"Somos membros uns dos outros." Efés. 4:25.
Na formação do caráter nenhuma influência eleva tanto como a do lar. O trabalho do professor deve suplementar o dos pais, mas não substituí-lo. Em tudo que respeita ao bem-estar da criança devem os pais e professores esforçar-se no sentido de cooperar.
Esse trabalho de cooperação deve começar com o pai e a mãe na vida doméstica. No ensino de seus filhos, eles têm uma responsabilidade conjunta, e deve ser seu constante esforço agirem juntamente. Entreguem-se eles a Deus, procurando dEle auxílio para se ajudarem mutuamente. Ensinem os filhos a serem verdadeiros para com Deus, fiéis aos princípios, e assim verazes para consigo mesmos e para com todos aqueles com quem entram em contato. Com tais ensinos, as crianças, quando mandadas à escola, não serão causa de perturbação ou ansiedade. Serão um apoio aos professores e um exemplo e animação aos colegas de estudo.
Os pais que dão tal ensino não são dos que se encontram a criticar o professor. Compreendem que tanto o interesse de seus filhos como a justiça para com a escola exigem que, tanto quanto possível, eles apóiem e honrem aquele que participa de sua responsabilidade.
Muitos pais falham neste ponto. Pela sua crítica precipitada, infundada, a influência do fiel e abnegado professor é muitas vezes quase destruída. Muito pais, cujos filhos foram prejudicados pela condescendência deixam ao professor a desagradável tarefa de reparar a sua negligência; e então pela sua própria maneira de proceder tornam esta tarefa quase desesperadora. Sua crítica e censura à regência da escola incentivam nos filhos a insubordinação e os confirmam nos maus hábitos.
Se a crítica ou sugestões ao trabalho do professor se tornam necessárias, devem fazer-se-lhe em particular. Se isto não produzir efeito, que o fato seja referido aos que são os responsáveis pela administração da escola. Nada se deve dizer ou fazer que diminua o respeito das crianças para com aquele de quem, em tão grande parte, depende o bem-estar delas.
O conhecimento particular dos pais acerca do caráter dos filhos bem como de suas peculiaridades físicas e defeitos, se for comunicado ao professor, ser-lhe-á um auxílio. É para se lamentar que tantos deixem de reconhecer isto. Da parte da maioria dos pais pouco interesse se mostra, quer para se informarem a si mesmos das habilitações do professor, quer para cooperarem com ele em sua obra.
Visto que os pais tão raramente se familiarizam com o professor, é da maior importância que este procure familiarizar-se com aqueles. Deve visitar a casa de seus discípulos, e tomar conhecimento das influências e ambiente em que vivem. Vindo em contato pessoal com seus lares e vida, pode fortalecer os laços que o ligam a seus discípulos, e aprender como tratar com mais êxito com as várias disposições e temperamentos.
Interessando-se na educação do lar, o professor
proporciona um duplo benefício. Muitos pais absorvidos nos trabalhos e cuidados, perdem de vista suas oportunidades de influenciar para o bem a vida de seus filhos. Muito poderá fazer o professor para despertar esses pais às suas possibilidades e privilégios. Encontrará outros, a quem o senso de sua responsabilidade é um grande peso, tão ansiosos se acham eles de que seus filhos se tornem homens e mulheres bons e úteis. Freqüentemente o professor pode auxiliar a estes pais a suportar esse peso e, aconselhando-se mutuamente, professor e pais animar-se-ão, fortalecer-se-ão.
Na educação doméstica dos jovens, o princípio da cooperação é inestimável. Desde os mais tenros anos as crianças devem ser levadas a entender que são parte da firma doméstica. Mesmo os pequeninos devem ser ensinados a participar do trabalho diário, e cumpre fazer com que vejam ser o seu auxílio necessário e apreciado. Os mais idosos devem ser os ajudantes dos pais, tomando parte em seus planos, e partilhando de suas responsabilidades e encargos. Tomem os pais e as mães tempo para ensinar os filhos, mostrem que apreciam o auxílio deles, desejam sua confiança e gostam de sua companhia; e as crianças não serão tardias em corresponder. Não somente isto suavizará o encargo dos pais, e receberão as crianças um ensino prático de valor inestimável, mas também haverá fortalecimento dos laços domésticos e consolidação dos próprios fundamentos do caráter.
A cooperação deve ser o espírito da sala de aulas, a lei de sua vida. O professor que adquire a cooperação de seus discípulos consegue um auxílio imprescindível na manutenção da ordem. Nos serviços da sala de aula muitos rapazes, cujo estado irrequieto acarreta desordem e insubordinação, encontrariam vazão à sua energia supérflua. Que os mais velhos ajudem aos mais novos, os fortes aos fracos; e, quanto possível, seja cada
um chamado a fazer algo em que se distinga. Isso fomentará o respeito próprio e o desejo de ser útil.
Valioso seria aos jovens, aos pais, aos professores, estudarem as lições de cooperação que encontramos nas Escrituras. Entre suas muitas ilustrações, note a construção do tabernáculo (e este era uma lição objetiva da construção do caráter), na qual o povo todo se uniu, "todo o homem, a quem o seu coração moveu, e todo aquele cujo espírito voluntariamente o impeliu". Êxo. 35:21. Lede como os muros de Jerusalém foram reconstruídos pelos cativos que voltaram, em meio de pobreza, dificuldade e perigo, efetuando-se com êxito a grande tarefa, porque "o coração do povo se inclinava a trabalhar". Nee. 4:6. Considere a parte desempenhada pelos discípulos no milagre do Salvador em alimentar a multidão. O alimento multiplicava-se nas mãos de Cristo, mas os discípulos recebiam os pães e os passavam à multidão que esperava.
"Somos membros uns dos outros." Efés. 4:25. Visto, pois, que cada um recebeu um dom, "administre aos outros, ... como bons despenseiros da multiforme graça de Deus". I Ped. 4:10.
As palavras escritas acerca dos construtores de ídolos na antiguidade, bem poderiam ser, com um objetivo mais digno, adotadas como divisa pelos construtores de caráter, de hoje:
"Um ao outro ajudou e ao seu companheiro disse: Esforça-te!" Isa. 41:6.