Orientação da Criança

CAPÍTULO 48

A Reação da Criança

OC - Pag. 279  

Quanto à Provocação

Os filhos são exortados a obedecer aos pais no Senhor, mas também se recomenda aos pais: "Não irriteis a vossos filhos, para que não percam o ânimo." Col. 3:21. Manuscrito 38, 1895.

Freqüentemente fazemos mais para provocar do que para ganhá-los. Vi uma mãe arrancar da mão do filho algo que lhe estava proporcionando prazer especial. A criança não soube a razão disso, e naturalmente sentiu-se ofendida. Seguiu-se então uma rixa entre mãe e filho, e um castigo severo finalizou a cena quanto ao que respeitava às aparências exteriores; mas tal batalha deixou naquele espírito tenro uma impressão que não se apagaria facilmente. Esta mãe agiu imprudentemente. Não raciocinou partindo da causa para o efeito. Seu procedimento ríspido e insensato suscitou as piores paixões no coração do filho, e em toda ocasião semelhante tais paixões se despertavam e fortaleciam. Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, pág. 117.

Ao Achar Faltas

Não tendes o direito de trazer uma nuvem sombria sobre a felicidade de vossos filhos devido ao achar faltas ou a censura severa por erros insignificantes. Deve-se fazer que o verdadeiro mal apareça justamente tão pecaminoso como é, e se deve assumir uma atitude decidida e firme para evitar sua repetição; contudo não se deve deixar a criança num desesperado estado de espírito, mas com certo grau de coragem para que possa melhorar e alcançar a vossa confiança e aprovação. Podem as crianças desejar fazer o que é direito, podem assentar em seu coração serem obedientes; mas necessitam de auxílio e de animação. Signs of the Times, 10 de abril de 1884.

Quanto à Disciplina Severa Demais

Oh, como Deus é desonrado numa família onde


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não há verdadeira compreensão quanto ao que constitui a disciplina familiar, e os filhos estão confusos quanto ao que é disciplina e governo! É verdade que a disciplina dura demais, a crítica em demasia, leis e regulamentos desnecessários levam ao desrespeito da autoridade e a desconsiderar finalmente esses regulamentos que Cristo quer que sejam cumpridos. Review and Herald, 13 de março de 1894.

Quando os pais mostram um espírito áspero, severo e autoritário, desperta-se na criança um espírito de insubordinação e capricho. Assim os pais deixam de ter sobre os filhos a influência amenizadora que poderiam exercer.

Pais, não podeis ver que palavras ásperas provocam resistência? Que faríeis se fôsseis tratados com tanta desconsideração como tratais aos vossos pequeninos? É vosso dever estudar da causa para o efeito. Quando xingastes vossos filhos, quando com furiosas pancadas batestes naqueles que eram demasiado pequenos para se defenderem, perguntastes a vós mesmos que efeito teria sobre vós tal tratamento? Tendes pensado em quão sensíveis sois quanto às palavras de censura ou culpa? Quão depressa vos ofendeis ao pensardes que alguém deixa de reconhecer a vossa capacidade? Sois apenas crianças crescidas. Então pensai em como se sentem os vossos filhos quando lhes dirigis palavras ásperas e cortantes, punindo-os severamente por faltas que não são nem metade tão graves à vista de Deus do que o tratamento que lhes dais. Manuscrito 42, 1903.

Muitos pais que professam ser cristãos não são convertidos. Cristo não habita pela fé em seu coração! Sua aspereza, sua imprudência, seu temperamento indomável desgostam os filhos e os tornam avessos a toda instrução religiosa. Carta 18b, 1891.

Quanto à Censura Contínua

Em nossos esforços de corrigir o mal, devemos precaver-nos contra a tendência de descobrir as faltas de outrem e censurá-las.


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A contínua censura confunde mas não reforma. Para muitos espíritos e freqüentemente os mais delicados, uma atmosfera de crítica destituída de simpatia é fatal aos esforços. As flores não desabrocham ao sopro de um vento cortante.

Uma criança freqüentemente censurada por alguma falta especial vem a considerar aquela falta como uma peculiaridade sua, ou alguma coisa contra que seria vão esforçar-se. Assim se cria o desânimo e a falta de esperança, muitas vezes ocultos sob a aparência de indiferença ou arrogância. Educação, pág. 291.

Quanto à Ordens e Xingamentos

Alguns pais suscitam muita tempestade por sua falta de domínio próprio. Em lugar de pedirem bondosamente aos filhos para fazerem isto ou aquilo, ordenam com ira, tendo ao mesmo tempo nos lábios uma censura ou reprovação que as crianças não mereceram. Pais, esse modo de agir destrói a felicidade e a ambição dos filhos. Fazem o que ordenais, não por amor, mas porque não ousam proceder diversamente. Não têm o coração no que fazem. É um trabalho servil, em vez de um prazer, e isso os leva a esquecer-se de seguir vossas orientações, o que vos aumenta a irritação e se torna ainda pior para as crianças. Repetem-se as censuras, repete-se a vossa má conduta, até que o desânimo se apodera delas e não mais cogitam se estão agradando ou não. Tomam-se de um espírito de "não me importo", e procuram fora de casa, fora dos pais, o prazer e satisfação que aí não encontram. Misturam-se com companheiros de rua e podem se tornar tão corrompidos quanto os piores. Testemunhos Seletos, vol. 1, págs. 133 e 134.

Quanto a uma Atitude Arbitrária

A vontade dos pais deve estar sob a disciplina de Cristo.


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Amoldados e dirigidos pelo puro Espírito Santo de Deus, podem estabelecer inquestionável domínio sobre os filhos. Mas se os pais são severos e exigentes demais na disciplina, fazem uma obra que jamais poderão desfazer. Pela sua atitude arbitrária, despertam o sentimento de injustiça. Manuscrito 7, 1899.

Quanto à Injustiça

As crianças são sensíveis à mínima injustiça, e algumas ficam desanimadas ao sofrê-la, e nem darão ouvidos à alta e zangada voz de comando, nem se importarão com ameaças de castigo. Muitas vezes se instala nos corações infantis a rebelião, devido a uma errônea disciplina por parte dos pais quando, houvesse sido seguida a devida direção, elas teriam formado caráter harmônico e bom. Uma mãe que não tem perfeito domínio de si mesma não é apta para governar os filhos. Testemunhos Seletos, vol. 1, pág. 138.

Quanto às Sacudidas ou Pancadas

Quando a mãe dá no filho uma sacudida ou pancada, julgais que isso o habilita a ver a beleza do caráter cristão? Verdadeiramente não. Apenas tende a despertar no coração mau sentimento, e a criança não é corrigida em absoluto. Manuscrito 45, 1911.

Quanto às Palavras Ásperas e sem Simpatia

Cristo está pronto a ensinar pais e mães a serem verdadeiros educadores. Os que aprendem em Sua escola ... nunca falarão em tom áspero e antipático; pois as palavras enunciadas dessa maneira ofendem ao ouvido, esgotam os nervos, causam sofrimento mental e criam um estado de espírito que torna impossível sujeitar a índole da criança a quem tais palavras são dirigidas. Freqüentemente essa é a razão de as crianças falarem desrespeitosamente aos pais. Carta 47a, 1902.

Ao Ridículo e ao Escárnio

Eles [os pais] não têm autorização para se irritarem, ralharem e ridicularizarem.


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Nunca devem escarnecer dos filhos que têm perversos traços de caráter, que eles mesmos lhes transmitiram. Esse modo de disciplina jamais curará o mal. Pais, apresentai os preceitos da Palavra de Deus ao admoestar e reprovar vossos filhos obstinados. Mostrai-lhes um "assim diz o Senhor" como vossa exigência. Uma reprovação que vem como palavra de Deus é muito mais eficiente que a que sai em tom áspero e colérico dos lábios dos pais. Fundamentos da Educação Cristã, págs. 67 e 68.

Quanto à Impaciência

A impaciência nos pais promove a mesma nos filhos. A paixão manifestada pelos pais cria paixões nos filhos, suscitando-lhes o mal da própria natureza. ... Toda vez que eles perdem o domínio de si mesmos, e falam e agem impacientemente, pecam contra Deus. Testemunhos Seletos, vol. 1, pág. 148.

Quanto à Alternação do Xingamento com a Adulação

Freqüentemente vejo crianças, a quem se negou alguma coisa que desejavam, atirarem-se ao chão, amuadas, dando pontapés e gritando, enquanto a mãe insensata adula e ralha alternadamente na esperança de fazê-las voltar às boas. Esse tratamento apenas incentiva as paixões da criança. Da próxima vez, ela faz o mesmo com aumentada teimosia, confiando em ganhar nesse dia como antes. Assim a vara é poupada, e a criança é estragada.

Não deve a mãe permitir que a criança leve vantagem sobre ela num simples caso sequer. E, para manter essa autoridade, não é necessário recorrer a medidas grosseiras; uma mão firme e segura, e uma bondade que convence a criança de vosso amor, alcançará o propósito. Pacific Health Journal, abril de 1890.

Quanto à Falta de Firmeza e Decisão

Grande mal é ocasionado pela falta de firmeza e decisão.


OC - Pag. 284  

Sei de pais que dizem: Você não pode ter isto ou aquilo, e então cedem, julgando que tenham sido estritos demais, e dão à criança justamente a mesma coisa que a princípio haviam recusado. Assim é infligido um prejuízo que perdura por toda a vida. É importante lei da mente - lei que não deve ser passada por alto - que quando um objeto é negado com tanta firmeza que remova toda a esperança, o espírito logo deixará de almejá-lo, e se ocupará em outros interesses. Mas enquanto houver qualquer esperança de obter o objeto desejado far-se-á um esforço para alcançá-lo. ...

Quando é necessário os pais darem uma ordem direta, o castigo da desobediência deve ser tão invariável como as leis da Natureza. As crianças que estão sob esse governo firme e decisivo sabem que, quando uma coisa é proibida ou negada, nenhuma importunação ou artifício conseguirá seu objetivo. Daí aprenderem elas logo a submeter-se e serem muito mais felizes ao assim fazê-lo. Os filhos de pais indecisos e demasiadamente condescendentes têm a constante esperança de que a adulação, o choro, ou a teimosia possam alcançar seu objetivo, ou que se possam aventurar a desobedecer sem sofrer o castigo. Assim são conservados num estado de desejo, esperança e incerteza que os torna irrequietos, irritáveis e insubordinados. Deus considera esses pais culpados de arruinar a felicidade dos filhos. Essa ímpia e má direção é a chave da impenitência e falta de religião de milhares de pessoas. Têm-se demonstrado a ruína de muitos que professam ter o nome de cristãos. Signs of the Times, 9 de fevereiro de 1882.

Quanto às Restrições Desnecessárias

Quando os pais ficam velhos e têm filhos novos a criar, o pai é propenso a pensar que os filhos devem seguir no caminho duro e áspero em que ele mesmo está caminhando. É-lhe difícil reconhecer que os filhos necessitam de que os pais lhes tornem a vida agradável e feliz.


OC - Pag. 285  

Muitos pais negam aos filhos a condescendência naquilo que é seguro e inocente, e tão temerosos estão de os encorajarem no cultivo do desejo de coisas ilícitas que nem mesmo lhes permitem ter o contentamento que as crianças devem ter. Devido ao temor de maus resultados, recusam permitir que aproveitem alguns prazeres simples que teriam evitado; e assim as crianças acham não adiantar esperar qualquer favor e por isso não os pedem. Fogem sorrateiramente para os prazeres que pensam seriam proibidos. E assim é destruída a confiança entre os pais e os filhos. Signs of the Times, 27 de agosto de 1912.

Quanto à Negação de Privilégios Razoáveis

Se o pai e a mãe não tiveram uma infância feliz, por que deveriam anuviar a vida dos filhos devido à sua grande perda a esse respeito? Pode o pai pensar que essa é a única atitude segura a seguir; mas ele se lembre de que nem todos os espíritos são constituídos igualmente, e que quanto maiores os esforços para restringir, tanto mais incontrolável será o desejo de obter aquilo que é negado, e o resultado será a desobediência à autoridade paterna. O pai será ofendido pelo que considera atitude obstinada do filho, e seu coração sentir-se-á magoado por sua rebelião. Mas não seria bom que considerasse o fato de que a principal causa da desobediência do filho foi sua própria falta de desejo de consentir com ele naquilo em que não havia pecado? Os pais pensam serem dadas suficientes razões para seu filho se abster de buscar seu consentimento, visto eles lho haverem negado. Mas os pais devem lembrar-se de que os filhos são seres inteligentes, e com eles devem lidar como gostariam que consigo mesmos lidassem. Signs of the Times, 27 de agosto de 1912.


OC - Pag. 286  

Quanto à Severidade

Os pais que exercem o espírito de domínio [imperialismo] e autoridade, que lhes foram transmitidos por seus próprios pais, e que os levam a serem exigentes demais na disciplina e instrução, não educam corretamente os filhos. Por sua severidade, ao tratar com os seus erros, despertam as piores paixões do coração humano e deixam nos filhos um sentimento de injustiça e de maldade. Encontram nos filhos a mesma disposição que eles mesmos lhes têm comunicado.

Tais pais afastam os filhos de Deus ao lhes falarem em assuntos religiosos; pois a religião cristã fica pouco atrativa e mesmo repulsiva, por essa falsificação da verdade. Dirão os filhos: "Bem, se isso é religião, nada quero com ela." Assim é que, freqüentemente, se cria no coração a inimizade contra a religião; e assim, pela execução arbitrária da autoridade, os filhos são levados a desprezar a lei e o governo do Céu. Por seu próprio desgoverno os pais fixaram o destino eterno dos filhos. Review and Herald, 13 de março de 1894.

Quanto às Maneiras Calmas e Bondosas

Se os pais querem que os filhos sejam agradáveis, nunca lhes devem falar de uma maneira áspera. Freqüentemente a mãe permite tornar-se irritadiça e nervosa. Salta sobre a criança e lhe fala de uma maneira áspera. Se uma criança é tratada de modo calmo e bondoso preservará um temperamento agradável. Review and Herald, 17 de maio de 1898.

Quanto às Instâncias Amáveis

Como sacerdote da família, o pai deve tratar delicada e pacientemente com os filhos. Deve cuidar para não despertar neles um espírito combativo. Não deve permitir que a transgressão passe sem corretivo, mas assim mesmo há um modo de corrigir sem despertar as piores paixões do coração humano.


OC - Pag. 287  

Fale com amor às crianças, dizendo-lhes quão triste está o Salvador com a sua atitude; então com elas se ajoelhe diante do trono da graça, apresentando-as a Cristo, orando para que Ele Se compadeça delas e as leve a se arrependerem e pedirem perdão. Tal disciplina quase sempre quebrantará o mais obstinado coração.

Deus deseja que tratemos nossos filhos com simplicidade. Somos sujeitos a esquecer-nos de que as crianças não tiveram a vantagem de longos anos de ensino que as pessoas de mais idade têm tido. Se os pequeninos em todos os sentidos não agem de acordo com as nossas idéias, às vezes pensamos que eles merecem uma repreensão. Mas isso não melhorará a questão. Levai-as ao Salvador e dizei-Lhe tudo a esse respeito: então crede que Sua bênção repousará sobre eles. Manuscrito 70, 1903.

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