O tabernáculo foi feito de acordo com a ordem de Deus. O Senhor suscitou homens e os habilitou com aptidões mais do que naturais para realizarem tão engenhoso trabalho. Nem a Moisés nem àqueles artífices foi permitido planejar a forma e a arte da construção. Deus mesmo idealizou o plano e deu-o a Moisés, com instruções particulares quanto ao seu tamanho, forma e o material a ser usado, e especificou cada peça do mobiliário que nela devia haver. Apresentou a Moisés um modelo em miniatura do santuário celestial e ordenou-lhe que fizesse todas as coisas segundo o exemplar que lhe fora mostrado no monte. Moisés escreveu todas as instruções num livro e as leu para as pessoas mais influentes.
Então, o Senhor solicitou ao povo que trouxesse uma oferta espontânea, para fazer-Lhe um santuário, a fim de que Ele habitasse no meio deles. "Então toda a congregação dos filhos de Israel saiu de diante de Moisés, e veio todo o homem, a quem o seu coração moveu, e todo aquele cujo espírito voluntariamente o excitou, e trouxeram a oferta alçada ao Senhor para a obra da tenda da congregação, e para todo o seu serviço, e para os vestidos santos. E assim vieram homens e mulheres, todos dispostos de coração: trouxeram fivelas, e pendentes, e anéis, e braceletes,
todo o vaso de ouro; e todo o homem oferecia oferta de ouro ao Senhor." Êxo. 35:20-22.
Foram necessários grandes e dispendiosos preparativos. Caro e precioso material devia ser coletado. Mas o Senhor aceitou somente ofertas voluntárias. Devoção ao trabalho de Deus e sacrifício de coração foram os primeiros requisitos ao preparar-se um lugar para Deus. Enquanto a edificação do santuário estava caminhando, e o povo trazia suas ofertas a Moisés, e ele as apresentava aos artífices, todos os sábios que trabalhavam na obra examinaram as ofertas e concluíram que o povo tinha trazido o suficiente, e até mais do que podia ser usado. Moisés proclamou através do acampamento: "Nenhum homem nem mulher faça mais obra alguma para a oferta alçada do santuário. Assim o povo foi proibido de trazer mais. Êxo. 36:6.
Registrado Para Gerações Futuras
As repetidas murmurações dos israelitas, e as visitações da ira de Deus por causa de suas transgressões, ficam registradas na história sagrada para benefício do povo de Deus que posteriormente vivesse sobre a Terra e, especialmente para servir de advertência aos que vivessem próximo ao tempo do fim. Também seus atos de devoção, sua energia e liberalidade em trazer ofertas voluntárias a Moisés são registrados para benefício do povo de Deus. Seu exemplo, em preparar jubilosamente o material para o tabernáculo, é um exemplo para todos os que verdadeiramente amam o culto a Deus. Aqueles que estimam a bênção da sagrada presença de Deus, ao prepararem um edifício em que Ele possa encontrar-Se com eles, devem manifestar maior interesse e zelo na obra sagrada, na mesma proporção em que consideram as bênção celestiais superiores ao seu conforto terreno. Devem compreender
que estão preparando uma casa para Deus.
Claro que um edifício preparado expressamente para que Deus Se encontre com Seu povo, deva ser planejado cuidadosamente - feito confortável, asseado e conveniente, pois é para ser dedicado a Deus e apresentado a Ele, e Ele deve ser convidado a habitar nessa casa e torná-la sagrada por Sua santa presença. Deve-se dar suficiente e voluntariamente ao Senhor para que liberalmente se conclua o trabalho, e então os artífices possam dizer: não tragam mais ofertas.
De Acordo com o Modelo
Depois que a construção do tabernáculo foi completada, Moisés examinou todo o trabalho, e o comparou com o modelo e com as instruções recebidas de Deus, e viu que cada parte estava de acordo com o modelo; e abençoou o povo.
Deus deu o modelo da arca a Moisés, e instruções especiais de como devia ser feita. A arca era para conter as tábuas de pedra, nas quais Deus gravara, com Seu próprio dedo, os Dez Mandamentos. Tinha a forma igual à de um cofre, e estava coberta e marchetada de ouro puro. Era ornamentada com coroas de ouro na parte superior. A cobertura desta caixa sagrada era o propiciatório, feito de ouro maciço. De cada lado do propiciatório estava fixado um querubim de ouro puro e sólido. Suas faces estavam voltadas uma na direção da outra, e olhavam reverentemente para baixo na direção do propiciatório, o que representava todos os anjos celestiais olhando com interesse e reverência para a lei de Deus depositada na arca no santuário celestial. Estes querubins tinham asas. Uma asa de cada anjo estendia-se para o alto, enquanto a outra asa de cada anjo cobria seu corpo. A arca do santuário terrestre
era o modelo da verdadeira arca no Céu. Lá, ao lado da arca celestial, permanecem anjos vivos, um em cada extremidade, e cada um deles, com uma asa estendida para o alto, cobre o propiciatório, enquanto a outra asa se dobra sobre o corpo, em sinal de reverência e humildade.
Foi requerido de Moisés que colocasse as tábuas de pedra na arca terrestre. Foram chamadas tábuas do testemunho; e a arca foi chamada a arca do testemunho, porque continha o testemunho de Deus nos Dez Mandamentos.
Dois Compartimentos
O tabernáculo era composto de dois compartimentos, separados por uma cortina ou véu. Todo o mobiliário do tabernáculo era feito de ouro maciço, ou recoberto de ouro. As cortinas do tabernáculo tinham variedade de cores, em belíssimo arranjo, e nestas cortinas foram trabalhados, com fios de ouro e prata, querubins, que deviam representar o exército angelical, que se acha relacionada com o trabalho do santuário celestial e que são anjos ministradores aos santos na Terra.
Além do segundo véu estava colocada a arca do testemunho, e uma cortina bela e rica estendia-se diante da arca sagrada. Esta cortina não alcançava o topo da construção. A glória de Deus, que estava sobre o propiciatório, podia ser vista de ambos os compartimentos, mas em menor grau do primeiro.
Diretamente defronte a arca, porém separado por uma cortina, estava o altar de ouro, de incenso. O fogo sobre este altar fora aceso pelo próprio Senhor, e era conservado religiosamente, alimentado com santo incenso, o qual enchia o santuário com uma nuvem fragrante,
dia e noite. Esta fragrância se estendia por quilômetros ao redor do tabernáculo. Quando o sacerdote oferecia o incenso diante do Senhor, olhava para o propiciatório. Muito embora não pudesse vê-lo, sabia que ele ali estava, e enquanto o incenso subia qual nuvem, a glória do Senhor descia sobre o propiciatório e enchia o santíssimo. Era visível no lugar santo, e freqüentemente enchia ambos os compartimentos, de modo que o sacerdote era incapaz de oficiar e obrigava-se a permanecer à porta do tabernáculo.
O sacerdote, no lugar santo, dirigindo pela fé sua oração ao propiciatório, ao qual não podia ver, representa o povo de Deus dirigindo suas orações a Cristo diante do propiciatório no santuário celestial. Eles não podem ver seu Mediador com a vista natural mas, com os olhos da fé, vêem a Cristo diante do propiciatório, dirigem-Lhe suas orações e confiantemente reclamam os benefícios de Sua mediação.
Estes sagrados compartimentos não possuíam janelas para admitir luz. O castiçal, feito de puríssimo ouro, era conservado ardendo noite e dia, e proporcionava luz a ambos os compartimentos. A luz das lâmpadas do castiçal refletia sobre as tábuas chapeadas de ouro dos lados do edifício, sobre os sagrados móveis e sobre as cortinas de belas cores com querubins trabalhados com fios de ouro e prata, e a cena era gloriosa e indescritível. Nenhuma linguagem pode descrever a beleza, a graça, e a santa glória que estes compartimentos apresentavam. O ouro do santuário refletia as cores das cortinas, semelhantes às diferentes cores do arco-íris.
Somente uma vez por anos podia o sumo sacerdote entrar no lugar santíssimo, depois de muito cuidadoso e solene preparo. Nenhuma vista mortal, que não a do sumo
Sacerdote, podia olhar à sagrada grandeza deste compartimento, porque era o lugar especial de habitação da visível glória de Deus. O sumo sacerdote sempre entrava tremente, enquanto o povo aguardava seu retorno com solene silêncio. Seus ferventes desejos eram para Deus, em busca de Sua bênção. Diante do propiciatório Deus Se comunicava com o sumo sacerdote. Se ele permanecia tempo incomum no santíssimo, o povo ficava muitas vezes terrificado, temendo que, por causa de seus pecados ou algum pecado do sacerdote, a glória do Senhor o tivesse fulminado. Mas quando o sonido das campainhas de suas vestes era ouvido, ficavam grandemente aliviados. Ele então saía e abençoava o povo.
Depois que o trabalho do tabernáculo se concluiu, "então a nuvem cobriu a tenda da congregação, e a glória do Senhor encheu o tabernáculo. Moisés não podia entrar na tenda da congregação, porquanto a nuvem ficava sobre ela, e a glória do Senhor enchia o tabernáculo". Êxo. 40:34 e 35. Pois "a nuvem do Senhor estava de dia sobre o tabernáculo, e o fogo estava de noite sobre ele, perante os olhos de toda a casa de Israel, em todas as suas jornadas". Êxo. 40:38.
O tabernáculo fora construído de modo a poder ser desmontado e levado com eles em todas as suas jornadas.
A Nuvem Guia
O Senhor dirigiu os israelitas em todas as suas viagens através do deserto. Quando era para o bem do povo e a glória de Deus que armassem suas tendas num certo lugar e ali habitassem, Deus lhes indicava Sua vontade pela coluna de nuvem repousando diretamente sobre o tabernáculo. E aí permanecia até que Deus quisesse que jornadeassem outra vez. Então, a nuvem de glória se erguia sobre o tabernáculo e eles jornadeavam novamente.
Em todas as suas jornadas eles observavam perfeita ordem. Cada tribo levava um estandarte, com o sinal da casa de seu pai, e cada tribo era ordenada a acampar junto a seu próprio estandarte. Quando viajavam, as diferentes tribos marchavam em ordem, cada tribo sob seu próprio estandarte. Quando descansavam de suas jornadas, o tabernáculo era construído, e então as diferentes tribos armavam suas tendas em ordem, precisamente na posição que Deus ordenara, ao redor do tabernáculo, a certa distância dele.
Quando o povo jornadeava, a arca do concerto era levada adiante deles. "A nuvem do Senhor ia sobre eles de dia, quando partiam do arraial. Era pois que, partindo a arca, Moisés dizia: Levanta-Te, Senhor, e dissipados sejam os Teus inimigos, e fujam diante de Ti os aborrecedores. E, pousando ela, dizia: Volta, ó Senhor, para os muitos milhares de Israel." Núm. 10:34-36.