"O grande dia do Senhor está perto, está perto, e se apressa muito a voz do dia do Senhor: amargamente clamará ali o homem poderoso. Aquele dia é um dia de indignação, dia de angústia e de ânsia, dia de alvoroço e de desolação, dia de trevas e de escuridão, dia de nuvens e de densas trevas, dia de trombeta e de alarido contra as cidades fortes e contra as torres altas. E angustiarei os homens, e eles andarão como cegos, porque pecaram contra o Senhor." Sof. 1:14-17.
"E há de ser que, naquele tempo, esquadrinharei a Jerusalém com lanternas, e castigarei os homens que estão assentados sobre as suas fezes, que dizem no seu coração: O Senhor não faz bem nem faz mal." Sof. 1:12.
"Congrega-te, sim, congrega-te, ó nação que não tens desejo, antes que saia o decreto, e o dia passe como a pragana; antes que venha sobre vós a ira do Senhor, sim, antes que venha sobre vós o dia da ira do Senhor. Buscai ao Senhor, vós todos os mansos da Terra, que pondes por obra o Seu juízo; buscai a justiça, buscai a mansidão; porventura sereis escondidos no dia da ira do Senhor." Sof. 2:1-3.
Estamos perto da consumação dos tempos. Foi-me mostrado que os juízos retributivos de Deus já estão caindo sobre a Terra. O Senhor nos advertiu quanto aos acontecimentos que estão prestes a ocorrer. Luz irradia de Sua Palavra, contudo as trevas cobrem a Terra e densa escuridão os povos. "Quando disserem: Há paz e segurança; então lhes sobrevirá repentina destruição... e de modo nenhum escaparão."
É o nosso dever buscar a causa de tão terríveis trevas, a
fim de podermos evitar os caminhos pelos quais os homens acalentaram tão grande ilusão. Deus deu ao mundo uma oportunidade de conhecer e de obedecer a Sua vontade. Deu-lhe em Sua Palavra a luz da verdade e lhe enviou advertências, conselhos e exortações; mas poucos obedecerão a Sua voz. Como a nação judaica, a maioria dos cristãos professos se gloria de suas superiores vantagens, porém não se mostra grata a Deus por essas grandes bênçãos. Por causa de Sua graça infinita uma última mensagem de advertência é enviada ao mundo, anunciando que Cristo está às portas e chamando a atenção para a desprezada lei divina. Mas como os antediluvianos rejeitaram com zombaria a advertência de Noé, assim os amantes dos prazeres hoje em dia hão de rejeitar a mensagem dos fiéis servos de Deus. O mundo segue o seu curso inalterável, absorvido como sempre em seus negócios e prazeres, enquanto a ira divina está prestes a ser derramada sobre os transgressores de Sua lei.
"Olhai por vós"
Nosso compassivo Redentor, prevendo os perigos que haviam de cercar Seus seguidores neste tempo, lhes dirige esta admoestação especial: "Olhai por vós, não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e venha sobre vós de improviso aquele dia. Porque virá como um laço sobre todos os que habitam na face de toda a Terra. Vigiai pois em todo o tempo, orando, para que sejais havidos por dignos de evitar todas estas coisas que hão de acontecer, e de estar em pé diante do Filho do homem." Luc. 21:34-36. Se a igreja escolher um caminho idêntico ao do mundo, virá a partilhar a mesma sorte; ainda mais: como recebeu maior luz, seu castigo será maior do que o dos impenitentes.
Nós, como povo, professamos possuir mais verdades do que qualquer outro na Terra. Neste caso, nossa conduta e caráter devem também corresponder à nossa profissão. Está próximo o dia em que os justos, qual semente preciosa, hão de
ser ajuntados para os celeiros celestiais, enquanto os ímpios, à semelhança do joio, o serão para o fogo do grande dia. Mas o trigo e o joio deverão "crescer ambos juntos até à ceifa".
No desempenho de seus deveres cotidianos, os justos hão de estar, até o fim, em contato com os ímpios. Os filhos da luz estão espalhados entre os das trevas para que o contraste salte aos olhos de todos. É assim que os filhos de Deus devem anunciar "as virtudes dAquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz". O amor divino, ardendo em seu coração, a harmonia à semelhança de Cristo manifestada em sua vida, será como um vislumbre do Céu concedido aos homens do mundo, para que possam apreciar sua excelência.
Coisas semelhantes mutuamente se atraem. Os que beberem da mesma fonte de bênçãos hão de unir-se entre si. A verdade, habitando no coração dos crentes, há de conduzir a uma abençoada e feliz unificação. Deste modo a oração de Cristo, pedindo que Seus discípulos fossem um como Ele o é com o Pai, será atendida. Por essa unidade espiritual, toda alma verdadeiramente convertida há de suspirar.
Entre os ímpios, porém, há de prevalecer uma harmonia ilusória que só em parte encobrirá a perpétua discórdia. Achar-se-ão unidos na sua oposição à vontade e à verdade divina, mas quanto ao mais estarão divididos pelo ódio, dissimulação, inveja e contenda mortal.
O metal precioso e o comum estão agora de tal modo misturados, que somente o olhar cuidadoso do infinito Deus pode com certeza discernir entre um e outro. Mas o ímã moral da santidade e verdade há de atrair e reunir o metal puro, ao mesmo tempo que repelirá a escória e o falso.
Falsa Segurança
"O ... dia do Senhor está perto, ... e se apressa muito" (Sof. 1:14); onde está, porém, o verdadeiro espírito do advento? Quem se está preparando para subsistir nesse tempo de
tentação que se acha iminente? O povo a quem Deus confiou as sagradas, solenes e difíceis verdades para este tempo está dormindo em seu posto. Por seu procedimento, diz: "Tenho a verdade", "rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta", ao passo que a testemunha verdadeira o adverte: "Não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu." Apoc. 3:17.
Com que fidelidade retratam essas palavras a presente condição da igreja! "Não sabes que és desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu." Pelos servos do Senhor são transmitidas mensagens de advertência ditadas pelo Espírito Santo, e descobertos defeitos de caráter aos que se têm desviado; eles, entretanto, dizem: "Isto não se aplica ao meu caso. Recuso a mensagem que me transmitis. Estou fazendo o melhor que posso. Creio na verdade."
Aquele mau servo que em seu coração diz: "Meu Senhor tarde virá" (Mat. 24:48), professa estar esperando a Cristo. É um "servo" que só aparentemente se dedica ao serviço de Deus, enquanto no coração se entregou a Satanás. Diferente dos escarnecedores, não nega abertamente a verdade, mas pela conduta revela o desejo que sente de que a vinda do Senhor se dilate. O orgulho torna-o descuidoso dos interesses eternos. Adota as máximas do mundo e se conforma às suas práticas e costumes. O egoísmo, o orgulho e as ambições mundanas nele predominam. Temendo que seus irmãos lhe levem alguma vantagem, deprecia-lhes os esforços e discorda de suas razões. Desse modo espanca seus conservos. À proporção que se vai alienando do povo de Deus, une-se mais aos ímpios. É achado comendo e bebendo "com os ébrios" (Mat. 24:49) - associando-se com o mundo cujo espírito compartilha. Deste modo é embalado numa segurança carnal, e vencido pela negligência, indiferença e ociosidade.
A causa propriamente dita do mal foi a negligência da vigilância e da oração secreta, a que sucedeu naturalmente a negligência de outros deveres religiosos, sendo assim aparelhado o caminho para todos os pecados subseqüentes. Cada cristão é
assediado pelas seduções do mundo, pelas solicitações da natureza carnal e por tentações diretas de Satanás. Ninguém está livre dessas coisas. Não importa qual tenha sido a nossa experiência, não importa quão elevada a nossa posição, precisamos vigiar e orar continuamente. Temos de ser diariamente guiados pelo Espírito de Deus, ou havemos de ser dirigidos por Satanás.
Advertência Solene
As instruções do Salvador aos discípulos foram dadas em benefício de Seus seguidores de todos os tempos. Tinha em vista os que viveriam próximo ao fim do tempo, quando disse: "Olhai por vós." É nossa tarefa acariciar no coração, cada qual por si, os preciosos dons do Espírito.
Satanás está trabalhando com inabalável perseverança e intenso ardor, a fim de atrair para suas fileiras os seguidores professos de Cristo. Está operando "com todo o engano da injustiça para os que perecem". II Tess. 2:10. Satanás não é, porém, o único instrumento pelo qual é sustentado o reino das trevas. Qualquer que convide ao pecado é um tentador. Qualquer que imitar o grande impostor se torna seu auxiliar. Os que emprestam sua influência para favorecer uma obra má, estão prestando um serviço a Satanás.
Os atos revelam princípios e motivos. Os frutos apresentados por muitos que pretendem ser plantas na vinha do Senhor, revelam que são apenas espinheiros e abrolhos. Toda uma igreja poderá sancionar o procedimento errado de alguns de seus membros, mas essa sanção não prova que seu erro seja justo. Ela não pode colher uvas dos espinheiros.
Se alguns dos que professam crer na verdade presente, pudessem compreender sua verdadeira condição, haviam de desesperar da misericórdia divina. Têm estado exercendo toda a sua influência contra a verdade, a voz de admoestação e o povo de Deus. Estiveram a fazer deste modo a obra de Satanás. Muitos se tornaram de tal modo envaidecidos em virtude de seus enganos, que jamais se poderão reabilitar. Semelhante estado de apostasia não pode prevalecer sem acarretar a ruína de muitas almas.
A igreja tem recebido advertências umas após outras. Os
deveres que tem e os perigos que corre o povo de Deus foram claramente expostos. Entretanto, o elemento mundano está nela agindo fortemente. Costumes, práticas e modas que tendem a desviar a alma de Deus há anos que têm estado lançando raízes, a despeito das advertências e exortações do Espírito divino, e, afinal, seus caminhos se tornaram retos aos seus próprios olhos, e a voz do Espírito mal é ouvida. Ninguém pode prever até onde se embrenhará no pecado quando uma vez se tiver rendido ao poder do grande enganador. Satanás penetrou em Judas Iscariotes e induziu-o a trair seu Senhor. Induziu Ananias e Safira a mentir ao Espírito Santo. Os que não estiverem inteiramente consagrados a Deus, podem ser levados a fazer a obra de Satanás, ao passo que se jactam de estar fazendo a obra de Cristo.
Irmãos e irmãs, eu vos exorto: "Examinai-vos a vós mesmos se permaneceis na fé." II Cor. 13:5. Provai-vos a vós mesmos. A fim de conservar o calor e a pureza do amor de Cristo, necessitais de constante suprimento da graça divina. Tendes feito todos os esforços para que "a vossa caridade aumente mais e mais. ... Para que aproveis as coisas excelentes, ... cheios de frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus"? Filip. 1:9-11.
Muitos que deviam tomar atitude decisiva do lado da justiça e da verdade, manifestaram fraqueza e indecisão, que incentivaram os assaltos de Satanás. Os que deixam de crescer na graça, não se esforçando por atingir o mais alto padrão da perfeição divina, serão vencidos.
A Necessidade da Igreja
O mundo é para os cristãos um país de estrangeiros e inimigos. Se não se revestirem da armadura de Deus e cingirem a espada do Espírito, tornar-se-ão presa das potências das trevas. A fé de todos há de ser provada. Todos deverão ser provados como o ouro o é pelo fogo.
A igreja se compõe de homens e mulheres imperfeitos e cheios de fraquezas que requerem a prática constante de
caridade e contemplação. Mas já há muito que reina uma atmosfera de mornidão espiritual. Penetrou na igreja um espírito mundano, seguido por frieza recíproca, acusações mútuas, maldades, contendas e iniqüidade.
Se se pregassem menos sermões da parte de homens não consagrados no coração e vida e se devotasse mais tempo a humilhar a alma diante de Deus, haveria esperança de que o Senhor acudisse em vosso auxílio, a fim de sarar-vos da vossa apostasia. Muitas das pregações destes últimos tempos produzem uma segurança fictícia. Os importantes interesses da causa de Deus não podem ser sabiamente tratados pelos que mantêm tão pouca real ligação com Ele como o têm feito alguns de nossos pastores. Confiar a obra a tais pessoas seria o mesmo que entregar a crianças o comando de grandes navios no mar. Pessoas destituídas de sabedoria divina e do poder vivificante de Deus, não são competentes para conduzir a nau do evangelho por entre obstáculos e tempestades. A igreja está atravessando um período de sério conflito, mas a despeito do perigo muitos estariam dispostos a confiar sua direção a pessoas que certamente a fariam afundar. Necessitamos agora de um piloto a bordo, porquanto, estamos nos aproximando do porto. Como um povo, devemos ser a luz do mundo, mas quantos são como as virgens loucas, que não levaram azeite nos vasos com suas lâmpadas! Oxalá o Senhor, abundante em misericórdia e cheio de perdão, tenha piedade de nós e nos salve, para que não venhamos a partilhar a sorte dos ímpios!
Neste tempo de lutas e provações, precisamos de todo o apoio e consolação que podemos derivar de princípios justos, convicções religiosas estabelecidas, certeza íntima do amor de Cristo e rica experiência nas coisas divinas.
Só chegaremos à estatura perfeita de homens e mulheres em Cristo Jesus em resultado de um crescimento constante na graça divina.
Oh! que poderei eu dizer a fim de vos abrir os olhos cegados e iluminar o entendimento espiritual? O pecado deve ser crucificado. Uma transformação moral completa tem de ser operada
pelo Espírito divino. Devemos compenetrar-nos do amor de Deus, e ter fé viva e perseverante - que é o ouro provado pelo fogo. Só o podemos obter de Cristo. Todo o que sincera e diligentemente buscar estas coisas, tornar-se-á participante da natureza divina. Sua alma se encherá de ardente desejo de conhecer a plenitude do amor que sobrepuja todo o entendimento. À proporção que for crescendo na vida espiritual, será mais perfeitamente capaz de compreender as elevadas e enobrecedoras verdades da Palavra de Deus, até que, pela contemplação, seja transformado e se torne apto a refletir a semelhança de seu Salvador.