Conselhos Sobre Educação

CAPÍTULO 4

A Devida Educação

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A educação compreende mais que conhecimentos de livros. A devida educação inclui, não somente a disciplina mental, mas aquele cultivo que garante a sã moral e o correto comportamento. Temos receado muito que os que recebem os estudantes em suas casas não compreendam sua responsabilidade e deixem de exercer uma boa influência sobre esses jovens. Assim deixarão os estudantes de receber todos os benefícios que poderiam receber no colégio. Com freqüência faz-se a pergunta: ""Sou eu guardador do meu irmão?" Gên. 4:9. Que cuidados, que fardo ou responsabilidade, devo sentir pelos estudantes que ocupam aposentos em minha casa?" Eu respondo: O mesmo interesse que tendes por vossos filhos.

Cristo diz: "[Amai-vos] uns aos outros, assim como Eu vos amei." João 15:12. A alma dos jovens que são colocados sob vosso teto é tão preciosa aos olhos do Senhor como a alma de vossos próprios caros filhos. Quando rapazes e moças são separados das brandas e subjugantes influências do círculo do lar, é dever dos que os têm sob os seus cuidados criar para eles influências de família. Estariam assim suprindo uma grande falta e fazendo para Deus uma obra igual a do pastor em seu púlpito. Circundar esses estudantes com uma influência que os preservaria das tentações para a imoralidade, e conduzi-los a Jesus, é um trabalho que o Céu aprovaria. Graves

Deus nos concede talentos a fim de serem usados sabiamente, e não para serem mal empregados. A educação não é senão um preparo das faculdades físicas, intelectuais e morais, para o melhor desempenho de todos os deveres da vida. Testemunhos Seletos, vol. 1, pág. 570.


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responsabilidades recaem sobre os que residem nos grandes centros da obra, onde há importantes interesses a serem sustentados. Os que preferem residir em Battle Creek devem ser homens e mulheres de fé, de sabedoria e de oração.

Centenas de jovens de várias disposições e educação diversa se associam na escola, e requer grande cuidado e muita paciência equilibrar na devida direção espíritos torcidos por uma educação errônea. Alguns nunca foram disciplinados, outros sofreram demasiado as rédeas, sentindo, quando longe das mãos vigilantes que as dirigiam, apertando-as demais, talvez, que se achavam livres para fazer o que lhes aprouvesse. Desprezam até o pensamento da restrição. Esses vários elementos postos ao lado uns dos outros em nosso colégio, dão cuidado, preocupações, e pesada responsabilidade, não só para os professores, mas para a Igreja inteira.

Os alunos de nosso colégio acham-se expostos a múltiplas tentações. Serão postos em contato com pessoas de quase toda espécie de espírito e moral. Os que possuem qualquer experiência religiosa são passíveis de censura se não tomam posição de resistência a toda má influência. Muitos, porém, preferem seguir a própria inclinação. Não consideram que precisam construir ou arruinar a própria felicidade. Está em suas mãos aproveitar por tal forma o tempo e as ocasiões, que desenvolvam caráter capaz de torná-los felizes e úteis.

Os jovens que residem em Battle Creek estão em constante perigo, porque não se ligam com o Céu. Se fossem fiéis a sua profissão de fé, poderiam ser em pessoa missionários para Deus. Por revelar interesse cristão, simpatia e amor, poderiam beneficiar muito os jovens que de outros lugares vêm para Battle Creek. Ferventes esforços devem ser feitos para evitar que esses novatos escolham companheiros superficiais, frívolos, amantes de prazeres. Essa classe exerce desmoralizante influência sobre o colégio, sobre o sanatório e sobre o setor de publicações. Nossos números estão constantemente aumentando, e a vigilância e o zelo para conservar nossa posição estão diminuindo firmemente. Se quiserem abrir os olhos, todos poderão ver para onde as coisas se encaminham.


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Muitos que se mudam para Battle Creek a fim de dar a seus filhos as vantagens do colégio, não sentem ao mesmo tempo suas próprias responsabilidades ao fazerem esta mudança. Não compreendem que algo mais do que o seu próprio interesse egoísta deve ser levado em conta; que eles podem vir a ser um estorvo em vez de uma bênção, a menos que venham com o pleno propósito de fazer o bem quanto de obter o bem. Ninguém precisa perder sua espiritualidade, entretanto, ao vir para Battle Creek; se quisermos seguir a Cristo, não está no poder de ninguém desviar-nos do caminho aberto para que nele andem os remidos do Senhor. Ninguém é obrigado a copiar os erros de cristãos professos. Se vê os erros e faltas dos outros, será responsável diante de Deus e diante de seu próximo se não der melhor exemplo. Mas alguns fazem das faltas dos outros uma desculpa para os seus próprios defeitos de caráter, e até copiam os próprios traços objetáveis que condenam. Tais pessoas fortalecem aqueles de quem se queixam estarem seguindo uma conduta anticristã. De olhos abertos eles caem no laço do inimigo. Não são poucos os que em Battle Creek adotam este procedimento. Alguns têm vindo a lugares onde estão localizadas nossas instituições, com o motivo egoísta de ganhar dinheiro. Isso não beneficia os jovens nem por preceito e nem por exemplo.

São grandemente aumentados os perigos da juventude, ao serem os jovens lançados na sociedade de grande número dos de sua idade, diversos em caráter e hábitos de vida. Sob tais circunstâncias, muitos pais se inclinam mais a afrouxar do que a redobrar seus esforços para guardar e reger os filhos. Lançam assim tremenda carga sobre os que sentem a responsabilidade. Ao verem esses pais que os filhos estão ficando desmoralizados, dispõem-se a lançar a culpa sobre os que estão à testa da obra, quando os males foram causados por sua própria falta de orientação.

Em vez de se unirem aos que levam a carga, para erguer as normas morais e, trabalhando de mente e coração no temor de


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Deus, corrigirem o mal nos próprios filhos, muitos pais tranqüilizam a consciência dizendo: "Meus filhos não são piores do que outros." Procuram esconder os manifestos malfeitos que Deus aborrece, para que os filhos não se ofendam e tomem qualquer desesperada atitude. Se o espírito de rebelião lhes está no interior, muito melhor é dominá-lo agora, do que permitir que ele cresça e fortaleça-se pela condescendência. Se os pais cumprissem seu dever, veríamos diferente estado de coisas. Muitos desses pais se desviaram de Deus. Não têm Sua sabedoria para perceber as artimanhas de Satanás e resisti-las.

Nesta fase do mundo, os filhos devem ser estritamente vigiados. Devem ser aconselhados e contidos. Eli foi amaldiçoado por Deus porque não restringiu a seus ímpios filhos pronta e decididamente. Há pais em Battle Creek que não estão fazendo melhor do que Eli. Temem controlar os filhos. Vêem-nos servindo a Satanás com arrogância, e passam-no por alto como uma desagradável necessidade que tem de ser suportada porque não pode ser remediada.

Todo filho e filha deve ser chamado a contas quando se acha ausente de casa à noite. Os pais devem saber em que companhia andam os filhos, e em que casa passam eles o serão. Alguns filhos enganam os pais com mentiras, a fim de ocultar sua errada direção. Uns há que buscam a sociedade de companheiros corrompidos, visitando às ocultas bares e outros lugares proibidos de ajuntamento na cidade. Há alunos que freqüentam as salas de bilhar, e metem-se em jogo de cartas, lisonjeando-se de que não há perigo. Uma vez que seu objetivo é meramente divertir-se, sentem-se em perfeita segurança. Não são apenas os de classe mais baixa que isto fazem. Alguns cuidadosamente criados e educados a olharem estas coisas com aversão, estão-se arriscando a penetrar no terreno proibido.

Os jovens devem ser regidos por princípios firmes, a fim de poderem desenvolver devidamente as faculdades com que Deus os dotou. Mas seguem tanto e tão cegamente aos impulsos, sem consideração para com o princípio, que se acham


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constantemente em perigo. Uma vez que lhes não é dado ter sempre a guia e proteção dos pais e tutores, precisam ser exercitados na dependência de si mesmos, e no domínio próprio. Devem ser ensinados a pensar e agir por um consciencioso princípio.

Aqueles que se acham empenhados em estudo necessitam relaxar-se. A mente não deve estar constantemente entregue a meditação profunda, pois o delicado mecanismo mental se torna gasto. O corpo, bem como a mente, devem fazer exercício. Há, porém, grande necessidade de temperança nos divertimentos, da mesma forma que em todas as outras atividades. E o caráter dessas diversões deve ser cuidadoso e inteiramente considerado. Cada jovem deve perguntar a si mesmo: "Que influência exercerão essas diversões sobre a saúde física, mental e moral? Deverá minha mente tornar-se tão obcecada que se esqueça de Deus? Deixaria eu de ter Sua glória diante de mim?"

Deve-se proibir o jogo de cartas. As associações e tendências são perigosas. O príncipe dos poderes das trevas preside nos salões de diversões e onde quer que haja jogo de cartas. Os anjos maus são hóspedes familiares nestes lugares. Nada existe de benefício à alma ou ao corpo nestes divertimentos. Coisa alguma para fortalecer o intelecto, nada para provê-lo de idéias valiosas para uso futuro. A conversa gira em torno de assuntos triviais e degradantes. Ouve-se aí gracejo indecente, palavreado baixo e vil, que diminui e destrói a verdadeira dignidade varonil. Essas diversões são as mais néscias, inúteis, prejudiciais e perigosas atividades que os jovens podem praticar. Aqueles que se dão ao jogo de cartas, tornam-se grandemente agitados, e logo perdem todo o gosto, pelas ocupações úteis e elevadas. A perícia no manuseio das cartas conduzirá logo ao desejo de empregar esse conhecimento e tato em proveito próprio. É apostada uma pequena soma e, em seguida, uma maior, até que se adquire uma sede de jogar que leva a ruína certa. A quantos não têm essa diversão perniciosa levado a toda sorte de práticas pecaminosas, à miséria, à prisão, ao assassínio e à morte! E muitos pais ainda


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não vêem o terrível abismo da ruína que está aberto aos nossos jovens.

Entre as casas de diversões, a mais perigosa é o teatro. Em lugar de ser uma escola de moralidade e virtude, como costuma ser chamada, é ele justamente o viveiro da imoralidade. Os hábitos viciosos e as tendências pecaminosas são fortalecidos e confirmados por esses entretenimentos. As cantigas baixas, os gestos, expressões e atitudes indecentes corrompem a imaginação e rebaixam a moral. Todo jovem que assiste habitualmente a tais exibições será corrompido em princípio. Não existe em nosso país influência mais poderosa para corromper a imaginação, destruir as impressões religiosas e enfraquecer o gosto pelos prazeres tranqüilos e as sóbrias realidades da vida, do que as diversões teatrais. O gosto por estas cenas aumenta com cada transigência, assim como o desejo para com as bebidas intoxicantes se fortalece com seu uso. O único caminho seguro é evitar o teatro, o circo, e todos os outros lugares de diversões duvidosos.

Há espécies de recreações grandemente benéficas tanto para a mente como para o corpo. Uma mente esclarecida e perspicaz encontrará abundantes meios de entretenimentos e diversão nas fontes não só inocentes, mas instrutivas. A recreação ao ar livre e a contemplação das obras de Deus na Natureza, serão do mais elevado benefício.

O grande Deus, cuja glória brilha desde o Céu, e cuja divina mão sustenta milhões de mundos, é nosso Pai. Basta-nos somente amá-Lo, confiar nEle em fé e segurança como crianças, e Ele nos aceitará como Seus filhos e filhas, e seremos herdeiros de toda a inexprimível glória do mundo eterno. A todos os mansos Ele guiará em juízo, ensinar-lhes-á o Seu caminho. Se andarmos em obediência a Sua vontade, alegre e diligentemente aprendermos as lições de Sua providência, dentro em breve Ele dirá: Filho, entre para as mansões celestiais que lhe preparei.


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Costume Digno de Imitação

Vejo aqui na Suíça algo que julgo digno de imitação. Os professores das escolas muitas vezes saem com os alunos quando estão brincando e os ensinam a entreter-se, ficando perto para reprimir qualquer desordem ou erro. Às vezes saem com os alunos a uma longa caminhada. Aprecio isto; penso que há menos oportunidade para as crianças cederem à tentação. Parece que os mestres participam das brincadeiras das crianças e as supervisionam.

Não posso de modo algum aprovar a idéia de que as crianças devam sentir-se constantemente como não merecendo confiança, não podendo agir como crianças. Mas participem os professores dos entretenimentos das crianças, unam-se-lhes, e mostrem que desejam vê-las felizes, e isto lhes inspirará confiança. Podem ser controladas pelo amor, mas não seguindo-as em suas refeições e em seus entretenimentos com rigorosa, inflexível severidade.

Os que jamais tiveram os seus próprios filhos - permita-se-me dizer aqui - não são em geral os melhores qualificados para de modo sábio cuidar das mentes diversificadas de crianças e jovens. Eles são aptos para fazer uma lei da qual não pode haver apelação. Devem os professores ter em mente que eles mesmos já foram crianças um dia. Devem adaptar os seus ensinos à mente das crianças, pondo-se eles próprios em simpatia com elas; então podem as crianças ser instruídas e beneficiadas tanto por preceito como por exemplo. Testimonies, vol. 5, págs. 653 e 654.

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