Conselhos Sobre Educação

CAPÍTULO 8

Religião e Educação Científica

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Caros Irmão e Irmã B: Ambos fostes representados diante de mim como estando espiritualmente em perigo. Estáveis deixando o caminho reto e colocando os vossos pés numa estrada mais larga. A irmã B estava dizendo muitas coisas, e jota e til, um pouco aqui, um pouco ali, o que era como semente semeada, sendo certo que a colheita virá. Ela estava encorajando a incredulidade e dizendo a seu marido que a estrada em que estiveram viajando era toda ela demasiado estreita e modesta. Achava que as qualificações de seu marido eram de ordem muito elevada e deviam ser exercidas de modo mais amplo e mais influente. O irmão B era da mesma opinião; na verdade, ele a havia conduzido nesta linha de pensamento. Vós ambos leváveis a bandeira na qual estava escrito: "Os mandamentos de Deus e a fé em Jesus" (Apoc. 14:12); mas ao encontrardes no caminho pessoas que consideráveis muito populares, a bandeira era arriada e posta para trás de vós, enquanto dizíeis: "Se deixarmos que saibam sermos nós adventistas do sétimo dia, nossa influência terá fim, e perderemos muitas vantagens." Vi a bandeira da verdade sendo arrastada atrás de vós. Surgiu então a pergunta: "Por que conduzi-la, afinal? Podemos crer nisto que vemos ser verdade, mas não precisamos deixar que os educadores e os estudantes saibam que levamos esta bandeira impopular." Havia em vossa companhia os que não se sentiam gratos ou satisfeitos com essas sugestões, mas seguiam vossa influência em vez de deixar que sua luz brilhasse por manterem elevada a sua norma. Eles escondiam sua bandeira e marchavam, temendo deixar que brilhasse diante de todos a luz que lhes fora dada pelo Céu.

Vi alguém aproximar-se de vós com passo firme e semblante magoado. Ele disse: "Que ninguém tome a vossa coroa." Tendes esquecido a humilhação suportada pelo Filho de Deus ao vir ao mundo, como sofreu ofensa, vexame, insulto, ódio, zombaria e traição, como suportou o


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vergonhoso julgamento na sala do tribunal, depois de haver sofrido assaltos sobre-humanos de Satanás no Jardim de Getsêmani? Esquecestes o selvagem clamor da turba: "Crucifica-O, crucifica-O" (Luc. 23:21), e como morreu como malfeitor? É o servo maior que o seu Senhor? Os seguidores de Jesus não serão populares, mas serão como o seu Senhor, mansos e humildes de coração. Estais procurando alcançar os lugares mais altos, mas ireis encontrar-vos afinal ocupando o último assento. Se procurardes praticar a justiça, amar a beneficência, e andar humildemente com o vosso Deus, sereis participantes com Cristo de Seus sofrimentos e também de Sua glória no Seu reino. O Senhor vos tem abençoado, mas quão pouco haveis apreciado Sua amorável bondade! Quão pouco louvor tem Ele recebido de vossos lábios! Podeis fazer uma boa obra para o Mestre, mas não dando a supremacia a vossas idéias. Precisais aprender na escola de Cristo, ou jamais estareis, qualificados para entrar na classe imediata, receber o selo do Deus vivo, passar pelos portões da cidade de Deus, e ser coroados com glória, e honra e imortalidade.

Satanás opera de muitos modos onde não é identificado, até mesmo por meio de homens e mulheres que estão em posição de confiança. Ele sugerirá a suas mentes erros plausíveis de pensamento, ação e palavras que criarão dúvida e produzirão desconfiança onde eles pensam que há garantia de segurança. Ele agirá sobre elementos descontentes a fim de que sejam colocados em operação ativa. Haverá o desejo de grandeza e honra. A inveja será ativada em mentes em que não se supunha ela existisse, e circunstâncias não faltarão para pô-la em atividade. Dúvidas serão despertadas, e sedutoras promessas de ganho serão feitas se a cruz não for posta como preeminente. Satanás tentará alguns a pensar que nossa fé jaz como uma barreira para grandes progressos e obstrui o caminho de ascensão a altas posições mundanas e de serem reconhecidos como homens e mulheres notáveis.

Em sua primeira manifestação de descontentamento, Satanás foi muito dissimulado. Tudo que ele declarava era que


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desejava promover uma melhor ordem de coisas, fazer grandes melhoramentos. Ele afastou de Deus o santo par, afastou-o de sua submissão a Seus mandamentos, no mesmo ponto em que milhares são tentados hoje e milhares desanimam: suas vãs imaginações. O conhecimento verdadeiro é divino. Satanás insinuou na mente de nossos primeiros pais um desejo de possuir um conhecimento especulativo mediante o qual, disse ele, melhorariam em muito sua condição; mas para isso conseguir, teriam de seguir um procedimento contrário à santa vontade de Deus, pois Ele não os guiaria às maiores alturas. Não era desígnio de Deus que eles obtivessem conhecimento que tinha seus alicerces na desobediência. Era vasto o campo para o qual Satanás procurava levar Adão e Eva, e é o mesmo campo que ele abre ao mundo hoje, por suas tentações.

Estivestes apresentando a idéia de que a educação deve permanecer como uma obra independente. Esta mistura de doutrinas religiosas e questões bíblicas com educação científica considerastes como uma inconveniência em vossa obra educacional e um obstáculo à tarefa de levar os estudantes a graus mais altos do conhecimento científico.

A grande razão por que tão poucos dos grandes homens do mundo e dos que têm educação superior são levados a obedecer aos mandamentos de Deus é haverem separado a religião da educação, julgando que cada qual deveria ocupar campo distinto. Deus apresentou um campo bastante amplo para que se aperfeiçoasse o conhecimento de todos os que nele ingressassem. Este conhecimento foi obtido sob supervisão divina; foi vinculado com a imutável lei de Jeová, e o resultado teria sido uma bênção perfeita.

Deus não criou o mal; Ele criou apenas o bem, que era Sua semelhança. Mas Satanás não se agradaria em conhecer a vontade de Deus e fazê-la. Sua curiosidade impeliu-o no sentido de conhecer o que Deus não designara ele conhecesse. O mal, pecado e morte não foram criados por Deus; eles são o resultado da desobediência, a qual se originou em Satanás.


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Mas o conhecimento do mal agora no mundo foi introduzido pelo ardil de Satanás. Essas são lições muito duras e dispendiosas, mas os homens desejarão aprendê-las, e muitos jamais se convencerão de que é uma felicidade ignorar certa espécie de conhecimento que nasce de desejos insatisfeitos e de alvos não santificados. Os filhos e filhas de Adão não são menos indagadores e presunçosos do que foi Eva ao buscar o conhecimento proibido. Eles adquirem uma experiência, um conhecimento, que Deus jamais desejou alcançassem, e o resultado será, como aconteceu com nossos primeiros pais, a perda de seu lar edênico. Quando aprenderão os seres humanos aquilo que é demonstrado de modo tão cabal diante deles?

A história do passado mostra um diabo ativo, operante. Ele não pode ser mais indolente do que seria inofensivo. Satanás se achou numa única árvore, para pôr em perigo a segurança de Adão e Eva. Ele planejou atrair o santo par para essa árvore, de modo que pudesse levá-los a fazer precisamente aquilo que Deus disse não deveriam fazer - comer da árvore do conhecimento. Não havia para eles perigo em aproximar-se de qualquer outra árvore. Quão plausíveis eram suas palavras! Ele usou os mesmos argumentos que ainda hoje usa: lisonja, inveja, desconfiança, dúvida e incredulidade. Se Satanás foi tão ardiloso no princípio, quanto mais agora, depois de alcançar uma experiência de muitos milhares de anos! Todavia Deus e os santos anjos, e todos os que permanecem na obediência a toda vontade expressa do Pai, são mais sábios do que ele. A sutileza de Satanás não diminuirá, mas a sabedoria dada aos homens mediante uma viva associação com a Fonte de toda luz e divino conhecimento, será proporcional a suas artes e artifícios.

Se os homens resistissem à prova em que Adão falhou, e, na força de Jesus, obedecessem a todos os reclamos de Deus, porque estes reclamos são justos, jamais quereriam tornar-se familiarizados com o conhecimento objetável. Deus jamais desejou que o homem tivesse este conhecimento que vem da desobediência e que, introduzido na vida prática,

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