O Lar Adventista

CAPÍTULO 22

Como Construir e Mobiliar a Casa

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Ventilação, Luz e Drenagem

Na construção de edifícios, seja para fins públicos seja para morada, devia-se tomar cuidado de providenciar quanto à boa ventilação e abundância de luz. As igrejas e salas de aula são muitas vezes deficientes a esse respeito. A negligência da ventilação apropriada é responsável por muito desinteresse e sonolência que destrói o efeito de muitos sermões e torna fatigante e ineficaz o trabalho do professor.

Tanto quanto possível, os prédios destinados a servir de morada devem ser situados em terreno alto e enxuto. Isto garantirá um sítio seco. ... Este assunto é com demasiada freqüência considerado muito levemente. Constante má saúde, moléstias sérias e muitas mortes, são o resultado da umidade e da malária de sítios baixos e com deficiente escoamento.

Na construção de casas é de especial importância assegurar perfeita ventilação e abundância de sol. Haja uma corrente de ar e quantidade de luz em cada aposento da casa. Os quartos de dormir devem ser colocados de maneira a terem franca circulação de ar dia e noite. Nenhum aposento é apropriado para servir de dormitório, a menos que possa ser completamente aberto todos os dias ao ar e ao sol. Em muitos países os quartos de dormir precisam de ser aparelhados de aquecimento, para que fiquem completamente aquecidos e secos no tempo frio ou úmido.

O quarto dos hóspedes deve merecer cuidados iguais aos que se destinam a uso constante. Como os demais dormitórios, deve receber ar e sol, e ser aparelhado com meios de aquecimento, a fim de secar a umidade que sempre se


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acumula num aposento que não é sempre usado. Quem quer que durma num quarto não banhado por sol, ou ocupe uma cama que não seja bem seca e arejada, o faz com risco da saúde, e muitas vezes da própria vida. ...

Os que têm de atender a pessoas idosas devem lembrar-se de que estas, especialmente, precisam de quartos quentes, confortáveis. O vigor declina à medida que avança a idade, deixando menos vitalidade para resistir às influências insalubres; daí a maior necessidade dos idosos quanto à abundância de luz solar e de ar renovado e puro. A Ciência do Bom Viver, págs. 274 e 275.

Evitar Construir em Baixadas

Se queremos que nosso lar seja a morada da saúde e da felicidade, devemos colocá-lo acima das poluição e neblinas das baixadas, dando livre entrada aos celestes elementos de vida. Dispensai as pesadas cortinas, abri as janelas e persianas, não permitais que trepadeiras, por mais belas que sejam, vos ensombrem as janelas, nem que nenhuma árvore fique tão próxima da casa que impeça a luz do Sol de nela penetrar. Talvez essa luz desbote as cortinas e os tapetes, e manche as molduras dos quadros; dará, porém, saudável vivacidade aos rostos das crianças. A Ciência do Bom Viver, pág. 275.

Um Quintal ao Redor da Casa

Um quintal embelezado com árvores e alguns arbustos, a conveniente distância da casa, tem uma influência salutar sobre a família, e, se bem cuidado, se mostrará benéfico à saúde. Mas árvores de sombra e arbustos cerrados e densos ao redor da casa a tornam insalubre, pois impedem a livre circulação do ar e os raios do Sol. Em conseqüência, a umidade toma conta da casa, especialmente nas estações chuvosas. Christian Temperance and Bible Hygiene, pág. 107.

Efeito da Beleza Natural Sobre a Casa

Deus ama o belo. Revestiu a Terra e o céu de beleza, e com alegria


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paternal contempla o deleite de Seus filhos nas coisas que criou. Ele deseja que circundemos nossas habitações com a beleza das coisas naturais.

Quase todos os moradores do campo, se bem que pobres, poderiam ter ao redor de suas moradas um pedaço de gramado, algumas árvores de sombra, arbustos floridos, ou flores fragrantes. E, muito mais que os adornos artificiais, contribuirão para a felicidade do lar. Trarão para a vida doméstica influência amenizante, aperfeiçoadora, robustecendo o amor da Natureza, e atraindo mais os membros da família uns para os outros, e para Deus. A Ciência do Bom Viver, pág. 370.

Seja Simples o Mobiliário do Lar

Nossos hábitos artificiais privam-nos de muitas bênçãos e alegrias, e incapacitam-nos para viver uma vida mais útil. Mobílias trabalhadas e custosas representam não somente um desperdício de dinheiro, mas daquilo que é mil vezes mais precioso. Elas trazem para a família pesado fardo de cuidados, labores e perplexidades. ...

Mobiliai vossa casa com móveis simples, com coisas que se possam manusear livremente, limpar com facilidade e substituir sem grande dispêndio. Com bom gosto, podeis tornar um lar simples atrativo e aprazível, se aí residirem o amor e o contentamento. A Ciência do Bom Viver, págs. 367 e 370

A felicidade não se encontra em exibição vazia. Quanto mais simples a ordem de uma casa bem organizada, mais feliz será o lar. Signs of the Times, 23 de agosto de 1877.

Evitar o Espírito de Rivalidade

A vida é um desapontamento e um enfado para muitas pessoas, em virtude do desnecessário trabalho com que se sobrecarregam para atender as exigências da moda. Estão com a mente continuamente


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aflita pela ansiedade quanto a suprir as carências que brotam do orgulho e da moda. ...

As despesas, os cuidados e o trabalho prodigalizados naquilo que, se não é positivamente prejudicial, é desnecessário, poderiam ser empregados no progresso da causa de Deus se aplicados em algo mais valioso. O povo anseia pelo que se chama luxo da vida, e sacrifica saúde, força e meios para obtê-los. Um lamentável espírito de rivalidade se manifesta entre as pessoas da mesma classe quanto a quem fará maior exibição em matéria de vestuário e de arranjos da casa. A doce palavra "lar" está pervertida a ponto de significar "alguma coisa com quatro paredes, cheia de adornos e mobiliário elegante", enquanto os moradores estão em contínua tensão para fazer face aos reclamos da moda nos diferentes setores da vida. Signs of the Times, 23 de agosto de 1877.

Muitos são infelizes na vida do lar, porque estão procurando a duras penas manter as aparências. Despendem grandes somas e labor ininterruptamente, para que possam fazer uma ostentação e arrancar aplausos de seus amigos - que na realidade nem se preocupam com eles em sua prosperidade. Artigo após artigo é considerado indispensável aos arranjos da casa, até que se fazem tantos ajustes que, conquanto agradem aos olhos e lisonjeiem o orgulho e a ambição, nada acrescentam ao conforto da família. E no entanto isso atingiu as forças e a paciência, e consumiu valioso tempo que devia ter sido dado ao serviço do Senhor.

A preciosa graça de Deus é posta em segundo lugar em relação a questões sem importância real; e muitos, ao mesmo tempo que coletando material para desfrutar prazer, perdem a capacidade para serem felizes. Verificam que o que possuem não lhes dá a satisfação que haviam esperado derivasse daí. Este interminável rodízio de trabalho, esta incessante


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ansiedade em embelezar o lar para que visitas e estranhos o admirem, não pagam jamais o tempo e os meios expendidos. É colocar no pescoço um jugo difícil de ser levado. Signs of the Times, 2 de outubro de 1884.

Contraste Entre Duas Famílias

Há em algumas famílias demasiado rigor na arrumação. Ordem e asseio são essenciais ao conforto, mas estas virtudes não devem ser levadas a tal extremo que torne a vida um período de incessante enfado e o lar miserável para os que nele residem. Nas residências de alguns a quem muito estimamos, há rígida precisão no arranjo do mobiliário e acessórios, que torna o lar tão desagradável como seria a falta de ordem. A penosa arrumação que envolve toda a casa torna impossível encontrar aí o repouso que se espera num verdadeiro lar.

Não é agradável, quando em breve visita a queridos amigos, ver o meticuloso cuidado e constante solicitação da vassoura e do espanador, e tempo que havíeis imaginado passar com eles em agradável palestra ser despendido na busca de um grão de pó ou uma teia de aranha ocultos. Embora isto possa ser feito com o devido respeito a vossa presença na casa, sentis contudo uma penosa impressão de que vossa companhia é de menos importância para vossos amigos do que suas idéias de excessivo asseio.

Em contraste direto com tais lares está um que visitamos no último verão (1876). Aqui as poucas horas de nossa estada não foram despendidas em inútil trabalho ou em fazer o que poderia ser feito em qualquer outra ocasião, mas foram ocupadas de maneira agradável e proveitosa, repousante a um tempo para a mente e para o corpo. A casa era um modelo de conforto embora não mobiliada com extravagância. Os quartos eram todos bem iluminados e ventilados... o que é de valor mais real do que os mais custosos ornamentos. A


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sala de estar não era mobiliada com essa precisão tão enfadonha para os olhos, mas com uma variedade agradável de artigos de mobiliário.

A maioria das cadeiras eram de balanço ou espreguiçadeiras, não todas do mesmo modelo, mas ajustadas ao conforto dos diferentes membros da família. Havia cadeiras de balanço almofadadas baixas, e cadeiras altas de encosto reto; espreguiçadeiras pequenas e espaçosas, como também confortáveis sofás; e tudo parecia dizer: "Experimente-me; descanse em mim." Havia mesas sortidas com livros e periódicos. Tudo estava arrumado e atrativo, mas sem esse arranjo meticuloso que parece advertir o espectador que não deve tocar em nada para que não suceda pô-lo fora do lugar.

Os donos deste agradável lar estavam em situação de poder mobiliar e embelezar sua residência a alto custo, mas sabiamente haviam escolhido conforto antes que ostentação. Nada havia na casa considerado demasiado bom para ser usado, e as cortinas e venezianas não estavam fechadas para impedir que os tapetes e a mobília perdessem a cor. A luz dada por Deus e o ar tinham livre ingresso, juntamente com a fragrância das flores do jardim. A família estava, aliás, em harmonia com o lar: eram alegres, tratáveis, fazendo para o nosso conforto tudo que era necessário, sem nos oprimir com demasiada atenção como quem nos quer fazer sentir que estamos causando trabalho extra. Sentimos que estávamos num lugar de repouso. Este era um lar no verdadeiro sentido da palavra. Signs of the Times, 23 de agosto de 1877.

Um Princípio Usado na Decoração

A rígida precisão que temos mencionado como sendo um desagradável aspecto de muitos lares não está de acordo com o grande plano da Natureza. Deus não fez que as flores do campo crescessem em canteiros regulares com bordos determinados,


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mas espalhou-as como gemas sobre a pradaria verde, e elas embelezam a Terra com sua variedade de forma e de cor. As árvores da floresta não estão em linhas regulares. É repousante para os olhos e para o espírito demorar-se sobre as cenas da Natureza, sobre as florestas, os montes, vales, planícies e rios, desfrutando o prazer de infindáveis variedades de forma e cor, e a beleza com que as árvores, arbustos e flores estão agrupados no jardim da Natureza, fazendo-a um quadro de beleza. Crianças, jovens e adultos podem igualmente encontrar repouso e satisfação aí.

Esta lei de variação pode ser até certo ponto posta em prática no lar. Deve haver uma harmonia adequada de cores e uma propriedade geral de coisas no mobiliar-se uma casa; mas não é necessário ao bom gosto que cada móvel do mobiliário de um aposento seja do mesmo padrão no desenho, no material e tapeçaria; mas, ao contrário, é mais aprazível aos olhos que haja harmoniosa variedade.

Mas seja o lar humilde ou elegante, custosos os seus adornos ou ao contrário, não haverá felicidade dentro de suas paredes a menos que o espírito dos que nele habitam esteja em harmonia com a vontade divina. O contentamento deve reinar dentro do lar. Signs of the Times, 23 de agosto de 1877.

A melhor parte da casa, os mais ensolarados e convidativos aposentos, e o mobiliário mais confortável, devem estar em uso diário pelos que realmente vivem na casa. Isto tornará o lar atrativo aos que nele vivem bem como a essa classe de amigos que de fato nos estimam, e a quem podemos beneficiar e por quem podemos ser beneficiados. Signs of the Times, 2 de outubro de 1884.

Considerar o Conforto e o Bem-Estar dos Filhos

Não se requer um ambiente custoso e um mobiliário de alto preço para tornar contentes e felizes os filhos no lar, mas é


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necessário que os pais lhes dediquem terno amor e cuidadosa atenção. Signs of the Times, 2 de outubro de 1884.

Quatro paredes e caro mobiliário, tapetes de veludo, elegantes espelhos e finos quadros não fazem um "lar" se a simpatia e o amor estão ausentes. A sagrada palavra não pertence às mansões deslumbrantes onde as alegrias da vida doméstica são desconhecidas. ...

Com efeito o conforto e o bem-estar dos filhos são a última coisa considerada em semelhante lar. Eles são negligenciados pela mãe, cujo tempo é todo devotado para manter a aparência e atender às exigências da sociedade moderna. Sua mente é deseducada; adquirem maus hábitos e tornam-se desassossegados e insatisfeitos. Não encontrando prazer em seu lar, mas apenas desagradáveis restrições, fogem do seio da família tão logo quanto possível. Atiram-se ao grande mundo com pouca relutância, não contidos pela influência do lar e o terno conselho da família. Signs of the Times, 2 de outubro de 1884.

Não lhes digais o que tenho ouvido muitas mães dizer: "Não há lugar para você aqui na sala de visitas. Não se sente nesse sofá que está coberto com cetim de damasco. Não quero que se sente neste sofá." E quando vão para outro aposento: "Não quero que faça barulho aqui." Se se dirigem para a cozinha, diz-lhes a cozinheira: "Não me venha incomodar. Saia daqui com esse barulho; não me atrapalhe." Onde vão eles receber a educação? Na rua. Manuscrito 43a, 1894.

Bondade e Amor Mais Preciosos que o Luxo

São introduzidos demasiado cuidado e fardo no seio de nossas famílias e muito pouco de natural simplicidade, paz e felicidade é acariciado. Deve haver menos cuidado pelo que o mundo fora diz, e mais preocupada atenção para com os membros do círculo familiar. Haja menos exibicionismo e afetação


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de polidez mundana, e mais afeição e amor, plenitude de alegria e cortesia cristã entre os membros da família. Muitos necessitam aprender como tornar o lar atrativo, um lugar de prazer. Corações gratos e fisionomias de bondade são mais valiosos que riqueza e luxo; e o contentamento com coisas simples torna feliz o lar se nele há amor.

Jesus, nosso Redentor, andou na Terra com a dignidade de um rei; era contudo manso e humilde de coração. Era uma luz e bênção em todo lar, porque levava alegria, esperança e coragem consigo. Oh, que possamos ficar satisfeitos com menos anseios do coração, menos apego por coisas difíceis de serem obtidas para embelezar nossos lares, enquanto o que Deus avalia acima de jóias - um espírito manso e quieto - não é acariciado. A graça da simplicidade, mansidão e verdadeira afeição faria um paraíso do mais humilde lar. É melhor suportar alegremente cada inconveniência do que perder a paz e o contentamento. Testimonies, vol. 4, págs. 621 e 622.

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