Conselhos Sobre Educação

CAPÍTULO 17

Escolas de Igreja

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Escolas de Igrejas

A igreja tem uma obra especial a fazer no educar e preparar suas crianças a fim de que, freqüentando outras escolas ou em outros convívios, não venham a ser influenciadas pelos que têm hábitos corruptos. O mundo está cheio de iniqüidade e de desprezo pelas reivindicações de Deus. As cidades tornaram-se como Sodoma, e nossos filhos estão diariamente sendo expostos a muitos males. Os que freqüentam as escolas públicas associam-se muitas vezes com outros mais negligenciados que eles, crianças que, fora do tempo passado na sala de aulas, são deixadas a obter a educação da rua. O coração dos pequenos é facilmente impressionado; e a menos que seu ambiente seja da devida espécie, Satanás empregará essas crianças negligenciadas para influenciar as que são educadas com mais cuidado. Assim, antes que os pais observadores do sábado se dêem conta do mal que está sendo feito, são aprendidas as lições de depravação, e a alma de seus pequenos é corrompida.

As igrejas protestantes aceitaram o sábado falso, o filho do papado, e exaltaram-no acima do santo e santificado dia de Deus. Cumpre-nos tornar claro a nossos filhos que o primeiro dia da semana não é o verdadeiro sábado e que sua observância, depois de nos haver sido enviada a luz quanto ao dia verdadeiro de descanso, está em plena contradição com a lei de Deus. Acaso recebem nossas crianças dos professores da escola pública idéias em harmonia com a Palavra de Deus? É o pecado apresentado como uma ofensa contra o Senhor? É a desobediência a todos os Seus mandamentos ensinada como sendo o princípio de toda a sabedoria? Mandamos nossos filhos à Escola Sabatina para que sejam instruídos acerca da verdade, e depois, ao irem eles à escola diária, são-lhes ministradas lições cheias de falsidade. Tais coisas confundem a mente, e não devia ser assim; pois se os jovens


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recebem idéias que pervertem a verdade, como será neutralizada a influência dessas instruções?

Podemos nos admirar de que, sob tais circunstâncias, alguns de nossos jovens não apreciem as vantagens religiosas? Podemos admirar que sejam arrastados à tentação? É de admirar que, negligenciados como têm sido, suas energias sejam dadas a divertimentos que não lhes fazem bem, que sejam enfraquecidas seus anseios religiosos, e obscurecida a vida espiritual? O espírito será da mesma espécie daquilo de que ele se alimenta, a colheita da mesma natureza da semente semeada. Não mostram esses fatos suficientemente a necessidade de guardarmos desde os mais tenros anos a educação da juventude? Não seria melhor para o jovem crescer em certo grau de ignorância quanto ao que se chama comumente educação, do que se tornar descuidoso no que respeita à verdade de Deus?

Separação do Mundo

Quando os filhos de Israel foram tirados dentre os egípcios, o Senhor disse: "E Eu passarei pela terra do Egito esta noite e ferirei todo primogênito na terra do Egito, desde os homens até aos animais; e sobre todos os deuses do Egito farei juízos. Eu sou o Senhor. Então tomai um molho de hissopo, e molhai-o no sangue que estiver na bacia; ... porém nenhum de vós saia da porta da sua casa até à manhã. Porque o Senhor passará para ferir os egípcios, porém, quando vir o sangue na verga da porta e em ambas as ombreiras, o Senhor passará aquela porta e não deixará ao destruidor entrar em vossas casas para vos ferir. Portanto, guardai isto por estatuto para vós e para vossos filhos, para sempre." Êxo. 12:12 e 22-24.


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O sangue na verga da porta simbolizava o sangue de Cristo que, unicamente, salvava da condenação o primogênito dos hebreus. Qualquer dos filhos dos hebreus que fosse encontrado em uma habitação egípcia, seria destruído.

Essas experiências dos israelitas foram escritas para instrução dos que haviam de viver nos últimos dias. Antes que passe a onda de corrupção sobre os habitantes da Terra, o Senhor chama todos quantos são verdadeiramente israelitas a que se preparem para esse acontecimento. Ele envia aos pais o grito de advertência: Recolhei vossos filhos em vossa própria casa; afastai-os dos que desrespeitam os mandamentos de Deus, que ensinam e praticam o mal. Saí o mais depressa possível das grandes cidades. Estabelecei escolas junto às igrejas. Dai a vossos filhos a Palavra de Deus como fundamento de toda a sua educação. Ela está cheia de belas lições, e se os alunos a tornam seu estudo no curso fundamental aqui embaixo, estarão preparados para o curso superior lá em cima.

Vem a nós a Palavra de Deus a este tempo: "Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei e entre eles andarei; e Eu serei o seu Deus, e eles serão o Meu povo. Pelo que saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e Eu vos receberei; e Eu serei para vós Pai, e vós sereis para Mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-poderoso." II Cor. 6:14-18. Onde estão vossos filhos? Estais vós educando-os


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para discernir a corrupção que pela concupiscência há no mundo, e dela escapar? Estais buscando salvar-lhes a alma, ou, pela vossa negligência, ajudando em sua destruição?

Crianças Negligenciadas

Pouca atenção na verdade tem sido dada a nossas crianças e jovens. Os membros mais idosos da igreja não os têm olhado com ternura e simpatia, desejando que avancem na vida religiosa, e assim as crianças têm deixado de se desenvolver na vida cristã como deviam. Alguns membros da igreja que têm tido o amor e o temor de Deus no passado, estão permitindo que os negócios se tornem absorventes, escondem sua luz debaixo do alqueire. Têm-se esquecido de servir a Deus, e estão tornando os negócios a sepultura de sua religião.

Deixar-se-á a juventude vaguear aqui e ali, ficar desanimada e cair em tentações que estão por toda parte à espreita para lhes enlaçar os imprudentes pés? A obra que mais perto jaz dos membros de nossa igreja, é interessar-se em nossos jovens, dando com bondade, paciência e ternura regra sobre regra, mandamento sobre mandamento. Oh! onde estão os pais e mães em Israel? Devia haver grande número de pessoas que, como mordomos da graça de Cristo, experimentassem, não apenas um interesse casual, mas particular, na juventude. Devia haver muitos cujo coração fosse tocado pela lamentável situação em que se acha colocada nossa juventude, que compreendessem que Satanás está operando por todos os meios imagináveis para os arrastar a sua rede. Deus requer que Sua igreja desperte do sono em que se encontra, e veja que espécie de serviço é exigido neste tempo de perigo.

Os olhos de nossos irmãos e irmãs devem ser ungidos com


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o colírio celeste, para que venham a discernir as necessidades dos tempos atuais. Os cordeiros do rebanho precisam ser alimentados, e o Senhor do Céu observa para ver quem está realizando a obra que Ele deseja que se faça pelas crianças e os jovens. A igreja está adormecida e não avalia a magnitude do assunto. "Ora", diz alguém, "que necessidade há de ser tão exigente para educar nossa juventude? Parece-me que, se alguns que resolveram seguir alguma profissão literária, ou qualquer outra carreira que exija determinada matéria, são objeto de especial atenção, isto é quanto basta. Não é preciso que todos jovens sejam tão bem preparados. Não satisfará a completa educação de alguns a toda exigência essencial?"

Não, respondo, mui decididamente não. Que escolha seríamos capazes de fazer entre nossos jovens? Como poderíamos dizer quem seria mais promissor, quem havia de prestar o melhor serviço a Deus? Em nosso juízo humano, poderíamos fazer como fez Samuel que, quando enviado a buscar o ungido do Senhor, olhou para a aparência exterior.

Mas o Senhor disse a Samuel: "Não atentes para a sua aparência, nem para a altura da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o Senhor não vê como vê o homem. Pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração." I Sam. 16:7. Nenhum dos de nobre aparência, dentre os filhos de Jessé, foi aceito pelo Senhor; mas quando Davi, o filho mais novo, um simples pastor de ovelhas, foi chamado do campo e passou diante de Samuel, o Senhor disse: "Levanta-te e unge-o, porque este mesmo é." I Sam. 16:12. Quem pode decidir qual de uma família se demonstrará eficiente na obra de Deus? A todos os jovens deve ser permitido receber as bênçãos e privilégios da educação em nossas escolas, e poderão ser inspirados a tornar-se coobreiros de Deus.


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Escolas Junto às Igrejas

Muitas famílias que, com o intuito de educar seus filhos, se mudam para lugares onde se acham situadas nossas grandes escolas, fariam melhor serviço ao Mestre permanecendo onde estão. Devem animar a igreja de que são membros, a estabelecer uma escola em que as crianças dos arredores recebam uma educação cristã prática, bem equilibrada. Seria muitíssimo melhor para seus filhos, para eles próprios e para a causa de Deus, se eles permanecessem nas igrejas menores, onde seu auxílio é necessário, em vez de irem para as maiores onde, devido a não serem ali necessários há constante tentação a cair em inatividade espiritual.

Onde quer que haja alguns observadores do sábado, os pais se devem unir para providenciar um lugar para uma escola em que suas crianças e jovens possam ser instruídos. Empreguem um professor cristão que, como consagrado missionário, eduquem as crianças de tal maneira que as induza a se tornarem missionárias. Empreguem-se professores capazes de ministrar uma educação completa em todos os ramos comuns da vida, tornando a Bíblia o fundamento e a vida de todo o estudo. Os pais devem revestir-se da armadura, e por meio do próprio exemplo, ensinar as crianças a serem missionários. Devem trabalhar enquanto é dia, pois "a noite vem, quando ninguém pode trabalhar". João 9:4. Caso façam abnegados esforços, ensinando perseverantemente os filhos a assumirem responsabilidades, o Senhor cooperará com eles.

Algumas famílias de observadores do sábado vivem isoladas ou muito separadas de outras da mesma fé. Essas têm às vezes mandado os filhos a nossos internatos, onde foram ajudados, e voltaram para ser uma bênção no próprio lar. Outros, porém, não podem mandar os filhos para longe, a fim de se educarem. Nesses casos os pais devem esforçar-se por


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empregar um professor exemplarmente religioso, que considere um prazer trabalhar para o Mestre em qualquer ocupação, e esteja disposto a cultivar qualquer parte da vinha do Senhor.

Pais e mães devem cooperar com o professor, trabalhando zelosamente para a conversão de seus filhos. Esforcem-se para manter o interesse espiritual sempre vivo, e sempre robusto no lar, criando seus filhos na doutrina e admoestação do Senhor. Consagrem eles parte de cada dia ao estudo, e tornem-se alunos com seus filhos. Assim tornarão a hora educativa um prazer e um proveito, e se fortalecerá sua confiança nesse método de buscar a salvação dos próprios filhos. Os pais verificarão que seu próprio desenvolvimento será mais rápido à medida que eles aprenderem a trabalhar pelos filhos. Ao trabalharem assim, de maneira humilde, desaparecerá a incredulidade. A fé e a atividade comunicam certeza e satisfação que aumentam dia a dia, à medida que prosseguem em conhecer ao Senhor, e torná-Lo conhecido. Suas orações se tornarão fervorosas, pois terão algum objeto definido por que orar.

Em alguns países os pais são obrigados por lei a mandar os filhos à escola. Nesses países, nas localidades onde há igreja, devem-se estabelecer escolas, mesmo que não haja mais de seis crianças para freqüentá-las. Trabalhai como se o fizésseis para salvar a própria vida, para salvar os filhos de serem afogados nas influências contaminadoras e corruptoras do mundo.

Achamo-nos demasiado aquém de nosso dever quanto a esse importante assunto. Em muitos lugares, as escolas já deviam estar funcionando há anos. Muitas localidades teriam assim tido representantes da verdade, que teriam dado renome à obra do Senhor. Em vez de concentrar tantos grandes edifícios em poucos lugares, dever-se-iam haver estabelecido escolas em muitas localidades.

Iniciem-se agora essas escolas sob conselho sábio, para que a


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infância e a juventude sejam educadas em suas próprias igrejas. É uma séria ofensa a Deus o ter havido tão grande negligência nesse sentido, quando a Providência nos tem tão abundantemente provido de facilidades para o trabalho. Mas se bem que no passado tenhamos deixado de fazer o que poderíamos haver feito para as crianças e os jovens, arrependamo-nos agora, cuidando em redimir o tempo. Diz o Senhor: "Ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã. Se quiserdes, e ouvirdes, comereis o bem desta terra." Isa. 1:18 e 19.

O Caráter de Nossas Escolas e de Seus Professores

O caráter da obra feita em nossas escolas, deve ser da mais alta ordem. Jesus Cristo, o Restaurador, é o único remédio para uma educação errônea, e as lições ensinadas em Sua Palavra devem ser sempre mantidas diante da juventude pela maneira mais atrativa. A disciplina escolar deve apoiar a educação doméstica, e manter-se, tanto em casa como na escola, a simplicidade e a piedade. Encontrar-se-ão homens e mulheres que têm talento para trabalhar nessas pequenas escolas, mas que o não fariam com vantagem nas escolas maiores. Ao praticarem as lições bíblicas, receberão eles próprios uma educação do mais alto valor.

Ao escolher professores, usemos a máxima cautela, sabendo ser uma questão tão solene, como a escolha de pessoas para o ministério. Essa escolha deve ser feita por homens sábios, aptos a discernirem caracteres, pois para educar e moldar o espírito dos jovens e desempenharem-se com êxito das muitas atividades que deverão ser desenvolvidas pelo professor de nossas escolas, necessitam-se os melhores talentos que se possam conseguir. Não se deve pôr à testa dessas escolas


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qualquer pessoa de uma disposição de espírito inferior ou estreita. Não se ponham as crianças a cargo de jovens e inexperientes professores, destituídos de aptidões para dirigir, pois seus esforços tenderiam para a desorganização. A ordem é a primeira lei do Céu e toda escola deve, a esse respeito, ser um modelo do Céu.

Confiar as crianças a professores orgulhosos e destituídos de amor, é injusto. Um professor assim fará grande dano aos que estão em rápido desenvolvimento de caráter. Se os professores não forem submissos a Deus, se não tiverem amor pelas crianças que têm a seu cargo, ou se mostrarem parcialidade pelos que lhes agradam à fantasia e manifestarem indiferença pelos menos atrativos ou os que são desassossegados e nervosos, não devem ser empregados; pois o resultado de sua obra será perda de almas para Cristo.

Necessitam-se e em especial para as crianças, professores que sejam calmos e bondosos, que manifestem paciência e amor justamente por aqueles que disso mais necessitam. Jesus amava as crianças; considerava-as como membros mais jovens da família do Senhor. Tratava-as sempre com bondade e respeito, e os mestres devem-Lhe seguir o exemplo. Devem ter o verdadeiro espírito missionário, pois as crianças precisam ser preparadas para se tornarem missionárias. Cumpre-lhes sentir que o Senhor lhes confiou, como um solene depósito, a alma dos jovens e das crianças.

Nossas escolas necessitam de professores de elevadas qualidades morais, dignos de confiança, sãos na fé e dotados de paciência e tato, pessoas que andem com Deus e se abstenham da própria aparência do mal. Encontrarão nuvens em sua obra. Terão de enfrentar nuvens, escuridão, tormentas, tempestades e preconceitos por parte dos pais que nutrem incorretas idéias quanto ao caráter que seus filhos devem formar; pois há muitos que pretendem crer na Bíblia, ao passo que deixam de introduzir-lhe os princípios na vida doméstica.


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Mas, se os professores forem constantes discípulos da escola de Cristo, essas circunstâncias jamais os vencerão.

Busquem os pais ao Senhor com fervor intenso, a fim de não virem a ser pedras de tropeço no caminho dos próprios filhos. Afugentem do coração a inveja e o ciúme, e deixem que a paz de Cristo aí penetre de modo a unir os membros da igreja em verdadeira fraternidade cristã. Cerrem-se as janelas da alma contra o venenoso miasma da Terra, abrindo-as em direção ao Céu, para receber os benéficos raios do Sol da justiça de Cristo.

Enquanto o espírito de crítica e de suspeita não for banido do coração, o Senhor não pode realizar Seu anelo para a igreja - abrir o caminho para o estabelecimento de escolas; enquanto não houver unidade, Ele não moverá aqueles a quem confiou recursos e aptidões para o progresso dessa obra. Os pais precisam atingir mais elevada norma, observando o caminho do Senhor e praticando a justiça, de modo a serem portadores de luz. Importa que haja inteira transformação de espírito e caráter. O espírito de desunião nutrido no coração de alguns se comunicará a outros, e anulará a influência que a escola exerceria para o bem. A menos que os pais estejam prontos e ansiosos no sentido de cooperar com o professor para salvação de seus filhos, não se acham preparados para o estabelecimento de uma escola entre eles.

Os Resultados da Obra da Escola da Igreja

Quando devidamente dirigidas, as escolas serão o meio de erguer o estandarte da verdade nos lugares em que funcionam; pois as crianças que receberem educação cristã, serão testemunhas de Cristo. Como Jesus, no templo, desvendou os mistérios que os sacerdotes e os príncipes não haviam podido penetrar, assim na história final da Terra, crianças que foram devidamente educadas hão de, em sua simplicidade, proferir palavras que surpreenderão os que agora falam em


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"educação superior". Como as crianças cantavam "Hosanas" no pátio do templo, e "Bendito o que vem em nome do Senhor" (Mar. 11:9), assim nestes últimos dias as vozes das crianças se erguerão para dar a última mensagem de advertência a um mundo agonizante. Quando os seres celestes virem que os homens não mais têm permissão de apresentar a verdade, o Espírito de Deus virá sobre as crianças, e elas farão na proclamação da verdade um trabalho que os obreiros mais idosos não podem fazer, pois seus passos serão entravados.

Nossas escolas são ordenadas por Deus a fim de preparar as crianças para esta grande obra. Aí devem elas ser instruídas nas verdades especiais para este tempo, e na obra missionária prática. Devem alistar-se no exército de obreiros para ajudar o enfermo e o sofredor. As crianças podem tomar parte na obra médico-missionária e, com seus jotas e tis, ajudar a levá-la avante. Suas contribuições poderão ser pequenas, mas todo pouco ajuda, e mediante seus esforços muitas almas serão ganhas para a verdade. Por elas será proclamada a mensagem de Deus, e Sua salvação a todas as nações. Preocupe-se, pois, a igreja com os cordeirinhos do rebanho. Sejam as crianças educadas e preparadas para servirem a Deus, pois são a herança do Senhor.

Dever-se-iam haver erguido anos atrás edifícios apropriados para escolas junto às igrejas, nas quais as crianças e os jovens pudessem receber a verdadeira educação.

Os livros usados nas nossas escolas de nossas igrejas devem ser de molde a chamar a atenção para a lei de Deus. Assim a luz e a força e o poder da verdade serão engrandecidos. Unir-se-ão a essas escolas jovens do mundo, mesmo


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alguns cuja mente fora depravada, e aí serão convertidos. Seu testemunho em favor da verdade poderá ser impedido por algum tempo em razão das falsas teorias dos pais, mas afinal, a verdade triunfará. Fui instruída a dizer que essa espécie de obra missionária exercerá uma influência eficaz na difusão da luz e do conhecimento.

Quão importante é que as famílias que se estabelecem num lugar em que há uma escola sejam boas representantes de nossa santa fé!

As igrejas em que se acham estabelecidas escolas, bem podem tremer ao se verem depositárias de responsabilidades morais demasiado grandes para serem expressas por palavras. Há de esta obra, nobremente iniciada, falhar ou enfraquecer por falta de consagrados obreiros? Hão de os projetos e ambições egoístas achar lugar nesse empreendimento? Hão de os obreiros permitir que o amor do ganho, o amor da comodidade, a falta de piedade, excluam Cristo de seu coração e O eliminem da escola? De modo nenhum! A obra já está bastante adiantada. No ramo educativo, tudo está arranjado para uma zelosa reforma, para uma educação mais verdadeira, mais eficaz. Há de nosso povo aceitar esse santo legado? Humilhar-se-ão eles aos pés da cruz do Calvário, prontos para todo sacrifício e todo serviço também?

Os pais e os professores devem buscar com muita diligência aquela sabedoria que Jesus sempre está pronto a dar; pois estão lidando com mentes humanas no período mais interessante e impressionável de seu desenvolvimento. Eles devem ter em vista cultivar por tal forma as tendências da juventude que, em cada estágio de sua vida, possam apresentar a beleza


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natural própria daquele período, desdobrando-se gradualmente, como acontece com as plantas e flores do jardim.

O controle e instrução das crianças é o mais nobre trabalho missionário que qualquer homem ou mulher possa empreender. Por meio do devido emprego de objetos, tornem-se bem claras as lições, para que sua mente seja levada da Natureza para o Deus da Natureza. Precisamos ter em nossas escolas pessoas dotadas daquele tato e habilidade capazes de levar avante esse ramo de trabalho, semeando assim sementes de verdade. Unicamente o grande dia de Deus pode revelar o bem que essa obra realizará.

Um talento especial deve ser consagrado à educação dos pequeninos. Muitos podem colocar alto a manjedoura, e dar de comer às ovelhas, mas é bem mais difícil pô-la baixo e alimentar os cordeirinhos. Eis uma lição que os professores de nossas escolas precisam aprender.

Os olhos da mente necessitam ser educados, do contrário a criança encontrará prazer em contemplar o mal.

Os professores devem por vezes tomar parte nos jogos e brinquedos dos pequeninos, e ensiná-los a brincar. Dessa maneira eles serão capazes de controlar os sentimentos e ações desagradáveis sem parecer criticar ou achar defeitos. Esse companheirismo ligará o coração dos professores e dos alunos, e a escola será um deleite para todos.

Os professores devem amar as crianças, porque elas são os membros mais jovens da família do Senhor. O Senhor indagará deles, como dos pais: "Onde está o rebanho que se te deu, e as ovelhas da tua glória?" Jer. 13:20.

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