O Lar Adventista

CAPÍTULO 72

Hospitalidade

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Anjos Podem Ser Hospedados em Nossos Dias

A Bíblia põe muita ênfase na prática da hospitalidade. Não somente a recomenda como um dever, mas apresenta muitos belos quadros do exercício desta graça e das bênçãos que ela traz. Entre estes, destaca-se o exemplo de Abraão. ...

Tais atos de cortesia foram reputados por Deus suficientemente importantes para serem registrados em Sua Palavra; e mais de mil anos depois, esses atos foram mencionados por um inspirado apóstolo: "Não vos esqueçais da hospitalidade, porque, por ela, alguns, não o sabendo, hospedaram anjos." Heb. 13:2.

O privilégio concedido a Abraão e a Ló, não nos é negado a nós. Mostrando hospitalidade aos filhos de Deus nós, também, podemos receber-Lhe os anjos em nossa morada. Mesmo nos dias atuais, anjos em forma humana entram no lar dos homens e são aí hospedados por eles. E os cristãos que vivem à luz do rosto de Deus estão sempre acompanhados por anjos invisíveis, e esses seres santos deixam após si uma bênção em nosso lar. Testemunhos Seletos, vol. 2, págs. 568 e 569.

Oportunidades e Privilégios Negligenciados

"Dado à hospitalidade" (Tito 1:8), eis uma das especificações mencionadas pelo Espírito Santo como devendo assinalar uma pessoa apta a assumir responsabilidades na igreja. E a toda a igreja é feita a recomendação: "Sendo hospitaleiros uns para os outros, sem murmurações. Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus." I Ped. 4:9 e 10.

Estas admoestações têm sido estranhamente negligenciadas. Mesmo entre os que professam ser cristãos, pouco


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exercida é a verdadeira hospitalidade. Entre nosso próprio povo, não é considerada como deve ser a oportunidade de ser hospitaleiro, como um privilégio e uma bênção. Há positivamente muito pouca sociabilidade, muito pouca disposição de fazer lugar para mais dois ou três à nossa mesa de família, sem embaraço ou ostentação. Testemunhos Seletos, vol. 2, págs. 569 e 570.

Desculpas que não Convencem

Tenho ouvido muitos se omitirem de convidar ao seu lar e ao seu coração os santos de Deus: "É que não tenho nada preparado; nada cozinhei hoje; é melhor que eles vão para outro lugar." E nesse outro lugar pode haver algumas outras escusas inventadas para não receber os que necessitam de hospitalidade, e os sentimentos dos visitantes são profundamente feridos, saindo com desagradável impressão a respeito da hospitalidade desses professos irmãos. Se não tendes pão, irmã, imitai o caso relatado na Bíblia. Ide ao vizinho, e dizei: "Amigo, empresta-me três pães, pois que um amigo meu chegou a minha casa, vindo de caminho, e não tenho o que apresentar-lhe." Luc. 11:5 e 6.

Não temos sequer um exemplo da falta de pão ter sido usada como motivo para recusarmos receber um necessitado. Quando Elias veio à viúva de Sarepta, ela repartiu o seu bocado com o profeta de Deus, e Ele operou um milagre e fez que por este ato de prover um lar para Seu servo e com ele partilhar o seu bocado, fosse ela própria sustentada e preservada a sua vida e a de seu filho. Assim será no caso de muitos, se desta maneira procederem cuidadosamente, para a glória de Deus.

Alguns alegam sua falta de saúde: teriam prazer em fazê-lo, se tivessem forças. Estes têm por tão longo tempo se concentrado em si mesmos e pensado tanto em seus próprios pobres sentimentos, provas e aflições que isto é sua presente verdade. Não pensam em ninguém mais senão em si mesmos,


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embora muitos outros possam estar em necessidade de simpatia e assistência. Os que estais padecendo falta de saúde, há para vós um remédio. Se vestirdes o nu e recolherdes em casa o pobre desterrado, e repartirdes o vosso pão com o faminto, então "romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará". Isa. 58:8. Fazer o bem é um excelente remédio para as enfermidades. Os que se empenham na obra são convidados a apelar para Deus, e Ele tem empenhado Sua Palavra de que lhes responderá. Sua alma será farta em lugares secos, e serão como um jardim regado, e como uma fonte, cujas águas nunca faltam. Testimonies, vol. 2, págs. 28 e 29.

Bênçãos Perdidas por Exclusivismo Egoísta

Deus Se desagrada com o interesse egoísta tantas vezes manifestado por "mim e minha família". Toda família que manifesta esse espírito necessita converter-se pelos puros princípios manifestados na vida de Cristo. Os que se encerram em si mesmos, que não estão dispostos a se incomodar para dar hospedagem, perdem muitas bênçãos. Testemunhos Seletos, vol. 2, págs. 570 e 571.

Anjos estão observando para ver se aproveitamos as oportunidades ao nosso alcance para fazermos o bem; estão esperando para ver se abençoaremos a outros, para que eles por sua vez nos abençoem. O Senhor mesmo nos fez com sorte diversa - alguns pobres, outros ricos, alguns afligidos - para que todos possamos ter uma oportunidade de desenvolver o caráter. Aos pobres é propositadamente permitido por Deus que o sejam, a fim de que sejamos testados e provados e desenvolvamos o que está em nosso coração. Testimonies, vol. 2, pág. 28.

Quando o espírito de hospitalidade morre, o coração fica paralisado pelo egoísmo. Manuscrito 41, 1903.

A quem Mostrar Hospitalidade?

Nossas recreações sociais não deveriam ser ditadas pelos costumes do mundo, mas pelo espírito de Cristo, e pelos ensinos de Sua Palavra. Os israelitas, em todas as suas festas, admitiam


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os pobres, os estrangeiros e os levitas, os quais eram ao mesmo tempo ajudantes do sacerdote no santuário, mestres de religião e missionários. Todos estes eram considerados hóspedes do povo, recebendo deste hospitalidade durante as festas sociais e religiosas, e sendo atendidos carinhosamente em suas enfermidades e necessidades. A pessoas assim devemos acolher bem em nosso lar. Quanto esse acolhimento não alegraria e daria animação ao enfermeiro ou mestre missionários, à mãe carregada de cuidados e trabalhos árduos, ou às pessoas fracas e idosas, que vivem muitas vezes sem lar, lutando com a pobreza e com tantos desalentos!

"Quando deres um jantar ou uma ceia, não chames os teus amigos, nem os teus irmãos, nem os teus parentes, nem vizinhos ricos, para que não suceda que também te tornem a convidar, e te seja isso recompensado. Mas, quando fizeres convite, chama os pobres, aleijados, mancos e cegos e serás bem-aventurado; porque não têm com que to recompensar; porque recompensado serás na ressurreição dos justos." Luc. 14:12-14.

Estes são hóspedes que não nos custará muito receber. Não necessitareis de dispensar-lhes uma hospedagem dispendiosa e elaborada. O calor das boas-vindas, um assento ao pé do lume e outro à vossa mesa, o privilégio de compartilhar da bênção do culto de família, será, para muitos destes pobres, como um antegozo do Céu.

Nossas simpatias devem transbordar para além de nossa personalidade e do círculo de nossa família. Há preciosas oportunidades para os que desejam fazer de seu lar uma bênção para outros. A influência social é uma força maravilhosa. Se queremos, podemos valer-nos dela para auxiliar aqueles que nos rodeiam. A Ciência do Bom Viver, págs. 352-354.


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Um Refúgio Para a Juventude Tentada

Nosso lar deve ser um refúgio para os jovens que sofrem tentações. Muitos há que se encontram na encruzilhada dos caminhos. Toda influência e impressão recebida determina a escolha do rumo de seu destino nesta vida e na por vir. O mal os atrai. Seus pontos de reunião são brilhantes e sedutores, e todos são aí muito bem recebidos. Em redor de nós há jovens sem família, ou cujos lares não exercem sobre eles uma força protetora nem enobrecedora, e eles se vêem arrastados para o mal. Encaminham-se para a ruína aos nossos olhos.

Estes jovens necessitam que se lhes estenda a mão da simpatia. Uma boa palavra dita com sinceridade, uma pequena atenção para com eles, varrerão as nuvens da tentação que se amontoam sobre sua alma. A verdadeira expressão da simpatia filha do Céu, tem o poder de abrir a porta do coração que necessita da fragrância de palavras cristãs, e do simples, delicado contato do espírito do amor de Cristo. Se quiséssemos dar prova de algum interesse pela juventude, convidá-la a nossa casa e cercá-la aí de influências alentadoras e proveitosas, muitos haveria que de boa vontade dirigiriam seus passos numa escala ascensional.A Ciência do Bom Viver, pág. 354.

Preservar a Simplicidade da Família

Quando vêm visitas, o que sucede freqüentemente, não se deve permitir que elas absorvam todo o tempo e atenção da mãe; o bem-estar temporal e espiritual dos filhos deve vir primeiro. Não se deve despender o tempo em preparar bolos caros, tortas e alimentos não saudáveis para serem levados à mesa. São estes uma despesa extra, e muitos não a podem permitir. Mas o maior mal está no exemplo. Seja preservada a simplicidade da família. Não procureis dar a impressão de que mantendes um padrão de vida que está além de vossos recursos. Não


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procureis parecer o que não sois, seja na preparação da mesa, seja em vossas maneiras.

Conquanto devais tratar vossas visitas com bondade e fazê-las sentir como se estivessem na própria casa, é vosso dever lembrar que sois educador dos pequenos que Deus vos deu. Eles vos estão observando, e vossa conduta não deve de maneira nenhuma dirigir-lhes os pés no caminho errado. Sede para vossas visitas justo o que sois para vossa família diariamente: agradáveis, considerados, corteses. Desta maneira todos podem ser educadores, um exemplo de boas obras. Eles testificam que há algo mais essencial que conservar a mente no que comer e beber e com que se vestirão. Christian Temperance and Bible Hygiene, pág. 143.

Manter Atmosfera de Paz e Repouso

Poderíamos ser muito mais felizes e mais úteis se nossa vida no lar e intercâmbio social fossem governados pela mansidão e simplicidade de Cristo. Em vez de nos esforçarmos no sentido do exibicionismo de molde a provocar a admiração ou a inveja das visitas, devemos nos esforçar por tornar felizes todos ao nosso redor, mostrando alegria, simpatia e amor. Que as visitas vejam que estamos procurando conformar-nos à vontade de Cristo. Que elas vejam em nós, seja embora humilde nossa condição, um espírito de contentamento e gratidão. A própria atmosfera de um lar verdadeiramente cristão é de paz e repouso. Tal exemplo não ficará sem efeito. Review and Herald, 29 de novembro de 1887.

Um Relatório de Despesas é Mantido no Céu

Cristo mantém um relatório de toda despesa em que incorremos para dar hospedagem por amor dEle. Ele supre tudo quanto é necessário para esta obra. Aqueles que, por amor de Cristo, hospedam seus irmãos, fazendo o possível para tornar a visita proveitosa tanto aos hóspedes como a si mesmos, são registrados no Céu como dignos de bênçãos especiais. ...


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Em Sua própria vida, Cristo deu uma lição de hospitalidade. Quando rodeado pela multidão faminta à beira-mar, não os mandou para casa sem refrigério. Ele disse aos discípulos: "Dai-lhes vós de comer." Luc. 9:13. E, mediante um ato de poder criador, supriu alimento suficiente para satisfazer-lhes às necessidades. Todavia, quão simples foi a comida proporcionada! Nada de finas iguarias. Aquele que tinha à Sua disposição todos os recursos do Céu, poderia haver estendido diante do povo um rico banquete. Supriu, no entanto, o que bastasse às necessidades deles, o que constituía o alimento diário dos pescadores nas proximidades do mar.

Caso os homens fossem hoje simples em seus hábitos, vivendo em harmonia com as leis da Natureza, haveria abundante provisão para todas as necessidades da família humana. Haveria menos necessidades imaginárias, e mais ensejos de trabalhar segundo a maneira de Deus. ...

A pobreza não nos deve excluir de manifestar hospitalidade. Cumpre-nos partilhar o que temos. Pessoas há que lutam para ganhar a subsistência, e têm grande dificuldade para conseguir que sua renda chegue para as necessidades; amam, porém, a Jesus na pessoa de Seus santos, e estão prontos a manifestar hospitalidade a crentes e descrentes, procurando tornar proveitosas suas visitas. À mesa da família, assim como ao seu altar, os hóspedes são bem-vindos. Os momentos de oração impressionam os que recebem hospedagem e mesmo uma visita pode significar a salvação de uma alma da morte. O Senhor leva em conta essa obra, dizendo: "To pagarei." Luc. 10:35. Testemunhos Seletos, vol. 2, págs. 571, 572 e 574.

Estar Atento a Oportunidades

Despertai, irmãos e irmãs. Não vos esquiveis a boas obras. "Não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido." Gál. 6:9.Não espereis que se vos diga qual o vosso


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dever. Abri os olhos e vede quem está ao vosso redor; familiarizai-vos com os desajudados, afligidos e necessitados. Não vos escondais deles e não fecheis a porta a suas necessidades. Quem dará as provas mencionadas em Tiago, de possuir religião pura e incontaminada de egoísmo e corrupção? Quem está ansioso de fazer tudo que estiver em seu poder para ajudar no grande plano da salvação? Testimonies, vol. 2, pág. 29.

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