Conselhos Professores, Pais e Estudantes

CAPÍTULO 12

O Comportamento dos Alunos

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Os alunos que professam amar a Deus e obedecer à verdade devem possuir aquele grau de domínio próprio e força de princípios religiosos que os habilite a ficar inabaláveis em meio às tentações, e a erguer-se por Cristo no colégio, nas casas em que estiverem como pensionistas, ou onde quer que se encontrem. A religião não é para ser usada apenas como uma capa na casa de Deus; os princípios religiosos devem caracterizar a vida inteira. Os que estão bebendo da fonte da vida não hão de, à semelhança dos mundanos, manifestar um ansioso desejo de novidades e prazeres. Em sua conduta e caráter, manifestarão tranqüilidade, paz e ventura que encontraram em Jesus, mediante o depor-Lhe diariamente aos pés as perplexidades e preocupações. Mostram que, no caminho da obediência e do dever, há contentamento e mesmo alegria. Tais pessoas exercerão sobre seus seguidores uma influência que se fará sentir sobre toda a escola.

Os que compõem esse fiel exército hão de refrigerar e fortalecer os mestres, combatendo toda espécie de infidelidade, discórdia e negligência no cumprimento das regras e regulamentos. Exercerão salvadora influência; e suas obras não perecerão no grande dia de Deus, mas segui-los-ão ao mundo por vir. A influência de sua vida aqui falará através dos incessantes séculos da eternidade.

Um jovem sincero, consciencioso e fiel numa escola é um inestimável tesouro. Anjos celestes contemplam-no amorosamente, e no Livro do Céu se acha registrada cada obra de


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justiça, cada tentação resistida e cada mal subjugado. Ele está deitando um firme fundamento para o tempo por vir, a fim de poder lançar mão da vida eterna.

Da mocidade cristã depende, em grande medida, a conservação e a perpetuidade das instituições planejadas por Deus como meio de fazer progredir Sua obra. Não houve jamais uma época em que tão momentosos resultados dependessem de uma geração. Quão importante, pois, que a juventude esteja habilitada para essa grande obra, a fim de que Deus Se possa dela servir como instrumento! Os direitos do Criador sobre eles estão acima de todos os demais.

Foi Deus quem deu a vida e todos os dotes físicos e mentais de que a juventude é possuidora. Ele lhes concedeu aptidões para serem sabiamente desenvolvidas, a fim de realizarem obra que perdure como a eternidade. Em retribuição a Seus grandes dons, requer o devido cultivo e exercício das faculdades intelectuais e morais. Não lhes deu essas faculdades para mero divertimento, ou para que as empreguem mal, trabalhando contra Sua vontade e providência, mas para promover o conhecimento da verdade e da santidade do mundo. Em troca de Sua contínua bondade e infinitas misericórdias, reclama da parte deles bondade, veneração e amor. Exige justamente obediência às Suas leis e a todas as sábias regulamentações que restrinjam e guardem os jovens dos ardis de Satanás, e os conduzam por caminhos de paz.

Aflige o coração, o caráter inculto e descuidoso de muitos jovens nesta época do mundo. Se os jovens pudessem ver que, andando em harmonia com as leis e regulamentos de nossas instituições, não estão senão fazendo o que lhes dará


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mais vantagem na sociedade, elevará o caráter, enobrecerá o espírito e aumentará a felicidade, não se haviam de rebelar contra regras justas e exigências sãs, nem de se empenhar em suscitar suspeitas e preconceitos contra essas instituições.

Nossa juventude deve enfrentar, com energia e fidelidade, as exigências que lhe são impostas; e isto será uma garantia de êxito. Jovens que nunca foram bem-sucedidos nos deveres temporais da vida, estarão da mesma maneira mal preparados para se empenhar nos mais elevados deveres. Uma experiência religiosa só se obtém mediante conflito, decepção, rigorosa disciplina do próprio eu, e fervorosa oração. Os passos em direção do Céu devem ser dados um após outro; e cada passo avante comunica força para o que vem a seguir.

A Convivência com os Outros

Enquanto na escola, os alunos não devem permitir que a mente lhes fique confundida por pensamentos de namoro. Eles aí estão a fim de preparar-se para trabalhar para Deus, e este pensamento deve ocupar sempre o primeiro lugar. Que os alunos obtenham a mais ampla visão possível de suas obrigações para com Deus. Estudem diligentemente a maneira de, durante sua vida estudantil, efetuar serviço prático para o Mestre. Evitem sobrecarregar a alma de seus professores, manifestando espírito leviano e negligente menosprezo pelos regulamentos.

Os estudantes podem fazer muito para tornar a escola um êxito, trabalhando com os professores no auxiliar a outros alunos, e esforçando-se zelosamente por elevar-se acima das normas baratas e baixas. Os que cooperam com Cristo purificarão sua linguagem e índole. Não serão intratáveis nem preocupados consigo mesmos, buscando o seu próprio prazer


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e satisfação. Encaminharão todos os seus esforços a colaborar com Cristo como mensageiros de Sua misericórdia e amor. São um com Ele em espírito e em ação. Procuram acumular na mente os preciosos tesouros da Palavra de Deus, para que cada um possa fazer a obra que lhe é designada.

Em todo o nosso trato com os estudantes, devem-se tomar em consideração a idade e o caráter. Não podemos tratar os menores e os de mais idade da mesma maneira. Circunstâncias há em que, a rapazes e moças de sólida experiência e de bom comportamento, se podem conceder alguns privilégios não dispensados a estudantes mais novos. A idade, as condições e o modo de pensar devem ser tomados em conta. Devemos ser prudentemente considerados em toda a nossa obra. Não devemos, porém, diminuir a firmeza e a vigilância no lidar com alunos de todas as idades, tampouco a estrita proibição das associações sem proveito e imprudentes de jovens e imaturos estudantes.

Em nossas escolas em Battle Creek, Healdsburg e Cooranbong, dei positivo testemunho acerca desses assuntos. Houve pessoas que acharam a restrição demasiado severa. Mas disse-lhes claramente o que podia ser, e o que não podia ser, mostrando-lhes que nossas escolas são estabelecidas com grande custo, para um propósito definido, e que tudo quanto impeça a realização desse desígnio deve ser eliminado.

Repetidamente me ergui diante dos alunos na escola de Avondale, com mensagens vindas do Senhor com relação à influência deletéria da franca e fácil associação entre rapazes e moças. Disse-lhes que, se não se guardassem, nem procurassem


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aproveitar o melhor possível o tempo, a escola não lhes traria benefício, e os que estavam pagando suas despesas ficariam decepcionados. Disse-lhes que, se estivessem decididos a fazer a própria vontade, melhor seria que voltassem para casa, para debaixo da guarda dos pais. Isso poderiam fazer a qualquer tempo, se resolvessem não submeter-se ao jugo da obediência; pois não pretendíamos que alguns deles servissem de cabeça ao mau proceder, desmoralizando os outros alunos.

Eu disse ao diretor e aos professores que Deus pusera sobre eles a responsabilidade de zelar pelos alunos como aqueles que por elas hão de dar contas. Mostrei-lhes que a má direção seguida por alguns dos alunos desencaminharia a outros, caso assim continuasse, considerando Deus os professores responsáveis por isso. Viriam para a escola alguns estudantes que não haviam sido disciplinados em casa, e cujas idéias acerca da justa educação e seu valor estavam pervertidas. Fosse-lhes permitido levar as coisas a seu jeito, e ficaria frustrado o objetivo no estabelecimento da escola, sendo o pecado imputado aos responsáveis das mesmas, como se eles próprios o houvessem cometido.

Deus considera cada um responsável pela influência que circunda sua alma, seja no que lhe diz respeito, seja no que concerne aos outros. Ele requer de jovens, homens e mulheres que sejam estritamente moderados e conscienciosos no emprego de suas faculdades da mente e do corpo. Suas aptidões só podem ser devidamente desenvolvidas pelo mais diligente uso das oportunidades que lhes são oferecidas, e do sábio emprego de suas faculdades para glória de Deus e benefício de seus semelhantes.


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Saber o que constitui a pureza da mente, da alma e do corpo é parte importante da educação. Paulo resumiu as realizações possíveis a Timóteo, dizendo: "Conserva-te a ti mesmo puro." I Tim. 5:22. O Filho de Deus não será condescendente com a impureza de pensamentos, palavras ou atos. Todo encorajamento e as mais ricas bênçãos são oferecidos aos vencedores das más práticas, mas as mais terríveis penalidades impostas aos que profanam o corpo e contaminam a alma.

Mestres, são bem-aventurados os puros de coração, agora. Não, bem-aventurados serão os puros de coração. Jesus disse: "Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus." Mat. 5:8. Sim, qual Moisés, suportarão a vista dAquele que é invisível. Têm a garantia das mais ricas bênçãos, tanto nesta vida como na por vir.

Estudantes, se vigiardes e orardes, e fizerdes fervorosos esforços na devida direção, sereis de todo possuídos do espírito de Cristo. "Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências." Rom. 13:14. Seja vossa decisão tornar a escola bem-sucedida. Se derdes ouvidos às instruções dadas na Palavra de Deus, saireis com tal desenvolvimento das faculdades intelectuais e morais, que causará regozijo aos próprios anjos, e, com cântico, Se alegrará Deus em vós. Sob tal disciplina, conseguireis o mais pleno desenvolvimento de vossas faculdades. Não permitais que a leviandade e a concupiscência da juventude, mediante as múltiplas tentações, tornem um fracasso o dia de vossa oportunidade e privilégio. Revesti-vos dia a dia de Cristo; e, no breve período de vossa prova, mantende,


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pelo poder de Deus, vossa dignidade e força como coobreiros das mais altas instrumentalidades do Céu.

Ao fiel professor cabe o privilégio de colher cada dia os resultados visíveis de seu paciente e perseverante serviço de amor. É dado a ele observar o desenvolvimento das tenras plantas quando brotam, florescem e dão o fruto da ordem, pontualidade, fidelidade, integridade e da verdadeira nobreza de caráter. É-lhe dado testemunhar o amor da verdade e do direito, crescendo e fortalecendo-se nessas crianças e jovens por quem ele é responsável. Que lhe poderá proporcionar maiores recompensas do que ver os discípulos desenvolverem caráter que os fará nobres e úteis como homens e mulheres, aptos a ocupar posições de responsabilidade e confiança - homens e mulheres que, no futuro, hão de manejar o poder de reprimir más influências, e ajudar na dispersão das trevas morais do mundo?

Ao despertar o mestre no espírito dos discípulos a compreensão das possibilidades que se acham diante deles, ao fazê-los apoderar-se da verdade a fim de se tornarem úteis, nobres, homens e mulheres fidedignos, está acionando ondas de influência que, mesmo depois de haver ele próprio baixado ao repouso, hão de dilatar-se mais e mais, levando alegria aos tristes, e inspirando aos abatidos à esperança. Acendendo-lhes no espírito e no coração a lâmpada do fervoroso esforço, é recompensado em ver-lhe os brilhantes raios difundirem-se em todas as direções, iluminando, não somente a vida dos poucos que dia a dia se sentam diante dele a fim de receber instruções, mas, por intermédio destes, a vida de muitos outros.

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