Por seus votos batismais todo membro da igreja se comprometeu solenemente a guardar os interesses dos irmãos. Todos serão tentados a se apegar aos próprios e acariciados planos e idéias, os quais lhes parecem sãos; deviam, porém, vigiar e orar, e esforçar-se ao máximo de sua capacidade, por edificar o reino de Jesus no mundo. Deus requer de todo cristão, tanto quanto estiver ao seu alcance, que desvie de seus irmãos e irmãs toda influência que tenda no mínimo que for, a dividi-los, ou separar seus interesses da obra para nossos dias. Deve não somente ter consideração pelos próprios interesses espirituais, mas manifestar preocupação pelas almas daqueles com quem está relacionado; e deve, por Cristo, possuir influência refreadora sobre os outros membros da igreja. Suas palavras e comportamento devem influenciá-los a seguir o exemplo de Cristo na abnegação, no sacrifício e no amor por outros.
Caso haja na igreja alguém que exerça influência contrária ao amor e à desinteressada beneficência que Cristo manifestou por nós, que puxa em sentido contrário ao de seus irmãos, homens fiéis devem tratar desses casos com sabedoria, trabalhando pela alma deles, cuidando todavia que sua influência não levede outros, e que a igreja não seja desviada por seu desafeto ou suas falsas informações. Alguns estão cheios de presunção. Há uns poucos que eles julgam corretos, mas questionam e criticam todos os atos dos outros. Tais pessoas não devem ser deixadas a pôr em risco os interesses da igreja. A fim de elevar o nível moral da mesma, cada um deve sentir ser seu dever buscar a própria cultura espiritual, mediante a prática de estritos princípios bíblicos, como na presença de um Deus Santo.
Que todo membro da igreja sinta dever ele próprio estar com sua vida em ordem com Deus, que ele precisa ser santificado pela verdade. Então, poderá representar perante os outros o caráter cristão, e dar um exemplo de desinteresse. Se cada um assim fizer, a igreja crescerá em espiritualidade e em favor para com Deus. ...
Aproximamo-nos do fim do tempo. Abundantes serão as provações de fora, mas não permitais que venham de dentro da igreja. Negue o professo povo de Deus a si mesmo por amor da verdade, por amor de Cristo. "Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal." II Cor. 5:10. Todo aquele que ama deveras a Deus, terá o espírito de Cristo, e fervente amor por seus irmãos. Quanto mais o coração de uma pessoa estiver em comunhão com Deus, e quanto mais suas afeições se concentrarem em Cristo, tanto menos ela se perturbará com as asperezas e vicissitudes que encontrar nesta vida. Os que estão crescendo até à estatura de homens e mulheres em Cristo Jesus, tornar-se-ão mais e mais semelhantes a Cristo em caráter, erguendo-se acima da disposição para murmurar e estar descontentes. Olharão com desprezo a possibilidade de serem críticos. ...
Tempo de "Vigiar e Orar"
Vivemos em um tempo em que todos devem especialmente dar ouvidos à recomendação do Salvador: "Vigiai e orai, para que não entreis em tentação." Mat. 26:41. Conserve cada um em mente que ele deve ser verdadeiro e leal a Deus, crendo na verdade, crescendo na graça e no conhecimento de Jesus Cristo. O convite do Salvador, é: "Aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas." Mat. 11:29. O Senhor está disposto a ajudar-nos, a fortalecer-nos e abençoar-nos; importa, porém, que passemos pelo processo de purificação até que todas as impurezas de nosso caráter sejam consumidas. Todo membro da igreja será submetido à fornalha, não para consumir, mas para purificar.
O Senhor tem operado entre vós, mas Satanás também se tem insinuado, para introduzir o fanatismo. Há outros males ainda a serem evitados. Alguns estão em risco de ficar satisfeitos com os vislumbres que têm tido da luz e do amor de Deus, cessando, portanto, de avançar. A vigilância e a oração não têm sido mantidas. Ao próprio tempo em que se faz a aclamação: "Templo do Senhor, templo do Senhor é este" (Jer. 7:4), entram tentações, e as trevas se adensam ao redor da alma - mundanidade, egoísmo e exaltação própria. Há necessidade de que o próprio Senhor comunique Suas idéias à alma. Que pensamento! - que em lugar de nossas pobres idéias e planos acanhados, terrenos, o Senhor nos comunique Suas idéias, Seus pensamentos nobres, largos, de vasto alcance, sempre conducentes para o Céu!
Eis vosso perigo, em deixar de avançar "para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus". Filip. 3:14. Deu-vos Deus luz? Sois então responsáveis por essa luz; não meramente enquanto esses raios estão brilhando sobre vós mas por tudo quanto ela vos tem revelado no passado. Cumpre-vos entregar vossa vontade a Deus diariamente; deveis andar na luz, e esperar mais; pois a luz do querido Salvador tem de resplandecer em mais brilhantes raios, mais distintos, entre a treva moral, aumentando mais e mais em intensidade até ao dia perfeito.
Estão todos os membros de vossa igreja procurando colher novo maná cada manhã e cada tarde? Estais buscando a iluminação divina? ou estais imaginando meios pelos quais vos podeis glorificar? Estais, de toda a vossa alma, forças, mente e poder, amando e servindo a Deus em beneficiar a outros ao vosso redor por conduzi-los à Luz do mundo? Estais satisfeitos com as bênçãos passadas? ou estais andando como Cristo andou, trabalhando como Ele trabalhou, revelando-O ao mundo em vossas palavras e atos? Estais vós, como filhos obedientes, vivendo vida pura e santa? Cristo tem de ser introduzido em vosso viver. Unicamente Ele vos pode curar da
inveja das ruins suspeitas contra os irmãos; Ele somente pode tirar o espírito presunçoso que alguns de vós acariciam, para seu próprio detrimento espiritual. Jesus tão-somente vos pode fazer sentir vossa fraqueza, ignorância, vossa natureza corrupta. Só Ele vos pode tornar puros, refinados, habilitar-vos para as mansões dos bem-aventurados.
"Em Deus faremos proezas." Sal. 60:12. Quanto bem podeis fazer sendo leais a Deus e a vossos irmãos, reprimindo todo pensamento destituído de bondade, todo sentimento de inveja ou presunção! Encha-se vossa vida do ministério da bondade para com os outros. Não sabeis quão cedo podereis ser chamados a depor vossa armadura. A morte pode colher-vos de repente, sem vos dar tempo de preparar-vos para a última mudança, nenhuma força física ou poder mental para fixar em Deus os pensamentos, e fazer paz com Ele. Alguns saberão em breve, por experiência, quão vão é o auxílio do homem, quão inútil é a justiça presunçosa com que se têm satisfeito.
Nosso Dia de Privilégio
Sinto-me solicitada pelo Espírito do Senhor a dizer-vos que agora é vosso dia de privilégio, de confiança, de bênção. Aproveitá-lo-eis? Estais trabalhando para a glória de Deus, ou por interesses egoístas? Estais mantendo diante dos olhos de vosso espírito lisonjeiras perspectivas de êxito mundano, pelo qual podereis obter a satisfação do próprio eu e o ganho financeiro? Se assim é, sereis amargamente decepcionados. Se, porém, buscais viver vida pura e santa, aprender diariamente na escola de Cristo as lições que Ele vos convidou a aprender, a ser mansos e humildes de coração, tendes então uma paz que circunstância alguma terrena pode mudar.
A vida em Cristo é uma vida de descanso. Desassossego, descontentamento, mal-estar, revelam a ausência do Salvador. Se Jesus for introduzido na vida, essa vida encher-se-á de obras boas e nobres para o Mestre. Esquecer-vos-eis de cuidar
em servir ao próprio eu, e vivereis cada vez mais perto do querido Salvador; vosso caráter tornar-se-á semelhante ao de Cristo, e todos quantos vos rodeiam conhecerão que estivestes com Jesus e dele aprendestes. Cada um possui em si mesmo a fonte da própria felicidade, ou infortúnio. Se ele quiser, poderá erguer-se acima das impressões baixas, sentimentais, que constituem a vida de muitos; mas enquanto ele for cheio de si mesmo, o Senhor nada poderá fazer em seu benefício. Satanás apresentará ambiciosos projetos para estontear os sentidos, mas cumpre-nos conservar sempre diante de nós "o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus". Filip. 3:14. Amontoai nesta vida todas as boas obras que puderdes. "Os entendidos, pois, resplandecerão, como o resplendor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça refulgirão como as estrelas sempre e eternamente." Dan. 12:3.
Caso nossa vida seja cheia de santa fragrância, se honrarmos a Deus tendo bons pensamentos para com os outros, e bons atos para beneficiá-los, não importa se vivemos em uma modesta casinha, ou num palácio. Pouco têm que ver as circunstâncias com as experiências da alma. É o espírito nutrido o que dá colorido a todas as nossas ações. Uma pessoa em paz com Deus e seus semelhantes não pode ser infeliz. Em seu coração não há lugar para a inveja; tampouco para as ruins suspeitas; o ódio não pode existir. O coração em harmonia com Deus eleva-se acima dos aborrecimentos e provas desta vida.
Mas um coração em que não há a paz de Cristo, é descontente, infeliz; a pessoa vê defeitos em tudo, e ocasionaria desarmonia na mais celestial das músicas. Uma vida de egoísmo é uma vida cheia do mal. Aqueles cujo coração se acha cheio do amor de si mesmos, armazenarão maus pensamentos para com seus irmãos, e falarão contra os instrumentos de Deus. As paixões mantidas ardentes, violentas, pelas sugestões de Satanás, são fonte amarga jorrando sempre amargosas correntes para envenenar a vida de outros. ...
Que todo aquele que professa seguir a Cristo, estime-se em menos e aos outros em mais. Avançai juntos, avançai juntos!
Na união há força e vitória; na discórdia e divisão, fraqueza e derrota. Estas palavras me foram dirigidas do Céu. Como embaixadora de Deus, eu vo-la digo.
Busquem todos, um por um, atender a oração de Cristo: "Para que todos sejam um, como Tu, ó Pai, o és em Mim, e Eu em Ti." João 17:21. Oh! que união essa! e Cristo diz: "Nisto todos conhecerão que sois Meus discípulos, se vos amardes uns aos outros." João 13:35.
Quando a morte reclama um de nosso número, que lembranças nos ficam do tratamento recebido por ele? São os quadros pendurados nas paredes da memória aprazíveis para neles nos determos? São eles recordações de bondosas palavras proferidas, ou de simpatia dispensada ao devido tempo? Repeliram acaso seus irmãos as ruins suspeitas de indiscretos intrigantes? Defenderam-lhe a causa? Foram eles fiéis à inspirada recomendação: "Consoleis os de pouco ânimo, sustenteis os fracos"? I Tess. 5:14. "Eis que ensinaste a muitos, e esforçaste as mãos fracas." Jó 4:3. "Confortai as mãos fracas, e fortalecei os joelhos trementes. Dizei aos turbados de coração: Esforçai-vos, não temais." Isa. 35:3 e 4.
Quando aqueles com quem nos associamos na igreja estão mortos, quando sabemos que seu relatório nos livros do Céu está fixado, e que eles devem enfrentar esse registro no juízo, quais são as reflexões de seus irmãos quanto à atitude que tiveram para com eles? Qual foi sua influência sobre eles? Quão claramente é invocada agora toda palavra áspera, toda ação desavisada! Quão diferentemente se conduziriam, caso tivessem outra oportunidade!
O apóstolo Paulo deu graças a Deus pelo conforto a ele dado na dor, dizendo: "Bendito seja o Deus e Pai... de toda a consolação; que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados de Deus." II Cor. 1:3 e 4. À medida que Paulo sentia o conforto e calor do amor de Deus penetrando em sua alma,
refletia a bênção sobre os outros. Disponhamos de tal maneira nossa conduta, que os quadros pendurados nas paredes de nossa memória não sejam de tal sorte que não suportemos refletir sobre eles.
Depois que aqueles com quem convivemos estiverem mortos, jamais haverá oportunidade de retirar qualquer palavra a eles dirigida, ou de apagar da lembrança qualquer dolorosa impressão. Atentemos pois para os nossos caminhos, para que não ofendamos a Deus com nossos lábios. Seja afastada toda frieza e desinteligência. Abrande-se o coração em ternura diante de Deus, ao Lhe recordarmos o misericordioso trato para conosco. Permiti que o Espírito de Deus, qual chama santa, consuma todo lixo empilhado à porta do coração, e deixai Jesus entrar; então, Seu amor fluirá para os outros por nosso intermédio em ternas palavras, e pensamentos e ações. Então, se a morte nos separar de nossos amigos, para não mais nos encontrarmos até que nos achemos perante o tribunal de Deus, não nos envergonharemos ao ver aparecer o registro de nossas palavras.
Quando a morte cerra os olhos, e as mãos se dobram sobre o peito silencioso, quão pronto mudam os sentimentos de desinteligência! Não há má vontade nem amargura; as desatenções e as injustiças são perdoadas, esquecidas. Quantas palavras de amor são ditas acerca do morto! Quantas boas coisas em sua vida são evocadas! Louvores e boas apreciações são agora francamente expressas; caem, porém, em ouvidos que nada ouvem, coração que já não sente. Houvessem essas palavras, sido ditas quando o fatigado espírito tanto delas carecia, quando os ouvidos as podiam escutar e o coração sentir, que aprazível quadro haveria sido deixado na memória! Quantos, ao estarem respeitosos e em silêncio ao pé de um morto, recordam com vergonha e dor as palavras e atos que causaram tristeza ao coração agora para sempre quieto! Tragamos agora toda beleza, amor e bondade que nos for possível, à nossa vida. Sejamos considerados, agradecidos, pacientes e longânimos em nossas relações uns com os outros. Que os pensamentos e sentimentos que encontram expressão em torno do moribundo e do morto sejam introduzidos no convívio diário com nossos irmãos e irmãs em vida.