda não empreendemos essa tarefa com todo o coração.

Que posso dizer a meus irmãos em nome do Senhor? Que medida de nossos esforços foi feita de acordo com a luz que ao Senhor aprouve dar? Não podemos depender da forma ou do maquinismo externo. O que precisamos é da vivificadora influência do Espírito Santo de Deus. "Não por força, nem por violência, mas pelo Meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos." Zac. 4:6. Orai sem cessar, e vigiai, trabalhando de conformidade com vossas orações. Ao orardes, crede, confiai em Deus. Estamos no tempo da chuva serôdia, tempo em que o Senhor dará liberalmente o Seu Espírito. Sede fervorosos em oração, e vigiai no Espírito.

De que maneira O serviremos, para aprender dAquele que é nosso Mestre? Podemos examinar-Lhe a palavra, e familiarizar-nos com Sua vida e Suas obras. Devemos receber Suas palavras como sendo pão para nossa alma. Em qualquer esfera em que o homem seja colocado, deixou-nos o Senhor Jesus sinais de Seus passos. Faremos bem em segui-Lo. Devemos alimentar o Espírito pelo qual Ele falou; devemos apresentar a verdade como esta é em Jesus. Devemos segui-Lo, especialmente na pureza de coração, no amor. O eu deve estar escondido com Cristo, em Deus; então, quando Cristo, que é a nossa vida, aparecer, também nós apareceremos, com Ele, em glória. Special Testimonies to Ministers and Workers, Série A, nº 9, 1897, pág. 58.

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