IV. Ensino da Natureza
"Considera as maravilhas... dAquele que é perfeito nos conhecimentos." Jó 37:14 e 16.
Deus na Natureza
"A Sua glória cobriu os céus,
e a terra encheu-se do Seu louvor." Hab. 3:3.
Em todas as coisas criadas vêem-se os sinais da Divindade. A Natureza testifica de Deus. A mente sensível, levada em contato com o milagre e mistério do Universo, não poderá deixar de reconhecer a operação do poder infinito. Não é pela sua própria energia inerente que a Terra produz suas dádivas, e ano após ano continua seu movimento em redor do Sol. Uma mão invisível guia os planetas em seu giro pelos céus. Uma vida misteriosa invade toda a Natureza - vida que sustenta os inumeráveis mundos através da imensidade toda. Encontra-se ela no ser microscópico que flutua na brisa do verão; é ela que dirige o vôo das andorinhas, e alimenta as pipilantes avezinhas de rapina; é ela que faz com que os botões floresçam, e as flores frutifiquem.
O mesmo poder que mantém a Natureza opera também no homem. As mesmas grandes leis que guiam tanto a estrela como o átomo dirigem a vida humana. As leis que presidem à ação do coração, regulando o fluxo da corrente da vida no corpo são as leis da Inteligência todo-poderosa, as quais presidem às funções da alma. DEle procede toda a vida. Unicamente em harmonia com Ele poderá ser achada a verdadeira esfera daquelas funções. Para todas as coisas de Sua criação, a condição é a mesma: uma vida que se mantém pela recepção da vida de Deus, uma vida exercida de acordo com a vontade do Criador.
Transgredir Sua lei, física, mental ou moral, corresponde a colocar-se o transgressor fora da harmonia do Universo, ou introduzir discórdia, anarquia e ruína.
Para aquele que assim aprende a interpretar seus ensinos, toda a Natureza se ilumina; o mundo é um compêndio, e a vida uma escola. A unidade do homem com a Natureza e com Deus, o domínio universal da lei, os resultados da transgressão, não podem deixar de impressionar o espírito e moldar o caráter.
Nossos filhos necessitam aprender essas lições. Para a criancinha, ainda incapaz de aprender pela página impressa, ou tomar parte nos trabalhos de uma sala de aulas, a Natureza apresenta uma fonte infalível de instrução e deleite. O coração que ainda não se acha endurecido pelo contato com o mal, está pronto a reconhecer aquela Presença que penetra todas as coisas criadas. O ouvido, ainda não ensurdecido pelo clamor do mundo, está atento à Voz que fala pelas manifestações da Natureza. E para os mais velhos, que necessitam continuamente desta silenciosa lembrança das coisas espirituais e eternas, as lições tiradas da Natureza não serão uma fonte inferior de prazer e instrução. Como os moradores do Éden aprendiam nas páginas da Natureza, como Moisés discernia os traços da escrita de Deus nas planícies e montanhas da Arábia, e o menino Jesus nas colinas de Nazaré, assim poderão os filhos de hoje aprender acerca dEle. O invisível acha-se ilustrado pelo visível. Sobre todas as coisas na Terra, desde a árvore mais altaneira da floresta até ao líquen que se apega ao rochedo, desde o oceano ilimitado até a mais tênue concha na praia, poderão eles contemplar a imagem e inscrição de Deus.
Tanto quanto possível, seja a criança, desde os mais tenros anos, colocada onde esse maravilhoso manual
possa abrir-se diante dela. Que possa ela contemplar as cenas gloriosas desenhadas pelo Artista-mestre sobre a tela mutável dos Céus; que se familiarize com as maravilhas da terra e do mar; que observe os mistérios que se vão revelando nas estações em contínua sucessão, e em todas as Suas obras aprenda acerca do Criador.
De nenhuma outra maneira poderá o fundamento de uma verdadeira educação ser lançado tão firmemente, tão seguramente. Todavia, a própria criança, quando em contato com a Natureza, terá motivos para perplexidade. Não poderá deixar de reconhecer a operação de forças antagônicas. Aqui é que a Natureza necessita de um intérprete. Olhando para o mal, manifesto mesmo no mundo natural, todos têm a mesma triste lição a aprender: "Um inimigo é quem fez isso." Mat. 13:28.
Apenas à luz que resplandece do Calvário, pode o ensino da Natureza ser aprendido corretamente. Por meio da história de Belém e da cruz mostre-se quão bom é vencer o mal, e como cada bênção que nos vem é um dom da redenção.
Na sarça e no espinho, nos cardos e no joio, acha-se representado o mal que macula e tira o brilho. No pássaro canoro e na florescência, na chuva e no raio de sol, na brisa e no orvalho brando, em milhares de coisas na Natureza, desde o carvalho da floresta até à violeta que floresce à sua raiz, vê-se o amor que restaura. A Natureza ainda nos fala da bondade de Deus.
"Eu bem sei os pensamentos que penso de vós, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal." Jer. 29:11. Esta é a mensagem que, sob a luz da cruz, se pode ler em toda a face da Natureza. Os céus declaram Sua glória e a terra está cheia de Suas riquezas.