Conselhos Sobre Educação

CAPÍTULO 5

Nosso Colégio

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Nosso Sistema de Educação

Há risco de nosso colégio ser desviado de seu original desígnio. O propósito de Deus foi dado a conhecer - que nosso povo tenha a oportunidade de estudar as matérias correntes de estudo, aprendendo ao mesmo tempo os reclamos de Sua Palavra. Devem fazer-se conferências sobre temas bíblicos; o estudo das Escrituras deve ter o primeiro lugar em nosso sistema de educação.

De grandes distâncias são enviados alunos a fim de cursarem o colégio de Battle Creek, visando justamente instruírem-se por meio das preleções sobre assuntos bíblicos. Mas por um ou dois anos passados, tem havido certo esforço para moldar nossa escola por outros colégios. Assim sendo, não nos é possível animar os pais a enviar os filhos ao Colégio de Battle Creek. A influência moral e religiosa não deve ser deixada para trás. Em tempos passados, Deus tem operado por meio dos esforços dos mestres e muitas almas viram a verdade

O desígnio de nosso colégio tem sido repetido inúmeras vezes, embora muitos estejam tão cegados pelo deus deste século que seu real objetivo não é compreendido. Deus determinou que os jovens sejam aí atraídos para Ele, que aí obtenham o preparo para pregar o evangelho de Cristo, para expor os inexauríveis tesouros das coisas da Palavra de Deus, tanto novas como velhas, para instrução e edificação do povo. Testimonies, vol. 5, pág. 12.


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e abraçaram-na, voltando a casa para viver daí em diante para Deus; e isto em virtude de sua estada no colégio. Vendo que o estudo da Bíblia era uma parte de sua educação, foram levados a considerá-la assunto de grande interesse e importância.

Muito pouca atenção tem sido dispensada à educação de jovens para o ministério. Este era o principal objetivo no estabelecimento do colégio. De maneira alguma deve isto ser passado por alto ou considerado como assunto secundário. Por vários anos, entretanto, poucos apenas têm saído dessa instituição preparados para ensinar a verdade a outros. Alguns que ali chegaram à custa de grandes gastos, tendo em vista o ministério, têm sido animados pelos professores a tomar um curso completo de estudos, ocupando vários anos, e para obter meios a fim de levar a cabo esse plano, entraram no ramo da colportagem, abandonando toda idéia de pregar. Isto é inteiramente errado. Não temos muitos anos em que trabalhar e os mestres e o diretor deviam achar-se possuídos do Espírito de Deus, e trabalhar em harmonia com Sua vontade revelada, em lugar de executar seus próprios planos. Estamos perdendo muito todo ano, devido a não darmos atenção ao que Deus tem dito a esse respeito.

Nosso colégio é designado por Deus para satisfazer às necessidades deste tempo de perigo e desmoralização. Unicamente o estudo de livros, não pode proporcionar aos estudantes a disciplina de que necessitam. É preciso pôr uma base mais ampla. O colégio não foi fundado para receber o cunho da mente de homem algum. Os mestres e o diretor devem trabalhar de comum acordo, como irmãos. Consultar-se entre si, bem como aconselhar-se com pastores e homens de responsabilidade, e, acima de tudo, buscar sabedoria do alto, a fim de que todas as decisões quanto à escola sejam de molde a receber a aprovação de Deus.

Não é o propósito da instituição dar aos estudantes o mero conhecimento de livros. Esta espécie de educação pode ser obtida em qualquer colégio da região. Foi-me mostrado que é


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alvo de Satanás impedir que se alcance o verdadeiro objetivo para que foi o colégio estabelecido. Embaraçados por seus enganos, raciocinam os seus dirigentes segundo o costume do mundo e copiam os seus planos e imitam suas maneiras. Mas em assim fazendo, não estarão à altura da mente do Espírito de Deus.

Necessita-se mais ampla educação - uma educação que exija de professores e diretor consideração e esforço que a mera instrução nas ciências não requer. O caráter precisa receber a devida disciplina para atingir ao máximo e mais nobre desenvolvimento. Os alunos devem receber no colégio preparo capaz de habilitá-los a manter posição respeitável, honesta e virtuosa na sociedade, em oposição às desmoralizadoras influências que estão corrompendo a mocidade.

Bom seria que se pudesse ter junto ao nosso colégio terra para cultivo, bem como oficinas sob a orientação de homens competentes para instruírem os alunos nas várias modalidades do trabalho manual. Muito se perde pela negligência de unir o esforço físico ao mental. As horas vagas dos alunos são muitas vezes ocupadas com divertimentos frívolos, que enfraquecem as faculdades físicas, mentais e morais. Sob a força vil da condescendência com o sensual, ou o precoce envolvimento com namoro e casamento, muitos alunos deixam de atingir a altura do desenvolvimento mental que de outro modo alcançariam.

Devem os jovens ser cada dia impressionados com o senso de sua obrigação para com Deus. Sua lei é de contínuo violada, até mesmo por filhos de pais religiosos. Alguns desses mesmos jovens freqüentam antros de dissipação, e em conseqüência as faculdades da mente e do corpo sofrem. Levam outros a seguir sua perniciosa conduta. Assim, enquanto dirigentes e professores estão dando instruções sobre ciências, Satanás, com infernal astúcia, está exercendo toda energia para obter o controle da mente dos alunos e levá-los à ruína.

Falando de modo geral, os jovens não têm senão pouca


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força moral. Este é o resultado da negligenciada educação na infância. O conhecimento do caráter de Deus e de nossas obrigações para com Ele não deve ser considerado como coisa de pouca importância. A religião da Bíblia é a única salvaguarda dos jovens. Moralidade e religião devem receber especial atenção de nossas instituições educativas.

A Bíblia Como Livro de Texto

Nenhum outro estudo enobrecerá assim cada pensamento, sentimento e aspiração como o estudo das Escrituras. Esta Sagrada Palavra é a vontade de Deus revelada a homens. Nela podemos saber o que Deus espera dos seres formados a Sua imagem. Aqui podemos aprender como cultivar a vida presente e como assegurar a vida futura. Nenhum outro livro pode satisfazer as indagações da mente e os anseios do coração. Ao obter o conhecimento da Palavra de Deus e dar-lhe ouvidos, podem os homens erguer-se das maiores profundezas da ignorância e degradação para se tornarem filhos de Deus, companheiros de anjos sem pecado.

O claro conceito do que Deus é, e do que Ele requer que sejamos nós, nos dará idéias humildes de nós mesmos. Aquele que estuda direito a Palavra Sagrada, aprenderá que o intelecto humano não é onipotente; que, sem o auxílio que ninguém senão Deus pode dar, a força e sabedoria humanas não passam de fraqueza e ignorância.

Como poderoso meio de educação, a Bíblia não tem rival. Coisa alguma comunicará tanto vigor a todas as faculdades, como quererem os estudantes apanhar as estupendas verdades da revelação. A mente gradualmente se adapta aos assuntos sobre os quais se lhe permite demorar. Se só se ocupa com assuntos comuns, com exclusão de temas grandes e altíssimos, tornar-se-á diminuída e enfraquecida. Se nunca for solicitada a lidar com problemas difíceis ou obrigada a compreender verdades importantes, depois de algum tempo ela quase perderá o poder de crescimento.


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A Bíblia é a mais vasta e mais instrutiva história que os homens possuem. Ela veio pura da fonte da verdade eterna, e uma divina mão preservou sua pureza através dos séculos. Seus brilhantes raios penetram o mais distante passado, onde a pesquisa humana procura inutilmente entrar. Só na Palavra de Deus encontramos um relato autêntico da criação. Nela contemplamos o poder que lançou os fundamentos da Terra e estendeu os céus. Somente aí podemos encontrar a história do ser humano, não contaminado pelo preconceito ou orgulho.

Na Palavra de Deus a mente encontra assunto para a mais profunda reflexão, a mais sublime aspiração. Por meio dela podemos manter comunhão com patriarcas e profetas, e ouvir a voz do Eterno a falar com os homens. Ali contemplamos a majestade do Céu ao humilhar-Se para Se tornar nosso substituto e penhor, para sozinho enfrentar os poderes das trevas e alcançar a vitória em nosso favor. Uma reverente contemplação de temas como esses não pode deixar de sublimar, purificar e enobrecer o coração e, ao mesmo tempo, inspirar a mente com renovada força e vigor.

Se a moralidade e a religião devem existir em uma escola, isto tem de ser por meio do conhecimento da Palavra de Deus. Talvez alguns argumentem que, se o ensino religioso for tornado preeminente, nossa escola ficará impopular; que os que não pertencem à nossa fé não apoiarão o colégio. Muito bem, nesse caso, vão eles para outros, onde encontrem sistema de educação ao seu sabor. Nossa escola foi estabelecida, não meramente para ensinar as ciências, mas com o objetivo de ministrar instrução nos grandes princípios da Palavra de Deus, e nos práticos deveres da vida diária.

Essa é a educação de que tanto se necessita nos tempos atuais. Caso uma influência mundana haja de dominar nossa escola, seja ela então vendida aos mundanos, e tomem eles o inteiro controle; e os que depositaram seus meios nessa instituição estabelecerão outra escola para ser dirigida, não sob o


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plano das escolas populares, nem segundo os desejos de diretores e mestres, mas sob o plano especificado por Deus.

Em nome de meu Mestre, rogo a todos quantos se acham em posição de responsabilidade naquela escola, que sejam homens de Deus. Quando o Senhor nos exige ser distintos e peculiares, como podemos nós cobiçar popularidade, ou buscar imitar os costumes e práticas do mundo? Deus declarou ser desígnio Seu possuir na região, um colégio em que a Bíblia tenha seu devido lugar na educação da juventude. Faremos nossa parte por cumprir esse desígnio?

Pode parecer que os ensinos da Palavra de Deus não tenham senão pouco efeito sobre a mente e o coração de muitos estudantes; mas, se a tarefa do professor tiver sido desempenhada em Deus, algumas lições da verdade divina subsistirão na memória até do mais descuidado. O Espírito Santo regará a semente semeada, e ela muitas vezes brotará depois de muitos dias, e dará fruto para glória de Deus.

Satanás está de contínuo procurando desviar da Bíblia a atenção do povo. As palavras de Deus aos homens, as quais deviam receber nossa primeira atenção, ficam negligenciadas pelas sentenças da sabedoria humana. Como pode Aquele que é infinito em poder e sabedoria tolerar assim a presunção e afronta de homens!

Por intermédio do prelo, é colocado ao alcance de todos conhecimentos de toda espécie; e todavia, quão grande é, em todas as comunidades, a parte depravada na moral e superficial em realizações mentais! Se tão-somente os homens se tornassem leitores da Bíblia, estudantes da Bíblia, diverso seria o estado de coisas que haveríamos de ver.

Em uma época como a nossa, abundante de iniqüidade, e em que o caráter de Deus e Sua lei são igualmente olhados com desdém, especial deve ser o cuidado tomado em ensinar a juventude a estudar, reverenciar e obedecer à vontade divina revelada aos homens. O temor do Senhor está-se extinguindo no espírito de nossos jovens, devido à sua negligência de estudar a Bíblia.

O diretor e os mestres devem manter viva comunhão com


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Deus, colocando-se firme e destemidamente como testemunhas Suas. Jamais, por covardia ou política mundana, seja permitido que a Palavra de Deus fique para trás. Os alunos aproveitarão intelectual, bem como moral e espiritualmente com o seu estudo.

Objetivo do Colégio

Nosso colégio está hoje numa posição que Deus não aprova. Têm-me sido mostrados os perigos que ameaçam esta importante instituição. Se seus homens responsáveis procurarem alcançar as normas do mundo, se copiarem os planos e métodos de outros colégios, o desagrado de Deus estará sobre nossa escola.

É chegado o tempo de eu falar decididamente. O propósito de Deus no estabelecimento de nosso colégio tem sido exposto de modo claro. Há urgente demanda de obreiros no campo evangélico. Jovens que desejam entrar no ministério não podem gastar numerosos anos em obter educação. Os professores deviam ter sido capazes de compreender a situação e adaptar sua instrução às necessidades dessa classe. Vantagens especiais deviam ter-lhes sido concedidas de um breve embora completo estudo dos ramos mais necessitados que os capacitasse para o seu trabalho. Mas tem-se-me mostrado que isso não tem sido feito.

O irmão ______ podia ter feito muito melhor trabalho do que fez pelos que estavam para ser obreiros. Deus não Se tem agradado de sua conduta nesta questão. Ele não se tem adaptado à situação. Homens que deixaram o seu campo de trabalho a custa de considerável sacrifício a fim de aprender o que lhes fosse possível em pouco tempo, nem sempre têm recebido aquele auxílio e encorajamento que deviam receber. Homens que chegaram à idade madura, ao meridiano da vida, mesmo, e que possuem sua própria família, têm sido submetidos a desnecessário embaraço. O irmão ______ é


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pessoalmente muito sensível, mas ele não compreende que outros podem sentir o aguilhão do ridículo, do sarcasmo, da censura, tanto quanto ele. Nisto ele tem ferido seus irmãos e desagradado a Deus.

A Responsabilidade do Mestre

Há uma obra a fazer por parte de cada professor em nosso colégio. Não há nenhum isento de egoísmo. Caso o caráter moral e religioso dos mestres fosse o que deveria ser, melhor seria a influência exercida sobre os alunos. Os professores não buscam individualmente, cumprir seu dever, tendo em vista meramente a glória de Deus. Em lugar de olhar a Jesus e Lhe imitarem a vida e o caráter, olham ao próprio eu, visando demasiado atingir uma norma humana. Desejaria que me fosse dado impressionar todo mestre com um pleno senso de sua responsabilidade quanto à influência que ele exerce sobre os jovens. Satanás é incansável em seus esforços por conseguir o serviço de nossa juventude. Com grande cuidado está ele armando laços aos pés inexperientes. O povo de Deus deve zelosamente guardar-se de seus ardis.

Deus é a personificação da benevolência, misericórdia e amor. Os que se acham verdadeiramente ligados a Ele não podem estar em divergência, uns com os outros. Seu Espírito reinando no coração, criará harmonia, amor e união. O contrário disto se vê entre os filhos de Satanás. É sua obra provocar inveja, discórdia e ciúme. Em nome de meu Senhor eu pergunto aos professos seguidores de Cristo: Que frutos produzis?

No sistema de instrução usado nas escolas seculares, é negligenciada a parte mais importante da educação - a religião da Bíblia. A educação não afeta somente em alto grau a vida do aluno aqui na Terra, mas sua influência se estende para a eternidade. Quão importante, pois, é que os professores sejam pessoas capazes de exercer correta influência! Devem ser homens e mulheres de experiência religiosa, que recebem diariamente luz divina a fim de a comunicar aos alunos.


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Não se espera, no entanto, que os mestres façam a obra dos pais. Tem havido, da parte de muitos pais, terrível negligência do dever. Como Eli, falham quanto a exercer a devida restrição; e depois, mandam os indisciplinados filhos para o colégio a fim de receber a educação que os pais lhes deviam ter ministrado em casa. Os mestres têm uma tarefa que poucos apreciam. Caso sejam bem-sucedidos em reformar esses extraviados jovens, pouco é o mérito que se lhes atribui. Se os jovens procuram a companhia dos que são inclinados para o mal, e vão de mal a pior, então os professores são censurados e acusada a escola.

Em muitos casos, a censura caberia justamente aos pais. Eles tiveram a primeira e mais favorável oportunidade de controlar e educar os filhos, quando o espírito dos mesmos era dócil, a mente e o coração facilmente impressionáveis. Devido à negligência dos pais, porém, as crianças têm permissão de seguir a própria vontade, até se endurecerem em má direção.

Estudem os pais menos do mundo e mais de Cristo; ponham menos esforço em imitar os costumes e modas do mundo, e consagrem mais tempo e esforço a moldar a mente e o caráter dos filhos em harmonia com o divino Modelo. Poderiam então enviar os filhos e filhas fortalecidos por uma moral pura e nobres ideais, a fim de se educarem para ocupar posições de utilidade e confiança. Mestres que se dirigem pelo amor e o temor de Deus, poderiam levar esses jovens ainda mais adiante e mais acima, preparando-os para ser uma bênção ao mundo e uma honra a seu Criador.

Ligado a Deus, todo instrutor exercerá influência no sentido de induzir os discípulos a estudarem a Palavra de Deus e obedecer-Lhe à lei. Encaminhar-lhes-ão a mente à consideração dos interesses eternos, abrindo diante deles vastos campos de ideais, grandes e enobrecedores temas, para apoderar-se dos quais o mais vigoroso intelecto poderá exercer todas as suas energias, e sentir ainda que existe para além um infinito.


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Os males da estima própria e de uma não santificada independência, que tanto prejudicam nossa utilidade e que acabarão se demonstrando nossa ruína se não forem vencidos, provêm do egoísmo. "Aconselhai-vos uns aos outros", é a mensagem que me foi dada muito repetidamente, pelo anjo de Deus. Influindo no julgamento de um homem, Satanás pode empenhar-se em controlar os assuntos de acordo com sua vontade. Pode ele ter êxito em desviar a mente de duas pessoas, mas quando vários trocam idéias juntos, há mais segurança. Cada plano será estudado mais rigorosamente, cada movimento rumo do progresso, considerado mais completamente. Daí, há menos perigo de precipitação de planos desavisados, que trariam confusão, perplexidade e derrota. Na união há força. Na divisão há fraqueza e derrota.

Deus está conduzindo um povo e preparando-o para a trasladação. Estamos nós, que desempenhamos uma parte nesta obra, portando-nos como sentinelas de Deus? Estamos nós buscando operar unidos? Estamos dispostos a tornar-nos servos de todos? Estamos seguindo nosso grande Exemplo?

Coobreiros, estamos todos lançando sementes no campo da vida. Qual a semente, tal será a colheita. Se semearmos desconfiança, inveja, ciúmes, amor-próprio, pensamentos e sentimentos amargos, havemos de ceifar amargura para nossa própria alma. Se manifestarmos bondade, amor, terna consideração para com os sentimentos de outros, o mesmo havemos de colher por nossa vez.

O mestre severo, crítico, despótico, desatencioso para com os sentimentos alheios, deve esperar que o mesmo espírito se manifeste para com ele próprio. Aquele que deseja conservar a própria dignidade e o respeito de si mesmo, precisa ter cuidado em não ferir desnecessariamente o respeito próprio dos demais. Essa regra deve ser observada como sagrada quanto aos menos inteligentes, os mais jovens, os mais obtusos estudantes. O que Deus pretende fazer com esses aparentemente desinteressantes jovens, não o sabeis. Ele já tem recebido no passado pessoas que não eram mais promissoras


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nem atraentes, a fim de fazerem para Ele uma grande obra. Operando Seu Espírito no coração, despertou toda faculdade para vigorosa ação. O Senhor viu naquelas pedras brutas, não lavradas, matéria preciosa, capaz de suportar a prova da tempestade e do calor e da pressão. Deus não vê como vê o homem. Não julga pela aparência, mas esquadrinha o coração e julga retamente.

O mestre deve sempre conduzir-se como um cavalheiro cristão. Deve ter para com seus discípulos a atitude de amigo e conselheiro. Se todo o nosso povo - professores, pastores e membros leigos - cultivasse o espírito da cortesia cristã, encontraria muito mais facilmente acesso ao coração do povo; muitos mais seriam levados a examinar e receber a verdade. Quando todo mestre esquecer o próprio eu, experimentando profundo interesse no êxito e prosperidade dos alunos, compreendendo que os mesmos são propriedade de Deus, e que ele tem de prestar contas de sua influência sobre a mente e o caráter deles, então teremos uma escola em que os anjos se deleitarão em demorar. Jesus contemplará com aprovação a obra dos mestres e derramará Sua graça no coração dos estudantes.

Nosso colégio em Battle Creek é um lugar onde os membros mais jovens da família do Senhor devem ser treinados segundo o plano divino de crescimento e desenvolvimento. Devem ser impressionados com a idéia de que são criados à imagem de Deus e que Cristo é o Modelo que devem seguir. Nossos irmãos permitem a sua mente ficar numa linha demasiado estreita e demasiado baixa. Não conservam sempre em vista o plano divino, mas têm os olhos fixados em modelos mundanos. Olhai para cima, onde Cristo está sentado à direita de Deus, e então trabalhai para que vossos alunos sejam firmados em conformidade com esse caráter perfeito.

Caso abaixeis a norma a fim de conseguir popularidade e aumento de número, fazendo desse acréscimo objeto de regozijo, mostrais com isto grande cegueira. Fossem os algarismos indício de êxito, Satanás poderia reclamar a preeminência; pois, neste mundo, os que o seguem constituem a grande maioria.


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É o grau de força moral de que o colégio se acha possuído, a prova de sua prosperidade. A virtude, a inteligência e a piedade do povo que compõe nossa igreja, não seu número, deveriam ser causa de alegria e gratidão.

Sem a influência da graça divina, a educação não se demonstrará nenhum bem real; o que aprende se torna orgulhoso, vão, fanático. A educação recebida sob a enobrecedora, purificadora influência do grande Mestre, porém, elevará o homem na escala do valor moral para com Deus. Ela o habilitará a subjugar o orgulho e a paixão, e a andar humildemente diante de Deus, como quem dEle depende quanto a toda aptidão, toda oportunidade e todo privilégio.

Dirijo-me aos obreiros de nosso colégio: Não deveis apenas professar ser cristãos, mas exemplificar o caráter de Cristo. Que a sabedoria do alto penetre todo o vosso ensino. Em um mundo de trevas morais e corrupção, patenteai que o espírito que vos impulsiona à ação vem do alto, não de baixo. Enquanto vos apoiardes inteiramente na própria força e sabedoria, os melhores esforços que fizerdes pouco realizarão. Se fordes impulsionados pelo amor para com Deus, tendo como fundamento a Sua lei, fareis obra perdurável. Ao passo que o feno, a madeira e o restolho serão consumidos, vossa obra resistirá à prova. Os jovens postos sob o vosso cuidado, tereis de encontrar outra vez em torno do grande trono branco. Se permitirdes que vossas maneiras incultas ou o descontrolado temperamento dominem a situação, deixando assim de influenciar esses jovens para seu eterno bem, devereis naquele dia enfrentar as conseqüências de vossa obra. Pelo conhecimento da lei divina e a obediência aos Seus preceitos, podem os homens tornar-se filhos de Deus. Pela violação dessa lei, fazem-se servos de Satanás. Por um lado, podem eles erguer-se a qualquer altitude a excelência moral; podem, por outro lado, descer a qualquer profundidade no perverso e degradante. Os obreiros de nosso colégio devem manifestar zelo e diligência proporcionais ao valor da recompensa em jogo - a


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alma de seus alunos, a aprovação de Deus, vida eterna e as alegrias dos remidos.

Como colaboradores de Cristo, tendo oportunidades tão favoráveis de comunicar o conhecimento de Deus, nossos professores devem trabalhar como inspirados de cima. O coração dos jovens não está endurecido, nem suas idéias e opiniões estereotipadas, como acontece com os mais idosos. Poderão ser conquistados para Cristo mediante vosso santo porte, devoção e proceder semelhante a Cristo. Seria muito melhor assoberbá-los menos de estudos em outras matérias, e dar-lhes mais tempo para os privilégios religiosos. Nisto se tem cometido grande erro.

O objetivo de Deus em trazer à existência o colégio tem-se perdido de vista. Ministros do evangelho têm mostrado sua carência de sabedoria do alto a ponto de unir um elemento mundano com o colégio; uniram-se com os inimigos de Deus e da verdade no prover entretenimento para os estudantes. Ao encaminhar assim mal os jovens, fazem uma obra para Satanás. Essa obra, com todos os seus resultados, eles terão de enfrentar de novo ante o tribunal de Deus. Os que seguem tal conduta mostram que não são dignos de confiança. Depois da má obra que têm feito, eles podem confessar o seu erro; mas podem com a mesma facilidade recolher a influência que exerceram? Será proferido o "bem está" (Mat. 25:21) em relação aos que têm sido falsos ao que se lhes confiou? Esses homens infiéis não têm construído sobre a eterna Rocha. Seu fundamento provar-se-á ser areia movediça. "Não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus." Tia. 4:4.

Não se pode traçar limites à nossa influência. Um ato impensado poder-se-á demonstrar a ruína de muitas almas. O procedimento de cada obreiro em nosso colégio está causando impressões no espírito dos jovens, impressões que são levadas para fora, para se reproduzirem em outros. Cumpre que o objetivo do professor seja preparar cada jovem sob seu cuidado para vir a ser uma bênção ao mundo. Esse objetivo não deveria nunca ser perdido de vista. Alguns há que professam


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estar trabalhando para Cristo, e que todavia, acidentalmente, passam para o lado de Satanás, e fazem-lhe a obra. Poderá o Salvador declarar tais obreiros como bons e fiéis servos? Estão eles, como vigias, dando à trombeta sonido certo?

Cada um receberá no juízo segundo as obras praticadas no corpo, sejam boas, sejam más. Recomenda-nos o Salvador: "Vigiai e orai, para que não entreis em tentação." Mar. 14:38. Se encontramos dificuldades e, no poder de Cristo, as vencemos; se nos defrontamos com inimigos e, no poder de Cristo, os colocamos em fuga; se aceitamos responsabilidades e, na força de Cristo, delas nos desempenhamos fielmente, então estamos adquirindo preciosa experiência. Aprendemos, como não poderíamos fazer de outro modo, que nosso Salvador é socorro bem presente em todo tempo de necessidade.

Em nosso colégio há a fazer uma grande obra, a qual exige a cooperação de todo professor; e desagrada a Deus que uns desanimem os outros. Mas quase todos parecem esquecer que Satanás é acusador dos irmãos, e se unem com o inimigo nessa obra. Enquanto professos cristãos contendem, Satanás está preparando suas armadilhas para os pés inexperientes das crianças e dos jovens. Aos que são possuidores de experiência religiosa cumpre proteger os jovens contra os seus ardis. Jamais deverão esquecer que eles próprios foram, uma vez, fascinados com os prazeres do pecado. Necessitamos a misericórdia e a paciência de Deus a toda hora, ficando-nos portanto muito impróprio o impacientar-nos com os erros da inexperiente juventude! Enquanto Deus os suporta, ousaremos nós, que também somos pecadores, repeli-los?

É nosso dever considerar sempre os jovens como a aquisição do sangue de Cristo. Como tais, têm eles direito ao nosso amor, paciência, simpatia. Se queremos seguir a Jesus, não podemos restringir nosso interesse e afeições a nós mesmos e às pessoas de nossa própria família; não nos é dado dispensar o tempo e a atenção a assuntos temporais, e esquecer os interesses eternos dos que nos rodeiam. Tem-se-me mostrado


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que é resultado de nosso próprio egoísmo o não haver uma centena de jovens empenhados em fervoroso trabalho de salvação do seu próximo onde agora só existe um. "Que vos ameis uns aos outros; assim como Eu vos amei", é o mandamento de Jesus. João 13:34. Considerai Sua abnegação; vede a espécie de amor que Ele tem dispensado; procurai então imitar o Modelo.

Nos rapazes e moças que têm atuado como professores em nosso colégio tem havido muita coisa que desagrada a Deus. Tendes estado tão absorvidos em vós mesmos, e de tal modo vazios de espiritualidade, que não pudestes levar os jovens à santidade e ao Céu. Muitos têm retornado a seus lares mais decididos em sua impenitência em virtude de vossa falta de amor por Deus e por Cristo. Andando sem o espírito de Jesus, tendes encorajado a irreligiosidade, a leviandade e a ausência de bondade naqueles em quem tendes tolerado esses males que vos são próprios. O resultado deste procedimento não compreendeis: perdem-se almas que poderiam ter sido salvas.

Muitos têm fortes sentimentos contra o irmão ______. Acusam-no de falta de bondade, de dureza e severidade. Mas alguns dentre os que o condenariam não são menos culpados. "Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra." O irmão ______ nem sempre tem agido com sabedoria, e não tem sido fácil convencê-lo onde deixou de fazer o que melhor convinha. Ele não se tem mostrado tão disposto a receber conselho e modificar o seu método de instrução e sua maneira de tratar com os estudantes quanto devia. Mas os que o condenariam por seus defeitos, poderiam por sua vez ser igualmente condenados. Cada pessoa tem peculiares defeitos de caráter. Alguém pode estar livre de fraquezas que vê em seu irmão, embora possa ter ao mesmo tempo faltas muito mais graves à vista de Deus.

Essa crítica cruel de uns aos outros é inteiramente satânica. Foi-me mostrado que o irmão ______ merece


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consideração pelo bem que tem feito. Seja tratado com bondade. Ele tem realizado o trabalho que devia ter sido dividido por três homens. Os que estão avidamente procurando suas faltas vejam o que eles têm feito em comparação com ele. Ele trabalhou muito enquanto outros procuravam descanso e prazeres. Ele está exausto; Deus desejaria vê-lo aliviado de algumas de suas cargas extras por algum tempo. São tantas as coisas com que tem de dividir o seu tempo e atenção que não pode fazer justiça a ninguém.

Não deve o irmão ______ permitir que seu combativo espírito se exalte e o conduza à justificação própria. Ele tem dado ocasião a insatisfações. O Senhor tem-lhe apresentado isto em testemunho.

Os estudantes não devem ser encorajados em hábito de procurar faltas. Este espírito de queixa aumentará se encorajado, e os estudantes sentir-se-ão em liberdade de criticar os professores que não desfrutam sua estima, e o espírito de insatisfação e discórdia aumentará rapidamente. Isto deve reprimir-se até que seja extinto. Não será este mal corrigido? Não abandonarão os professores o seu desejo de supremacia? Não trabalharão em humildade, em amor e harmonia? O tempo o dirá.

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