Referiu-lhes que Jesus dera aos Seus discípulos poder para repreendê-los e expulsá-los, e para curar aqueles a quem eles afligissem. Então os anjos de Satanás saíram como leões a rugir, procurando destruir os seguidores de Jesus.
Os Discípulos de Cristo
Com grande poder os discípulos pregaram sobre o crucificado e ressurgido Salvador. Sinais e maravilhas foram operados por eles em nome de Jesus; os enfermos foram curados, e um homem que havia sido coxo desde o nascimento foi restaurado a perfeita saúde e entrou com Pedro e João no templo, andando e saltando e louvando a Deus à vista de todo o povo. As novas se espalharam, e o povo começou a se comprimir em torno dos discípulos. Muitos se ajuntaram, grandemente atônitos, em face da cura que se havia operado.
Quando Jesus morreu, os sacerdotes pensaram que nenhum milagre mais seria realizado entre os homens, que a agitação se extinguiria e o povo voltaria às tradições dos homens. Mas eis! precisamente entre eles os discípulos estavam operando milagres, e o povo estava sobremodo maravilhado. Jesus havia sido crucificado, e eles se interrogavam admirados onde haviam os discípulos adquirido este poder. Quando Ele estava vivo achavam que Ele repartia com eles o poder; mas havendo morrido esperavam que os milagres cessassem. Pedro compreendeu sua perplexidade, e disse-lhes: "Israelitas, por que vos maravilhais disto? Ou, por que olhais tanto para nós, como se por nossa própria virtude ou santidade fizéssemos andar este homem? O Deus de Abraão, e de Isaque, e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a Seu Filho Jesus, a quem vós entregastes e
perante a face de Pilatos negastes, tendo ele determinado que fosse solto. Mas vós negastes o Santo e o Justo e pedistes que se vos desse um homem homicida. E matastes o Príncipe da vida, ao qual Deus ressuscitou dos mortos, do que nós somos testemunhas. E, pela fé no Seu nome, fez o Seu nome fortalecer a este que vedes e conheceis." Atos 3:12-16.
Os principais sacerdotes e anciãos não puderam suportar essas palavras, e por sua ordem Pedro e João foram tomados e levados à prisão. Mas milhares haviam sido convertidos e levados a crer na ressurreição e ascensão de Cristo por terem ouvido apenas um discurso dos discípulos. Os sacerdotes e anciãos ficaram perturbados. Eles haviam matado Jesus a fim de que a mente do povo voltasse para eles; mas a coisa estava agora pior do que antes. Estavam sendo abertamente acusados pelos discípulos de serem os assassinos do Filho de Deus, e não podiam calcular até que ponto iriam as coisas ou como seriam considerados pelo povo. Alegremente teriam levado Pedro e João à morte, mas não ousavam fazê-lo, pois temiam o povo.
No dia seguinte os apóstolos foram levados perante o conselho. Ali estavam os mesmos homens que haviam veementemente clamado pelo sangue do Justo. Tinham ouvido Pedro negar o seu Senhor com maldição e pragas quando acusado de ser um dos Seus discípulos, e esperavam intimidá-lo de novo. Mas Pedro tinha-se convertido, e via agora uma oportunidade para remover a mancha dessa precipitada e covarde negação e exaltar o nome que havia desonrado. Com santa ousadia, e no poder do Espírito, destemidamente ele declarou: "Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, Aquele a quem vós crucificastes e a quem Deus ressuscitou dos mortos, em nome dEsse é que este está são diante de vós. Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina. E
em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos." Atos 4:10-12.
Os presentes ficaram estupefatos ante a ousadia de Pedro e João, e compreenderam que eles haviam estado com Jesus, pois sua nobre, indômita conduta, era como a de Jesus quando diante dos Seus inimigos. Jesus, por um olhar de mágoa e piedade, reprovou a Pedro quando este O negara, e agora, como ele ousadamente reconhecia o seu Senhor, foi aprovado e abençoado. Como um sinal da aprovação de Jesus, Pedro foi cheio do Espírito Santo.
Os sacerdotes não ousaram externar o ódio que sentiam pelos discípulos. Ordenaram que fossem levados para fora do recinto, e então confabularam entre si, dizendo: "Que havemos de fazer a estes homens? Porque a todos os que habitam em Jerusalém é manifesto que por eles foi feito um sinal notório, e não o podemos negar." Atos 4:16. Eles temiam que o relato dessa boa obra se espalhasse entre o povo. Fosse isso conhecido de todos, os sacerdotes temiam que o seu poder se perdesse, e eles seriam olhados como os assassinos de Jesus. Assim, tudo que se atreveram a fazer foi ameaçar os apóstolos e ordenar-lhes não mais falar em nome de Jesus, se não quisessem morrer. Mas Pedro declarou corajosamente que não podia deixar de falar das coisas que tinha visto e ouvido.
Pelo poder de Jesus os discípulos continuaram a curar os afligidos e enfermos que lhes eram levados. Centenas se alistavam diariamente sob a bandeira de um Salvador crucificado, ressurgido e assunto. Os sacerdotes e anciãos, e os particularmente associados com eles, ficaram alarmados. De novo lançaram os apóstolos na prisão, esperando que o tumulto acalmasse. Satanás e seus anjos exultaram; mas os anjos de Deus abriram as portas da prisão, e contrariamente à ordem
dos principais sacerdotes e anciãos, ordenaram aos apóstolos: "Ide, apresentai-vos no templo e dizei ao povo todas as palavras desta vida." Atos 5:20.
O concílio se reunira e mandara buscar os prisioneiros. Os oficiais abriram as portas da prisão; mas aqueles a quem buscavam não estavam ali. Voltaram aos sacerdotes e anciãos e disseram: "Achamos realmente o cárcere fechado, com toda a segurança, e os guardas, que estavam fora, diante das portas; mas, quando abrimos, ninguém achamos dentro." Atos 5:23. "E, chegando um, anunciou-lhes, dizendo: Eis que os homens que encerrastes na prisão estão no templo e ensinam ao povo. Então, foi o capitão com os servidores e os trouxe, não com violência (porque temiam ser apedrejados pelo povo). E, trazendo-os, os apresentaram ao conselho. E o sumo sacerdote os interrogou, dizendo: Não vos admoestamos nós expressamente que não ensinásseis nEsse nome? E eis que enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina e quereis lançar sobre nós o sangue desse Homem." Atos 5:25-28.
Os líderes judeus eram hipócritas; amavam o louvor dos homens mais que a Deus. O coração deles tinha-se tornado tão duro que as mais poderosas obras praticadas pelos apóstolos apenas os enraiveciam. Eles sabiam que se os discípulos pregassem a Jesus, Sua crucifixão, ressurreição e ascensão, confirmariam sobre eles a culpa como Seus assassinos. Não estavam tão desejosos de receber sobre si o sangue de Jesus, como quando clamaram veementemente: "O Seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos." Mat. 27:25.
Os apóstolos corajosamente declararam que obedeceriam a Deus antes que aos homens. Disse Pedro: "O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes, suspendendo-O no madeiro. Deus, com a sua destra, O elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento
e remissão dos pecados. E nós somos testemunhas acerca destas palavras, nós e também o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que Lhe obedecem." Atos 5:30-32. Ante essas desassombradas palavras, os assassinos se enfureceram, e determinaram manchar de novo as mãos em sangue, matando os apóstolos. Estavam planejando isto quando um anjo de Deus moveu o coração de Gamaliel a aconselhar aos sacerdotes e príncipes: "Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque, se este conselho ou esta obra é de homens, se desfará, mas, se é de Deus, não podereis desfazê-la, para que não aconteça serdes também achados combatendo contra Deus." Atos 5:38 e 39. Anjos maus estavam atuando sobre os sacerdotes e anciãos a fim de levarem os apóstolos à morte; mas Deus enviou o Seu anjo para evitá-lo, despertando entre os líderes judeus uma voz a favor dos Seus servos. A obra dos apóstolos não estava terminada. Eles deviam ser levados perante reis a fim de testemunhar do nome de Jesus e testificar das coisas que tinham visto e ouvido.
Os sacerdotes de má vontade libertaram os prisioneiros, depois de lhes baterem e ordenarem a não mais falar no nome de Jesus. "Retiraram-se, pois, da presença do conselho, regozijando-se de terem sido julgados dignos de padecer afronta pelo nome de Jesus. E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar e de anunciar a Jesus Cristo." Atos 5:41 e 42. Assim a palavra de Deus crescia e se multiplicava. Os discípulos ousadamente testificavam das coisas que tinham visto e ouvido, e no nome de Jesus realizavam grandes milagres. Corajosamente lançavam o sangue de Jesus sobre aqueles que tão desejosos se mostraram de recebê-lo quando lhes foi permitido ter poder sobre o Filho de Deus.
Vi que anjos de Deus foram comissionados para guardar com especial cuidado as sagradas, importantes verdades que deviam servir como uma âncora para os discípulos de Cristo