História da Redenção

CAPÍTULO 18

A Lei de Deus

HR - Pag. 137  

Depois que os filhos de Israel deixaram "Refidim, vieram ao deserto de Sinai, e acamparam-se no deserto: Israel pois ali acampou-se defronte do monte. E subiu Moisés a Deus, e o Senhor o chamou do monte, dizendo: Assim falarás à casa de Jacó, e anunciarás aos filhos de Israel: Vós tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águias, e vos trouxe a Mim; agora, pois, se diligentemente ouvirdes a Minha voz, e guardardes o Meu concerto, então sereis a Minha propriedade peculiar dentre todos os povos: porque toda a Terra é Minha. E vós Me sereis reino sacerdotal e o povo santo. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel. E veio Moisés, e chamou os anciãos do povo, e expôs diante deles todas estas palavras, que o Senhor lhe tinha ordenado. Então todo o povo respondeu a uma voz, e disseram: Tudo o que o Senhor tem falado, faremos. E relatou Moisés ao Senhor as palavras do povo." Êxo. 19:2-8.

Aqui o povo entrou num solene concerto com Deus, aceitando-O como seu soberano, tornando-se eles súditos peculiares de Sua divina autoridade. "E disse o Senhor a Moisés: Eis que Eu virei a ti numa nuvem espessa, para que o povo


HR - Pag. 138  

ouça, falando Eu contigo, e para que também te creiam eternamente." Êxo. 19:9. Quando os hebreus encontraram dificuldades no caminho, mostraram-se dispostos a murmurar contra Moisés e Arão, e a acusá-los de conduzirem a multidão de Israel do Egito para destruí-la. Deus iria honrar Moisés diante deles, de maneira que fossem levados a confiar nas suas instruções, e soubessem que Ele pusera Seu Espírito sobre ele.

Preparo Para Aproximar-se de Deus

O Senhor deu, então, a Moisés, orientações expressas no que concernia à preparação do povo para Ele aproximar-Se deles, a fim de ouvirem o anúncio de Sua lei, não por anjos, mas por Ele mesmo. "Disse também o Senhor a Moisés: Vai ao povo, e santifica-os hoje e amanhã, e lavem eles os seus vestidos; e estejam prontos para o terceiro dia: porquanto no terceiro dia o Senhor descerá diante dos olhos de todo o povo sobre o monte de Sinai." Êxo. 19:10 e 11.

Foi requerido do povo abstenção de trabalhos e cuidados seculares, e que tivessem pensamentos devocionais. Deus requereu também que lavassem suas vestes. Ele não é menos minucioso agora do que foi então. Ele é um Deus de ordem e requer que Seu povo sobre a Terra, hoje, observe hábitos de estrita limpeza. Os que adoram a Deus com vestes maculadas e eles próprios manchados não se apresentam diante dEle de modo aceitável. Ele não Se agrada da sua falta de reverência, e não aceitará o culto de adoradores impuros, pois insultam o seu Autor. O Criador dos céus e da Terra considerou a limpeza tão importante que disse: "Lavem eles os seus vestidos." Êxo. 19:10.

"Marcarás limites ao povo em redor, dizendo: Guardai-vos


HR - Pag. 139  

que não subais ao monte nem toqueis o seu termo; todo aquele, que tocar no monte, certamente morrerá. Nenhuma mão tocará nele: porque certamente será apedrejado ou asseteado; quer seja animal, quer seja homem, não viverá; soando a buzina longamente, então subirão ao monte." Êxo. 19:12 e 13. Essa ordem fora designada para impressionar a mente desse povo rebelde com uma profunda veneração a Deus, o autor e autoridade de suas leis.

A Manifestação de Deus

"E aconteceu ao terceiro dia, ao amanhecer, que houve trovões e relâmpagos sobre o monte, e uma espessa nuvem, e um sonido de buzina mui forte, de maneira que estremeceu todo o povo que estava no arraial." Êxo. 19:16. A multidão de anjos que atendia à divina Majestade intimou o povo com um som semelhante ao de trombeta, que cresceu estrepitosamente até que toda a Terra tremeu.

"E Moisés levou o povo fora do arraial ao encontro de Deus; e puseram-se ao pé do monte. E todo o monte de Sinai fumegava, porque o Senhor descera sobre ele em fogo: e o seu fumo subiu como fumo dum forno, e todo o monte tremia grandemente." Êxo. 19:17 e 18. A Majestade divina descendo numa nuvem com um glorioso cortejo de anjos aparecia como chamas de fogo.

"E o sonido da buzina ia crescendo em grande maneira: Moisés falava, e Deus lhe respondia em voz alta. E descendo o Senhor sobre o monte de Sinai, sobre o cume do monte, chamou o Senhor a Moisés ao cume do monte; e Moisés subiu. E disse o Senhor a Moisés: Desce, protesta ao povo que não trespasse o termo para ver o Senhor, a fim de muitos deles não perecerem. E também


HR - Pag. 140  

os sacerdotes, que se chegam ao Senhor, se hão de santificar, para que o Senhor não se lance sobre eles." Êxo. 19:19-22.

Assim o Senhor, com terrível majestade, expôs do Sinai Sua lei, para que o povo cresse. Fez acompanhar a doação da lei de sublimes exibições de autoridade, para que soubessem que Ele era o único Deus vivo e verdadeiro. A Moisés não foi permitido entrar na nuvem de glória, apenas aproximar-se e entrar na espessa treva que a circundava. Ele permaneceu entre o povo e o Senhor.

A Lei de Deus Proclamada

Depois de ter o Senhor dado tantas evidências de Seu poder, declarou-lhes quem Ele era: "Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão." Êxo. 20:2. O mesmo Deus que exaltou o Seu poder entre os egípcios agora proferiu Sua lei:

"Não terás outros deuses diante de Mim." Êxo. 20:3.

"Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos Céus, nem em baixo na Terra, nem nas águas de baixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás: porque Eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que Me aborrecem. E faço misericórdia em milhares aos que Me amam e guardam os Meus mandamentos." Êxo. 20:4-6.

"Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão: porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o Seu nome em vão." Êxo. 20:7.

"Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus: não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho,


HR - Pag. 141  

nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor os Céus e a Terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou: portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou." Êxo. 20:8-11.

"Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá." Êxo. 20:12.

"Não matarás." Êxo. 20:13.

"Não adulterarás." Êxo. 20:14.

"Não furtarás." Êxo. 20:15.

"Não dirás falso testemunho contra o teu próximo." Êxo. 20:16.

"Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo." Êxo. 20:17.

O primeiro e segundo mandamentos pronunciados por Jeová são preceitos contra a idolatria; pois a idolatria, se praticada, levaria longe os homens no pecado e rebelião, e resultaria no oferecimento de sacrifícios humanos. Deus os queria proteger contra qualquer aproximação de tais abominações. Os primeiros quatro mandamentos foram dados para mostrar aos homens seus deveres com Deus. O quarto é o elo de ligação entre o grande Deus e o homem. O sábado, especialmente, foi dado para benefício do homem e para honra de Deus. Os últimos seis preceitos mostram o dever do homem para com seus semelhantes.

O sábado devia ser um sinal entre Deus e Seu povo, para sempre. Dessa maneira devia ser um sinal - Todos os que observassem o sábado, mostrariam por tal observância serem adoradores do Deus vivo, Criador dos céus e da Terra. O sábado devia ser um sinal entre Deus e Seu povo,


HR - Pag. 142  

enquanto Ele tivesse um povo sobre a Terra para servi-Lo.

"Todo o povo presenciou os trovões e os relâmpagos, e o clangor da trombeta, e o monte fumegante: e o povo observando, se estremeceu e ficou de longe. Disseram a Moisés: Fala-nos tu, e te ouviremos, porém não fale Deus conosco, para que não morramos. Respondeu Moisés ao povo: Não temais; Deus veio para vos provar, e para que o Seu temor esteja diante de vós, a fim de que não pequeis.

"O povo estava em pé de longe; Moisés, porém, se chegou à escuridade, onde Deus estava. Então disse o Senhor a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: Vós tendes visto que Eu falei convosco desde os Céus." Êxo. 20:21-22. A majestosa presença de Deus no Sinai, e as comoções ocasionadas na Terra pela Sua presença, os tremendos trovões e relâmpagos que acompanharam esta visitação de Deus, de tal maneira impressionaram a mente do povo com temor e reverência para com Sua sagrada majestade que instintivamente se afastaram da terrível presença de Deus, temendo não poder suportar Sua terrível glória.

O Perigo da Idolatria

Novamente, Deus desejou guardar os filhos de Israel da idolatria. Disse Ele: "Não fareis outros deuses comigo; deuses de prata ou deuses de ouro não fareis para vós." Êxo. 20:23. Eles estavam em perigo de imitar o exemplo dos egípcios, fazendo para si imagens para representar a Deus.

O Senhor disse a Moisés: "Eis que Eu envio um Anjo diante de ti, para que te guarde neste caminho, e te leve ao lugar que te tenho aparelhado. Guarda-te diante dEle, e ouve a Sua voz, e não O provoques à ira: porque


HR - Pag. 143  

não perdoará a vossa rebelião; porque o Meu nome está nEle. Mas se diligentemente ouvires a Sua voz, e fizeres tudo o que Eu disser, então serei inimigo dos teus inimigos, e adversário dos teus adversários. Porque o Meu Anjo irá diante de ti, e te levará aos amorreus, e aos heteus, e aos ferezeus, e aos cananeus, heveus e jebuseus: e Eu os destruirei." Êxo. 23:20-23. O Anjo que ia adiante de Israel era o Senhor Jesus Cristo. "Não te inclinarás diante dos seus deuses, nem os servirás, nem farás conforme às suas obras: antes os destruirás totalmente, e quebrarás de todo as suas estátuas. E servireis ao Senhor vosso Deus, e Ele abençoará o vosso pão e a vossa água; e Eu tirarei do meio de ti as enfermidades." Êxo. 23:24 e 25.

Deus desejava que Seu povo entendesse que somente Ele devia ser o objeto do seu culto. Quando derrotassem as nações idólatras ao seu redor, não deviam preservar nenhuma das imagens de sua adoração, mas destruí-las totalmente. Muitas dessas divindades pagãs eram caras e belíssimas esculturas, que podiam tentar aqueles que haviam testemunhado a idolatria, muito comum no Egito, a mesmo considerar estes objetos insensíveis com algum grau de reverência. O Senhor queria que Seu povo soubesse que era por causa da idolatria daquelas nações, que as conduzira a todos os graus da impiedade, que Ele usaria os israelitas como Seus instrumentos para puni-los e destruir seus deuses.

"Enviarei o Meu terror diante de ti, desconcertando a todo o povo aonde entrares, e farei que todos os teus inimigos te virem as costas. Também enviarei vespões diante de ti, que lancem fora os heveus, os cananeus, e os heteus diante de ti.


HR - Pag. 144  

Num só ano os não lançarei fora diante de ti, para que a terra se não torne em deserto, e as feras do campo se não multipliquem contra ti. Pouco a pouco os lançarei de diante de ti, até que sejas multiplicado, e possuas a terra por herança. E porei os teus termos desde o Mar Vermelho até ao mar dos filisteus, e desde o deserto até ao rio: porque darei nas tuas mãos os moradores da terra, para que os lances fora de diante de ti. Não farás concerto algum com eles, ou com os seus deuses. Na tua terra não habitarão, para que não te façam pecar contra Mim: se servires aos seus deuses, certamente será um laço para ti." Êxo. 23:27-33. Estas promessas de Deus a Seu povo foram condicionadas à obediência. Se servissem ao Senhor inteiramente, Ele faria grandes coisas por eles.

Depois de Moisés ter recebido os juízos de Deus, tendo-os escrito para o povo, e também as promessas, condicionadas à obediência, disse-lhe o Senhor: "Sobe ao Senhor, tu e Aarão, Nadabe e Abiú, e setenta dos anciãos de Israel; e inclinai-vos de longe. E só Moisés se chegará ao Senhor; mas eles não se cheguem, nem o povo suba com ele. Vindo pois Moisés, e contando ao povo todas as palavras do Senhor, e todos os estatutos, então o povo respondeu a uma voz, e disseram: Todas as palavras, que o Senhor tem falado, faremos." Êxo. 24:1-3.

Moisés escrevera, não os Dez Mandamentos, mas as ordenanças que Deus queria que observassem, e as promessas sob condição de sua obediência a Ele. Leu isto ao povo, e eles se comprometeram a obedecer a todas as palavras que o Senhor tinha dito. Moisés então escreveu seu solene compromisso num livro e ofereceu sacrifício a Deus


HR - Pag. 145  

pelo povo. "E tomou o livro do concerto, e o leu aos ouvidos do povo, e eles disseram: Tudo o que o Senhor tem falado faremos, e obedeceremos. Então tomou Moisés aquele sangue, e espargiu-o sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue do concerto que o Senhor, tem feito convosco sobre todas estas palavras." Êxo. 24:7 e 8. O povo repetiu seu solene compromisso ao Senhor, de fazer tudo o que Ele havia falado, e ser obediente.

A Eterna Lei de Deus

A lei de Deus existia antes de o homem ser criado. Os anjos eram governados por ela. Satanás caiu porque transgrediu os princípios do governo de Deus. Depois que Adão e Eva foram criados, Deus os fez conhecer Sua lei. Ela não estava escrita, mas foi-lhes relatada por Jeová.

O sábado do quarto mandamento foi instituído no Éden. Depois de haver Deus feito o mundo e criado o homem sobre a Terra, fez o sábado para o homem. Após o pecado e a queda de Adão, coisa alguma foi tirada da lei de Deus. Os princípios dos Dez Mandamentos existiam antes da queda e eram de caráter apropriado à condição de uma santa ordem de seres. Depois da queda os princípios desses preceitos não foram mudados, mas foram dados preceitos adicionais que viessem ao encontro do homem em seu estado decaído.

Estabeleceu-se então um sistema que requeria sacrifício de animais, para conservar diante do homem aquilo de que a serpente fizera Eva descrer - que a penalidade da desobediência é a morte. A transgressão da lei de Deus tornou necessário que Cristo morresse como sacrifício e, assim, abrisse caminho para o homem escapar da penalidade e ainda preservar a honra da lei de Deus. O sistema de sacrifícios devia ensinar ao homem a humildade, em vista


HR - Pag. 146  

de sua condição decaída, e conduzi-lo ao arrependimento e confiança em Deus somente, mediante o Redentor prometido, para perdão de sua passada transgressão da lei divina. Se a lei de Deus não tivesse sido transgredida, jamais teria havido morte, nem teriam sido necessários preceitos adicionais para se ajustarem à decaída condição humana.

Adão ensinou a seus descendentes a lei de Deus, que foi transmitida aos fiéis através de sucessivas gerações. A contínua transgressão da lei de Deus atraiu um dilúvio de águas sobre a Terra. A lei foi preservada por Noé e sua família, que, por procederem corretamente foram salvos na arca por um milagre de Deus. Noé ensinou a seus descendentes os Dez Mandamentos. O Senhor, desde Adão, preservou para Si um povo, em cujo coração estava Sua lei. Disse de Abraão: "Porquanto Abraão obedeceu à Minha voz, e guardou o Meu mandado, os Meus preceitos, os Meus estatutos, e as Minhas leis." Gên. 26:5.

O Senhor apareceu a Abraão e disse-lhe:

"Eu sou o Deus Todo-poderoso, anda em Minha presença e sê perfeito; e porei o Meu concerto entre Mim e ti, e te multiplicarei grandissimamente." Gên. 17:1 e 2. "Estabelecerei o Meu concerto entre Mim e ti e a tua semente depois de ti em suas gerações, por concerto perpétuo, para te ser a ti por Deus, e a tua semente depois de ti." Gên. 17:7.

Ele então requereu de Abraão e sua descendência a circuncisão, que era um círculo cortado na carne, como um sinal de que Deus os havia cortado e separado de todas as nações como Seu tesouro peculiar. Por este sinal eles solenemente se comprometeram a não se ligar por casamento com outras nações, pois, assim fazendo, poderiam perder sua reverência a Deus e Sua santa lei,


HR - Pag. 147  

e se tornariam como as nações idólatras ao redor deles.

Pelo ato da circuncisão, solenemente concordaram em cumprir a sua parte nas condições da aliança feita com Abraão, de se separarem de todas as nações e serem perfeitos. Se os descendentes de Abraão se tivessem mantido separados das outras nações, não teriam sido seduzidos à idolatria. Conservando-se separados das outras nações, seria removida deles uma grande tentação, de comprometer-se em suas práticas pecaminosas e rebeldia contra Deus. Perderam em grande medida seu peculiar e santo caráter por se misturarem com as nações ao redor. Para puni-los o Senhor trouxe sobre sua terra a fome, que os compeliu a descerem ao Egito para preservar a vida. Mas Deus não os abandonou enquanto estavam no Egito, por causa de Sua aliança com Abraão. Permitiu que fossem oprimidos pelos egípcios, para que tornassem a Ele em seu desespero, escolhessem Seu justo e misericordioso governo, e obedecessem a Seus reclamos.

Eram apenas umas poucas as famílias que desceram ao Egito. Elas aumentaram para uma grande multidão. Alguns foram cuidadosos no instruir seus filhos na lei de Deus, mas muitos israelitas haviam testemunhado tanta idolatria que tinham idéias confusas sobre a lei de Deus. Aqueles que temiam a Deus clamavam em angústia de espírito para que lhes quebrasse o jugo de amarga servidão, tirando-os da terra de seu cativeiro, para que pudessem estar livres para servi-Lo. Deus ouviu suas súplicas e suscitou Moisés como instrumento para efetuar o livramento de Seu povo. Depois que deixaram o Egito, e que as águas do Mar Vermelho foram divididas diante deles, o Senhor os provou para ver se confiariam nAquele que os havia tirado,


HR - Pag. 148  

uma nação de outra nação, por sinais, tentações e maravilhas. Entretanto eles falharam em suportar a prova. Murmuraram contra Deus por causa das dificuldades no caminho e desejaram retornar ao Egito.

Escrita em Tábuas de Pedra

Para deixá-los sem justificativas, o próprio Senhor condescendeu em descer sobre o Sinai, envolto em glória e circundado por Seus anjos, e na mais sublime e terrível maneira fez conhecida a Sua lei dos Dez Mandamentos. Não confiou o seu ensino a ninguém, nem mesmo aos anjos, mas proclamou Sua lei com voz audível aos ouvidos de todo o povo. Não a confiou mesmo então à curta memória de um povo que fora propenso a esquecer Seus reclamos, mas escreveu-a com Seu próprio dedo santo sobre tábuas de pedra. Tiraria deles toda possibilidade de misturarem com Seus santos preceitos qualquer tradição, ou de confundirem Suas exigências com as práticas de homens.

Ele então Se aproximou ainda mais de Seu povo, que tinha sido tão pronto a extraviar-se, pois não queria deixá-los meramente com os dez preceitos do Decálogo. Ordenou que Moisés escrevesse juízos e leis, conforme os ditasse, dando minuciosas instruções quanto ao que Ele requeria que realizassem, e assim resguardou os dez preceitos que havia gravado sobre as tábuas de pedra. Estas específicas instruções e reclamos foram dados para atrair o errante à obediência da lei moral, à qual era tão propenso a transgredir.

Se o homem tivesse guardado a lei de Deus, tal como foi dada a Adão depois da queda, preservada na arca por Noé, e observada por Abraão, não teria havido necessidade da ordenança da circuncisão. E se os descendentes


HR - Pag. 149  

de Abraão tivessem guardado a aliança, da qual a circuncisão era um sinal ou compromisso, jamais teriam eles caído na idolatria nem teria sido permitido descerem ao Egito, e tampouco teria havido necessidade de Deus proclamar Sua lei do Sinai gravando-a sobre tábuas de pedra e guardando-a por definidas instruções nos juízos e estatutos de Moisés.

Os Juízos e Estatutos

Moisés escreveu estes juízos e estatutos da boca de Deus enquanto estava com Ele no monte. Se o povo de Deus tivesse obedecido aos princípios dos Dez Mandamentos, não teria sido necessário dar a Moisés instruções específicas, que ele escreveu num livro, relativas ao seu dever para com Deus e de uns para com os outros. As definidas instruções que o Senhor deu a Moisés quanto à obrigação de Seu povo, uns para com os outros, e para com o estrangeiro, são os princípios dos Dez Mandamentos simplificados e dados de maneira definida, de modo que eles não precisavam errar.

O Senhor instruiu a Moisés definidamente quanto aos sacrifícios cerimoniais, que deviam cessar com a morte de Cristo. O sistema de sacrifícios simbolizava o oferecimento de Cristo como um Cordeiro sem manchas.

O Senhor primeiro estabeleceu o sistema de ofertas sacrificais, com Adão depois da queda, e este o ensinou aos seus descendentes. Esse sistema foi corrompido antes do dilúvio por aqueles que se separaram dos fiéis seguidores de Deus e se empenharam na construção da torre de Babel. Eles sacrificaram aos deuses de sua própria feitura, em vez de ao Deus dos Céus. Ofereceram sacrifícios, não porque tivessem fé no Redentor por vir, mas porque pensavam que deviam agradar seus deuses pelo oferecimento de muitos animais sobre poluídos altares idólatras. Sua superstição


HR - Pag. 150  

levou-os a grandes extravagâncias. Ensinavam ao povo que, quanto mais valioso o sacrifício, maior prazer ele daria a seus ídolos e maior seria a prosperidade e a riqueza de sua nação. Portanto, seres humanos eram freqüentemente sacrificados a estes ídolos insensíveis. Aquelas nações possuíam, para controlar as ações do povo, leis e regulamentos que era cruéis ao extremo. Suas leis eram feitas por aqueles cujo coração não fora suavizado pela graça; enquanto passavam por alto os mais degradantes crimes, uma pequena ofensa acarretava a mais cruel punição por parte dos que tinham autoridade.

Moisés tinha isso em vista quando disse a Israel: "Vedes aqui vos tenho ensinado estatutos e juízos, como me mandou o Senhor meu Deus: para que assim façais no meio da terra a qual ides a herdar. Guardai-os pois, e fazei-os, porque esta será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos, que ouvirão todos estes estatutos, e dirão: Este grande povo só é gente sábia e entendida. Porque, que gente há tão grande, que tenha deuses tão chegados como o Senhor nosso Deus, todas as vezes que O chamamos? E que gente há tão grande, que tenha estatutos e juízos tão justos como toda esta lei que hoje dou perante vós?" Deut. 4:5-8.

<< Capítulo Anterior Próximo Capítulo >>