Testem. Ministros e Obreiros Evangélicos

CAPÍTULO 10

Como Examinaremos as Escrituras?

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III. As Santas Escrituras

Como Examinaremos as Escrituras?

Como examinaremos as Escrituras, para compreender o que elas ensinam? Devemos estudar a Palavra de Deus com coração contrito, um espírito suscetível de ser ensinado e pleno de oração. Não devemos pensar, como os judeus, que nossas próprias idéias e opiniões são infalíveis, nem como os católicos, que certos indivíduos são os únicos guardiões da verdade e do conhecimento, que os homens não têm o direito de examinar as Escrituras por si mesmos, mas devem aceitar as explanações dadas pelos Pais da igreja. Não devemos estudar a Bíblia com o propósito de manter nossas opiniões preconcebidas, mas com o único objetivo de aprender o que Deus disse.

Temem alguns que se reconhecerem estar em erro, ainda que seja num simples ponto, outros espíritos serão levados a duvidar de toda a teoria da verdade. Têm, portanto, achado que não se deve permitir a pesquisa; que ela tenderia para a dissensão e a desunião. Mas se tal é o resultado da pesquisa, quanto mais depressa vier, melhor. Se há aqueles cuja fé na Palavra de Deus não suportará a prova de uma pesquisa das Escrituras, quanto mais depressa forem revelados melhor; pois então estará aberto o caminho para lhes mostrar seu erro. Não podemos manter a opinião de que uma posição uma vez assumida, uma vez advogada a idéia, não deve, sob qualquer circunstância ser abandonada. Há apenas Um que é infalível: Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida.

Os que permitem que o preconceito ponha na mente uma barreira contra a recepção da verdade, não podem receber a iluminação divina. No entanto, ao ser apresentado um ponto de vista das


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Escrituras, muitos não perguntam: Isto é verdade - está em harmonia com a Palavra de Deus? mas: Por quem é defendido? e a menos que venha pelo instrumento que lhes agrada, não o aceitam. Tão plenamente satisfeitos estão com suas próprias idéias que não examinarão a evidência escriturística com o desejo de aprender, antes recusam ser interessados, meramente devido aos seus preconceitos.

Freqüentemente o Senhor trabalha onde menos O esperamos; surpreende-nos pela revelação de Seu poder em instrumento de Sua própria escolha, ao mesmo tempo que passa por alto os homens a quem temos olhado como sendo aqueles por cujo intermédio deve vir a luz. Deus deseja que recebamos a verdade em seus próprios méritos - porque é a verdade.

Não deve a Bíblia ser interpretada para agradar às idéias dos homens, por mais longo que seja o tempo em que têm considerado verdadeiras essas idéias. Não devemos aceitar a opinião de comentaristas como sendo a voz de Deus; eles eram mortais, sujeitos ao erro como nós mesmos. Deus nos tem dado a faculdade do raciocínio tanto como a eles. Devemos tornar a Bíblia o seu expositor.

Cuidado na Apresentação de Novos Pontos de Vista

Devem todos ser cuidados os quanto à apresentação de novos pontos de vista sobre as Escrituras, antes de terem dado a esses pontos completo estudo, e estarem plenamente preparados para sustentá-los com a Bíblia. Não introduzais coisa alguma que cause dissensão, sem a clara evidência de que nisto Deus está dando uma mensagem especial para este tempo.

Mas acautelai-vos de rejeitar o que é verdade. O grande perigo de nosso povo tem sido o de confiar nos homens e tornar a carne o seu braço. Os que não têm o hábito de examinar a Bíblia por si mesmos ou de pesar as evidências, confiam nos dirigentes, e aceitam as decisões que estes fazem, e assim


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rejeitarão muitos as próprias mensagens que Deus envia a Seu povo, se esses irmãos dirigentes não as aceitarem.

Ninguém deve pretender ter toda a luz que há para os filhos de Deus. O Senhor não tolerará isso. Ele disse: "Eis que diante de ti pus uma porta aberta, e ninguém a pode fechar." Apoc. 3:8. Mesmo que todos os nossos dirigentes recusem a luz e a verdade, essa porta ainda continuará aberta. O Senhor suscitará homens que darão ao povo a mensagem para este tempo.

A Verdade Permanecerá

A verdade é eterna e o conflito com o erro somente tornará manifesto o seu poder. Nunca devemos recusar examinar as Escrituras com os que temos razões para crer, desejam saber o que é a verdade. Suponde que um irmão conserve um ponto de vista que difere do vosso, e venha a vós propondo que vos assenteis com ele e façais um estudo desse ponto das Escrituras; levantar-vos-íeis, cheios de preconceito e condenaríeis suas idéias, ao mesmo tempo que recusais dar-lhe sincera atenção? A única atitude certa seria assentar-vos como cristãos e pesquisar a posição apresentada, à luz da Palavra de Deus, que revelará a verdade e desmascarará o erro. Ridicularizar-lhe as idéias não lhe enfraqueceria no mínimo a posição, se esta fosse falsa, nem vos fortaleceria a posição, se esta fosse verdadeira. Se as colunas de nossa fé não suportarem a prova da pesquisa, já é tempo de o sabermos. Entre nós não deve ser alimentado o espírito de farisaísmo.

As Escrituras Devem Ser Estudadas com Reverência

Devemos estudar a Bíblia com reverência, sentindo que estamos na presença de Deus. Toda leviandade e frivolidade, devem ser postas de lado. Embora algumas


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porções da Palavra sejam facilmente compreendidas, a verdadeira significação de outras partes não é discernida com tanta prontidão. Deve haver estudo e meditação pacientes, e oração fervorosa. Ao abrir as Escrituras deve cada estudante pedir a iluminação do Espírito Santo; e certa é a promessa de que esta será dada.

O espírito com que vindes à pesquisa das Escrituras, determinará o caráter do assistente ao vosso lado. Anjos do mundo da luz, estarão com aqueles que com humildade de coração buscam a direção divina. Mas se a Bíblia for aberta com irreverência, com sentimento de presunção, se o coração está cheio de preconceitos, Satanás se acha ao vosso lado, e apresentará as declarações simples da Palavra de Deus numa luz pervertida.

Alguns há que condescendem com a leviandade, o sarcasmo, e até mesmo a zombaria para com os que deles divergem. Outros apresentam um mundo de objeções a qualquer novo ponto de vista; e quando essas objeções são claramente respondidas pelas palavras das Escrituras, não reconhecem as evidências apresentadas, nem permitem serem convencidos. Sua inquirição não tem o propósito de chegar à verdade, mas tenciona meramente confundir a mente dos outros.

Alguns julgam ser evidência de agudeza e superioridade intelectual, confundir as mentes quanto ao que é verdade. Recorrem à sutileza dos argumentos, a jogos de palavras; tiram vantagem injusta em fazer perguntas. Quando suas perguntas têm sido razoavelmente respondidas, mudam de assunto trazendo novo ponto, para evitar o reconhecimento da verdade. Devemos acautelar-nos para não condescendermos com o espírito que dominava os judeus. Não queriam aprender de Cristo, porque Sua explicação das Escrituras não estava de acordo com as idéias deles; portanto


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tornaram-se espias nas Suas pegadas, "armando-Lhe ciladas, a fim de apanharem da Sua boca alguma coisa para O acusarem". Luc. 11:54. Não tragamos sobre nós mesmos a temível denúncia das palavras do Salvador: "Ai de vós, doutores da lei, que tirastes a chave da ciência! Vós mesmos não entrastes e impedistes os que entravam". Luc. 11:52.

Com Simplicidade e Fé

Não requer muita sabedoria ou habilidade fazer perguntas difíceis de responder. Pode uma criança fazer perguntas sobre as quais o homem mais sábio fique embaraçado. Não nos empenhemos em disputas dessa espécie. Existe em nossos dias a mesma descrença que prevalecia no tempo de Cristo. Agora, como então, o desejo de promoção e de louvor dos homens desvia o povo da simplicidade da verdadeira piedade. Não há orgulho tão perigoso como o orgulho espiritual.

Devem os jovens examinar as Escrituras por si mesmos. Não devem julgar ser suficiente os mais velhos na experiência descobrirem a verdade; que os mais novos podem aceitá-la deles como sendo autoridade. Os judeus pereceram, como uma nação, porque foram afastados da verdade bíblica pelos seus governantes, sacerdotes e anciãos. Tivessem dado ouvidos às lições de Jesus, e examinado as Escrituras por si mesmos, e não teriam perecido.

Jovens das nossas fileiras estão observando para ver em que espírito os pastores pesquisam as Escrituras; se têm um espírito suscetível de ser ensinado e são suficientemente humildes para aceitar a evidência e receber a luz dos mensageiros que a Deus apraz enviar.

Devemos estudar a verdade nós mesmos. Não se deve esperar que qualquer homem pense por nós. Não importa quem


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seja, ou em que posição esteja colocado, não devemos esperar que qualquer homem seja critério para nós. Devemos aconselhar-nos e estar sujeitos um ao outro, mas ao mesmo tempo devemos exercer a habilidade que Deus nos deu para aprender o que é verdade. Cada um de nós deve buscar a Deus para obter a iluminação divina. Devemos desenvolver, individualmente, um caráter que suporte a prova no dia de Deus. Não devemos ficar apegados às nossas idéias, e pensar que ninguém deve interferir em nossas opiniões.

Ao ser chamada a vossa atenção para algum ponto de doutrina que não compreendeis ide a Deus, de joelhos, para poderdes compreender o que é verdade e não serdes encontrados, como os judeus, lutando contra Deus. Ao advertir os homens de que se acautelem de aceitar qualquer coisa, a menos que esta seja a verdade, devemos também adverti-los a não porem em perigo a sua alma, rejeitando mensagens de luz, mas que se apressem em sair das trevas pelo estudo fervoroso da Palavra de Deus.

Quando Natanael foi a Jesus, o Salvador exclamou: "Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo!" João 1:47. Disse-Lhe Natanael: "De onde me conheces Tu?" Jesus respondeu: "... te vi Eu estando tu debaixo da figueira". João 1:48. E Jesus também nos verá nos lugares secretos de oração, se a Ele formos em busca de luz, para podermos saber o que é a verdade.

Se um irmão ensina um erro, os que estão em posições de responsabilidade devem sabê-lo; e se ele está ensinando a verdade, devem eles tomar posição ao seu lado. Todos nós devemos saber o que está sendo ensinado entre nós; pois, se isto for a verdade, devemos sabê-lo; o professor da Escola Sabatina deve sabê-lo; e cada aluno da Escola Sabatina deve compreendê-lo. Todos nós estamos na obrigação, para com Deus, de compreender o que Ele nos envia. Deu Ele direções pelas quais possamos provar cada doutrina:


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"À Lei e ao Testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva." Isa. 8:20. Mas se ela satisfizer a prova, não estejais tão cheios de preconceito que não possais reconhecer um ponto simplesmente porque ele não concorda com vossas idéias.

É impossível que mente alguma compreenda toda a riqueza e grandeza de uma única promessa divina que seja. Um apreende a glória de um ponto de vista, outro a beleza e graça de outro ponto, e a alma enche-se da luz celestial. Se víssemos toda a glória, o espírito desfaleceria. Mas podemos suportar, das abundantes promessas divinas, revelações muitíssimo maiores do que agora desfrutamos. Meu coração fica triste ao pensar como perdemos de vista a plenitude da bênção reservada para nós. Contentamo-nos com lampejos momentâneos de fulgor espiritual, quando poderíamos andar dia a dia à luz de Sua presença.

Prezados irmãos: Orai como nunca antes para que os raios do Sol da Justiça brilhem sobre a Palavra, a fim de que possais compreender-Lhe a verdadeira significação. Jesus rogou para que Seus discípulos fossem santificados pela verdade - a Palavra de Deus. Então com que fervor devemos nós orar para que aquele que "penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus" (I Cor. 2:10), Aquele cujo ofício é trazer todas as coisas à lembrança do povo de Deus, e guiá-lo em toda a verdade, possa estar conosco na pesquisa de Sua Santa Palavra!

Deus deseja que confiemos nEle e não no homem. Quer que tenhamos um novo coração; Ele deseja dar-nos revelações de luz do trono de Deus. Review and Herald, 18 de fevereiro de 1890.

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