Conselhos Sobre Educação

CAPÍTULO 23

O Falso e o Verdadeiro na Educação

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A cabeça dominante na confederação do mal trabalha continuamente para conservar longe de vistas as palavras de Deus, pondo ao contrário em foco as opiniões dos homens. Ele quer que não ouçamos a voz de Deus dizendo: "Este é o caminho, andai nele." Isa. 30:21. Mediante pervertidos processos educativos está ele fazendo o possível para obscurecer a luz celeste.

Especulações Filosóficas

Especulações filosóficas e pesquisas científicas em que Deus não é reconhecido, estão tornando céticos a milhares. Nas escolas de hoje são cuidadosamente ensinadas e amplamente expostas as conclusões a que os doutos têm chegado em resultado de suas descobertas científicas; por outro lado é francamente dada a impressão de que, se esses homens estão certos, não o pode estar a Bíblia. O ceticismo exerce atração sobre o espírito humano. A juventude nele vê uma independência que lhe seduz a imaginação, e é iludida. Satanás triunfa. Ele alimenta toda semente de dúvida lançada no coração juvenil. Faz com que ela cresça e dê frutos, e em pouco tempo são colhidos os frutos de incredulidade.

É por ser o coração humano tão inclinado ao mal, que tão perigoso é semear o ceticismo nos espíritos jovens. Seja o que for que enfraqueça a fé em Deus, rouba a alma do poder de resistir à tentação. Remove a única salvaguarda real contra o pecado.

Não devemos estabelecer colégios de filosofia escolástica ou no interesse da chamada "elevada educação". Nossa grandeza consiste em honrar a Deus mediante a experiência prática, simples, na vida diária. Necessitamos andar com Deus, introduzi-Lo em nosso coração e em nossos lares.


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Autores Incrédulos

Para educar-se julgam muitos ser essencial estudar os escritos dos autores incrédulos, visto essas obras conterem muitas brilhantes gemas de pensamento. Quem foi, porém, o autor dessas jóias de pensamento? - Deus, e Ele unicamente. É Ele a fonte de toda luz. Por que haveríamos então de vadear pela massa de erros contidos nas obras dos incrédulos, por amor de algumas verdades intelectuais, quando temos a verdade toda à nossa disposição?

Como é que os homens que se acham em guerra com o governo de Deus chegam a ficar de posse da sabedoria que por vezes manifestam? O próprio Satanás foi educado nas cortes celestes, e tem o conhecimento do bem da mesma maneira que do mal. Mistura o precioso com o vil, e é isto que o habilita a enganar. Mas pelo fato de se haver Satanás revestido de roupagens de celeste esplendor, havemos de recebê-lo como anjo de luz? O tentador tem agentes, educados segundo seus métodos, inspirados por seu espírito, e adaptados à sua obra. Cooperaremos nós com eles? Receberemos as obras desses instrumentos como essenciais à educação que desejamos obter?

"Quem do imundo tirará o puro? Ninguém!" Jó 14:4. Podemos então esperar que jovens mantenham princípios cristãos e adquiram caráter cristão enquanto sua educação é grandemente influenciada pelos ensinos de pagãos, ateus e infiéis?

Se o tempo e os esforços despendidos em buscar aprender as luminosas idéias dos incrédulos fossem consagrados a estudar as preciosidades da Palavra de Deus, milhares dos que agora se acham assentados em trevas e sombras de morte se estariam regozijando na glória da Luz da vida.


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Saber Histórico e Teológico

Julgam muitos ser essencial, como preparo para a obra cristã, adquirir amplos conhecimentos dos escritos históricos e teológicos. Supõem que esse conhecimento lhes será de utilidade no ensino do evangelho. Mas seu árduo estudo das opiniões dos homens tende a enfraquecer-lhes o ministério, em vez de o fortalecer. Quando vejo bibliotecas cheias de grandes volumes de conhecimentos de história e teologia, penso: por que gastar dinheiro naquilo que não é pão? O sexto capítulo de João nos diz mais do que se pode encontrar em tais obras. Cristo diz: "Eu sou o pão da vida." João 6:35. "As palavras que Eu vos disse são espírito e vida." João 6:63.

Há um estudo de história que não é condenável. A história sagrada era um dos estudos das escolas dos profetas. No registro de Seu trato com as nações, foram delineadas as pegadas de Jeová. Assim, hoje em dia cumpre-nos considerar Seu trato com as nações da Terra. Devemos ver na História o cumprimento da profecia, estudar as operações da Providência nos grandes movimentos reformatórios, e entender o progresso dos acontecimentos ao ver as nações mobilizando-se para o final combate do grande conflito.

Com demasiada freqüência o motivo de acumular esses muitos livros não é tanto o desejo de obter alimento para a mente e a alma, como a ambição de se relacionar com os filósofos e teólogos, o desejo de apresentar ao povo o Cristianismo em termos e frases eruditos.

"Aprendei de Mim", disse o grande Mestre. "Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração." Mat. 11:29. Vosso orgulho intelectual não vos ajudará em comunicar com as almas que estão perecendo por falta do


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pão da vida. Em vosso estudo desses livros, estais permitindo que eles tomem o lugar das lições práticas que devíeis estar aprendendo de Cristo. O povo não se alimenta com os resultados deste estudo. Bem pouco das pesquisas tão fatigantes para a mente proporciona qualquer coisa de valioso para alguém se tornar um bem-sucedido obreiro em favor de almas.

Homens e mulheres que gastam a vida em trabalhos comuns, humildes, necessitam de palavras tão simples como as que Cristo usou em Suas lições, palavras que sejam facilmente entendidas. O Salvador veio para pregar o evangelho aos pobres. E está escrito que o povo simples ouvia-O com alegria. Os que estão ensinando a verdade para este tempo necessitam de mais profundo discernimento das lições que Ele apresentou.

As palavras do Deus vivo constituem a educação mais elevada. As frases estudadas destinadas a satisfazer o gosto de pessoas supostamente refinadas, não alcançam o seu objetivo. Os que ministram ao povo precisam comer do pão da vida. Isto lhes dará vigor espiritual; estarão assim preparados para ajudar a todas as classes de pessoas. A piedade, a energia espiritual da igreja, é mantida pelo alimentar-se do pão que desceu do Céu. Devemos aprender aos pés de Jesus a simplicidade da verdadeira piedade.

Mitos e Contos de Fadas

Na educação das crianças e dos jovens dá-se agora importante lugar aos contos de fadas, mitos e histórias imaginárias. Usam-se nas escolas livros desta natureza, que se encontram também em muitos lares. Como podem pais cristãos permitir que seus filhos usem livros tão cheios de mentiras? Quando as crianças pedem a explicação de histórias tão contrárias aos ensinos recebidos de seus pais, a resposta é que essas


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histórias não são verdadeiras; mas isto não dissipa os maus resultados do seu uso. As idéias apresentadas nesses livros desencaminham as crianças. Comunicam falsas idéias da vida, suscitando e nutrindo o desejo pelo irreal.

O grande uso desses livros em nossos dias, é uma das astutas tramas de Satanás. Ele está procurando desviar a mente, tanto de adultos como de jovens, da grande obra da formação do caráter. Pretende que nossas crianças e jovens sejam devastados pelos enganos destruidores da alma com que ele está enchendo o mundo. Portanto, busca desviar-lhes a mente da Palavra de Deus, impedindo-os assim de obter o conhecimento das verdades que os salvaguardariam.

Nunca devem ser colocados nas mãos da infância e da juventude livros que contenham uma perversão da verdade. Se os de espírito amadurecido nada tiverem que ver com tais livros, achar-se-ão, mesmo eles, muito mais a salvo.

Uma Fonte Mais Pura

Temos abundância do que é real, o que é divino. Os que têm sede de conhecimento não precisam recorrer a fontes poluídas.

Cristo apresentou os princípios da verdade no evangelho. Podemos, em Seus ensinos, beber das puras correntes que fluem do trono de Deus.

Cristo poderia haver comunicado aos homens conhecimentos que ultrapassariam a quaisquer revelações anteriores, deixando para trás todas as outras descobertas. Poderia haver descerrado mistério após mistério, e fazer concentrar em torno dessas maravilhosas revelações o ativo e diligente pensamento das sucessivas gerações até ao fim do tempo. Do


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ensino da ciência da salvação, não tirou um momento. Seu tempo, Suas faculdades e Sua vida só eram apreciadas e empregadas em prol da salvação das almas humanas. Ele viera buscar e salvar o que se tinha perdido, e não Se desviaria de Seu propósito. Não permitiria que coisa alguma O distraísse.

Cristo só comunicava o conhecimento que podia ser utilizado. As instruções que dava ao povo, limitavam-se às próprias necessidades que tinham na vida prática. À curiosidade que os levava a ir ter com Ele com indagadoras perguntas, não satisfazia. Todas essas perguntas tornava Ele em ocasiões para solenes, fervorosos e vitais apelos. Aos que se mostravam tão ansiosos de colher da árvore do conhecimento, oferecia o fruto da árvore da vida. Encontravam cerrados todos os caminhos que não fossem aqueles que conduzem a Deus. Fechadas estavam todas as fontes, a não ser a da vida eterna.

Nosso Salvador não animava ninguém a freqüentar as escolas dos rabinos de Sua época, pela razão de que a mente se corromperia com o continuamente repetido: "Dizem", ou: "Foi dito". Como, pois, devemos nós aceitar as instáveis palavras humanas como exaltada sabedoria, quando se encontra ao nosso alcance uma sabedoria maior e infalível?

O que tenho visto das coisas eternas, bem como o que hei testemunhado da fraqueza da humanidade, tem-me impressionado profundamente o espírito e influenciado a obra de minha vida. Nada vejo por que seja o homem louvado ou glorificado. Não vejo razão alguma para que as opiniões dos sábios mundanos e dos chamados grandes homens devam merecer confiança e ser exaltadas. Como podem aqueles que se acham destituídos de divina iluminação possuir idéias acertadas quanto aos planos e aos caminhos de Deus?

Prefiramos ser instruídos por Aquele que criou os céus e a Terra, que pôs por ordem as estrelas no firmamento, e ao Sol


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e à Lua designou a sua obra. Eu não preciso recorrer a autores infiéis. Prefiro ser ensinada por Deus.

Educação do Coração

É justo que os jovens sintam o dever de atingir o mais alto desenvolvimento das faculdades mentais. Não quereríamos restringir a educação a que Deus não pôs limites. Mas nossos feitos de nada valerão se não forem utilizados para honra de Deus e bem da humanidade. A menos que o nosso conhecimento sejam degraus para a conquista dos propósitos mais elevados, é de nenhum valor.

O que necessitamos é o conhecimento que fortaleça a mente e a alma, que nos faça melhores homens e mulheres.

A educação do coração é mais importante do que a educação obtida em livros. É bom, e até mesmo essencial, obter o conhecimento do mundo em que vivemos; mas se deixarmos a eternidade fora de nossos cálculos, cairemos numa falha da qual jamais nos recuperaremos.

Não é bom sobrecarregar a mente de estudos que exigem intensa aplicação, mas que não são introduzidos na vida prática. Tal educação será prejudicial ao estudante. Pois esses estudantes diminuem o desejo e a inclinação para aqueles outros que o habilitariam a ser útil, e tornariam capaz de se desempenhar de suas responsabilidades.

Se a mocidade compreendesse a própria fraqueza, buscaria em Deus a sua força. Se buscarem ser ensinados por Ele, tornar-se-ão sábios em Sua sabedoria, a vida lhes será frutífera em bênçãos para o mundo. Se, porém, dedicarem a mente a mero estudo especulativo e mundano, separando-se assim de Deus, perderão tudo quanto enriquece a vida.

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