É de importância que os membros de nossas igrejas assistam às reuniões campais. Os inimigos da verdade são muitos; e porque pouco é o nosso número, cumpre-nos apresentar uma frente tão forte quanto possível. Necessitais, individualmente, dos benefícios da reunião, e Deus vos convida a serdes os primeiros nas fileiras da verdade.
Dirão alguns: "É dispendioso viajar, e nos seria preferível economizar o dinheiro e dá-lo para o avançamento da obra onde é tão necessário." Não raciocineis assim; Deus vos chama a ocupar o lugar que vos pertence nas fileiras de Seu povo. Tanto quanto vos for possível fortalecer a reunião estando presentes, vós e vossa família. Fazei esforço extraordinário para assistir à reunião do povo de Deus.
Irmãos e irmãs, muito melhor vos seria deixar que os negócios sofressem do que perder o ensejo de ouvir a mensagem que Deus tem para vós. Não arranjeis nenhuma desculpa que vos impeça de obter toda vantagem espiritual possível. Necessitais todo raio de luz. Precisais habilitar-vos a dar a razão da esperança que há em vós, com mansidão e temor. Não vos podeis permitir a perda de um privilégio assim.
Antigamente o Senhor instruiu Seu povo a se reunir três vezes por ano para tributar-Lhe culto. A essas santas convocações ia o povo de Israel, levando dízimos, ofertas pelo pecado e ofertas de gratidão à casa do Senhor. Encontravam-se para contar as misericórdias de Deus, tornar-Lhe conhecidas as Suas maravilhosas obras e dar louvores e ações de graças ao Seu nome. E deviam unir-se no serviço sacrifical que apontava a Cristo como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Assim deviam eles ser guardados do poder corruptor da mundanidade e da idolatria. A fé, o amor e a gratidão deviam ser
mantidos vivos no coração deles e, por meio de sua associação nesse sagrado serviço, deviam ser mais estreitamente ligados a Deus e uns aos outros.
Nos dias de Cristo, essas festas eram assistidas por vastas multidões de gente de todas as terras; e, houvessem elas sido conservadas como era intenção do Senhor, no espírito do verdadeiro culto, e a luz da verdade poderia haver sido comunicada por meio deles a todas as nações do mundo.
Para os que moravam distante do tabernáculo, mais de um mês de cada ano deve ter sido empregado em assistir a essas santas convocações. O Senhor viu que essas reuniões eram necessárias à vida espiritual de Seu povo. Precisavam desviar-se de seus cuidados terrenos para comungar com Deus, e contemplar as realidades invisíveis.
Se os filhos de Israel necessitavam dessas santas convocações em seu tempo, quanto mais as necessitamos nós nos derradeiros dias de perigo e conflito! E se o povo do mundo então precisava da luz que Deus confiara a Sua igreja, quanto mais dela necessitarão eles agora!
O tempo atual é de molde a todos irem em socorro do Senhor, em socorro do Senhor contra os poderosos. Avigoram-se as forças do inimigo, e, como um povo, somos falsamente apresentados. Desejamos que o povo se relacione com nossas doutrinas e obra. Queremos que saibam o que somos e o que cremos. Precisamos abrir caminho ao coração deles. Que o exército do Senhor se ache em campo a fim de representar a obra e a causa de Deus. Não alegueis desculpas. O Senhor necessita de vós. Ele não faz Sua obra sem a cooperação do instrumento humano. Ide à reunião campal, ainda que isto vos custe um sacrifício. Ide dispostos a trabalhar. E fazei todo esforço para levar vossos amigos a ir, não em vosso lugar, mas convosco, para estarem ao lado do Senhor e obedecer-Lhe os mandamentos. Ajudai os que mostram interesse em ir, provendo-lhes, se necessário, comida e alojamento. Os anjos comissionados a ministrar aos herdeiros da salvação, vos farão
companhia. Deus fará grandes coisas por Seu povo. Abençoará todo esforço para honrar-Lhe a causa e promover o avançamento de Sua obra.
O Preparo do Coração
Precisamos lembrar que, nessas reuniões, há duas forças em operação. Uma batalha invisível a olhos humanos está sendo travada. Está em campo o exército do Senhor, buscando salvar almas. Satanás e suas legiões também estão em atividade, buscando por todos os meios possíveis, enganar e destruir. O Senhor ordena-nos: "Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo. Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais." Efés. 6:11 e 12. Dia a dia prossegue a batalha. Se nossos olhos se pudessem abrir para ver em operação os instrumentos bons e os maus, não haveria frivolidades e vaidades, nem gracejos e chocarrices. Se todos se revestissem de toda a armadura de Deus e combatessem varonilmente as batalhas do Senhor, obter-se-iam vitórias que fariam tremer o reino das trevas.
Nenhum de nós deve ir à reunião campal confiando nos pastores ou nos obreiros bíblicos para torná-la uma bênção para nós. Deus não quer que Seu povo dependa inteiramente dos pastores. Não quer que se enfraqueçam dependendo do auxílio de criaturas humanas. Não devem, como crianças impotentes, apoiar-se em outros. Como despenseiro da graça de Deus, todo membro de igreja deve sentir sua responsabilidade individual de ter vida e raiz em si mesmo. Cada um deve sentir que, em certa medida, o êxito da reunião depende dele. Não digais: "Não sou responsável. Nada terei a fazer nessa reunião." Se assim sentirdes, estais dando a Satanás ensejo de operar por vosso intermédio. Encher-vos-á a mente com seus pensamentos, dando-vos alguma coisa que fazer em suas fileiras. Em vez de ajuntardes com Cristo, haveis de espalhar.
O êxito da reunião depende da presença e do poder do Espírito Santo. Todo o que ama a causa da verdade, deve orar pelo derramamento do Espírito. E o quanto estiver em nosso alcance, cumpre-nos remover todo obstáculo a Sua operação. O Espírito não poderá nunca ser derramado enquanto os membros da igreja nutrirem desarmonia e amargura uns contra os outros. Inveja, ciúmes, ruins suspeitas e maledicências, são coisas de Satanás, e barram eficazmente o caminho à operação do Espírito Santo. Coisa alguma neste mundo é tão preciosa para Deus como Sua igreja. Coisa alguma é por Ele guardada com tão cioso cuidado. Coisa alguma ofende tanto ao Senhor como um ato que prejudique os que Lhe estão fazendo o serviço. Ele chamará a contas todos quantos ajudam Satanás em sua obra de criticar e desanimar.
Os que são destituídos de compaixão, ternura e amor, não podem fazer a obra de Cristo. Antes de se poder cumprir a profecia: O fraco será "como Davi", e a casa de Davi "como o anjo do Senhor" (Zac. 12:8), os filhos de Deus precisam afastar todo pensamento de suspeita com referência a seus irmãos. Os corações devem bater em uníssono. A beneficência cristã e o amor fraternal devem ser manifestados muito mais abundantemente. Soam aos meus ouvidos as palavras: "Uni-vos, uni-vos!" A solene, sagrada verdade para este tempo, deve unificar o povo de Deus. Importa que morra o desejo de preeminência. Todos os outros objetos de interesse devem ser absorvidos por um único - quem se assemelhará mais a Cristo no caráter? Quem esconderá mais completamente em Cristo o próprio eu?
"Nisto é glorificado Meu Pai", diz Cristo, "em que deis muito fruto." João 15:8. Se há um lugar em que os crentes devam dar muito fruto, é em nossas reuniões campais. Nessas reuniões são observados nossos atos, nossas palavras e o espírito que mostramos, e nossa influência é de tão vasto alcance como a eternidade.
A transformação do caráter deve ser perante o mundo, o testemunho do amor de Cristo no coração. O Senhor espera que Seu povo manifeste que o poder redentor da graça pode
operar sobre o caráter faltoso, e fazer com que ele se desenvolva em simetria, sendo abundantemente frutífero.
A fim de cumprirmos os desígnios de Deus, porém, há uma obra preparatória a fazer. O Senhor nos pede que esvaziemos o coração do egoísmo que é a raiz de toda alienação. Ele anseia derramar sobre nós Seu Santo Espírito em fartas medidas, e que aplainemos o caminho mediante a renúncia. Quando o próprio eu for entregue a Deus, nossos olhos serão abertos para ver as pedras de tropeço que nossa dessemelhança com Cristo tem posto no caminho dos outros. Tudo isso Deus nos manda remover. Diz Ele: "Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis." Tia. 5:16. Então poderemos ter a certeza experimentada por Davi quando, depois de confessar o seu pecado, orou: "Torna a dar-me a alegria da Tua salvação, e sustém-me com um espírito voluntário. Então ensinarei aos transgressores os Teus caminhos, e os pecadores a Ti se converterão." Sal. 51:12 e 13.
Quando a graça de Deus reinar no interior, a alma será circundada por uma atmosfera de fé, ânimo e amor cristão, atmosfera revigoradora para a vida espiritual de todos os que a respiram. Então podemos ir à reunião campal, não somente para receber, mas para comunicar. Todo aquele que é participante do amor perdoador de Cristo, todo o que foi esclarecido pelo Espírito de Deus e convertido à verdade, por essas preciosas bênçãos sentir-se-á devedor a toda alma com quem se põe em contato. Os que são humildes de coração serão usados pelo Senhor para alcançar almas de quem o pastor ordenado não se pode aproximar. Serão impulsionados a proferir palavras que revelam a salvadora graça de Cristo.
E, beneficiando aos outros, serão eles próprios abençoados. Deus nos dá oportunidade de comunicar graça, para que nos possa encher novamente de mais graça. A esperança e a fé se robustecerão à medida que o instrumento de Deus opera com os talentos e os recursos fornecidos por Ele. Terá uma instrumentalidade divina a cooperar com ele. ...
A Obra dos Pastores
Os presidentes de associação e os pastores devem dedicar-se aos interesses espirituais do povo, e portanto serem dispensados do trabalho mecânico que acompanha as reuniões. Os pastores devem estar prontos para agir como mestres e guias na obra do acampamento, quando a ocasião o exija, mas não ser levados ao ponto de exaustão. Devem sentir-se refrigerados, em animada disposição de espírito, pois isto é essencial ao máximo benefício da reunião. Devem ser capazes de proferir palavras de animação e coragem, e lançar sementes de verdade espiritual no solo dos corações sinceros, de modo a brotarem e produzirem precioso fruto.
Os pastores devem ensinar o povo a se aproximarem do Senhor e a conduzirem outros a Ele. Devem-se adotar métodos, delinear planos pelos quais a norma seja elevada, e o povo seja ensinado quanto à maneira por que podem purificar da iniqüidade e elevar-se pela adesão aos princípios puros e santos.
Deve haver tempo para exame do coração, para a cultura da alma. Quando a mente está ocupada com assuntos de negócios deve haver necessariamente carência de poder espiritual. A piedade pessoal, a verdadeira fé, a santidade do coração, devem ser conservados diante do espírito até que o povo compreenda sua importância.
Precisamos possuir o poder de Deus em nossas reuniões campais, do contrário não nos será possível prevalecer sobre o inimigo das almas. Cristo diz: "Sem Mim, nada podeis fazer."
Os que se ajuntam nessas reuniões campais devem ser impressionados com o fato de que o objetivo das mesmas é atingir a uma experiência cristã mais elevada, crescer no conhecimento de Deus, fortalecer-se com vigor espiritual; e a menos que isto compreendamos, as reuniões nos serão infrutíferas.
Não pode haver influência mais prejudicial a uma reunião campal ou a qualquer outra reunião para culto religioso, do que os muitos encontros e a conversa descuidosa de uns com os
outros. Freqüentemente homens e mulheres se reúnem em grupos, e empenham-se em conversa acerca de assuntos comuns que não se relacionam com a reunião. Alguns trouxeram consigo suas lavouras, outros sua casa, e estão a fazer planos para construções. Alguns dissecam o caráter de outros, e não têm tempo ou disposição para esquadrinhar o próprio coração, para descobrir os defeitos do próprio caráter, a fim de corrigir-lhe os erros, e aperfeiçoar a santidade no temor de Deus.
Se todos quantos professam ser seguidores de Cristo aproveitassem o tempo fora das reuniões para conversar sobre a verdade, para deter-se na esperança do cristão, em examinar-se a si mesmos e em fervorosa oração diante de Deus, rogando-Lhe a bênção, muito maior seria a obra realizada do que já temos visto. Os incrédulos, que acusam falsamente os que crêem na verdade, seriam convencidos por causa de sua "boa conversação em Cristo". Nossas palavras e atos são o fruto que produzimos; "portanto, pelos seus frutos os conhecereis". Testimonies, vol. 2, págs. 597 e 598, 1871.
O objetivo de uma reunião campal é levar todos a se afastarem dos cuidados, dos negócios e das preocupações, e a consagrarem alguns dias exclusivamente a buscar ao Senhor. Devemos ocupar o tempo em exame interior, esquadrinhando intimamente o coração, fazendo contritas confissões de pecado, e renovando nossos votos ao Altíssimo. Se alguém vai a essas reuniões com objetivos menos dignos, esperamos que o caráter das reuniões seja de molde a levar-lhes a mente a objetivos apropriados. Testimonies, vol. 2, pág. 601, 1871.
Muitos cristãos vacilarão na fé, caso negligenciem constantemente reunirem-se para conferência e oração. Caso lhes fosse impossível fruir esses privilégios religiosos, então Deus enviaria diretamente luz do Céu por meio de Seus anjos, a fim de animar, alegrar e abençoar Seu povo disperso. Ele, porém, não Se propõe operar um milagre para sustentar a fé de Seus
santos. Exige-se deles que amem a verdade o suficiente para se darem a alguns pequenos incômodos para obter os privilégios e bênçãos a eles estendidos por Deus. O mínimo que eles podem fazer é consagrar alguns dias por ano a um esforço unido para levar avante a causa de Cristo e trocarem amistosos conselhos e compassivo interesse. Testimonies, vol. 4, págs. 106 e 107, 1876.