"E caiu Acazias pelas grades de um quarto alto, que tinha em Samaria, e adoeceu; e enviou mensageiros, e disse-lhes: Ide, e perguntai a Baal-Zebube, deus de Ecrom, se sararei desta doença. Mas o anjo do Senhor disse a Elias tesbita: Levanta-te, sobe para encontrar-te com os mensageiros do rei de Samaria, e dize-lhes: Porventura não há Deus em Israel, para irdes consultar a Baal-Zebube, deus de Ecrom? E por isso assim diz o Senhor: Da cama, a que subiste, não descerás, mas sem falta morrerás." II Reis 1:2-4.
Esta narração mostra de maneira clara o desagrado divino contra os que se desviam de Deus para os instrumentos satânicos. Pouco tempo antes dos acontecimentos acima registrados, o reino de Israel mudara de governo. Acabe caíra sob o juízo de Deus, e fora substituído por seu filho Acazias, caráter indigno, que só fez mal aos olhos do Senhor, andando nos caminhos de seu pai e sua mãe, e fazendo pecar a Israel. Serviu a Baal, adorou-o, e provocou à ira o Senhor Deus de Israel, como fizera Acabe, seu pai. Seguiram-se, porém, de perto juízos sobre os pecados do rebelde rei. Uma guerra com Moabe, e depois o acidente pelo qual estava ameaçada sua vida, atestaram a ira de Deus contra Acazias.
Quanto vira e ouvira o rei de Israel no tempo de seu pai, das maravilhosas obras do Altíssimo! Que terrível demonstração de Sua severidade e zelo dera Deus ao apóstata Israel! De tudo isto tinha Acazias conhecimento; todavia procede como se estas horríveis realidades, e mesmo o terrível fim de seu pai, fossem apenas um conto ocioso. Em vez de humilhar o coração
diante do Senhor, arriscou-se ao mais ousado ato de impiedade que lhe assinalou a vida. Ordena a seus servos: "Ide, e perguntai a Baal-Zebube, deus de Ecrom, se sararei desta doença." II Reis 1:2.
O ídolo de Ecrom, supunham, dava informações por meio de seus sacerdotes, quanto a acontecimentos futuros. Alcançara tão vasto crédito, que a ele recorria grande número de pessoas vindas de considerável distância. As predições ali feitas, e as informações dadas, provinham diretamente do príncipe das trevas. Foi Satanás que criou e mantém o culto dos ídolos, a fim de desviar de Deus a mente dos homens. É por sua instrumentalidade que o reino das trevas e da mentira é sustentado. .
A história do pecado do rei Acazias e seu castigo, encerra uma lição de advertência que ninguém pode desatender impunemente. Conquanto não rendamos homenagem a deuses pagãos, todavia milhares estão adorando no altar de Satanás, tão certo como o fez o rei de Israel. O mesmo espírito da idolatria pagã é hoje predominante, se bem que sob a influência da ciência e da educação, tenha assumido mais fina e atrativa forma. Cada dia traz nova e dolorosa evidência de que a fé na firme Palavra da profecia está rapidamente decrescendo, e que em seu lugar a superstição e a feitiçaria satânicas estão cativando a mente dos homens. Todos quantos não buscam diligentemente as Escrituras, e submetem todo desejo e desígnio da vida a essa infalível prova, todos quantos não buscam a Deus em oração pedindo conhecimento de Sua vontade, hão de por certo desviar-se da reta vereda, e cair sob o engano de Satanás.
Veículos do Poder de Satanás
Os oráculos pagãos têm sua imitação nos médiuns espíritas, nos videntes, nos necromantes de hoje. As vozes místicas que falaram em Ecrom e em En-Dor estão ainda, por suas palavras de mentira, desviando os filhos dos homens. O príncipe das trevas apenas apareceu sob novo disfarce. Os mistérios do culto pagão acham-se substituídos pelas
associações secretas e as sessões, as obscuridades e as maravilhas dos feiticeiros de nosso tempo. Suas revelações são ansiosamente recebidas por milhares que recusam aceitar a luz da Palavra de Deus, ou de Seu Espírito. Ao passo que falam desdenhosamente dos mágicos de outrora, o grande enganador ri triunfante, vendo-os ceder a suas artes, manifestadas sob aspecto diferente.
Seus agentes ainda pretendem curar a doença. Atribuem seu poder à eletricidade, ao magnetismo, ou aos chamados "remédios de simpatia". Efetivamente, eles não são senão veículos das correntes elétricas de Satanás. Por esse meio lança ele seu encantamento sobre o corpo e a alma dos homens.
Tenho recebido de tempos a tempos cartas de pastores e de membros leigos da igreja, perguntando se acho errado consultar médicos espíritas e videntes. Não tenho respondido a essas cartas por falta de tempo. Mas agora o assunto me é de novo insistentemente apresentado à atenção. Tão numerosos se estão tornando esses instrumentos de Satanás, e tão geral é o costume de buscar deles conselho, que parece necessário proferir palavras de advertência.
Deus colocou ao nosso alcance o obter conhecimento das leis da saúde. Constituiu em dever para nós o conservar nossas energias físicas nas melhores condições possíveis, a fim de Lhe podermos prestar serviço aceitável. Os que se recusam a aperfeiçoar a luz e o conhecimento posto ao seu alcance, estão rejeitando um dos meios a eles assegurados por Deus para promover tanto a vida espiritual como a física. Colocam-se assim em condições em que ficam expostos aos enganos de Satanás.
Muitos professos cristãos, neste século e nação, recorrem aos maus espíritos em vez de confiarem no poder do Deus vivo. Velando ao pé do leito de enfermidade de seu filho, a mãe exclama: "Não posso fazer mais nada. Não haverá médico que possa restaurar meu filho?" Contam-lhe as maravilhosas curas realizadas por algum vidente ou operador
de curas pelo magnetismo, e ela confia seu querido aos cuidados dele, colocando-o tão certamente nas mãos de Satanás como se ele lhe estivesse ao lado. Em muitos casos, a vida futura da criança é regida por uma força satânica, que parece impossível quebrar.
Muitos são os que não têm boa vontade para exercer o necessário esforço a fim de obter conhecimento das leis da vida, e os simples meios a serem empregados para a restauração da saúde. Não se colocam na devida relação para com a vida. Quando a doença é a conseqüência de sua transgressão da lei natural, não buscam corrigir seus erros, e depois pedir a bênção de Deus, mas recorrem aos médicos. Se recuperam a saúde, atribuem às drogas e aos médicos toda a honra. Estão sempre prontos a idolatrar o poder e sabedoria humanos, parecendo não conhecer outro Deus senão a criatura - pó e cinza.
Ouvi uma mãe rogando a um médico descrente que lhe salvasse a vida do filho; mas quando lhe pedi insistentemente que buscasse auxílio do Grande Médico que é capaz de salvar perfeitamente todo aquele que O busca com fé, ela se afastou com impaciência. Vemos aí o mesmo espírito manifestado por Acazias.
Não é seguro confiar em médicos que não têm diante de si o temor de Deus. Sem a influência da graça divina, o coração dos homens é "enganoso... mais do que todas as coisas, e perverso". Jer. 17:9. Seu objetivo é o engrandecimento próprio. Sob a capa da profissão médica, quanta iniqüidade tem sido ocultada; que enganos apoiados! O médico pode pretender possuir grande sabedoria e habilidade maravilhosa, quando seu caráter é depravado, e sua prática contrária às leis da vida. O Senhor nosso Deus nos afirma estar esperando para mostrar-Se bondoso; convida-nos a invocá-Lo no dia da angústia. Como nos podemos desviar dEle para confiar em um braço de carne?
Vinde comigo ali, a um quarto de doente. Ali jaz um esposo e pai, homem que é uma bênção à sociedade e à causa de Deus. Foi subitamente derribado pela doença. O ardor da febre
parece consumi-lo. Ele anseia um pouco de água fresca para lhe umedecer os ressequidos lábios, saciar a sede abrasadora, e refrescar a fronte febril. Mas não; o médico proibiu a água. Dá-se-lhe o estimulante da bebida forte, acrescentando combustível ao fogo. A bendita água, enviada pelo Céu, quando habilmente aplicada, extinguiria a chama devoradora, mas é substituída por drogas venenosas.
Por algum tempo, a natureza luta por seus direitos, mas afinal, vencida, desiste da luta, e a morte liberta o sofredor. Deus desejava que aquele homem vivesse, que fosse uma bênção ao mundo; Satanás decidiu destruí-lo, e por meio do médico, conseguiu-o. Até quando permitiremos que nossas mais preciosas luzes sejam assim apagadas?
Acazias enviou seus servos a indagar de Baal-Zebube, em Ecrom; mas em vez de uma mensagem do ídolo, ouve a tremenda denúncia vinda do Deus de Israel: "Da cama a que subiste, não descerás, mas sem falta morrerás." II Reis 1:4. Foi Cristo que mandou Elias dizer estas palavras ao rei apóstata.
Jeová Emanuel tinha razão de ficar grandemente desgostoso com a impiedade de Acazias. Que não fizera Cristo para conquistar o coração dos pecadores, e inspirar-lhes inabalável confiança nele? Durante séculos visitara Seu povo com manifestações da mais condescendente bondade e amor sem paralelo. Desde os tempos dos patriarcas Ele manifestara como Suas "delícias" estavam com os filhos dos homens. Prov. 8:31. Fora um socorro bem presente para todos quantos O buscavam em sinceridade. "Em toda a angústia deles foi Ele angustiado, e o anjo da Sua face os salvou; pelo Seu amor, e pela Sua compaixão Ele os remiu." Isa. 63:9. Todavia Israel se rebelara contra Deus, e se volvera para os piores inimigos do Senhor.
Os hebreus eram a única nação favorecida com o conhecimento do Deus verdadeiro. Quando o rei de Israel mandou indagar de um oráculo pagão, proclamou aos pagãos que confiava mais nos ídolos deles do que no Deus de seu povo, o Criador
dos Céus e da Terra. Da mesma maneira os que professam conhecer a Palavra de Deus O desonram, quando se voltam da Fonte da força e da sabedoria, para pedir conselhos aos poderes das trevas. Se a ira de Deus se acendeu por tal procedimento da parte de um rei ímpio, idólatra, como considerará Ele atitude semelhante quando seguida pelos que professam ser servos Seus?
Confiar em Deus e Obedecer às Leis da Natureza
Por que será que os homens são tão contrários a confiar nAquele que criou o homem, e que pode, por um toque, uma palavra, um olhar, curar toda espécie de doença? Quem é mais digno de nossa confiança do que Aquele que fez tão grande sacrifício para nossa redenção? Nosso Senhor deu-nos definidas instruções, mediante o apóstolo Tiago, quanto a nosso dever em caso de doença. Quando falha o auxílio humano, Deus será o auxílio de Seu povo. "Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará." Tia. 5:14 e 15. Se os professos seguidores de Cristo, com pureza de coração, exercessem tanta fé nas promessas de Deus como descansam nos instrumentos satânicos, experimentariam no corpo e na alma o poder vivificador do Espírito Santo.
Deus concedeu a este povo grande luz; todavia não nos achamos além do alcance da tentação. Quem dentre nós está buscando auxílio dos deuses de Ecrom? Considerai este quadro - não pintado pela imaginação. Em quantos, mesmo entre os adventistas do sétimo dia, podem-se ver suas características principais? Um inválido - aparentemente muito consciencioso, todavia supersticioso e presumido - confessa francamente seu desprezo pelas leis da saúde e da vida que a misericórdia divina nos levou a aceitar como um povo. Sua comida precisa ser preparada de maneira a satisfazer seus mórbidos, ardentes desejos. De preferência a sentar-se a uma mesa em que se oferece comida saudável, favorecerá os
restaurantes, porque aí pode satisfazer sem restrições o apetite. Fluente advogado da temperança, desconsidera-lhe os princípios fundamentais. Quer alívio, mas recusa-se a obtê-lo à custa de abnegação. Esse homem está adorando no altar do apetite pervertido. É um idólatra. As faculdades que, santificadas e enobrecidas, poderiam ser empregadas para a honra de Deus, são enfraquecidas e tornadas de pouco préstimo. Um temperamento irritável, cérebro confuso e nervos desenfreados, eis alguns dos resultados de sua desconsideração para com as leis naturais. Esse homem é ineficiente, não se pode confiar nele.
Quem quer que tiver a coragem e a sinceridade de o advertir do perigo, incorre por isso no seu desagrado. O mais leve indício de oposição é bastante para suscitar-lhe o espírito combativo. Mas agora apresenta-se oportunidade de buscar auxílio de alguém cujo poder vem por intermédio da feitiçaria. A essa fonte se aplica ele com fervor, gastando abundantemente tempo e dinheiro na esperança de conseguir a graça proposta. Ele está enganado, enfatuado. O poder do bruxo torna-se objeto de louvor, e outros são influenciados a buscar-lhe o auxílio. Assim é desonrado o Deus de Israel, ao passo que é reverenciado e exaltado o poder de Satanás.
Quero dirigir-me em nome de Cristo a Seus professos seguidores: Permanecei na fé que recebestes desde o princípio. Fugi à tagarelice profana e vã. Em vez de pordes a confiança na feitiçaria, tende fé no Deus vivo. Maldita é a estrada que conduz a En-Dor e a Ecrom. Os pés que se arriscam a pisar terreno proibido, tropeçarão e cairão. Há um Deus em Israel, no qual há livramento para todos quantos se acham opressos. A justiça é a morada de Seu trono.
Há perigo em desviar-se no mínimo das instruções do Senhor. Quando nos afastamos da positiva senda do dever, surgirá uma série de circunstâncias que nos parecem arrastar irresistivelmente para mais e mais longe do direito. A desnecessária intimidade com aqueles que não têm respeito por Deus,
seduzir-nos-á, antes que nos apercebamos. O temor de ofender os amigos mundanos, impedir-nos-á de exprimir nosso reconhecimento para com Deus, ou de reconhecer nossa dependência dele. Cumpre manter-nos apegados à Palavra de Deus. Necessitamos de suas advertências e animações, suas ameaças e promessas. Precisamos do exemplo perfeito que é dado unicamente na vida e no caráter de nosso Salvador.
Não Aventurar-se no Terreno de Satanás
Anjos de Deus preservarão Seu povo enquanto ele andar no caminho do dever; não há, porém, nenhuma garantia dessa proteção para os que deliberadamente se aventuram no terreno de Satanás. Um instrumento do grande enganador dirá e fará qualquer coisa a fim de conseguir seu objetivo. Pouco importa se ele se chama um espírita, "médico eletroterapista", ou "curador pelo magnetismo". Mediante ilusórios pretextos, ele ganha a confiança dos ingênuos. Pretende ler a história da vida e compreender todas as dificuldades e aflições dos que a ele recorrem. Disfarçando-se em anjo de luz, ao passo que tem no coração a negrura do abismo, manifesta grande interesse em mulheres que lhe buscam o conselho. Diz-lhes que todas as suas tribulações provêm de um casamento infeliz. Isto pode ser bem verdade, mas tal conselheiro não lhe melhora a situação. Diz-lhes que elas necessitam de amor e simpatia. Simulando grande interesse em seu bem-estar, lança uma fascinação sobre suas vítimas desprevenidas, encantando-as como a serpente encanta o trêmulo passarinho. Em breve elas se acham inteiramente em seu poder; pecado, desonra e ruína, eis o terrível cortejo.
Esses obreiros da iniqüidade não são poucos. Sua esteira é assinalada por lares desolados, reputações arruinadas e corações partidos. De tudo isto, porém, mal sabe o mundo; e eles continuam ainda fazendo novas vítimas, e Satanás exulta na ruína por ele realizada.
O mundo visível e o invisível acham-se em íntimo contato. Pudesse erguer-se o véu, e poderíamos ver anjos maus
forçando suas trevas ao redor de nós, e trabalhando com todas as suas forças para enganar e destruir. Homens ímpios são rodeados, influenciados e ajudados por espíritos maus. O homem de fé e oração, entregou sua alma à guia divina, e anjos de Deus trazem-lhe do Céu luz e resistência.
Homem algum pode servir a dois senhores. A luz e as trevas não são mais opostos do que o serviço de Deus e o de Satanás. O profeta Elias apresentou a questão em seu verdadeiro aspecto quando, destemidamente, apelou para o apóstata Israel: "Se o Senhor é Deus, segui-O; e se Baal, segui-o." I Reis 18:21.
Os que se entregam à feitiçaria de Satanás, podem gabar-se de grande benefício recebido daí; mas prova isso que sua orientação é sábia ou segura? Que seria se a vida é prolongada? Que seria se o ganho temporal é assegurado? Valerá isto afinal o desrespeito da vontade de Deus? Todo esse aparente ganho se demonstrará por fim irremediável perda. Não podemos, impunemente, derribar uma única barreira erguida por Deus a fim de guardar Seu povo do poder de Satanás.
Nossa única segurança consiste em conservar os antigos limites. "À Lei, e ao Testemunho: se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não têm iluminação." Isa. 8:20, Versão Trinitariana.