Mensagens Escolhidas - Volume 2

CAPÍTULO 25

Fortaleza na Aflição

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Por Que Esta Aflição?

Cada correio tem levado de cem a duzentas páginas de texto escritas por minha mão, e a maior parte foi escrita assim como estou agora, ou sustida na cama por almofadas, meio deitada e meio sentada, ou recostada entre travesseiros numa cadeira incômoda.

Ficar sentada é muito doloroso a meus quadris e à parte inferior da espinha. Se neste país [Austrália] se encontrassem essas cadeiras de braços que tendes no hospital, logo eu compraria uma, mesmo que custasse trinta dólares. ... É com grande fadiga que posso sentar ereta e erguer a cabeça. Tenho de recostá-la no encosto da cadeira, sobre travesseiros, meio reclinada. Este é meu estado justamente agora.

Mas não estou, absolutamente, desanimada. Sinto que sou sustida diariamente. Nas longas e cansativas horas da noite, quando foge completamente o sono, tenho dedicado muito tempo a oração; e quando todos os nervos pareciam gritar de


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dor, quando, se eu pensava em mim mesma, parecia enlouquecer, a paz de Cristo me sobrevinha ao coração em tamanha medida que eu me tomava de gratidão e ações de graças. Sei que Jesus me ama, e eu amo a Jesus. Algumas noites tenho dormido três horas, outras noites quatro horas, e muitas vezes apenas duas, e todavia, nestas longas noites australianas, em meio às trevas, tudo ao meu redor parece luz, e desfruto suave comunhão com Deus.

Na primeira vez que me senti num estado de desamparo, lamentei profundamente ter transposto o vasto oceano. Por que não ficara na América do Norte? Por que, com tantos gastos, estava eu neste país? Muitas vezes sentia vontade de enterrar o rosto entre as cobertas da cama e desabafar-me num bom choro. Mas não condescendi por muito tempo no luxo das lágrimas.

Disse de mim para mim: "Ellen G. White, que queres tu dizer? Não vieste à Austrália porque achavas que era teu dever ir aonde a Associação julgasse melhor que fosses? Não tem sido esta a tua maneira de proceder?"

Respondi: "Sim."

"Então, por que te sentes quase abandonada, e desanimada? Não será esta uma obra do inimigo?"

Respondi: "Creio que é."

Enxuguei o mais depressa possível as lágrimas e disse: "Basta; não mais olharei para o lado escuro. Viva ou morra, entrego a guarda de minha alma Àquele que por mim morreu."

Cri então que o Senhor faria bem todas as coisas, e durante esses oito meses de desamparo, não tive nenhum desânimo ou dúvida. Olho agora a essa questão como parte do grande plano do Senhor, para bem de Seu povo neste país, e pelos da América do Norte, e para meu próprio bem. Não sei explicar porque ou como, mas creio-o. E sinto-me feliz em minha enfermidade. Posso confiar em meu Pai celestial. Não duvidarei de Seu amor. Dia e noite tenho um guarda sempre vigilante, e louvarei ao Senhor, pois Seu louvor está em meus lábios porque procede de um coração cheio de gratidão. Carta 18a, 1892.


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Meditações dos Dias de Enfermidade

Oração e Unção - mas não Curada Instantaneamente

Maio 21, 1892. Terminou a noite probante, quase insone. Ontem à tarde o Pastor [A. G.] Daniells e esposa, Pastor [G. C.] Tenney e esposa, e irmãos Stockton e Smith vieram a nossa casa, a meu pedido, a fim de orarem que o Senhor me curasse. Tivemos um período de orações muito fervorosas, e todos fomos muito abençoados. Fiquei aliviada, mas não curada. Fiz agora tudo que podia, para seguir as instruções da Bíblia, e esperarei pela operação do Senhor, crendo que a Seu tempo oportuno Ele me curará. Minha fé apega-se à promessa: "Pedi, e recebereis." João 16:24.

Creio que o Senhor ouviu nossas orações. Eu esperava que meu cativeiro fosse volvido imediatamente, e a meu juízo finito pareceu que assim Deus seria glorificado. Fui muito abençoada durante nosso período de oração, e apegar-me-ei à certeza que então me foi dada: "Eu sou teu Redentor; Eu te curarei." Manuscrito 19, 1892.

"Não Hei de Perder o Domínio Próprio"

Junho 23, 1892. É passada outra noite. Dormi apenas três horas. Não sofri tantas dores como de costume, mas sentia-me desassossegada e nervosa. Depois de estar acordada por algum tempo, tentando dormir, desisti do esforço, e dirigi toda a minha atenção a buscar ao Senhor. Quão preciosa me foi a promessa: "Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á." Mat. 7:7. Orei muito fervorosamente ao Senhor pedindo conforto e paz, que só o Senhor Jesus pode dar. Quero a bênção do Senhor, de modo que, conquanto sofra dores, não perderei o domínio próprio. Não ouso confiar em mim mesma, por um momento sequer.

No instante que Pedro retirou os olhos de Cristo, nesse mesmo instante começou a afundar. Quando reconheceu seu perigo, e ergueu a Jesus os olhos e a voz, bradando: Senhor, salva-me, ou pereço! a mão sempre pronta para salvar os que perecem o acudiu, e ele foi salvo. ...

Em meu lar, devo cotidianamente buscar a paz e


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segui-la. ... E embora o corpo sofra, e o sistema nervoso esteja debilitado, não devemos pensar que tenhamos liberdade de falar de modo impertinente, nem pensar que não estejamos recebendo todas as atenções que deveríamos receber. Quando cedemos à impaciência, expulsamos do coração o Espírito de Deus, e damos lugar aos atributos de Satanás.

Quando arquitetamos desculpas para o egoísmo, suspeitas ruins e maledicência, educamos a alma no mal, e se continuarmos a assim proceder, tornar-se-á um hábito o ceder à tentação. Estaremos então no terreno de Satanás, vencidos, fracos e sem ânimo.

Se confiarmos em nós mesmos, cairemos por certo. Diz Cristo: "Estai em Mim, e Eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em Mim." João 15:4.

Que fruto devemos produzir? "O fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei." Gál. 5:22 e 23.

Ao meditar nestas coisas, senti mais e mais profundamente o pecado da negligência de manter a alma no amor de Deus. O Senhor não faz coisa alguma sem nossa cooperação. Quando Cristo orou: Pai, guarda-os em Teu nome, não queria Ele dizer que devêssemos negligenciar de conservar-nos na fé e no amor de Deus. Vivos para Deus, mediante viva união com Cristo, confiamos nas promessas, ganhando constantemente mais força na contemplação de Jesus. Que é que poderá mudar o coração ou abalar a confiança daquele que, contemplando o Salvador, é transformado em Sua semelhança? Deveria essa pessoa estar à espreita de desatenções? Deveria sua imaginação centrar-se em si mesma? Deveria permitir que bagatelas lhe destruíssem a paz de espírito? Aquele em cujo coração Cristo habita dispõe-se a estar contente. Não pensa mal, e está satisfeito com a certeza de que Jesus conhece e avalia em seu justo valor toda alma pela qual Ele morreu. Diz Deus: "Farei que um homem seja mais precioso do que o ouro puro, e mais raro do que o ouro fino de Ofir." Isa. 13:12. Satisfaça isto aos anseios da alma, e faça-nos cuidadosos e precavidos, muito dispostos a perdoar aos outros, porque Deus nos perdoou a nós.


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A felicidade da vida compõe-se de coisas pequeninas. Está no poder de toda pessoa praticar a verdadeira cortesia cristã. Não é a posse de esplêndidos talentos que nos ajudará a vencer, mas o consciencioso cumprimento dos deveres diários. O olhar bondoso, o espírito humilde, a disposição de contentamento, o sincero e não afetado interesse no bem-estar dos outros - estas coisas são auxílio na vida cristã. Se o amor de Jesus enche o coração, esse amor se manifestará na vida. Não demonstraremos uma determinação de fazer prevalecer nossa vontade, uma obstinada e egoísta indisposição de estar alegres ou contentes. A saúde do corpo depende mais da saúde do coração do que muitos supõem.

Pode alguém imaginar-se menosprezado, imaginar que não esteja ocupando posição tão elevada como seria capaz de ocupar, e assim fazer de si mesmo um suposto mártir. Ele é infeliz, mas quem o culpado? Uma coisa é certa: a bondade e a amabilidade de temperamento farão mais para exaltá-lo do que qualquer suposta destreza com o malefício de uma disposição intratável. Manuscrito 19, 1892.

Jesus Conhece Nossas Aflições e Dores

Junho 26, 1892. Alegro-me quando chega a luz do dia, pois as noites são longas e enfadonhas. Mas quando não posso dormir, a gratidão me enche o coração ao pensar que Alguém que jamais tosqueneja vigia sobre mim, para bem. Que maravilhoso pensamento este, de que Jesus tudo sabe acerca das dores e aflições que sofremos! Em todas as nossas aflições foi Ele aflito. Alguns dentre nossos amigos nada sabem da miséria humana e da dor física. Nunca ficam doentes, e portanto não podem penetrar plenamente nos sentimentos daqueles que se acham doentes. Jesus, porém, Se comove com o sentimento de nossa enfermidade. Ele é o grande missionário médico. Tomou sobre Si a humanidade e colocou-Se à cabeceira de uma nova dispensação, a fim de que possa reconciliar justiça e compaixão. Manuscrito 19, 1892.

"Faze-me um Ramo Sadio, que Produza Fruto"

Junho 29, 1892. Minha oração, ao despertar, é: Jesus guarda Tua filha hoje. Toma-me sob Tua guarda. Faze-me um ramo


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sadio, que produza fruto - ramo da Videira viva. "Sem Mim", disse Cristo, "nada podeis fazer." João 15:5. Em Cristo e por Ele tudo podemos fazer.

Aquele que foi adorado pelos anjos, que ouvira a música do coro celeste, sempre Se comoveu, quando aqui na Terra, com as tristezas das crianças, sempre disposto a ouvir a história de sua mágoa infantil. Muitas vezes enxugou-lhes as lágrimas, animando-as com a terna simpatia de Suas palavras, que pareciam acalmar-lhes as tristezas e fazê-las esquecer suas aflições. O emblema, em forma de pomba, que desceu sobre Jesus por ocasião de Seu batismo representa Sua amabilidade de caráter. Manuscrito 19, 1892.

"Não Pronuncie Eu Nenhuma Palavra Desamorosa"

Junho 30, 1892. Outra noite de grande enfado é quase passada. Embora continue a sofrer grande dor, sei que não estou abandonada por meu Salvador. Minha oração é: Ajuda-me, Jesus, a não desonrar-Te com os meus lábios. Não pronuncie eu nenhuma palavra desamorosa. Manuscrito 19, 1892.

"Não me Queixarei"

Julho 6, 1892. Sou muito grata por poder contar ao Senhor todos os meus temores e perplexidades. Sinto que estou sob a proteção de Suas asas. Um ateu certa vez perguntou a um jovem temente a Deus:

- Que tamanho tem o Deus que você adora?

- É tão grande, foi a resposta, que Ele enche a imensidade, e no entanto tão pequeno que habita em todo coração santificado.

Ó precioso Salvador, anseio por Tua salvação. "Como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por Ti, ó Deus!" Sal. 42:1. Anseio por uma visão mais clara de Jesus. Gosto de pensar em Sua vida imaculada, meditar em Suas lições. Quantas vezes repito as palavras: "Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei." Mat. 11:28.

Grande parte do tempo meu corpo está tomado de dor, mas não hei de, por causa de queixumes, tornar-me indigna do nome de cristão. Estou certa de que esta lição do sofrimento será para glória de Deus, um meio de advertir os outros a que


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evitem o trabalho contínuo, sob circunstâncias probantes, tão desfavorável à saúde do corpo. Manuscrito 19, 1892.

"O Senhor me Fortalece"

Julho 7, 1892. O Senhor me fortalece por Sua graça, para escrever cartas importantes. Os irmãos freqüentemente vêm aconselhar-se comigo. Sinto forte convicção de que esta tediosa enfermidade é para glória do Senhor. Não murmurarei; pois, quando desperto à noite, parece-me que Jesus me está fitando. O capítulo qüinqüagésimo primeiro de Isaías me é preciosíssimo. Ele toma sobre Si todas as nossas cargas. Leio este capítulo com confiança e esperança. Manuscrito 19, 1892.

Nenhuma Idéia de Bater em Retirada

Julho 10, 1892. Acordei Emília às cinco horas para acender o fogo e ajudar a vestir-me. Dou graças ao Senhor por ter repousado melhor está noite do que de costume. Minhas horas de vigília, emprego-as em oração e meditação. Impõe-se-me a pergunta: Por que não receberei a bênção da restauração da saúde? Devo interpretar estes longos meses de doença como evidência do desprazer de Deus por ter eu vindo à Austrália? Respondo com um decidido Não! Não ouso isso fazer. Por vezes, antes de vir dos Estados Unidos, pensava que o Senhor não requeresse de mim ir a um país tão distante, na minha idade, e quando me achava prostrada pela sobrecarga de trabalho. Segui, porém, a voz da Associação [Geral], como sempre procurei fazer quando eu mesma não tinha toda a clareza. Vim à Austrália e aqui encontrei os crentes em condições que demandavam auxílio. Durante semanas, depois de aqui chegar, trabalhei tão zelosamente como sempre trabalhei em minha vida. Foram-me dadas palavras que devia pronunciar, acerca da necessidade de piedade pessoal. ...

Estou na Austrália, e creio que estou exatamente onde o Senhor quer que esteja. Por ser o sofrimento a minha porção, não é que eu pense em bater em retirada. É-me dada a bendita segurança de que Jesus é meu e de que sou Sua filha.


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As trevas são dispersadas pelos brilhantes raios do Sol da Justiça. Quem pode compreender a dor que sofro senão Aquele que é angustiado em todas as nossas angústias? A quem poderei falar senão Aquele que Se compadece de nossas enfermidades, e que sabe socorrer os que são tentados?

Quando oro fervorosamente pedindo restauração, e me parece que o Senhor não responde, meu espírito quase desmaia dentro em mim. Então é que o querido Salvador me faz lembrar a Sua presença. Diz-me Ele: Não podes confiar nAquele que te comprou com Seu próprio sangue? Gravei-te na palma de Minhas mãos. Então minha alma se nutre da presença divina. Sou erguida para fora de mim, por assim dizer, para a presença de Deus. Manuscrito 19, 1892.

Deus Sabe o que é Melhor

Julho 14, 1892. Quando me sobreveio a doença da qual venho sofrendo faz vários meses, surpreendi-me de que ela não fosse removida imediatamente, em resposta à oração. Mas a promessa: "Minha graça te basta" (II Cor. 12:9), tem-se cumprido no meu caso. Não pode haver dúvida de minha parte. Minhas horas de dor tem sido horas de oração, pois tenho sabido a quem levar minhas tristezas. Tenho o privilégio de robustecer minhas forças débeis, lançando mão do poder infinito. Dia e noite me firmo sobre a sólida rocha das promessas de Deus.

Meu coração se dilata para Jesus, em amorosa confiança. Ele sabe o que é melhor para mim. Solitárias seriam minhas noites se eu não reclamasse a promessa: "Invoca-Me no dia da angústia; Eu te livrarei, e tu Me glorificarás." Sal. 50:15. Manuscrito 19, 1892.

Lições Aprendidas nos Meses de Sofrimento

Tenho passado por grande prova, em forte sofrimento e desamparo, mas através de tudo tenho alcançado uma preciosa experiência, que me é mais valiosa do que ouro. Quando pela primeira vez me convenci de que teria de desistir de meus acarinhados planos de visitar as igrejas na Austrália e Nova


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Zelândia, pus seriamente em dúvida se fora meu dever deixar os Estados Unidos e vir para este país longínquo. Meus sofrimentos eram agudos. Muitas horas insones da noite passei em recordar muitas vezes nossa experiência desde que deixáramos a Europa rumo da América do Norte, e isto tem sido contínua cena de ansiedade, sofrimento e encargos. Então pensei: Que significa tudo isto?

Recapitulei cuidadosamente a história dos últimos poucos anos e da obra que o Senhor me deu para fazer. Nem uma única vez faltou-me Ele, e muitas vezes Se me manifestou de modo notável, e vi que nada eu tinha de que me queixar, mas ao contrário, incidentes preciosos que, quais fios de ouro, percorriam toda a minha experiência. O Senhor compreendeu melhor do que eu as coisas de que eu precisava, e senti que Ele me atraía para muito perto de Si, e eu devia ser cuidadosa em não ditar a Deus quanto ao que devia fazer comigo. Esta irreconciliação verificou-se no princípio de meus sofrimentos e desamparo, mas não demorou que eu sentisse que minha enfermidade era parte do plano de Deus. Descobri que, às vezes deitada e às vezes sentada, eu podia colocar-me em posição na qual podia usar as mãos aleijadas, e embora sofrendo muita dor, podia escrever bastante. Desde que vim a este país escrevi mil e seiscentas páginas de texto.

"Eu Sei em Quem Tenho Crido"

Muitas noites, nos últimos nove meses, só pude dormir duas horas por noite, e então às vezes me via envolta em trevas; mas eu orava, e recebi muito suave conforto ao aproximar-me de Deus. As promessas: "Chegai-vos a Deus, e Ele Se chegará a vós" (Tia. 4:8), e "vindo o inimigo como uma corrente de águas, o Espírito do Senhor arvorará contra ele a Sua bandeira" (Isa. 59:19), cumpriram-se em mim. Sentia-me alegre no Senhor. Jesus estava sagradamente próximo, e achei suficiente a graça concedida, pois minha alma se firmava em Deus, e eu estava possuída de grato louvor Àquele que me


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amou e a Si mesmo Se entregou por mim. Eu poderia dizer, de todo o coração: "Eu sei em quem tenho crido." II Tim. 1:12. "Fiel é Deus, que vos não deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar." I Cor. 10:13. Mediante Jesus Cristo tenho saído mais do que vencedora, e mantenho o terreno.

Não posso descobrir o propósito de Deus em minha doença, mas Ele sabe o que é o melhor, e a Ele confio minha alma, corpo e espírito, como ao meu fiel Criador. "Porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia." II Tim. 1:12. Se educássemos e treinássemos nossa alma no sentido de ter mais fé, mais amor, maior paciência, e mais perfeita confiança em nosso Pai celestial, sei que dia a dia teríamos mais paz e felicidade, ao sofrermos os conflitos desta vida.

O Senhor não Se agrada de que nos agitemos e acabrunhemos, arrancando-nos assim dos braços de Jesus. Há falta do calmo esperar e vigiar, combinados. Julgamos não estar no caminho certo a menos que isso sintamos, e conservamo-nos olhando para dentro de nós, em busca de algum sinal apropriado à ocasião; o que conta, porém, não é o sentir, mas o ter fé.

Andar Pela Fé

Uma vez em conformidade com a Palavra escrita, segundo nosso melhor entendimento, devemos então andar pela fé, quer sintamos uma satisfação especial, quer não. Desonramos a Deus quando mostramos que não confiamos nEle depois de nos haver concedido tão maravilhosas provas de Seu grande amor, dando-nos Seu Filho unigênito, Jesus, para morrer como sacrifício nosso, a fim de que nEle crêssemos, sobre Ele descansássemos nossas esperanças, e confiássemos em Sua Palavra, sem questionar ou duvidar.

Continuai olhando para Jesus, fazendo, com fé, orações silenciosas, apoderando-vos da força de Deus, quer tenhais quaisquer manifestos sentimentos, quer não. Avançai resolutos, como se cada uma das orações feitas tivesse sido acolhida pelo trono de Deus, e atendida por Aquele cujas promessas não faltam jamais. Prossegui no caminho, cantando e salmodiando a Deus em vosso coração, mesmo quando opressos por


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uma sensação de peso e tristeza. Digo-vos, como alguém que sabe, virá a luz, alegria será nosso quinhão, e as névoas e nuvens serão espancadas. E passamos do poder opressor das sombras e trevas, para a clara luz de Sua presença.

Se déssemos mais expressão a nossa fé, nos regozijássemos mais nas bênçãos que sabemos possuir - a grande misericórdia, paciência e amor de Deus - teríamos diariamente maior força. Não possuem as preciosas palavras pronunciadas por Cristo, o Príncipe de Deus, de que nosso Pai celestial está mais disposto a dar o Espírito Santo aos que Lho pedem, do que os pais para dar boas dádivas aos filhos - não possuem essas palavras uma certeza e poder que deveriam ter grande influência sobre nós?

Devemos todos os dias dedicar-nos a Deus e crer que Ele aceita nosso sacrifício, sem examinar se possuímos a quantidade de sentimento correspondente a nossa fé. Sentimento e fé são tão diversos como o oriente do ocidente. A fé não depende do sentir. Temos de, com fé, clamar fervorosamente a Deus, sentindo ou não sentindo, e então viver de acordo com as orações. Nossa certeza e prova é a Palavra de Deus, e depois de termos pedido devemos crer, sem duvidar. Louvado sejas, ó Deus, louvado sejas! Não me tens faltado, ao pôr em prática a Tua Palavra. Revelaste-Te a mim e eu sou Tua, para cumprir a Tua vontade.

Vigiai, tão fielmente como o fez Abraão, para que os corvos ou quaisquer aves de rapina não desçam sobre vosso sacrifício e oferta a Deus. Cada pensamento de dúvida deve ser tão vigiado que não veja a luz do dia mediante o pronunciá-lo. A luz sempre foge das palavras que honram os poderes das trevas. A vida de nosso Senhor ressurreto deve em nós manifestar-se diariamente.

Estreito e Difícil o Caminho Para o Céu

Como é nossa vereda para o Céu? É uma estrada que ofereça todas as convidativas comodidades? Não, é vereda estreita e aparentemente incômoda; é vereda de conflito, de prova, de tribulação e sofrimento. Nosso Comandante, Jesus Cristo, não


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nos ocultou coisa nenhuma a respeito das batalhas que temos de travar. Ele abre perante nós o mapa e nos mostra o caminho. "Porfiai", diz Ele, "por entrar pela porta estreita; porque Eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão." Luc. 13:24. "Larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela." Mat. 7:13. "No mundo tereis aflições." João 16:33. O apóstolo repete as palavras de Cristo: "Por muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus." Atos 14:22. Ora, porventura é o aspecto desanimador que devemos conservar ante os olhos da mente?...

Juntar Todas as Promessas

Este é Jesus, a vida de toda graça, a vida de cada promessa, a vida de cada ordenança, a vida de cada bênção. Jesus é a realidade, a glória e fragrância, a própria vida. "Quem Me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida." João 8:12. Portanto, a estrada real construída para que nela andem os remidos, não são desanimadoras trevas. Na verdade, solitária e penosa seria nossa peregrinação se não fosse Jesus. "Não vos deixarei órfãos", diz Ele. João 14:18. Juntemos, pois, todas as promessas registradas. Repitamo-las dia a dia e nelas meditemos na calada da noite, e sejamos felizes.

"E dirás naquele dia: Graças Te dou, ó Senhor, porque ainda que Te iraste contra mim, a Tua ira se retirou, e Tu me consolaste. Eis que Deus é a minha salvação; eu confiarei e não temerei, porque o Senhor Jeová é a minha força e o meu cântico, e Se tornou a minha salvação. E vós com alegria tirareis águas das fontes da salvação. E direis naquele dia: Dai graças ao Senhor, invocai o Seu nome, tornai manifestos os Seus feitos entre os povos, contai quão excelso é o Seu nome. Cantai ao Senhor, porque fez coisas grandiosas; saiba-se isto em toda a Terra. Exulta e canta de gozo, ó habitante de Sião, porque grande é o Santo de Israel no meio de Ti." Isa. 12:1-6.

Não é de fato uma estrada de reis esta em que andamos, construída para nela andarem os remidos do Senhor? Poderia


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ser provida estrada melhor? caminho mais seguro? Não! Não! Ponhamos, pois, em prática as instruções dadas. Olhemos para nosso Salvador como refúgio nosso, como apoio à nossa mão direita, para defender-nos das setas de Satanás.

Tentações nos assaltarão, oprimir-nos-ão trevas e cuidados. Quando o coração e a carne estiverem prontos a baquear, quem lança em volta de nós Seus braços eternos? Quem aplica a preciosa promessa? Quem nos traz à lembrança palavras de certeza e esperança? A graça de quem é dada em rica medida aos que a pedem sincera e verdadeiramente? Quem é que nos imputa Sua justiça e nos salva do pecado? De quem é a luz que espanca a bruma e os nevoeiros e nos leva para o resplendor de Sua presença? Oh! quem, senão Jesus?! Amai-O, pois, e louvai-O. "Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos." Filip. 4:4. Não é Jesus hoje um Salvador vivo? "Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus." Col. 3:1. Nós ressuscitamos com Cristo. Cristo é nossa vida. Graças a Sua misericórdia e gracioso amor, declara-se que somos escolhidos, adotados, perdoados e justificados. Exaltemos, pois, o Senhor! Carta 7, 1892.

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