Mensagens Escolhidas - Volume 2

CAPÍTULO 21

Obreiros de Nossas Instituições

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Conseguir o Melhor de Todos os Talentos

De quando em quando tenho-me sentido impelida pelo Espírito do Senhor a apresentar um testemunho aos nossos irmãos, a respeito da necessidade de conseguir o melhor de todos os talentos para trabalhar em nossas várias instituições e nos numerosos outros departamentos de nossa causa. Os que assim se unem à obra devem ser homens preparados, homens a quem Deus possa ensinar e possa honrar com sabedoria e entendimento, como fez com Daniel. Devem ser homens que pensem, homens que tenham a aprovação de Deus, e que estejam a progredir constantemente na santidade, na dignidade moral, e na excelência do serviço que prestam. Se são homens que se desenvolvem, se possuem mente que raciocine, e inteligência santificada, se escutam à voz de Deus e buscam apanhar todo raio de luz do Céu, hão de, como o Sol, seguir um curso sem desvios, e crescerão em sabedoria e em favor para com Deus. ...

Os que são postos em posições de liderança em relação com nossas instituições devem ser homens que possuam suficiente largueza de espírito para respeitar os de intelecto culto, e que os recompensem proporcionalmente às responsabilidades que mantêm. Certo, os que se empenham na obra do Senhor não o devem fazer meramente pelo salário que recebem, mas para honrar a Deus, promover Sua causa, e alcançar riquezas imperecíveis. Ao mesmo tempo não devemos esperar que os que


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são capazes de assumir um trabalho que exija reflexão e esforço penoso, e de fazê-lo com exatidão e de modo completo, não devam receber maior compensação do que o obreiro menos hábil. Deve-se dar ao talento a justa estima. Os que não sabem apreciar o trabalho fiel e a habilidade mental não devem ocupar a posição de gerentes de nossas instituições, pois sua influência tenderá a estorvar a obra, a erguer barreiras ao seu progresso e a rebaixá-la a um nível inferior.

Se nossas instituições hão de ser prósperas como Deus pretende que sejam, terá de haver mais reflexão e oração fervorosa, combinadas com inabalável zelo e hábil trabalho. Ajustar para o trabalho essa classe de obreiros pode requerer maior dispêndio de meios. Mas, conquanto seja necessário que se exerça economia em tudo que é possível, ver-se-á que os esforços de alguns espíritos estreitos para poupar meios mediante o emprego de pessoas que trabalham por salário baixo, e cujo trabalho corresponde em qualidade à pequenez de seu salário, no fim resultará em perda. O progresso da obra será retardado e a causa diminuída. Carta 63, 1886.

Salário dos Obreiros de Instituição

A obra de publicações foi fundada sobre sacrifício; tem-se mantido por especial providência de Deus. Iniciamo-la em grande pobreza. Mal tínhamos o bastante para nos alimentar e vestir. Quando as batatas eram escassas, e por elas tínhamos que pagar alto preço, substituíamo-las por nabos. Seis dólares por semana foi tudo que recebemos nos primeiros anos de nossos labores. Tínhamos família numerosa; mas limitamos nossas despesas aos nossos recursos. Não podíamos comprar tudo que desejávamos; tínhamos que restringir nossas necessidades. Mas estávamos resolvidos a proporcionar ao mundo a luz da verdade presente; e entrelaçávamos com o trabalho, espírito, alma e corpo. Trabalhávamos cedo e tarde, sem descanso, sem o estímulo dos salários. ... E Deus estava conosco. À medida que a prosperidade acompanhou a obra de publicações, os salários foram aumentados, como aliás deviam ser.


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Escala de Salários, mas com Eqüidade

Quando eu estava na Suíça, veio-me de Battle Creek, a notícia de que se elaborara um plano segundo o qual ninguém que trabalhasse no escritório ganhasse mais de doze dólares por semana. Disse eu: Isto não vai dar certo; alguns terão necessidade de receber mais do que isso. Mas o dobro desta importância, não deve ser dado a homem algum que trabalhe no escritório; pois se alguns poucos sacam do tesouro tão grande importância, não se pode fazer justiça a todos. Salários altos concedidos a poucos é o plano do mundo; ao passo que outros, em tudo tão merecedores como aqueles, recebem muito menos. Isso não é justiça.

O Senhor quer ter homens fiéis, que O amem e temam, ligados a todas as escolas, todas as oficinas tipográficas, instituições de saúde e casas publicadoras. Seus salários não devem seguir a norma do mundo. Deve, quanto possível, ser exercido ótimo juízo no sentido de manter, não uma aristocracia, mas igualdade, que é a lei do Céu. "Vós todos sois irmãos." Mat. 23:8. Não devem uns poucos exigir salário elevado, e semelhante salário não deve ser apresentado como incentivo para conseguir pessoas de talento e habilidade. Isto seria colocar as coisas sobre princípio mundano. O aumento do salário traz consigo um correspondente aumento de egoísmo, orgulho, ostentação, satisfação própria, e extravagâncias desnecessárias, que não possui o povo que faz tudo que pode para devolver seus dízimos e apresentar a Deus suas ofertas. Vê-se pobreza em todas as suas fronteiras. O Senhor ama uns, justamente como os outros, com a exceção de que as almas que amam a Deus e se esforçam por segui-Lo, sacrificando-se, humildes e contritas, sempre são conservadas mais achegadas ao grande coração de Infinito Amor, do que o homem que se sente na liberdade de possuir todas as coisas boas desta vida.

Não Copiar as Normas do Mundo

Tenho tido muitos testemunhos no sentido de que não devemos copiar as normas do mundo. Não devemos ceder à inclinação de agarrar tudo que nos seja possível obter, para gastar nossos meios em vestuário e luxos da vida, como fazem os mundanos. Não nos torna uma partícula mais felizes o viver


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para nos agradar a nós mesmos. O desnecessário dispêndio de meios está roubando o tesouro de Deus; e alguém terá que suprir a deficiência. Os recursos para promover o reino de Cristo no mundo são grandemente limitados porque homens roubam a Deus em dízimos e ofertas.

Não prevaleça por um momento a idéia de que o poder do homem, de exigir salário elevado, seja a medida de seu valor à vista de Deus, como obreiro. Aos olhos do mundo, o valor do homem é estimado por: "Quanto vale ele, em dinheiro?" Mas os livros do Céu registram seu valor em proporção ao bem que ele realizou com os meios que lhe foram confiados. No temor e amor de Deus, com os seus talentos inteiramente santificados, para promoverem a glória de Deus, o homem pode mostrar seu verdadeiro valor, e há de fazê-lo. Unicamente quando a recompensa for dada a todo homem na proporção em que seu trabalho for estimado no juízo, é que se poderá saber quanto ele mandou antecipadamente para o Céu.

Por anos tenho apresentado meu testemunho contra a escassa soma paga a alguns de nossos pastores. Indagai, buscai nos livros, e vereis que tem havido trato muito mesquinho com alguns de nossos pastores. A comissão de revisores de contas precisa entender de seu negócio e ter o espírito de Cristo. Há nessa comissão alguns homens de espírito estreito, homens que não têm verdadeira idéia da abnegação e sacrifício exigidos do ministro de Deus. Não têm a devida apreciação do que significa deixar o lar, esposa e filhos e tornar-se missionários de Deus, trabalhando pelas almas como quem delas tem de dar contas. O verdadeiro ministro de Deus transformará em sacrifício sua vida toda.

Advertência em Salamanca

Quando me achava em Salamanca, Nova Iorque, em novembro de 1890, foram-me apresentadas muitas coisas. Foi-me mostrado que penetrava no escritório um espírito que Deus não aprovava. Ao passo que alguns recebem salário elevado, outros há que através de anos têm trabalhado fielmente em seu posto, recebendo muito, muito menos. Foi-me repetidamente mostrado que a ordem de Deus não deve ser derribada nem extinto o espírito missionário. ...


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Sei que existem os que praticam muita abnegação para devolver seus dízimos e fazer ofertas à causa de Deus. Os que estão na chefia da obra devem proceder de modo que possam, sem enrubescer, dizer: "Vamos, procedamos com respeito mútuo nesta obra que foi iniciada com sacrifício, e é mantida por constante abnegação." O povo não deve exceder aos que se acham na chefia de nossas instituições, quanto à prática da economia e a restrição de suas necessidades. Manuscrito 25a, 1891.

Perspectiva dos Perigos que Ameaçaram em 1890

Fico alarmada com a perspectiva, tanto para a clínica como para a casa publicadora de Battle Creek, e nossas instituições em geral. Tem estado a manifestar-se em nossas instituições, e a avolumar-se ano a ano, um espírito de espécie inteiramente diversa daquele que o Senhor revelou em Sua Palavra como devendo caracterizar os médicos e obreiros ligados às nossas instituições de saúde e à obra de publicações. Tem-se acariciado a idéia de que os médicos da clínica e os homens em posições de responsabilidade na casa publicadora não estejam sob obrigação de ser controlados pelos princípios cristãos de abnegação e sacrifício. Esta idéia, porém, tem sua origem nos concílios de Satanás. Quando os médicos revelam o fato de que pensam mais nos salários que vão receber, do que na obra da instituição, mostram que não são homens em quem se possa confiar como sendo abnegados, servos de Cristo tementes a Deus, fiéis em fazer a obra do Mestre. Homens dominados por desejos egoístas não devem ficar ligados a nossas instituições. ...

Deus requererá dos homens uma retribuição proporcional ao valor que se dão a si mesmos e a seus serviços, pois serão julgados segundo suas ações, e por uma norma em nada inferior à que eles mesmos estabeleceram. Se consideraram seus talentos como de grande valor, e colocaram em alta estima as suas habilidades, requerer-se-lhes-á que prestem serviço proporcional a sua própria avaliação e demandas. Oh! quão


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poucos são os que têm verdadeira familiaridade com o Pai ou com Seu Filho Jesus Cristo! Se estivessem imbuídos do espírito de Cristo, fariam as obras de Cristo. "Haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus." Filip. 2:5.

Os Talentos Pertencem a Deus

Disse Aquele que julga retamente: "Sem Mim nada podeis fazer." João 15:5. Todos os talentos, grandes ou pequenos, foram confiados aos homens por Deus, para serem empregados em Seu serviço, e quando os homens usam sua habilidade simplesmente para si mesmos, e não têm o cuidado especial de trabalhar em harmonia com os que estão na prática médica, e que são da mesma fé, revelam eles sua tendência de julgar esses homens por si mesmos; não procuram atender à oração de Cristo, para que sejam um, como Ele é um com o Pai. Quando exigem preços exorbitantes para seus serviços, Deus, o Juiz de toda a Terra, os julgará segundo a medida de sua própria estima exagerada, e deles requererá segundo a plenitude do valor que se atribuíram.

Visto como julgam de seu valor segundo o ponto de vista monetário, Deus julgará suas obras, comparando seus serviços com a avaliação que deles fizeram. A menos que se converta, ninguém dos que assim exageram o valor de sua habilidade, jamais entrará no Céu, pois sua influência pessoal no serviço de Cristo nunca equilibrará os pratos da balança de sua estima de si mesmo ou do que exige pelos serviços que prestou aos outros. ...

Aquele que é egoísta e ganancioso, ávido por conseguir cada dólar que por seus serviços possa obter de nossas instituições, está retardando a obra de Deus; na verdade já tem sua recompensa. Não pode ser considerado digno de que se lhe confie a eterna, celestial recompensa nas mansões que Cristo foi preparar para os que negam o próprio eu e tomam a cruz e O seguem. A aptidão dos homens, de entrarem de posse da herança adquirida por sangue, é testada durante o período de prova desta vida. Os que possuem o espírito de sacrifício manifestado em Cristo, quando Se deu a Si mesmo para salvação do homem caído, esses são os que hão de beber o cálice e ser batizados com o batismo do Redentor, e participarão de Sua glória. Carta 41, 1890.


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Importância da Renúncia

Foi-me mostrado que o escritório das publicações não deve ser dirigido segundo os mesmos princípios que regem outras casas editoras; pois é qualquer coisa como uma escola de preparo. Cada um dos a ela ligados deve ser missionário fiel, e trabalhar conforme os mesmos princípios que a trouxeram à existência. A abnegação deve caracterizar todos os obreiros. ...

A abnegação deve caracterizar os homens empregados em posições de responsabilidade no escritório, e devem ser um exemplo a todos os obreiros. O escritório foi fundado mediante abnegação, e o mesmo espírito deve ser manifestado e mantido. Deve ser conservado em mente o grande objetivo. Esta é obra missionária, e os que não possuem espírito missionário não devem continuar na obra. Carta 5, 1892.

Ameaça a Todas as Nossas Instituições

Paulo já via os males que sobreviriam à igreja, e declarou: "Estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo. Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo." II Cor. 11:2 e 3.

Este é o mal que hoje ameaça nossas escolas, nossas instituições, nossas igrejas. A menos que seja corrigido, porá em perigo a alma de muitos. Algum homem julgará que devia ser grandemente favorecido, porque está empenhado num ramo de trabalho que entre descrentes mereceria salário elevado. Tornando-se descontente, ele se venderá àquele que mais lhe ofereça. Para segurança dos princípios que devem controlar todos os que trabalham em nossas instituições, o Senhor me ordena a dizer a todos os que arcam sob responsabilidades: "Desligai-vos de todos esses, sem demora alguma; pois é este o fermento mau do orgulho e da cobiça."

Medem-se por si mesmos, e comparam-se entre si. O pior que podeis por eles fazer é procurar conservá-los, mesmo que


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sejam redatores ou gerentes. Deus não está com semelhante homem, e não vos podeis com segurança apegar-vos a ele. Uma atmosfera de incredulidade lhe rodeia a alma. As comparações que fez, levaram-no a negócios dúbios. Diz ele de si para si: "Se Fulano recebe tal soma, eu deveria receber outro tanto." Ele se julga sábio, acima do que está escrito na lei, e se apodera de meios para seu próprio uso. Assim rouba ao tesouro. Deus considera isto tal qual o pecado de Acã. Ele vê que tais homens não podem dar à obra o molde devido. Não podem suprir as necessidades dos que labutam em campos árduos, que têm de ceder parte de seu salário às necessidades daqueles campos. Deus vê cada um desses casos, e executará juízo sobre os que assim se medem a si mesmos, cuidando egoistamente de que recebam tudo que julgam dever receber. Manuscrito 97, 1899.

Em Perigo um Aspecto Característico da Obra

Em vista da grande obra que tem de ser feita, nossos obreiros devem estar dispostos a trabalhar por salário razoável. Mesmo que pudésseis obter salário elevado, deveis considerar o exemplo de Cristo, de vir ao nosso mundo e viver uma vida de abnegação. Justamente agora significa muito a importância de salário exigido pelos obreiros. Se exigirdes e receberdes salário elevado, abre-se a porta para outros fazerem o mesmo. Foi a exigência de salários altos por parte dos obreiros de Battle Creek que ajudou a estragar o espírito da obra ali. Dois homens lideraram esse movimento, e juntaram-se-lhes três ou quatro outros, e o resultado foi uma união num procedimento que, se fosse seguido pela maioria, teria destruído um dos aspectos característicos da obra desta mensagem. A causa da verdade presente foi fundada em abnegação e sacrifício. Esse espírito egoísta e ganancioso é inteiramente oposto aos seus princípios. É como a lepra mortífera, que com o tempo afetará o corpo todo. Tenho medo disso. Devemos ter cuidado, para não nos desviarmos do espírito simples e abnegado que assinalou nossa obra nos primeiros anos.


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Não achareis difícil exercer grande influência no Sanatório de ______. Se agirdes altruisticamente, não exigindo salário que julgaríeis dever naturalmente receber, o Senhor vos susterá em vossa obra. Se, por outro lado, pedirdes salário elevado, outro, e ainda outro julgarão que têm direito de exigir salário tão elevado como o vosso; e desta forma será usado o dinheiro que deveria ser despendido no desenvolvimento da obra da causa da verdade presente em outros lugares.

Ao tomar decisões importantes, devemos ter em consideração todos os aspectos da questão. Devemos sempre lembrar-nos de que nos é dado um lugar na obra, para agirmos como agentes responsáveis. Alguns desejam seguir a maneira mundana na obtenção de seu salário; o Senhor, porém, não vê as coisas como aqueles homens as vêem. Ele olha aos nossos deveres e responsabilidades à luz do abnegado exemplo de Cristo. O evangelho tem de ser apresentado ao mundo de modo que preceito e exemplo se harmonizem.

Nossas clínicas não devem ser dirigidas segundo as praxes do mundo. Não deve ser considerado necessário que mesmo o diretor clínico obtenha um salário grande. Somos servos de Deus. Carta 370, 1907.

Médicos e Ministros Convidados à Abnegação

Sinto-me impressionada a escrever-vos esta manhã, para vos pedir que cuideis de tratar todos os homens com eqüidade. Tenho sido instruída de que há perigo em seguirdes, com alguns médicos, um procedimento que lhes causará dano. Devemos fazer tudo que está em nosso poder para animar os talentos ministeriais, e também os de médicos, concedendo-lhes todas as vantagens razoáveis, mas há um limite para além do qual não devemos ir.

Quando estivemos a procurar um médico para ocupar o cargo de diretor clínico do Sanatório de Loma Linda, um médico experimentado concordou em ir, sob certas condições. Estipulou determinada quantia como seus honorários, e disse que não iria por menos. Pensaram alguns que, visto como parecia


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difícil encontrar alguém, poderíamos convidar aquele médico, concordando com suas condições. Eu disse, porém, ao irmão [J. A.] Burden: "Não seria direito ajustar esse médico, e pagar-lhe tanto, quando outros, que trabalham tão fielmente como ele, recebem menos. Isto não é justiça, e o Senhor me instruiu de que não aprovaria semelhante discriminação."

O Senhor pede abnegação em Seu serviço, e essa obrigação cabe aos médicos, assim como aos ministros. Temos perante nós uma obra intensiva, que requer meios, e devemos convocar ao serviço jovens que trabalhem como ministros e médicos, não por amor dos salários mais elevados, mas por causa das grandes necessidades da causa de Deus. O Senhor não Se agrada desse espírito de ganância de salários mais altos. Precisamos de médicos e ministros cujo coração seja consagrado a Deus, e que recebam ordens do maior Missionário-Médico que já andou na Terra. Contemplem eles Sua vida de abnegação, e depois façam sacrifício de boa vontade, a fim de que mais obreiros possam empenhar-se em semear a semente evangélica. Se todos trabalharem neste espírito, menores salários serão necessários.

Alguns têm faltado neste ponto. Deus os tem abençoado com habilidade para prestar um serviço aceitável, mas têm deixado de aprender lições de economia, de abnegação e de andar humildemente com Deus. Suas exigências de salário elevado foram atendidas e eles se tornaram extravagantes no uso dos meios; perderam a influência para o bem que deviam ter exercido, e não foi com eles a mão prosperadora de Deus. ... Cuidado para não depositardes confiança demasiado grande naqueles que demandam salário alto como condição para se empenharem na causa do Senhor! Escrevo-vos isto como advertência. Carta 330, 1906.

Conselho a um Médico Acerca de um Salário Fixo

O plano de que haveis de receber, além do salário, qualquer dinheiro que possais ganhar em certos ramos de trabalho, abre uma porta de tentação que levará a maus resultados. Isto não é compreendido por vós nem por aqueles que prepararam esses


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artigos do contrato. Mas será meio de grande dano para vós, e acarretará vergonha à causa de Deus. Há neste plano um princípio errôneo, que tem de ser considerado. Coisa alguma deve ser deixada em estado frouxo. Tudo deve ficar firmemente combinado. Deveis receber como salário de vosso trabalho uma soma determinada, e viver dentro dos limites desta soma.

Algo dessa espécie tem sido feito nas negociações com o Dr. U. É uma transação fraudulenta. Deus vê sua tendência e seu resultado. Este método de remuneração não deve ser levado a efeito nos hospitais que devem ser fundados. Esta instituição lhe deve pagar por seus serviços uma importância adequada. E todos os que se acham ligados à instituição devem receber remuneração proporcional aos seus serviços. Carta 99, 1900.

Proposta de Porcentagem, Desaconselhada

Com relação à proposta feita pelo irmão V, considero a questão tal qual o irmão. Não nos é possível, desde o começo, adotar o plano dos salários elevados. Este foi o infortúnio dos irmãos em Battle Creek, e tenho algo a dizer sobre este ponto. Temos à nossa frente um vasto campo de trabalho missionário. Temos de estar certos de que levemos a sério os reclamos de Cristo, que fez de Si mesmo uma dádiva ao nosso mundo. Nada do que nos seja possível fazer deve deixar de ser feito. Deve haver asseio e ordem, e deve ser feito tudo que seja possível para mostrar perfeição em todos os ramos. Mas quando se pensa em pagar vinte e cinco dólares por semana, e dar grande porcentagem sobre os trabalhos de cirurgia, foi-me dado esclarecimento sobre isso na Austrália, de que isso jamais se poderá fazer, porque nosso registro corre perigo. Foi-me apresentada a questão de que muitos hospitais teriam de ser fundados no sul da Califórnia, pois haveria grande afluxo de pessoas para lá. Muitos buscariam aquele clima.

Temos de ficar nos limites do conselho de Deus, cada um


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de nós preparado para seguir o exemplo de Jesus Cristo. Não podemos concordar que se paguem salários extravagantes. Deus requer de Seus submédicos a aquiescência ao convite: "Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o Meu jugo é suave e o Meu fardo é leve." Mat. 11:29 e 30. Carta 309, 1905.

"Não Exijais Salário Elevado"

Teria muito prazer em ver-vos e falar convosco. Tenho um intenso desejo de que copieis o modelo dado na Palavra de Deus. ...

Dr. W., insto convosco para que não exijais salário elevado. Se o fizerdes, outros seguirão vosso exemplo; e se isto for permitido, logo veremos que as receitas do hospital serão todas absorvidas para pagamento de salários, e não haverá ninguém para levar a cabo o trabalho missionário nos países estrangeiros.

Escrevo-vos isto porque entendo do que estou falando. O Senhor está provando o Seu povo. Meu esposo e eu passamos por este terreno, e por não termos pedido salário. elevado, mas estarmos dispostos a trabalhar com abnegação e sacrifício, o Senhor abençoou-nos com Sua abundante graça. Se seguintes um procedimento abnegado, sereis aos outros um exemplo que será uma bênção para a obra. Em vosso trabalho em ______, o sermão mais eficaz que pregastes foi quando vivestes os princípios da verdade em vossa família e revelastes vossa fervorosa devoção à causa. Sei de que estou falando quando assim me expresso.

Deveria haver maior igualdade entre o salário dos ministros e dos médicos. De nossos ministros se espera que dêem um exemplo de liberalidade aos membros da igreja, e seu salário deve ser de molde a poderem fazer muitos donativos. Carta 372, 1907.

Extravagância e Influência

Entre nossos ministros, médicos, professores e colportores, há necessidade de uma completa entrega da mente, do coração e


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da alma a Deus. ... Nem o vestuário, nem casas dispendiosas, nem um viver luxuoso conferem importância à obra. Mas um espírito manso e quieto é de grande valor à vista de Deus. A religião não torna o homem indelicado e ríspido. O crente verdadeiro, reconhecendo sua própria fraqueza, guardar-se-á em todos os pontos e porá em Deus toda a sua confiança. A verdadeira piedade cristã não pode ser forçada; é produto de um coração sincero. ...

Deus chama a homens diligentes, homens de oração, homens práticos. Dispendiosa ostentação externa não eleva os homens e as mulheres à vista das pessoas de bom senso. Não é direito fazer um médico um extravagante dispêndio de recursos, e então debitar preços exorbitantes para fazer operações pequenas Deus contempla todas essas questões em seu justo sentido. Manuscrito 34, 1904.

Importante Entrevista Acerca de Salários dos Médicos

Presentes: Ellen G. White, Pastores F. M. Burg, G. W. Reaser, W. M. Adams, J. H. Behrens, C. L. Taggart, A. G. Christiansen, G. C. White; também C. C. Crisler.

Depois das apresentações e saudações, o Pastor G. C. White disse em parte:

Todo o dia de ontem estivemos considerando os interesses de nossas várias escolas na União do Pacífico. Nessas escolas, localizadas em Angwin, Lodi, Fernando, Armona e Loma Linda, há entre seiscentos e setecentos estudantes, preparando-se. Ficamos animados, ao juntos tomar conselho acerca dessas escolas.

Hoje devemos passar a considerar os problemas dos hospitais, particularmente a questão dos salários que devemos pagar aos médicos e cirurgiões. Temos em nosso sanatório de


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______ um médico temente a Deus, que granjeou a confiança de todos os seus companheiros - homem a quem Deus abençoou grandemente em seus cuidados aos doentes. Deseja ele ficar, e todos querem que fique; e julga ele que será justo que fique, se os irmãos lhe concederem um salário cerca de duas vezes o que é pago aos obreiros em geral. Ele tem prazer em dar liberalmente, e deseja ter fundos para usar para esse propósito e com eles viver. Estamos muito perplexos, e gostaríamos de saber se a senhora tem algum esclarecimento neste assunto.

Irmã White: Se ele receber consideravelmente mais do que outros médicos, eles acabarão crendo que não são tratados com justiça a menos que também recebam mais. Temos de agir cautelosa e avisadamente, e não permitir que os salários subam tanto que muitos sejam tentados. Talvez tenha que se dar uma baixa, em vez de alta, nos salários dos médicos, porque há grande obra por fazer. A menos que tenhais alguma clara orientação por parte do Senhor, não é recomendável pagar a um homem consideravelmente mais do que a outro que faça trabalho semelhante. Pois, se isso fizerdes, os outros acharão perfeitamente adequado esperar salários semelhantemente elevados. Temos de olhar a todas as coisas de todos os ângulos, e nada nos adiantará concluir que possamos oferecer a um obreiro de êxito um salário elevado, simplesmente por ele o pedir. Temos, antes, de considerar o que nos é possível fazer presentemente, quando se estão abrindo campos nos quais teremos de despender, daqui por diante, muito mais recursos do que temos despendido até aqui. Estas são questões que hão de provar a fé de nosso povo.

G. C. White: Elas provam a nossa fé, Mamãe - especialmente quando um grupo de obreiros trabalhou com um homem até aprenderem a amá-lo e admirá-lo, e crerem que ele possa fazer trabalho melhor do que qualquer outro. Então é natural que julguem ser errado reterem os irmãos, dele, aquilo que ele poderia usar com vantagem. Pensam eles: "Que são mil dólares, ou mil e quinhentos dólares, a mais, se isso envolve a vida?" Dizem eles: "Aqui estão este e aquele casos que ele acaba de salvar, e outro ainda cuja vida salvou"; e acham eles que seria horrivelmente mesquinho de nossa parte não satisfazer a


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seus reclamos. Dizem: "Não existe quem tenha que trabalhar e sofrer tanto como um cirurgião. Pensai nas horas de árduo labor, de ansiedade, de angústia mental que tem de sofrer, quando uma vida preciosa está presa por um delgado fio."

Mas, por outro lado, considerando este assunto, temos de nos lembrar de que outras instituições são influenciadas por nossa ação. Vemos um hospital necessitado, a lutar, situado em lindo local, em condições de fazer uma grande obra, e com toda perspectiva de ganhar dinheiro se tão-somente pudessem ter um médico brilhante; e podem conseguir um bom médico se forem animados a pagar apenas trezentos ou quinhentos dólares mais do que a escala de salários recomenda. Dizem: "Se tão-somente os irmãos nos deixarem pagar uns poucos dólares mais do que recomendaram, poderemos ganhar cinco mil dólares para cobrir esta pequena despesa adicional com salários." E assim parece - quando consideramos o caso do ponto de vista comercial.

Irmã White: Os irmãos vêem, há um egoísmo na base disso, com o que o Senhor não está satisfeito. Temos de trabalhar harmonicamente. É pela ação harmônica que nossa obra deve ser levada para a frente, e alguns terão uma temporada muito difícil. Outros terão mais facilidade. Mas todas estas coisas terão de ser aceitas justamente como nos vêm, e os obreiros devem lembrar-se do muito que Jesus deu ao vir ao nosso mundo. Penso nisso muito repetidamente, e parece-me que poderemos fazer trabalho excelente se dermos bom exemplo. Mas se desejarmos aquilo que a maioria de nossos irmãos não estão em condições de aceitar, isto prejudica nossa influência. Um irmão diz: "Este ou aquele irmão tem determinado salário, e eu devo ter salário correspondente." E assim os salários subirão, e continuarão subindo, cada vez mais. Fato é que o salário de alguns talvez tenha que ser diminuído mais e mais, a fim de que possamos satisfazer os extensos reclamos da obra que está diante de nós, de advertir o mundo. ...

Em anos passados, quando esta questão de salários esteve em estudo, eu disse a meus irmãos que o Senhor sabe tudo acerca do espírito que nos leva à ação, e que Ele pode volver as questões a nosso favor, em ocasiões em que não esperamos.


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Ao darmos bom exemplo, as bênçãos do Senhor repousarão sobre nós. Tenho visto o Senhor operar de muitas maneiras e em muitos lugares, para ajudar aqueles mesmos que olham a essas questões do modo certo e dão um exemplo de sacrifício. E, irmãos, ao trabalhardes fervorosamente, devotamente, humildemente, no espírito de Cristo, Deus abrirá portas diante de vós. O povo verá vossa abnegação.

Por vezes, quando meus irmãos têm vindo ter comigo, procurando conselho quanto ao deverem ou não exigir salário mais alto, tenho-lhes dito que poderiam ganhar alguns recursos pedindo salário mais elevado, mas que a bênção de Deus acompanhará os que seguem procedimento diverso. Deus vê a abnegação; o Senhor Deus de Israel vê todos os motivos; e quando chegardes a uma situação difícil, os anjos de Deus ali estão para vos ajudar, e dar-vos vitória após vitória.

Tenho sido muito explícita em aconselhar meus irmãos a não exigir salário alto, pois este não é o motivo impelente que nos leva a gastar nossas energias na obra de salvar almas.

Não devemos permitir que a questão do salário impeça nosso atendimento ao chamado do dever, onde quer que seja preciso nosso serviço. O Senhor pode dirigir as coisas de modo que nossos trabalhos sejam acompanhados de uma bênção que exceda em muito qualquer compensação que possamos receber ou não; e Ele dará aos Seus servos palavras para pronunciarem, as quais serão da mais alta importância às almas que perecem.

O povo está faminto e sedento de auxílio do Céu. Tenho procurado pôr em prática esses princípios de sacrifício, e sei de que falo quando digo que a bênção de Deus repousará sobre vós se puserdes em primeiro lugar o chamado do dever. Folgo por este privilégio de, esta manhã, testificar perante vós que o Senhor muitas e muitas vezes tem mudado as coisas de tal modo a nos dar mais do que poderíamos pedir.

O Senhor provará os Seus servos; e se se Lhe demonstrarem fiéis, e Lhe confiarem os seus casos, Ele os ajudará em todos os tempos de necessidade.

Não somos coobreiros de Deus pelo salário que possamos receber em Seu serviço. É certo, irmãos, que precisais receber


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salário com o qual possais manter a família; mas se começardes a estipular exatamente quanto quereis receber, podereis demonstrar-vos uma pedra de tropeço a algum outro, que talvez não tenha a disposição que tendes, de ser liberal; e o resultado será confusão. Outros pensarão que nem todos são tratados em pé de igualdade. Logo achareis que a causa de Deus será entravada; e este resultado não desejareis constatar. Desejais ver a causa de Deus colocada sobre terreno vantajoso. Por vosso exemplo, assim como pelas palavras, deve o povo ter uma viva certeza de que a verdade recebida no coração gera o espírito de abnegação. E ao prosseguirdes neste espírito, muitos vos hão de seguir.

O Senhor deseja que Seus filhos procedam dessa maneira abnegada, pronta a fazer sacrifícios, que nos há de trazer a satisfação de ter cumprido bem o dever, por isso que é um dever. O Filho unigênito de Deus entregou-Se a uma morte ignominiosa na cruz, e deveríamos nós queixar-nos por causa dos sacrifícios que somos chamados a fazer?

Durante minhas horas insones, na calada da noite, tenho pleiteado com o Senhor, para que guarde nossos irmãos da tendência de prometer ir aqui e ali, com a combinação de receberem salário um pouco mais alto. Se forem com espírito de sacrifício, confiando nEle, o Senhor concederá à mente e ao caráter uma força que os susterá, e o êxito será o resultado.

No futuro, nossa obra há de ser levada avante com abnegação e sacrifício, mesmo maiores do que temos visto nos anos passados. Deus deseja que confiemos a Ele nossa alma, a fim de que Ele opere por meio de nós de múltiplas maneiras. Preocupo-me intensamente com essas questões. Irmãos, andemos em humildade e mansidão de espírito, e coloquemos diante de nossos companheiros um exemplo de sacrifício. Se com fé fizermos a nossa parte, Deus ante nós abrirá caminhos não sonhados ainda. ...

Se alguém se propõe fazer alguma coisa que não esteja de acordo com os princípios de sacrifício nos quais se baseia nossa obra, lembremo-nos de que um toque da mão de Deus pode eliminar todo o aparente benefício, porque não era para glória de Seu nome. Manuscrito 12, 1913.


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Atendendo a uma Emergência

Se, quando necessitados de recursos, deixais partir vossos obreiros competentes, para que cuidem de atividades suas próprias, dentro em pouco haveis de desejar tê-los de volta. A questão das finanças pode ser dirigida corretamente, se todos os obreiros estiverem dispostos, quando houver escassez de meios, a aceitar salário menor. Este é o princípio que o Senhor me revelou como devendo ser introduzido em nossas instituições publicadoras. Haverá bastante que fazer, e vossa obra precisará desses mesmos homens. Não deveríamos todos estar dispostos a restringir nossas necessidades, num tempo em que é tão escasso o dinheiro?

Meu marido e eu trabalhamos segundo este princípio. Dissemos: "A casa publicadora é instituição do Senhor, e nós havemos de poupar, reduzindo o mais possível as nossas despesas." O Senhor requer sacrifício de todos os Seus servos, a fim de fazer progredir Sua obra e fazer dela um êxito. Faça agora cada obreiro o melhor que puder para suster e guardar nossa instituição publicadora em ______. Não pensais que ao Senhor agradará ver este espírito controlando todas as nossas instituições? Temos de introduzir princípios na obra. Disse Jesus: "Se alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-Me." Luc. 9:23. Estamos dispostos a seguir a Cristo? Carta 25, 1896.

Nossas instituições devem estar inteiramente sob a supervisão de Deus. Foram fundadas com sacrifício, e só com sacrifício pode sua obra ser levada avante com êxito. Carta 129, 1903.

A sabedoria humana leva ao afastamento da abnegação, da consagração, e delineia muitas coisas que tendem a tornar sem efeito ás mensagens de Deus. Review and Herald, 13 de dezembro de 1892.

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