por parte de Seu povo professo, por quem Jesus não poupou Sua preciosa vida. Toda pessoa egoísta e cobiçosa, cairá no percurso do caminho. Semelhantemente a Judas, que vendeu seu Senhor, eles venderão os bons princípios, e uma disposição nobre e generosa, por um pouco dos ganhos da Terra. Todos estes serão por assim dizer joeirados, sendo excluídos do povo de Deus. Os que ambicionam o Céu, devem, com toda a energia que possuem, alimentar os princípios do Céu. Em vez de definhar pelo egoísmo, sua alma deveria expandir-se pela benevolência. Dever-se-ia aproveitar toda oportunidade para fazer o bem, uns para com os outros, acariciando assim os princípios do Céu. Jesus me foi apresentado como modelo perfeito. Sua vida era destituída de interesse egoísta, e caracterizava-se sempre por uma benevolência desinteressada.
A Sacudidura
Vi alguns, com forte fé e clamores agonizantes, a lutar com Deus. Seu rosto estava pálido, e apresentava sinais de profunda ansiedade, que exprimia a sua luta íntima. Firmeza e grande fervor estampavam-se-lhes no rosto; grandes gotas de suor lhes caíam da fronte. De quando em quando se lhes iluminava o semblante com os sinais da aprovação divina, e novamente o mesmo aspecto severo, grave e ansioso, lhes voltava.
Anjos maus se juntavam em redor, projetando trevas sobre eles para excluir Jesus de sua vista e para que seus olhos se volvessem para as trevas que os cercavam, e assim fossem levados a duvidar de Deus e murmurar contra Ele. Sua única segurança consistia em conservar os olhos voltados para cima. Anjos de Deus tinham o encargo de vigiar o Seu povo; e, enquanto a atmosfera empestada de anjos maus pesava sobre
os que estavam ansiosos, os anjos celestiais continuamente agitavam as asas sobre eles a fim de dissipar as densas trevas.
Enquanto os que assim oravam prosseguiam com seus ansiosos clamores, por vezes lhes vinha um raio de luz, procedente de Jesus, para lhes reanimar o coração e iluminar o rosto. Alguns, vi eu, não participavam dessa agonia e lutas. Pareciam indiferentes e descuidosos. Não se opunham às trevas que os rodeavam, e estas os envolviam semelhantes a uma nuvem densa. Os anjos de Deus deixavam estes e iam em auxílio dos que se afligiam e oravam. Vi anjos de Deus apressarem-se para assistir a todos os que lutavam com suas forças todas a fim de resistir aos anjos maus, e procuravam auxílio, clamando a Deus com insistência. Os anjos de Deus, porém, abandonavam os que não faziam esforços para conseguir auxílio, e eu os perdia de vista.
Perguntei a significação da sacudidura que eu vira, e foi-me mostrado que era determinada pelo testemunho direto contido no conselho da Testemunha verdadeira à igreja de Laodicéia. Isto produzirá efeito no coração daquele que o receber, e o levará a empunhar o estandarte e propagar a verdade direta. Alguns não suportarão esse testemunho direto. Levantar-se-ão contra ele, e isto é o que determinará a sacudidura entre o povo de Deus.
Vi que o testemunho da Testemunha verdadeira não teve a metade da atenção que deveria ter. O solene testemunho de que depende o destino da igreja tem sido apreciado de modo leviano, se não desatendido de todo. Tal testemunho deve operar profundo arrependimento; todos os que o recebem de verdade, obedecer-lhe-ão e serão purificados.
Disse o anjo: "Escute!" Logo ouvi uma voz semelhante a muitos instrumentos musicais, soando todos em perfeitos acordes, suaves e harmônicos. Ultrapassava toda música que eu já ouvira, parecendo estar repleta de misericórdia, compaixão, e alegria enobrecedora e santa.
Ela me penetrou todo ser. Disse o anjo: "Olha!" Minha atenção foi então dirigida ao grupo que eu vira e estava sendo fortemente sacudido. Foram-me mostrados os que eu antes vira a chorar e a orar com agonia de espírito. A multidão de anjos da guarda em seu redor fora duplicada, e estavam revestidos de uma armadura da cabeça aos pés. Marchavam em perfeita ordem, semelhantes a um grupo de soldados. Seu rosto expressava o tremendo conflito que haviam travado, a luta angustiosa por que haviam passado. Contudo, seu rosto, antes assinalado pela severa angústia íntima, resplandecia agora com a luz e glória do Céu. Haviam alcançado a vitória, e esta suscitava neles a mais profunda gratidão, e santa e piedosa alegria.
Diminuíra o número dos que faziam parte desse grupo. Ao serem sacudidos, alguns tinham sido lançados fora do caminho. Os descuidosos e indiferentes, que não se uniam com os que prezavam suficientemente a vitória e a salvação, para por elas lutar e angustiar-se com perseverança, não as alcançaram e foram deixados atrás, em trevas, e seu lugar foi imediatamente preenchido pelos que aceitavam a verdade e a ela se filiavam. Anjos maus se lhes agrupavam ainda ao redor, mas sobre eles não tinham poder.
Ouvi os que estavam revestidos da armadura falar sobre a verdade com grande poder. Isto produzia efeito. Muitos tinham sido amarrados; algumas mulheres pelos maridos, e crianças por seus pais. Os sinceros, que tinham sido impedidos de ouvir a verdade, agora avidamente a ela aderiam. Fora-se todo o receio de seus parentes, e somente a verdade lhes parecia sublime. Haviam estado com fome e sede da verdade; esta lhes era mais querida e preciosa do que a vida. Perguntei o que havia operado esta grande mudança. Um anjo respondeu: "Foi a chuva serôdia, o refrigério pela presença do Senhor, c alto clamor do terceiro anjo."
Grande poder possuíam estes escolhidos. Disse o anjo: "Olha!" Minha atenção foi dirigida para os ímpios, ou incrédulos. Estavam todos em grande agitação. O zelo e poder de Deus havia-os despertado e enraivecido. Havia confusão de todos os lados. Vi que tomavam medidas contra a multidão que tinha a luz e o poder de Deus. As trevas intensificavam-se em redor deles; no entanto, permaneciam firmes, aprovados por Deus, e nEle confiantes. Vi-os perplexos; a seguir ouvi-os clamando ardorosamente a Deus. Dia e noite não cessava seu clamor. "Seja feita, ó Deus, Tua vontade! Se for para glorificar Teu nome, promove um meio para livramento de Teu povo! Livra-nos dos ímpios que nos rodeiam. Eles nos destinaram à morte; mas Teu braço pode trazer salvação." Estas são todas as palavras que posso lembrar. Todos pareciam ter profunda intuição de sua indignidade, e manifestavam completa submissão à vontade de Deus; e, não obstante, como Jacó, cada um deles, sem exceção, pleiteava e lutava ardorosamente por livramento.
Logo depois que haviam começado seu ansioso clamor, os anjos, movidos de simpatia, quiseram ir em seu livramento. Mas um anjo alto, imponente, não lhes consentiu. Disse ele: "A vontade de Deus não se cumpriu ainda. Eles devem beber o cálice. Devem ser batizados com o batismo."
Logo ouvi a voz de Deus que abalou céus e Terra. Houve forte terremoto. Os edifícios desmoronavam-se de todos os lados. Ouvi então uma triunfante aclamação de vitória, retumbante, melodiosa e límpida. Olhei para a multidão que pouco tempo antes estivera naquela angústia e escravidão. Seu cativeiro havia cessado. Uma gloriosa luz resplandecia sobre eles. Quão belo era então o seu parecer! Todos os sinais de cuidados e cansaço haviam desaparecido, e viam-se de novo saúde e beleza em cada semblante. Seus inimigos, os ímpios em redor deles,